Regra de Ouro 3: respeitar os limites de velocidade

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O meu carro é feito de metal, mas os pedestres e as crianças não!

 

Física Pura: Velocidade=espaço/tempo, ou seja, a velocidade é a medida da variação do espaço ou distância percorrida num determinado intervalo de tempo ou período.

Bonito enunciado, mas e na prática como fica mesmo? Bem, na prática é assim: também vamos novamente apelar para os números: 1 Km/h, ou seja, o espaço de 1000 metros num período ou intervalo de 60 minutos ou também 3600 segundos e se fizermos essa conta obteremos o valor de 0,27 m/s ou seja 27 cm (mais ou menos o tamanho de um palmo da mão grande) em 1 segundo, dependendo do que formos comparar é muito ou é pouco rápido. Só pra ajudar nos cálculos, vale lembrar que por causa dessa matemática aí de cima ficamos sabendo que 1 m/s = 3,6 Km/h, ou seja, o tal metro por segundo é bem mais rapidinho que o quilômetro por hora, sacou?

Sei lá, se for a distância de uma cobra venenosa da minha perna e ela der o bote (27 cm) é fácil para a cobra que geralmente salta 1/3 do seu comprimento em 1/10 de segundo. No caso de uma cobrinha de 1 metro, daria conta fácil, fácil: esse 1 segundo é muito rápido pra eu reagir, mas é uma eternidade pra ela dar o bote. Socorro!

E no carro? Bem, no carro 1 Km/h é passo de tartaruga sem perna, se bem que com o trânsito do jeito que vai, tá até que rapidinho. Já 100 Km/h é bem mais legal e muito, mas muito mais rápido. Quer ver, pega a conta lá de cima e descobrimos que são 27 metros (maior que o comprimento da maioria dos caminhões e ônibus) naquele mesmo segundo. Dependendo da emergência, não dá nem pra piscar muito menos pra reagir.

Limites de velocidade surgiram justamente para tentar controlar esses parâmetros que estão presentes a cada instante em que nos deslocamos e, principalmente, a velocidade de uns em relação aos outros. Parece simples, mas todos sabemos o que exceder esses limites causa ou pode causar, afinal, já são 50 mil pessoas que morrem no Brasil por ano de acidentes de trânsito, e o excesso de velocidade é uma, senão a principal, causa para estes números tão absurdos.

Se vocês leram nossas duas últimas colunas, quando falamos das Regras de Ouro 1 e 2 sobre uso correto do cinto de segurança e do respeito às regras de trânsito, respectivamente, já sabem o que a colisão humana pode causar em 1/10 de segundo a 25 Km/h e também a 50 Km/h. Agora amigo, imagina isso tudo a 100 Km/h, onde nesse 1/10 de segundo que o carro leva para parar se colidir com um poste ou outro carro parado, ou ainda muito pior, uma pessoa na rua, aí você estaria percorrendo 2,7 metros (o tamanho de um carro pequeno) até parar, a energia no impacto é brutal, não têm para air-bag, cinto, chassis deformável para absorver a energia. É fatal amigo, acabou, já era ou só por milagre. Então, não tem outra coisa a fazer:RESPEITE O LIMITE, SEMPRE (e lembre-se de que o seu limite, o do ser humano, é bem menor que o do carro, que é feito de aço e quebra, mas não morre, entendeu?).

Na Fórmula 1, a velocidade é a essência do negócio, o mais rápido ganha. Mas tem que ser constantemente o mais rápido, só uma volta rápida ajuda, mas não ganha e só serve para fazer a pole-position na classificação, na corrida tem que percorrer os 300 Km de distância (que é o padrão dos GPs) no menor período dentro do limite de 2 horas (outro limite padrão). Aqui já deu uma média mínima de 150 Km/h.

Também têm limites, como o da entrada dos boxes, que é de 80 Km/h, e em alguns lugares cai para 60 Km/h. O recorde atual de maior velocidade em final de reta : 361,8 Km/h, proeza de David Coulthard, em Monza, na Itália, em setembro de 2000.

Colaboração: Octavio Guazzelli, ex-engenheiro de telemetria da F1 e consultor de tecnologia

Em busca de Alternativas

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Quem trabalha em oficina sabe: é sempre uma tremenda dor de cabeça quando um componente complexo, como um alternador, apresenta defeito. Ainda mais se o veículo é importado ou tem um pouco mais de idade. Trocar o conjunto por um novo, genuíno da montadora do veículo? Bem, sem sobra de dúvidas de que se trata da solução mais atrativa. Afinal de contas, a mão de obra será a menor possível, possibilitando uma alta rotatividade do Box de serviço. Além disso, se o componente apresentar defeito basta recorrer à garantia do fabricante.

Seria a solução perfeita se os preços praticados para essas peças nos balcões das concessionarias, não provocassem infartos, tanto no mecânico quanto no cliente. Além disso, mesmo que o cliente esteja disposto a arcar com a salgada despesa para ter o seu carro rapidamente liberado, não há qualquer garantia de que a peça será facilmente encontrada, ainda mais quando se trata de um item de pouco giro, logo, raramente estocado.

Se o item ainda estiver em fornecimento, sua espera, dependendo do fabricante, pode chegar a meses. Agora, se o mesmo não é mais fornecido ou o cliente não quer (ou não pode) arcar com um custo elevado, a solução é procurar por alternativas. E o “Guerreiro das Oficinas” deve estar sempre preparado para encontrar essas alternativas, tomando sempre o cuidado de consultar o cliente antes de tomar qualquer decisão.

Pois bem, na falta ou na impossibilidade de se adquirir o componente genuíno (tendo como hipótese que o cliente deseja substituir o componente como um todo), a melhor opção é procurar o componente original (aquele que não leva a marca da montadora do veículo, mas é produzida por quem supre a linha de montagem). Trata-se de material de excelente qualidade, maior disponibilidade no mercado e menor preço. Via de regra, contam com suporte técnico, garantia e assistência técnica de marcas bastante tradicionais, que enxergam o mecânico como um parceiro. Como reveses desta solução, pode-se citar o custo ainda relativamente elevado e a indisponibilidade para modelos mais antigos (importados e nacionais).

A terceira e mais praticada opção é a reparação do conjunto. Apesar de exigir mais tempo, local, ferramentas, equipamentos e treinamento especializado, esta tem sido a opção mais adotada pela grande maioria das oficinas, ao longo dos anos, devido ao menor custo para o cliente, além de gerar uma maior margem de contribuição para a oficina. Os grandes reveses desta solução residem na disponibilidade e preço das peças de reposição e disponibilidade de informações técnicas para reparação e teste do conjunto. Peças genuínas, apesar da qualidade, são bem mais caras e por vezes difíceis de encontrar podendo, até mesmo, inviabilizar o conserto.

A alternativa mais confiável é a utilização das peças originais. No entanto, quando se trata de alguns modelos importados e/ou mais antigos, o mecânico tem grandes dificuldades de encontrar componentes originais, sendo obrigado a apelar para o mercado paralelo, cuja qualidade do produto, por vezes, deixa muito a desejar. A baixa durabilidade e/ou desempenho sofrível desses componentes, via de regra, provoca, além do retrabalho, grande desgaste do relacionamento com o cliente, principalmente quando o mesmo não é consultado a respeito da utilização desse tipo de matéria prima. Por essa razão, essa opção só deve ser utilizada em último caso e, mesmo assim, com autorização expressa do dono do veículo.

Uma quarta alternativa diz respeito a uma prática que, dentro do mercado da reparação automobilística, tem conseguido superar uma série de preconceitos, obtendo cada vez mais respeito entre os mecânicos: a utilização do componente remanufaturado a base de troca. Porém, antes de tudo, é preciso relembrar o conceito de remanufatura: “reconstrução do componente, pelo fabricante (original de preferência), com o mesmo critério e peças utilizadas no componente novo. O reaproveitamento se faz apenas daquilo que apresenta plenas condições. E a garantia oferecida deve ser a mesma do componente novo”.

Sua utilização acelera bastante o processo de reparação, aumentando a rotatividade do Box, além de proporcionar a garantia do fabricante como retaguarda à oficina. No entanto, nem sempre o fornecedor apresenta o componente desejado à pronta entrega. Além disso, devido ao seu maior custo, tende a diminuir consideravelmente a margem de contribuição da ordem de serviço.

Dicas:

Nem sempre é fácil localizar no mercado um componente mais complexo: seja como um todo ou suas peças de reposição. Assim, para evitar grandes perdas de tempo, damos algumas dicas que podem ajudar o “Guerreiro das Oficinas”, na hora de consertar ou substituir um desses componentes.

A consulta às autopeças e concessionárias utilizando um número de referência (part number) genuína ou original, além de acelerar o processo, diminui a margem de erro na hora de cotar e comprar.

Sites de vendas diretas, como o “Mercado Livre”, podem ajudar muito na localização de itens raros e fora de linha. Muitas autopeças anunciam seus estoques antigos lá. No entanto, deve-se tomar cuidado com a procedência do material. Sites de localização como o “Peças Online” também ajudam muito na localização de itens “difíceis”. No entanto, para uma consulta rápida é preciso ter em mãos o part number genuíno (antigo e o mais atualizado possível).

• Peças genuínas:

São encontradas nos catálogos de peças das montadoras. Essa literatura, via de regra, é vendida na forma de um arquivo único ou de uma assinatura mensal. São de grande utilidade no cotidiano da oficina, pois servem como base segura na obtenção de números de referência específicos de um determinado modelo. Essas referências (part number genuíno) além de acelerar o processo de cotação junto às concessionárias, também servem como base na busca nos catálogos de outros fabricantes e remanufaturadores (referência cruzada). No entanto deve-se tomar cuidado. Esses números são constantemente atualizados.

• Peças originais:

São encontradas nos catálogos dos fabricantes que fornecem as montadoras. Essa literatura, geralmente, é fornecida gratuitamente por meio de um arquivo eletrônico ou acesso livre ao site da empresa. Assim como os catálogos das montadoras, são de grande utilidade no cotidiano da oficina. Na grande maioria dos casos apresentam, ao lado da referencia própria (part number original), o número da peça genuína (part number genuíno), ou mesmo, uma tabela de referência cruzada, o que diminui muito a possibilidade de escolha de uma peça errada.

• Paralelo nacional e importado:

São encontradas nos catálogos de outros fabricantes. Essa literatura, na maioria das vezes, é fornecida gratuitamente impressa, por meio de arquivo eletrônico ou acesso livre ao site da empresa. Assim como os demais catálogos, são de grande utilidade no cotidiano da oficina. Costumam apresentar ao lado da referência própria os part number genuíno e/ou original. No entanto, é preciso tomar cuidado. Alguns catálogos (sobretudo os importados) apresentam cruzamentos errados de referências.

De olho na limpeza técnica

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Acompanhe os procedimentos para se fazer a limpeza técnica em equipamentos, ferramentas convencionais e especiais (antes e depois do uso) e das próprias autopeças, preservando o item por mais tempo e garantindo mais qualidade no serviço

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Não é só usar uma ferramenta e colocar de volta no lugar, muito menos um aparelho mais sofisticado ou uma peça que será reparada. Para que esses itens estejam em bom estado de conservação para você mesmo ou seu colega usar uma outra vez, é preciso que se siga algumas orientações. São procedimentos de limpeza que também irão assegurar a durabilidade do componente e, consequentemente, garantir um serviço de qualidade para seu cliente.

Uma boa oficina, que sabe como reparar um veículo corretamente, treina seu pessoal para ter mais profissionalismo no serviço e conta com sistemas de gestão para administrar bem seu negócio. São três pilares básicos para o sucesso do empresário, certo? Mais ou menos. Existem outros detalhes que ele tem que se atentar, e um deles, que parece bem simples, mas muitas vezes é esquecido, é a limpeza técnica de ferramentas, equipamentos e autopeças.
Para falar um pouco sobre o assunto, pedimos a ajuda do coordenador de serviços do IQA (Instituto da Qualidade Automotiva), José Palacio, que, entre outras funções, visita diversas oficinas checando entre outros requisitos, se esses itens estão em ordem e prontos para serem usados. “É importante que a oficina tenha o cuidado de manter seus materiais de trabalho sempre em ordem, por conta da legislação e de questões com o meio ambiente, além de poder oferecer um serviço de mais qualidade”, diz.

Ele esclarece que para que se faça o reparo num componente, o técnico deve estar atento em algumas questões, como: que procedimentos de limpeza usar? É necessário lavar o conjunto antes de abrir, ou depois? Que material pode ser usado para limpar antes de iniciar o reparo? Eu sei limpar? O que fechar para não entrar água? Qual produto devo usar? “O simples processo de lavagem merece atenção do reparador. Esses cuidados são importantes para que se possa ter um trabalho bem feito, com qualidade e sem prejuízo, inclusive em outros componentes do sistema”.

Pontos como legislação e meio ambiente também estão na mira, para que não comprometa a empresa por trabalhar fora do padrão, que é passível de autuação. É incorreto uma oficina lavar peças com gasolina ou outro solvente, muito menos fazer isso na calçada. Perante a legislação e as questões de preservação do meio ambiente, está totalmente errado. “Isso causa um prejuízo para a empresa muito grande e quando o cliente vê isso, acha que levou o carro num lugar inapropriado, ele pensa: se faz isso nas peças, o que ela fará com meu carro?”, observa Palacio. Não se deve esquecer também que o descarte de material deve estar de acordo com a resolução Conama para descarte do produto ou com outras normas vigentes.

Verificar procedimentos específicos para limpeza técnica, sabendo que conhecer a peça é fundamental, assim como levar em conta as especificações do fabricante. Saber se pode emergir no produto de limpeza ou só fazer a limpeza externa, se pode usar ar comprimido, são informações que o técnico deve saber. “Geralmente, um funcionário que está começando na oficina tem como função lavar peças. Por isso, uma recomendação é orientar essa pessoa dos procedimentos corretos de como fazer, dar treinamento antes que ela comece a trabalhar, para não danificar uma peça ou até mesmo se acidentar”.

O que fazer e como?

Tudo começa quando se adquire o item, tanto uma ferramenta quanto um equipamento ou uma autopeça. Palacio explica que o empresário deve se certificar se o fornecedor orienta sobre a manutenção apropriada, conforme as especificações. “Cada produto tem uma maneira de fazer a manutenção ou limpeza adequada, o que varia muito, mas desde uma ferramenta universal até um elevador ou um scanner, tudo tem sua maneira de limpar depois do uso com um produto adequado, que deve ser determinado pelo fabricante”.

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Outro ponto importante a definir é o responsável por essa manutenção dentro da oficina, o que parte do processo de organização da empresa. “Na verdade, é bom documentar por meio de uma planilha os procedimentos de limpeza de todos os itens, com determinações como: quando fazer, como fazer e o que deve fazer. Afinal, se existe um procedimento para que uma prensa seja limpa após o uso, por exemplo, isso pode ser cobrado se existir um responsável”, alerta Palacio.

Então, se for um equipamento mecânico que deve ser limpo com produtos específicos ou com um pano, isso deve ser descriminado nessa planilha e quem deverá fazer isso. Até mesmo as caixas de ferramentas individuais. “Vale lembrar que tudo deve ser registrado, quem usa assina embaixo e depois dá baixa na hora da devolução, como num inventário, o que assegura também que as peças não serão perdidas ou desaparecidas. Com procedimentos e avisos de controle, se desaparecer ou danificar alguma peça e existir um procedimento, fica tanto mais fácil de rastrear e localizar”, avisa o coordenador.

Ou seja, ferramentas e equipamentos devem ser guardados limpos, protegidos em ambientes próprios, em quadros específicos, caixas ou painéis apropriados. Para melhor organização, até mesmo para saber qual ferramenta está faltando, o ideal seria se cada uma tivesse seu desenho no painel.

Não existe uma periodicidade determinada para a limpeza de todos itens. As ferramentas universais, por exemplo, devem sofrer manutenções sempre que forem usadas para serem guardadas limpas. Assim como as ferramentas especiais, que ainda devem também ser lubrificadas se for necessário. Um equipamento eletrônico deve ser aferido e ter rastreabilidade, de forma que possa estar sempre em dia, pronto para uso. Já os compressores de ar e elevadores têm que ter manutenção periódica conforme especificação do fabricante, assim como aferição e limpeza.

“É comum deixar a prensa hidráulica sem limpar, com sujeira de óleo ou terra, portanto depois de cada utilização, deve passar por uma limpeza. É uma ferramenta de uso múltiplo, todo mundo usa e ninguém é dono, por isso todos têm que se preocupar, inclusive com o local onde ela fica”, comenta Palacio.

Cada peça ou ferramenta tem um produto específico para utilizar na lavagem, a fim de que não seja danificada. A única questão em comum é que o produto tem que ser biodegradável e não tóxico. “Não pode agredir o meio ambiente, a peça ou mesmo o profissional que está realizando o processo. De modo algum pode ser um ingrediente inflamável, como gasolina ou querosene, que além de tudo é perigoso”.

Um componente elétrico, por sua vez, não pode molhar, na maioria das vezes usa-se ar comprimido na limpeza. Já no filtro de ar não pode passar ar comprimido, se estiver sujo, é necessário substituir a peça, assim como filtro de gasolina. “Se a peça for nova e estiver um pouco suja, apenas dê uma batidinha de leve, nunca passe ar, pois empurra a sujeira de fora pra dentro e entope os poros”, avisa Palacio.

A maneira correta de se fazer a limpeza técnica é verificar a especificação do fabricante. “Hoje existem produtos biodegradáveis que limpam tão bem quanto solventes, além disso, trazem segurança na limpeza e não agridem o meio ambiente. Se na caixa da ferramenta ou na embalagem da autopeça não está especificado como lavar, ligue no 0800 do fabricante e se informe corretamente”.

Existe também o risco de contaminação por conta de descarte do produto em locais inadequados. Esse trabalho deve ser feito por uma empresa credenciada e autorizada para o serviço por órgãos competentes. Não pode simplesmente jogar a peça no fundo da oficina e deixar lá ou jogar o óleo descartado no esgoto, ações que podem comprometer a preservação do meio ambiente. Outro tipo de contaminação é a da própria peça, ou seja, como já falamos, produtos que agridem o seu funcionamento e durabilidade.

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Agora, tudo pode ir por água abaixo se o técnico fizer uma limpeza incorreta. “Todas as peças do motor, por exemplo, são importantes e impactantes, porque cada uma tem sua finalidade no conjunto. Se uma delas não for limpa adequadamente, pode ser danificada durante a instalação, pode não assentar corretamente, se a parte de fixação não estiver limpa, pode ter problema de vazamento. E isso pode acontecer em todos os sistemas do veículo, inclusive danificando componentes do mesmo conjunto”.

O técnico também deve se preocupar sobre onde instalar a máquina ou onde lavar as peças. Não adianta comprar uma máquina de limpeza de última geração, usar o produto adequado, mas o local onde está trabalhando não é apropriado e limpo, assim teremos um trabalho sem qualidade, além de agredir o ambiente. Locais adequados evitam inclusive que ocorra acidentes com o funcionário ou seja reduzida a vida útil do equipamento.

Mas se acontecer algum acidente por falta de segurança, por falta de procedimento ou quebra da máquina de lavagem, adote um processo alternativo de término do trabalho, manual ou com outro equipamento. “Se o erro for com a peça, a responsabilidade do técnico é substituir a peça e não cobrar do cliente, pois ele não tem culpa. No futuro, tem que tomar isso como uma lição aprendida, e assim, criar os procedimentos adequados”.

Mais um destaque é tomar cuidado com a peça que vem do fornecedor. Se não foi devidamente cuidada na estocagem, se houve má utilização da embalagem ou no transporte, pode influenciar no seu serviço, assim como a data de validade expirada. “Um disco de freio, por exemplo, muitas vezes, vem protegido com óleo, e a oficina deve fazer a limpeza antes da aplicação ou não de acordo com a especificação. Também deve tomar cuidado se a peça era para vir protegida mas veio oxidada. Nesse caso, o fornecedor deve trocar a peça apesar de que você vai perder tempo e o prazo da entrega do carro fica comprometido”, avalia Palacio.

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Embora haja algum investimento nessas atividades, com certeza são menores que os problemas que podem acarretar a falta desses cuidados. “O custo é menor, pois o investimento é proporcional a quanto estivesse perdendo se não estivesse investido”, acredita Palacio. Ele continua: “a adequação de processos, cuidados com os produtos são investimentos necessários. Por exemplo, proteger o carro quando entra na oficina, com capa para o banco, é mais barato do que ter o banco manchado pelo macacão sujo do mecânico. Uma oficina organizada e de qualidade, requer esses investimentos”.

Todo o contexto acima está pautado dentro dos requisitos de auditoria para o processo de certificação do IQA, como em manuais distribuídos pelo Instituto como o VDA 19 e VDA 19.2, que tratam exatamente desse assunto. Os problemas mais comuns, de acordo com a entidade, são ausência de algumas ferramentas especiais, que evita danos nas peças, limpeza inadequada do ambiente de trabalho e falta de procedimentos.

“As empresas precisam evitar realizar a limpeza apenas ‘quando dá’, quando lembra ou quando tem gente disponível. O procedimento deve existir para facilitar e as empresas precisam se adequar, considerando essas informações. A certificação é uma ferramenta que faz com que isso realmente aconteça e que fiscaliza esses procedimentos, ajudando a empresa a realizar tudo isso na prática”, finaliza.

Entrevista: Disseminação de informações técnicas é imprescindível

Armando Diniz, diretor do Maxxi Training, conta como funciona os treinamentos do novo projeto promovido pelo Grupo DPaschoal, e que estreita o relacionamento entre mecânicos e fabricantes de autopeças por meio da disseminação de informações

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O Mecânico: O Grupo DPaschoal criou um novo segmento de negócios voltado para aplicadores chamado Maxxi Training, o que é o programa e porque foi criado?
Armando Diniz: Fundada em agosto de 2011, o Maxxi Training é a uma divisão do Grupo DPaschoal, voltada ao ensino, capacitação, e atualização profissional do setor e tem como objetivo atender à carência do segmento automotivo no Brasil. A missão do Maxxi Training é desenvolver métodos que promovam e ofereçam conhecimento aos profissionais do setor automotivo brasileiro e, com isso, possibilitar a independência técnica necessária para que supram as necessidades do mercado, abrangendo todos os veículos, incluindo os mais recentes, a fim de fortalecer seu negócio, a produtividade e a lucratividade no futuro.

O Mecânico: Qual o formato dos eventos? A participação dos fabricantes é muito importante nesse momento?
Armando: A principal ação do Maxxi Training para capacitação dos profissionais são as Feiras do Conhecimento, com workshops realizados em parceria com fabricantes de produtos e serviços do segmento automotivo. Nesses encontros são abordadas questões técnicas de diferentes áreas, como sistema de freio, suspensão, injeção eletrônica, retentor e juntas, reparo de bombas, barramentos e direção, motor e pneus. Existem também módulos focados na gestão empresarial. A participação dos fabricantes é de extrema importância, afinal, são eles os desenvolvedores das tecnologias, sendo assim, os mais capacitados para explicarem e tirarem dúvidas sobre os novos produtos.

O Mecânico: Como é feita a divulgação dos eventos entre aplicadores e como eles podem ter mais informações e participar?
Armando: Os eventos são divulgados através da mídia, o envio de textos e convites para os jornalistas, que também podem participar do evento, caso tenham interesse. Além da divulgação na imprensa, enviamos convites para os clientes do Grupo DPaschoal. Também usamos as nossas redes sociais e o site do Maxxi Training.

O Mecânico: O mecânico tem participação efetiva nos eventos em quais sentidos?
Armando: Em todas as feiras, convidamos os mecânicos cadastrados e enviamos os convites para novas turmas, afinal, quanto mais o Maxxi Training disseminar conhecimento, melhor. Os próprios participantes de edições anteriores têm colaborado repassando informações para outros profissionais do ramo, que, consequentemente, se interessam em participar.

O Mecânico: Onde foram realizados os treinamentos até agora, a ideia é fazer quantos em 2013 e em quais cidades?
Armando: Iniciamos este projeto com as “Feiras do Conhecimento” em agosto de 2011. Até o momento, já realizamos 26 feiras em várias capitais do Brasil, além de Campinas, Ribeirão Preto e Presidente Prudente. O sucesso é muito grande, atingindo mais de dez mil capacitações. Até hoje, não existem registros no mercado automotivo que comprove tamanha movimentação em prol da capacitação destes profissionais. A expectativa para o ano de 2013 é realizar 35 feiras e 30 mil capacitações, através das feiras.

O Mecânico: No final do ano passado o Maxxi Training completou 1 ano. Qual o balanço desse programa e quais as expectativas para 2013?
Armando: Temos um balanço muito positivo, já que o número de interessados em participar vem aumentando. A avaliação dos participantes também tem sido fundamental, e nas últimas edições fomos muito bem avaliados pelos aplicadores. Sempre destacam que a atualização de conhecimento levada pelo Maxxi Training é extremamente importante para que eles não cometam erros e sejam assertivos com seus clientes.

O Mecânico: O programa está expandindo também pela internet, como será realizado? Qual a expectativa de participações e de abrangência? Como o aplicador pode participar?
Armando: Em 2013, será lançada a ferramenta e-learning para oferecer cursos e treinamentos online. Por enquanto, só fazemos a Feira do Conhecimento presencial. Serão 5 módulos: 3 técnicos e 2 de gestão empresarial.

O Mecânico: Qual a importância desse treinamento para o aplicador, em sua opinião, ele é carente de informações técnicas?
Armando: A iniciativa surgiu como resposta à crescente complexidade tecnológica do setor automotivo. Com os avanços e grande variedade de produtos, cada vez mais o mercado sente a falta de profissionais atualizados. O aplicador devidamente capacitado fará uma instalação mais eficiente, aconselhará adequadamente o cliente a trocar componentes apenas quando de fato houver necessidade e se atualizará com o que o mercado oferece hoje, sendo mais assertivo na sua aplicação. O foco é “a peça certa do jeito certo”.

O Mecânico: Qual o perfil dos participantes?
Armando: O perfil dos participantes é composto por 80% de aplicadores e 20% de gestores, sendo que a grande maioria, 35%, já tem de 6 a 10 anos de experiência no mercado. Profissionais iniciantes, que possuem de 1 a 5 anos de trabalho, representam 28% do público participante. Quando separados por idade, a maioria dos profissionais estão na faixa etária de 21 a 25 anos (20%), seguidos da média 31 a 35 anos (18%) e, logo após, acompanhados pelos participantes com idades entre 26 a 30 anos (17%).

O Mecânico: E quanto a parte administrativa do centro automotivo, esse assunto também é abordado no Maxxi Training?
Armando: Sim, estamos incluindo os módulos de gestão empresarial, em parceria com grandes empresas do setor para que as oficinas também evoluam no seu desempenho. Além dos cursos técnicos, são oferecidos cursos adicionais no Maxxi Training como o de gestão de estoque, financeiro, produtividade da equipe, tendo como parceria alguns órgãos como SENAC, SENAI, SEST/SENAT e SEBRAE, que nos auxiliam em conteúdo e forma de disseminar aos participantes.

O Mecânico: O portal vai ajudar na disseminação de informações e no estreitamento das relações com os mecânicos?
Armando: Atualmente divulgamos online as Feiras do Conhecimento através do site e redes sociais como Facebook. Com isso, deixamos o aplicador informado da agenda de cursos para que se programe em participar. Para mais informações, acesse: https://www.feiramt.com.br/SitePages/home.aspxou https://www.facebook.com/FeirasDoConhecimento

O Mecânico: Existem outros projetos para o Maxxi Training em 2013, quais são?
Armando: Em 2013 já começamos com a equipe de Gerentes da DPK realizando cursos, sempre com novidades para os participantes. Temos também o projeto da “Livraria Conhecimento Automotivo”, onde montaremos uma coleção de livros que serão usados para consultas sobre o mercado automotivo. Ainda na área de cursos, vamos incorporar o Curso de Mecânica Básica para Mulheres em nosso cronograma.

Manter as ferramentas em ordem é essencial

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Confira nesta reportagem como diagnosticar problemas e fazer a manutenção nos principais instrumentos utilizados pelos profissionais da reparação como torquímetro, relógio comparador, rugosímetro e outros

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A rotina agitada de uma oficina mecânica, muitas vezes, pode fazer com que os profissionais se percam num ciclo em que nada é mais importante que solucionar o problema do veículo. Afinal, o cliente não pode ficar esperando, tudo tem que ser para ontem, e bem feito. No entanto, se o mecânico não reservar um tempo para cuidar da saúde do próprio negócio, o trabalho árduo e frenético pode acabar afetando justamente os grandes aliados para o sucesso de um centro automotivo: os equipamentos e as ferramentas.

O intuito da aferição é garantir que os resultados mostrados durante o processo sempre estarão respeitando as medidas. “Por exemplo, você vai medir uma árvore de manivela com diâmetro do mancal de 45 mm utilizando um micrômetro de 25 a 50 mm. A ferramenta se enquadra perfeitamente nesta faixa de capacidade. Mas há a precisão da medida. Vamos lembrar que cada componente possui uma tolerância em sua medida, no exemplo do mancal temos 45 mm (- 0,018 mm) , e agora são três casas após a vírgula, então é necessário um instrumento com essa precisão para o correto diagnóstico”, explica Hans Weiss Filho, instrutor de prática profissional do SENAI-Ipiranga.

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Mas como fazer para se ter certeza que o instrumento traduziu exatamente a dimensão de uma determinada peça? “A única maneira é usar um padrão para certificar que o instrumento é capaz realmente de traduzir as dimensões da peça medida”, continua Hans. “Com isso, é possível calibrar o equipamento e saber que a medida certa já foi lida, sem maiores dúvidas.” Ele diz que sem a regulagem o técnico até pode conhecer a medida, mas o resultado não pode ser apresentado de forma confiável num laudo de um componente.

“Muitos alunos aprendem a usar os instrumentos de medição e fazer as leituras de seus valores com muita habilidade, mas cometem erros em seus relatórios finais justamente pela falta de aferição desses instrumentos”, afirma. “Os alunos chegam a escrever as medidas de diâmetros dos pistões maiores que as do cilindro, mas mostro a eles que mesmo com micrômetros novos, e todo o cuidado para medir, eles podem falhar ao se esquecerem de aferir os instrumentos”.

De acordo com o instrutor, a aferição deve ser periódica e em alguns casos antes de qualquer medição. “A temperatura é a principal razão dessa recomendação, já que o frio e o calor modificam a estrutura dos componentes. O micrômetro, por exemplo, na regra deve ser aferido à 20ºC. Um setor de metrologia sempre estará climatizado à temperatura de 20ºC”, explica.

Fazer o procedimento dentro de uma oficina mecânica talvez seja mais complicado, já que a temperatura pode ser bem maior que a exigida. Para que o procedimento não receba interferência, no caso do micrômetro, há um isolante térmico que evita que o calor da mão seja repassado para a peça e atrapalhe na regulagem. “Nunca coloque a mão diretamente no fuso ou nas pontas de contato, já que pode alterar a dilatação do material e causar uma diferença”, analisa.

Segundo Hans, nem sempre o mecânico terá o padrão necessário para fazer a medição na oficina. “Por exemplo, um dos instrumentos que sofre mais variação é o paquímetro, mas, em contrapartida, não se realiza medições muito precisas com ele. Por ser restrito, não é necessário que o mecânico fique tão preocupado com a aferição”, conclui.

“Muitas concessionárias devem manter a calibração dos seus instrumentos em dia, pois nem sempre o mecânico, com uma aferição, pode garantir totalmente, como, por exemplo, verificar as variações em um relógio comparador”, ressalta. “Estes estabelecimentos necessitam destas ferramentas muito bem guardadas e conservadas, e com comprovantes para os casos de auditoria. Apesar de o profissional independente dizer que jamais vai fazer tal procedimento, ele precisa saber que existem organismos que podem fazer isso por ele”, conclui.

Na hora de armazenar as ferramentas, no caso do micrômetro, é de bom trato evitar que ele esteja destravado, e jamais em final de curso com as faces de medição unidas. “Guarde em pequenas caixas, não deixe outros equipamentos em cima, e passe uma pequena quantidade de óleo lubrificante, para não deixar oxidar o fuso nem a escala”.

A respeito do relógio comparador, é preciso tomar cuidados já que há engrenagens bastante sensíveis. “Guarde também numa caixa, sempre deixando o fuso livre. Outra coisa que eu repito bastante para os mecânicos é estar com as mãos limpas na hora de utilizar a ferramenta”, sugere.

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O técnico afirma que é recomendável desregular o torquímetro após o uso. Como há molas na parte interna, caso esteja regulado, elas podem sofrer fadiga e perder a função com mais rapidez. “Se for um torquímetro de relógio não é preciso, já que ele retorna para a escala naturalmente, nem se for um de varão”, diz. De acordo com ele, a maioria dos procedimentos de aferição não necessita do uso de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual). Porém, é bom lembrar que nos setores que esses procedimentos são realizados o uso pode ser necessário.

Procedimento de aferição

Paquímetro

1) A primeira coisa a se analisar no instrumento é a precisão, ou o menor valor que ele consegue medir, que pode ser lida na escala móvel ou nônio, como é chamado. Neste caso, o mínimo é 0,05 mm.

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2) Para verificar a precisão, utilize um padrão de 1,05mm para avaliar valores menores. Para saber se a ferramenta está aferida, a divisão do nônio deve coincidir com valor medido.

 

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3) Na escala fixa, cada divisão corresponde a 1 mm. Para fazer a aferição na escala fixa, pegue um padrão de 1mm e meça, sempre verificando o valor que aparece no instrumento, que deve ser respectivo ao padrão usado.

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4) Para tirar todas as dúvidas que o instrumento está bem aferido, pode-se utilizar um padrão maior, de 10 mm, por exemplo. Não estando dentro do estipulado, o mecânico deve adquirir um novo equipamento ou mandar a um técnico especializado em manutenção de paquímetros.

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Relógio comparador

5) Utilizado para medidas comparativas, o relógio comparador possui um fuso que se desloca e transfere, num movimento circular por meio de um conjunto de engrenagens, o valor do deslocamento. Este instrumento, em geral, permite um deslocamento do fuso de 10 mm, com precisão de, na grande maioria, de 0,01 mm, mas pode atingir 0,001 mm.

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6) Observe a linha de referência, que está ligada diretamente ao disco do aparelho de regulagem. Aproxime a ponta de contato e aperte a base.

 

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7) Feito isso, coloque a escala do equipamento de aferição e do relógio em 0 mm.

 

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8) Faça o deslocamento do disco do instrumento de aferição e compare o valor com o do relógio, que deve apresentar o mesmo número. Se o relógio estiver comprometido, o resultado em desacordo irá denunciar. Em razão do baixo valor, para o mecânico independente, o ideal será comprar um relógio novo.

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9) Atente-se ao aparelho na hora da regulagem, que pode fazer aferições tanto em centésimos quanto em milésimos de milímetro.

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Micrômetro

10) Verifique a capacidade do micrômetro, neste equipamento o valor varia entre 25 mm a 50 mm. Para não passar o calor corporal, que pode dilatar a ferramenta, sempre segure o micrômetro pelo isolante térmico ou coloque-o numa base.

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Obs: Também é possível usar uma morsa, mas coloque uma pequena madeira entre os mordentes, e tome cuidado com a força aplicada.

11) Selecione o padrão, neste caso com valor de 25 mm, posicione no local indicado e movimente o fuso pela catraca.

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Obs: Jamais faça o procedimento por meio do recartilhado. As medidas apresentadas não serão as corretas, pois a carga de contato não será adequada e o valor pode aumentar.

12) Este instrumento está quase no ponto, precisa de uma pequena regulagem. Pegue a chave específica de aferição, coloque no furo indicado, e traga o valor da bainha até o 0 mm.

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Obs: Nunca dê voltas completas na ferramenta, faça apenas pequenos ajustes. Quando se faz uma volta completa, apesar de chegar ao 0 mm, há um deslocamento no tambor, o que ocasiona erros na hora da medição.

Torquímetro

13) O torquímetro é uma ferramenta que quando está comprometida pode ser enviada para uma empresa especializada na manutenção ou ser trocada por uma inteiramente nova, principalmente, quando a mola fadiga.

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14) Para verificar se a ferramenta está dentro do especificado, existe um equipamento de análise chamado DermoTest-E, da Gedore, que auxilia a avaliação.

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15) Coloque o valor especificado no torquímetro de estalo (20 Nm neste exemplo) e aplique a força no medidor. O valor aparecerá no visor, às vezes, com uma pequena margem de variação. Se o número do torque for o mesmo que aparecer no instrumento, a ferramenta ainda está em condições de uso.

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16) Com o torquímetro de relógio, faça a calibração e realize o mesmo procedimento. Não se esqueça de que antes de guardar a ferramenta, é necessário retirar a tensão para não prejudicar a sua funcionalidade.

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Imicro (micrômetro para diâmetros internos)

17) Para a aferição do Imicro, ferramenta utilizada para medir diâmetros internos, vamos utilizar um padrão com orifício no centro de 10,002 mm. Esta ferramenta tem capacidade de 10 mm a 12 mm e precisão de 0,001 mm.

 

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18) Insira o instrumento no padrão, aproxime a medida e faça a leitura da escala, na qual se deve encontrar o respectivo valor do padrão. Neste caso, o Imicro está bem ajustado e apresentou o valor do padrão.

 

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Rugosímetro

19) O rugosímetro é um instrumento industrial usado para medir a rugosidade, textura e a ondulação de uma peça, originados numa usinagem ou brunimento. “Mas que não é feito de forma aleatória. A grana da pedra utilizada no processo tem valor especificado, a rotação entregue para o acabamento, mais a velocidade de avanço, é controlada. Os ‘riscos’ vistos aqui têm profundidade e ângulos de cruzamento determinados pelo projeto do motor”, explica Hans

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20) Segundo ele, o objetivo deste procedimento industrial é a retenção e vedação de óleo lubrificante. “Um motor que andou sem filtro de ar por muitos quilômetros, acaba deixando o pó entrar no cilindro, removendo toda a textura desenhada matematicamente. Se você observar, vai notar que fica igual a um espelho. Isso é péssimo para o motor, porque aumenta o consumo de óleo e diminui o rendimento”.

 

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21) Para medir a rugosidade é necessário obter o parâmetro do fabricante, que neste caso foi o “Ra”. “Fazer um procedimento fora do determinado pela montadora vai gerar queima excessiva de óleo e desgaste dos anéis”, alerta o técnico. “Um motor que iria rodar de 500 mil a 1 milhão de quilômetros, vai ter a sua capacidade reduzida.”

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22) Para calibrar o rugosímetro, posicione a agulha no padrão e espere no visor aparecer o valor da medida utilizando, por exemplo, o parâmetro “Ra”, que deve ser: 2,95 µm (microns), segundo o manual. Caso o valor esteja incoerente, o problema pode ser tanto no sensor (agulha), como no equipamento. Antes de levar o rugosímetro para analisar o motor, deve-se sempre realizar esta aferição.

 

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Colaboração técnica: SENAI – Ipiranga

Manutenção do motor de partida

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Confira nessa reportagem como é feita a revisão do motor de partida, quais componentes podem ser substituídos na hora do reparo e os testes de funcionamento

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Você coloca a chave no contato, gira a ignição e nada. No máximo um “nhém nhém nhém…” mas longe de escutar o motor funcionar. Essa situação já aconteceu pelo menos uma vez com qualquer motorista e mecânico de plantão e muitas vezes o problema foi resolvido por meio da troca ou carga na bateria, mas outras vezes não teve jeito. O defeito “era mais embaixo”, como se fala no dito popular.

Justamente, mais embaixo dentro do compartimento do motor fica instalado o motor de partida ou motor de arranque, como também é conhecido. O componente é um motor elétrico com escovas que tem a função de iniciar o movimento mecânico do motor e partir daí, com o sistema de ignição e injeção funcionando ao mesmo tempo, fazer com que o motor entre em combustão. Depois disso, o motor de partida fica inoperante enquanto o motor do automóvel estiver em funcionamento.

Os modelos convencionais têm a alimentação feita com um cabo positivo ligado diretamente à bateria e um negativo conectado à carroceria do veículo. Quando está em funcionamento, o solenóide é alimentado com positivo que vem da chave, puxando o conjunto pistão e garfo, que vai deslizar o pinhão implusor (bendix) até acoplar com a cremalheira do volante do motor de combustão. Ao mesmo tempo, o solenóide fecha o circuito principal energizando a bobina e o induzido através das escovas, criando um campo magnético e, por consequência, assim surge o movimento de rotação.

Com a evolução da indústria automotiva, o item também evoluiu, e hoje é utilizado o motor de partida do tipo PDM (em inglês: Planetary Drive Motor – Motor de Direção Planetária). Esse sistema faz o acionamento do induzido por meio de um conjunto de engrenagem planetária, garantindo uma alta potência com um motor muito menor. “Quando se liga a chave, fecha-se o contato das ligações elétricas dentro da chave magnética e uma descarga elétrica é disparada direcionada para o induzido, empurrando o bendix, que em contato com a cremalheira, faz movimentar o motor”, explica Daniel Lovizaro, chefe de assistência técnica da Bosch.

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A evolução aconteceu a fim de que se conseguisse motores de partida cada vez mais compactos e mais eficientes, ou seja, de pequena dimensão e grande potência, e que fosse ainda durável e robusto. “Em geral, o motor de partida não tem muita eletrônica, são componentes elétricos. O principal avanço com o sistema de funcionamento por planetária é ter uma eficiência maior, por seu desenho diferenciado que permitiu o downsizing (diminuição)”, completa.

Ele continua explicando que a redução do induzido só foi possível por conta da utilização da planetária mais a carcaça polar com indução permanente em lugar da bobina de campo convencional. “Esse motor de partida de última geração em tecnologia é aplicado em veículos de leve e médio portes”, comenta.

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Diagnóstico e reparo

“É difícil determinar a vida útil de um motor de partida, pois varia com as condições de uso”, afirma o técnico. Por consumir muita energia, a peça foi desenvolvida para funcionar por um curto período de tempo, e isso influi na sua durabilidade. Instrua seu cliente a acionar a ignição por apenas dez segundos durante cada tentativa de partida e espere mais de trinta segundos entre uma tentativa e outra. Avise que ele não pode acionar mais de três vezes, para não forçar e estragar a peça antes do tempo. Caso isto ocorra é um forte sinal de que existem problemas que devem ser avaliados, envolvendo o sitema de ignição e injeção do veículo.

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É importante saber como a peça é usada, já que o tempo do acionamento influencia na durabilidade, podendo provocar superaquecimento e “colar” o induzido. “Se o motor está ligado e eu fizer o acionamento com a chave, vai dar pequenos danos no bendix. Se insistir, pode provocar danos elétricos como a centrifugação, que destrói o motor de partida por forçar o acionamento enquanto o motor está funcionando.

O motor de partida também pode estar com problema quando o motorista percebe que o carro não pega ou está com dificuldade pra funcionar, girando pesado na hora da partida. Para o eletricista, ele vai identificar problemas numa análise visual, checando as condições do impulsor, das conexões elétricas, desde a bateria até os aterramentos do próprio motor, todo o circuito elétrico e, principalmente, pelos valores de corrente de partida acima do especificado.

“Não é recomendado fazer o carro pegar no tranco, o que pode causar avarias mecânicas no motor, principalmente, em carros com injeção eletrônica ou com câmbio automático. Outros fatores que podem danificar o motor de partida é excesso de chuva e poças d’água ou de barro, apesar de estar bem vedado e bem protegido, é necessário evitar essas condições”.

Vale lembrar que, para cada motorização de veículo, há uma corrente de partida estimada na qual o motor de partida precisa estar girando. Quanto maior a motorização, mais corrente de partida será necessária para que o motor entre em combustão. Outro sintoma é quando a bateria descarrega muito rápido.

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Obs: É importante ressaltar que, eventualmente, correntes de partida muito altas não estão relacionadas com problemas no motor de partida, mas sim com o próprio propulsor, com problemas como sincronismo de correia fora, problemas mecânicos mais graves do movimento dos pistões etc.

Passo a passo

Na reparação de um motor de partida, praticamente todos os componentes internos podem ser trocados. Com ressalva para o porta-escovas, que é um conjunto e deve ser trocado por completo. O técnico da Bosch alerta, porém, que dependendo do nível do dano, é mais vantajoso comprar uma peça nova. Com as ferramentas adequadas, comece o procedimento de desmontagem.

1) Encaixe a peça no suporte giratório 0 986 617 198. Nunca use a morsa. Atenção para não fixar pela chave magnética.

 

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2) Alivie a carga dos três parafusos de fixação da chave magnética. Use uma chave torx para não danificar os parafusos.

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3) Gire o motor de partida e, com uso de uma chave em “L”, retire o parafuso e, em seguida, a conexão do porta-escovas com a chave magnética. Torque de 7 a 9 Nm.

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Obs: Não solte a conexão do porta-escovas ao contato à massa (parte de trás da peça).

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4) Solte, mas não remova, os parafusos tirantes que fixam a sapata polar ao mancal dianteiro, que também é conhecido como “focinho”.

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5) Tire a peça do suporte e coloque em cima de um tubo para apoiar o conjunto, e aí sim, remova os parafusos tirantes.

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6) Remova o conjunto da sapata polar montado com o induzido e o porta-escovas. Sai todo o conjunto montado.

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7) Agora remova os parafusos do protetor trava com a trava e a arruela de ajuste do induzido. O torque na montagem é de 1,2 a 1,6 Nm.

 

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8) Em seguida, faça a remoção do mancal traseiro.

 

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9) Com uso do dispositivo adequado e duas chaves de fenda, retire o porta-escovas com as escovas no lugar. Se as escovas estiverem desgastadas, troque o conjunto por completo.

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10) Desencaixe o induzido. Faça uma inspeção visual em busca de danos, amassamentos, sobrecarga elétrica, coloração do bobinamento, desgaste, etc.

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Obs: No coletor existem canaletas isoladas entre si, examine se há danos ou queima entre uma e outra, se tiver é porque está em curto e o induzido deve ser substituído.

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11) Com um aparelho adequado de testes de enrolamento e curto circuito à massa, faça os seguintes testes no induzido:

a) Aplique uma tensão de 40 V no equipamento para fazer teste de curto-circuito do enrolamento à massa. Se acender a luz branca tem curto. Uma ponta é ligada ao aterramento e a outra vai testando todas as canaletas.

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b) Agora o teste do embubinamento do induzido em geral, para ver se existe um curto entre as espiras. Utilizando o adaptador que gera campo magnético, sempre a 90º. Se houver curto, troque a peça.

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12) Termine de retirar o parafuso que foi aliviado no começo e remova a chave magnética por completo, desprendendo-a do mancal dianteiro. Uma recomendação importante é sempre trocar esses parafusos que são elásticos.

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Obs: No campo magnético que já está desmontado, verifique se o guarda-pó está em ordem, não apresentando trincas ou desgaste.

13) Remova agora o êmbolo e também procure por desgastes visuais. Em casos de avaria, substituir todo o conjunto.

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14) Verifique os valores de resistência das bobinas da chave magnética fazendo os testes elétricos com multímetro:

a) Bobina de chamada: medir com uma ponta no terminal 50 e a outra na conexão do porta-escovas. Os valores devem ser entre 0,3 e 0,4 ?.

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b) Bobina de retenção: medir com uma ponta ao terminal 50 e a outra na massa da chave. Os valores devem ser entre 1,1 a 1,4 ?.

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15) Em seguida, remova o garfo do acionamento do pinhão com a ajuda de uma chave de fenda.

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16) Com o conjunto planetária em mãos, use o dispositivo 968 9086049, um martelo de plástico e o dispositivo 968 9080093 para afastar o anel elástico. Com um alicate de bico, solte o anel trava.(16b)

 

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    16a
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    16b

 

17) Depois de tirar o anel trava, remova o conjunto da planetária do pinhão. Examine o eixo se não há desgaste no eixo e se o rasgo da chaveta está em ordem.

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Obs: É recomendado trocar o pinhão toda vez que fizer reparo no motor de partida.

18) Retire a tampa do conjunto planetária. Examine em busca de desgaste, quebra e se os dentes estão normais.

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19) Inspecione em seguida a bucha central, onde vai apoiado o eixo do induzido. Com o dispositivo 9 689 085 123, verifique se há desgastes. Se o dispositivo entrar, substitua a peça pois determina folga. Troque a planetária inteira.

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O processo de montagem é o inverso da desmontagem. Mas antes, limpe com um pano limpo e seco todas as peças e lubrifique o conjunto planetário com graxa.

Quanto ao mancal dianteiro (focinho). Confira se não há desgaste e se o rolamento de rolete da ponta, que não é substituível, está em ordem. Se apresentar problemas, troque todo o conjunto.

Mais informações: Bosch – (11) 2144-1916

Artigo – Com bagunça não dá!

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Por Fernando Landulfo

 

Quem consegue trabalhar direito em um lugar bagunçado, levante a mão! Bem, como já era de se esperar, quase todo mundo concorda que ninguém consegue exercer bem a sua profissão (seja ela qual for) sem que haja um mínimo de organização. Ora, todo mundo já ouviu falar de médicos que esquecem instrumentos dentro do paciente, advogados que perdem prazos, administradores que deixam de pagar uma conta, quituteiras que colocam sal no doce ao invés do açúcar, enfermeiras que injetam leite na veia do paciente e outras atrocidades. Falta de competência ou experiência? Sim, muitas vezes esses deslizes são frutos desses fatores.

Mas a desorganização pode fazer o mais habilidoso profissional se perder e naufragar no tempestuoso oceano da baderna. E o mecânico não é exceção. Afinal de contas, o seu trabalho, por diversas vezes, exige a desmontagem e a remontagem de sistemas complexos formados por dezenas de componentes. E no final não pode nem sobrar e nem faltar peças!

A organização é primordial para o bom andamento dos serviços na oficina. Sem ela, peças caras são perdidas, ferramentas largadas em qualquer lugar, equipamentos emprestados sem que se saiba (ou se lembre) para quem, peças são retiradas do estoque, aplicadas e não cobradas. Isso sem falar nos orçamentos assinados pelo cliente, manuais técnicos e outros documentos importantes que “criam pernas” e desaparecem no “limbo”. Ou seja: a bagunça gera, no mínimo, uma enorme perda de tempo.

Mas o prejuízo é sempre certo. Para funcionar bem e gerar o tão desejado lucro, a oficina, assim como qualquer outro tipo de empresa, precisa necessariamente ter um mínimo de organização. Organização estrutural, com seus organogramas e procedimentos e organização física. Muitas pessoas, principalmente as do sexo masculino, não praticam a nobre arte da organização. É cultural… Sim, sim, são aqueles “distintos cavalheiros” que, para o desespero das companheiras, largam toalhas molhadas sobre a cama, camisas na sala, meias no corredor e roupa suja no chão do banheiro após o banho que, por sinal, fica totalmente inundado. Vamos dar a mão à palmatória…

Nesse ponto as mulheres levam muita vantagem sobre os homens. Não só organizam cada um dos seus objetos como lembram exatamente onde estão e quando foram colocados lá. Possuem romaneios detalhados dos seus pertences e quando emprestam algo para alguém lembram exatamente: a pessoa, a data do empréstimo, o motivo, o estado do objeto com detalhes e quando deveria ter sido devolvido. Não há como negar: com algumas poucas exceções, elas são o primor da organização. E quando assumem o comando de um negócio, raras são as ocasiões em que algum problema é causado por desorganização. Feliz é o “Guerreiro das Oficinas” quem tem a companheira na administração da oficina!

Pois bem, já ficou claro que a oficina precisa ser um ambiente organizado. Não dá para trabalhar com veículos e equipamentos caros no meio da baderna. Logo, quem ainda não começou a arrumar o seu “cantinho”, que arregace as mangas e ponha mãos à obra, pois cada minuto perdido na procura da peça que sumiu ou na ferramenta que deveria estar “ali”, mas não está, diminui a competitividade da empresa dentro do mercado. Isso sem falar na aparência horrível que a bagunça dá a empresa.

Lembrando que a primeira impressão é a que fica, um proprietário de um veículo caro dificilmente deixará seu veículo numa oficina se, na sua primeira visita, ela lhe parecer uma “boqueta”. Mesmo que o profissional tenha fama de competente, ele fugirá de lá. Ou seja: nos dias atuais não dá mais para trabalhar no meio da bagunça. Aproveite então o fim do ano para arrumar a casa e mantê-la sempre arrumada.

Mas como fazer para por a casa em ordem? Bem, que tal começar com o básico?

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1) Desapegue das tranqueiras!

Não tem sentido acumular peças usadas, retiradas de carros de clientes, pensando num possível reaproveitamento futuro. Entregue tudo ao cliente. Se ele não as quiser, descarte. E se um dia precisar de algo similar para outro veículo, compre e cobre. Agora, se for um item “raro”, recupere, embale catalogue e guarde em local apropriado. O mesmo deve ser feito com relação a ferramentas e equipamentos obsoletos quebrados. Mande consertar o que pode ser utilizado. Guarde com carinho aquilo que pode ser utilizado. Venda o que está obsoleto e não mais será utilizado e descarte o que não pode ser consertado, sempre pensando na preservação do meio ambiente, hein!

2) Lugar de sucata é na sucata!

Sucata largada pelos cantos da oficina? Mas nem pensar! Destine um local de fácil acesso ao sucateiro, mas longe dos olhos do cliente, para depositar a sua sucata. Não se esqueça de separar os materiais. Afinal de contas, o valor pago é diferenciado. Se o espaço disponível não é grande, combine retiradas mais frequentes com o sucateiro.

3) Lubrificantes usados devem ser reciclados.

É crime ambiental descartar lubrificantes no solo e no esgoto. E não dá para ficar acumulando esse material dentro da oficina. Logo, se não quiser gastar um bom dinheiro com advogados, combine com uma empresa recicladora a retirada periódica desse material. Eles costumam pagar bem por ele. Enquanto o lubrificante não é retirado, deve ficar acondicionado em um depósito subterrâneo, construído especialmente para esse fim, ou em tambores fechados e identificados.

4) Estoque e cofre são sinônimos

Peças e materiais em estoque devem ser tratados como dinheiro. Logo, não tem sentido deixar um estoque aberto, sem controle e desorganizado. O mecânico tem obrigação de saber tudo o que acontece lá.

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5) De olho na limpeza!

Ponha-se no lugar do cliente. Você deixaria seu carro, comprado com tanto sacrifício, em uma oficina suja? Ou indo mais longe: você deixaria sua esposa e filhos frequentarem um lugar sujo, com banheiros sujos? Pois é, na sociedade atual a aparência tem um peso muito grande. Para muitas pessoas, o aspecto do ambiente de trabalho reflete o modo de trabalho. Como diz o ditado popular: “A empresa tem a cara do dono”.

6) Lugar de bermuda, camiseta regata e chinelo é na praia!

Boa aparência transmite segurança e confiabilidade. O uso de uniformes adequados transmite profissionalismo, além de proporcionar segurança (proteção física) ao profissional. O fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) é obrigatório, assim como o seu uso.

7) Mecânico “bolinho de graxa”? Mas nem pensar!

Vamos acabar de uma vez por todas com essa história que o mecânico é um sujeito que trabalha com aparência de mendigo: sujo, barbudo e mal cuidado. Trata-se um profissional treinado e especializado. Logo, boa aparência é imperativa e deve ser cobrada. Se o veículo a ser reparado está sujo, mande lavar todas as partes que serão manipuladas antes.

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8) Escritório não é lugar de caos.

No escritório estão guardados todos os documentos da oficina, além do dinheiro, cheques, senhas de banco, contas a pagar, contas a receber, orçamentos, cadastros, etc. Logo, não é lugar de bagunça. Se está, contrate imediatamente alguém para organizar e manter organizado, antes que algo importante caia no “Buraco Negro” e nunca mais apareça.

Velocidade contínua

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Como funciona a tecnologia da Transmissão Continuamente Variável aplicada nos câmbios CVT, e como evoluiu através dos anos

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O câmbio CVT (Continuously Variable Transmission – ou Transmissão Continuamente Variável) é uma das novidades massificadas nos últimos 20 anos em matéria de inovações automobilísticas. Mas seu princípio de funcionamento vem muito antes da criação do automóvel: Leonardo Da Vinci foi o responsável pelos primeiros esboços do sistema de transmissão de força através de polias variáveis ainda no século XV. Entretanto, somente no final do século XIX o CVT foi patenteado e, depois de ser utilizado em diversas máquinas, levou mais de um século para aparecer com mais frequência como tecnologia das caixas de velocidades nos carros de rua.

O CVT consiste na adoção de duas polias de diâmetro variável ligadas entre si por correia ou outro sistema mecânico. Uma das polias está ligada ao motor pelo conversor de torque (polia principal) e a outra ao sistema diferencial (polia secundária). Conforme uma das polias diminui seu diâmetro “abrindo”, a outra aumenta seu diâmetro “fechando”, alterando a velocidade de rotação de seus eixos – algo semelhante ao sistema de marchas em uma bicicleta, mas obviamente menos simples.

A relação de diâmetro entre as polias, e a variação de velocidade de rotação, determina a força que é transmitida para as rodas, sem as escalas de marchas que existem em câmbios mecânicos ou automáticos e fazendo com que o motor sempre trabalhe na rotação mais próxima da ideal. Entretanto, boa parte dos veículos equipados com CVT, hoje, possui relações pré-programadas que simulam marchas, podendo ser acionadas através de borboletas atrás do volante.

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Entre os principais benefícios dessa tecnologia, estão o conforto do motorista e a possibilidade de economia de combustível, já que, teoricamente, o motor trabalha levando em conta a carga do motor e as condições de rodagem, e não “desperdiça” aceleração.

Apesar de se tornar cada vez mais popular, o desenvolvimento dessa tecnologia até se tornar robusta o suficiente para ser aplicada em automóveis em larga escala levou bastante tempo.

Aguentando a pressão

No final dos anos 50, começaram a ser fabricados os primeiros veículos equipados com câmbio CVT de série: os DAF 600, pequenos carros fabricados pela empresa holandesa de utilitários, com motores de cerca de 600 cm³ de deslocamento e 22 cv. O motor de baixa potência permitia a aplicação da tecnologia, mas o material da correia que comunicava as polias (um composto de borracha) não resistiria a um motor com mais torque que aquele.

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Várias tentativas de CVT foram feitas por outras montadoras nas décadas seguintes, como a Ford e a Fiat na Europa, no final dos anos 80. Mas foi o Japão quem abraçou a solução com mais afinco. Em 1987, a Subaru equipou o sedã Justy com um CVT eletrônico e se tornou o primeiro carro a ser vendido nos Estados Unidos com esse tipo de câmbio. Apesar de se tratar de um pequeno veículo com motor de três cilindros, a transmissão se mostrou pouco confiável e o Justy parou de ser exportado para a América do Norte em 1994.

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Já a Nissan (que, em 1992, também tentou aplicar um CVT no compacto Micra) desenvolveu um sistema semi-toroidal para a transmissão de movimento entre as polias, substituindo a correia, para que a caixa se tornasse mais resistente e pudesse ser aplicada em carros maiores. Assim, nascia a transmissão Extroid, instalada a partir de 1999 em grandes sedãs da marca. Mas o sistema se revelou caro demais e pouco “amigável” em climas frios, o que fez com que ele caísse em desuso e substituído apenas alguns anos depois pela caixa Xtronic, com polias ligadas por correia de metal, que aguentavam torque bem mais elevado.

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Também em 1999, a Audi começou a fornecer a caixa multitronic, disponível para as versões de tração dianteira e motor longitudinal dos modelos A4, A5 e A6. Apesar da caixa multitronic não ser compatível com os modelos de tração integral (tradição da marca) nem com motores transversais (caso do Audi A3), a unidade é uma demonstração de como a tecnologia evoluiu: o torque máximo suportado, nas versões atuais, é de aproximadamente 40 kgfm – algo que é gerado por grandes motores modernos de seis cilindros. Uma franca evolução desde as 600 cilindradas do DAF nos anos 50…

Novo material

O que permitiu o sucesso do sistema foi o desenvolvimento e a aplicação de novos materiais na correia – que hoje é feita em diversas ligas de metal. Em alguns modelos, como o Lineartonic da Subaru (aplicado nos modelos Legacy e Outback), a correia se assemelha a uma corrente com vários gomos paralelos. Na caixa Xtronic da Nissan, a correia é composta por 400 lâminas de aço (semelhantes a grampos) unidas por dois anéis de aço de alta resistência.

A Nissan, aliás, é a fabricante de automóveis que mais investe nessa tecnologia. A montadora japonesa é proprietária da JATCO, empresa que detém nada menos que 55% da produção mundial de câmbios CVT, abastecendo também montadoras como Renault, Mitsubishi, Suzuki e Dodge/Jeep.

Um dos movimentos cruciais para a popularização do CVT fora do Japão aconteceu em 2006, quando a montadora japonesa decidiu substituir quase todas as opções de câmbio automático de sua linha nos Estados Unidos por caixas Xtronic. No Brasil, a marca japonesa disponibiliza a caixa como opção no sedã Sentra, enquanto a outra montadora do grupo, a Renault, utiliza a Xtronic no sedã Fluence.

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Entretanto, por ironia do destino, a Nissan não foi a pioneira em oferecer esse tipo de câmbio entre os modelos nacionais. Em 2003, a rival Honda lançou no Brasil o compacto Fit, o primeiro carro de uma fabricante instalada no Brasil a receber uma caixa CVT. O câmbio foi grande responsável pela ótima fama do carro no mercado, tanto entre proprietários quanto entre mecânicos. Uma história de pioneirismo bem diferente da contada lá fora, reflexo das novas tecnologias que serão o futuro dos powertrains daqui para diante.

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Entrevista: Escolha da peça necessita de conhecimento técnico

Alfredo Bastos Junior, gerente de Marketing da MTE-Thomson, conta sobre a trajetória da empresa no Brasil e da importante relação que mantém com os mecânicos independentes

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O Mecânico: A MTE-Thomson é uma empresa originalmente brasileira, que se uniu numa joint-venture nos anos 70. Conte uma pouco dessa história e de como a empresa cresceu nesse período.
Alfredo Bastos: A MTE-Thomson é uma empresa nacional fundada em 1957 e, em 1975, fez uma joint-venture com a Thomson americana. No fim dos anos 80 adquiriu a parte americana tornando-se 100% nacional, ampliando sua linha de controle de temperatura e injeção eletrônica.

O Mecânico: No Brasil, a fábrica de São Bernardo do Campo/SP está capacitada para produzir quais produtos e em quais quantidades? Além disso, a empresa tem sedes no exterior. Onde ficam e para que são destinadas?
Alfredo: Temos duas unidades no exterior para suporte aos clientes, tanto na Europa como nos EUA. Aqui no Brasil temos três unidades, uma no ABC, no estado de São Paulo, e duas no interior, São Carlos e Jaguariúna. Nelas são fabricados além de termostatos e sensores de temperatura, o sonda lambda e diversos sensores da injeção eletrônica.

O Mecânico: Hoje, os produtos da marca são bem presentes no mercado de equipamentos originais, dentro das montadoras. Como é a participação da empresa no desenvolvimento de uma peça para um carro novo, é em conjunto com a montadora?
Alfredo: Normalmente, uma peça para um carro novo leva dois anos para ser desenvolvida e aprovada, além de todas certificações que as montadoras nos exigem.
O Mecânico: Essa peça é levada para o mercado de reposição com os mesmos controles de qualidade das originais?
Alfredo: Sim, esse é um mito que persiste no setor, que a peça de reposição é diferente da original. Não existe isso, pois a peça tem que funcionar bem no veículo independente de sua quilometragem. O prejuízo para a marca será igual se uma montadora ou uma oficina reclamar de um produto.

O Mecânico: Do total de produção da fábrica, quanto é destinado para o mercado de reposição? Qual a importância desse mercado para a marca?
Alfredo: A reposição é muito importante para nós, não só aqui como também no exterior. Em alguns países, temos o mesmo cuidado em ensinar o mecânico sobre os nossos produtos como aqui.

O Mecânico: Quais os produtos mais vendidos entre as oficinas no mercado de reposição?
Alfredo: A demanda de autopeças é técnica, portanto a venda é em função da frota circulante, hoje ainda 80% dela são das quatro principais montadoras. Salvo algum defeito congênito em algum veículo, um componente pode ter um consumo maior. Depende também da região, por exemplo, nas grandes cidades, no trânsito é considerado uso severo, ou seja, maior desgaste.

O Mecânico: A MTE-Thomson oferece produtos para todos os tipos de veículos, de passeio ou comerciais?
Alfredo: Sim, devido à atuação forte no exterior, nossa linha de produtos atende todas as vertentes automotivas: passeio, comerciais, diesel e de todas as nacionalidades, européias, asiáticas e americanas. Com a diversidade da frota aqui, já temos peças para os carros chineses a até para carros híbridos.

O Mecânico: Como a marca vê o mecânico independente? Do que ele precisa e que tipo de ações a marca planeja para estreitar esse relacionamento? Inclui treinamento de aplicação dos produtos?
Alfredo: Somos muito próximos do reparador há mais de 20 anos, com muitas ações de relacionamento, treinamento, apoios administrativos, gestão e até jurídico. As oficinas independentes sofrem como qualquer outra empresa de porte pequeno, que é a “Solidão Empresarial”. Hoje temos muitas oficinas com profissionais competentes, empreendedores e que fazem acontecer. E o mais importante, pode-se ter uma carreira de sucesso sendo um profissional da reparação.

O Mecânico: Em sua opinião, o mecânico influi na hora da escolha da marca?
Alfredo: Claro, sem dúvida! A demanda é técnica, então necessita de conhecimento técnico, em consequência a escolha é técnica do produto/marca.

O Mecânico: Quais os canais de comunicação que a MTE-Thomson tem com o mecânico? Isso inclui programas de treinamento, visita a oficinas etc?
Alfredo: Temos diversas frentes, como as já conhecidas palestras, visitas à fábrica e do técnico MTE, mas também as novas como as redes sociais, treinamentos online pela internet, por TV via satélite, por aplicativos para smartphone, e até mesmo um chat em nosso site, onde o pessoal do nosso SIM (Serviço de Atendimento MTE) atende, enfim todas as possibilidades eletrônicas.

O Mecânico: Existe uma rede de oficinas especializada na aplicação de produtos da MTE-Thomson? Existe projeto de ampliação? Como se tornar um autorizado ou especializado?
Alfredo: Temos um grupo chamado Oficina MTE em fase de reestruturação. Hoje, pelo site da MTE, é possível se cadastrar e conhecer o Programa Oficina do Saber, voltado exclusivamente ao mecânico.

O Mecânico: A empresa sofre com a invasão de peças piratas ou paralelas no mercado? Como orientar o cliente a fugir dessa enrascada?
Alfredo: O excesso de oferta leva à briga de preços, que é comum em qualquer mercado. No caso de autopeças, como já falei, o que vale é a condição técnica. Sem isso, o bem maior que é o veículo não vai funcionar a contento devido a um componente de má qualidade. Alguns só irão aprender errando, ou seja, colocando toda a sua reputação em jogo e em risco a vida do seu cliente.

O Mecânico: Existe no setor automobilístico uma preocupação muito grande com questões de meio ambiente e sustentabilidade. Como a MTE-Thomson enxerga e atua em relação a isso? Existe algum programa de orientação ao mecânico em relação ao descarte de suas peças?
Alfredo: Excelente pergunta! Acho que temos que discutir isto mais profundamente com as entidades do nosso setor, é fundamental toda a cadeia estar envolvida. Temos que ter uma política definida para a reparação independente. Ações isoladas são importantes para criarmos exemplos, mas não resolvem. Vamos aprofundar mais este assunto.

O Mecânico: As feiras e eventos do setor são aproveitados ao máximo pela empresa? Qual a importância e as atividades desenvolvidas nesse sentido?
Alfredo: As feiras são importantes, apesar do custo ser muito alto, pois a maioria dos mecânicos tem contato com a empresa pela peça somente. Acho que a presença deles conhecendo as pessoas, vendo a que a empresa se propõe, fica diferente. E já fizemos feiras em todo mundo, só na Alemanha desde 1998. Nossa Automec já é a segunda feira em número de visitantes no mundo, portanto é fundamental a presença.

O ponto de vista do auditor numa certificação

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Se sua oficina é certificada ou se você gostaria que fosse, saiba que o trabalho do auditor que monitora os seus processos não é de policiar ou mostrar suas falhas, mas sim apoiá-lo na gestão e melhoria de seus resultados sempre

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A definição de auditoria é bem simples, apesar de muita gente achar que é complicado. De acordo com dicionários da internet, auditoria é um exame cuidadoso e sistemático das atividades desenvolvidas em determinada empresa ou setor, cujo objetivo é averiguar se elas estão de acordo com as disposições planejadas ou estabelecidas previamente, se foram implementadas com eficácia e se estão adequadas (em conformidade) à consecução dos objetivos (fonte: Wikipedia).

Moral da história, não precisa se descabelar cada vez que escutar que um auditor vai visitar a sua empresa, desde que você trabalhe de acordo com o que se propôs previamente a fazer. Mas muitas vezes o trabalho do auditor é confundido com o de uma polícia, com alguém que vai te visitar para ver o que você está fazendo de errado e te aplicar uma penalidade, seja financeira ou não.

Nesta matéria, que elaboramos com a ajuda do IQA (Instituto da Qualidade Automotiva), que tem como uma das funções auditar e certificar todos os setores do segmento automotivo, vamos mostrar o trabalho do auditor numa oficina mecânica certificada e como você, empresário, pode ajudar para que esse trabalho seja revertido somente em melhorias para seu estabelecimento e satisfação para seu cliente.

“Quando a empresa solicita uma certificação, começa um processo de conversação com o IQA e o empresário já recebe, juntamente com a proposta de orçamento, um plano de como é a certificação, as vantagens de ser certificado, que proveito pode conquistar com esse mérito e que terá um avaliador que fará monitoramento periódico na oficina, orientando e mostrando caminhos de melhoria”, explica José Palacio, coordenador de Serviços Automotivos IQA.

A partir daí, uma série de normas da ABNT devem ser analisadas pela oficina, de acordo com o seu escopo, no que diz respeito à reparação dos veículos. Além disso, outros requisitos em relação a instalações, organização, atendimento, administração, treinamento de funcionários, entre outros, são exigidos para a empresa. “Uma oficina de freios, por exemplo, deve ser regida pelos procedimentos da Norma ABNT dessa área e deve também seguir os requisitos e regulamentos exigidos pelo IQA”, comenta.

O empresário adequa o seu estabelecimento de acordo com esses requisitos e a função do auditor é justamente garantir que eles estão sendo cumpridos, para que o certificado seja validado. Numa visita do auditor, é utilizado um check list previamente estabelecido, além de constantemente atualizado, com todos os processos e requisitos entendidos pela sociedade como necessários para a prestação do serviço relacionado.

Palacio conta que primeiramente, quando chega para uma visita, o auditor faz uma reunião de abertura com os responsáveis da oficina para deixar claro sua função e já expõe como vai atuar: desde os requisitos que vai verificar, de que forma serão verificados etc. “Ele deixa claro que está lá para verificar as atividades em cada requisito, procurando pelas conformidades. Não estamos fiscalizando ninguém nem procurando erro de ninguém, mas sim verificando se os requisitos estão atendidos de acordo com as normas”, garante o coordenador.

Agora, se for constatado que algum requisito não está coerente, isso será anotado. Cada não conformidade encontrada será identificada no momento, juntamente com o empresário, de forma transparente e justificada. “Quando chega ao final da auditoria, o empresário já sabe se foi aprovado ou não. Não há surpresa. O processo é transparente e visível passo a passo”.

Depois da reunião é feita uma visita na empresa. Nessa visita rápida, com a visão clínica, o auditor já visualiza todos os pontos e o que tem de ser focado com mais detalhes. “Um grande desafio da auditoria é a questão do tempo: o avaliador tem que entender e avaliar todo o processo da empresa no período de um dia, para isso usa sua experiência”, conta Palacio. Vale lembrar que hoje as auditorias de manutenção da certificação do IQA são realizadas anualmente.

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Mas o empresário pode ajudar, pois no plano de auditoria, que é passado previamente para o auditor e para a oficina, está estabelecido o dia da visita, a que horas, os dados da empresa, o nome do auditor, o início e término da auditoria, etc. É solicitado também que seja disponibilizada ao auditor uma pessoa com poder de decisão para acompanhar e agilizar o processo, também por uma questão de transparência. “Colocar uma pessoa que não está a par das atividades da empresa acaba não auxiliando na auditoria. Isso pode dificultar nosso trabalho”, observa.

Durante a auditoria e com base na visita anterior, uma série de itens são avaliados de primeira vista, deixando itens de maior importância para uma avaliação mais minuciosa. Mas essa auditoria vai além dos requisitos referentes ao processo de certificação, ele pode e deve oferecer informações úteis ao gestor, o que é chamado de “oportunidade de melhoria”. São detalhes que nem sempre estão ligados ao processo, que não fazem parte da auditoria, mas valem como alerta, e como orientação.

“Devemos ressaltar que a auditoria não procura falhas, procura acertos, e todo auditor tem a obrigação de orientar no tocante a melhoria dos processos, além de dar dicas de melhorias dentro dos requisitos que estão sendo cumpridos, mas que podem melhorar, pra ganhar rapidez, evitar perdas, ganhar produtividade etc. O IQA mostra os caminhos para que a empresa possa tomar as atitudes para melhorar”, esclarece o coordenador.

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Não deve fazer por fazer, deve fazer para melhorar

“Tenho que fazer isso só porque é requisito, mas não vai me ajudar em nada”. Muita gente pensa assim, mas numa auditoria de certificação, isso não é verdade. Por isso, não basta ser certificado, tem que aparecer, demonstrar isso através das evidências. “Os requisitos são atendidos através de verificações das evidências, por exemplo, se vou auditar um processo de reparação, vou ver como o profissional trabalha, acompanhar visualmente”, diz Palacio.

Ele continua: “você faz pesquisas de satisfação de clientes para saber se seu trabalho é satisfatório e seu cliente está satisfeito? Sim, mas não tem como o auditor visualizar isso, então o empresário deve mostrar uma relação de nomes pesquisados, quem efetuou a pesquisa, qual foi o resultado, etc, e isso se torna uma evidência. Você faz reuniões com o pessoal para consolidar os processos? Sim, mas não dá para visualizar, então o empresário, para demostrar a evidência, deve fazer uma ata com o nome dos participantes e lista de presença assinada. E assim por diante, lembrando que: quem não mede, não conhece. Quem não conhece, não faz. Quem não faz, não melhora”.

Ética e postura dos auditores

Nas auditorias, o avaliador tem o objetivo de entender uma empresa, então ele deve saber falar com quem está sendo auditado. Para isso, o IQA mantém os auditores treinados frequentemente de forma que possam ter um conceito de interpretação homogênea dentro do processo, considerando seu comportamento, ética, postura, tom de voz etc. “Eles precisam ter uma maneira educada de falar, mesmo quando existe uma não conformidade, o auditor tem que ter jogo de cintura e muita educação”, garante.

Ter sempre a ética como palavra de ordem, desde a primeira reunião de abertura, o auditor deixa claro, antes de mais nada, que tem um termo de confidencialidade assinado com o IQA, um código de ética que tem que se respeitar. “Alguns empresários já chegaram a questionar se os auditores não vão levar informações da sua empresa para o mercado, mas isso não é permitido. O que acontece em alguns casos é perguntar para o empresário se pode mostrar para outros suas boas práticas, mas precisa de permissão para isso e, caso não haja concordância, será respeitado”.

Planejamento da auditoria

Antes de sair para uma visita, o auditor tem que se preparar, aprender sobre a empresa e seus processos. Além disso, contata o empresário e pede que ele deixe preparado alguns requisitos que devem ser verificados. “Por exemplo, uma empresa que trabalha com diesel deve deixar a disposição um veículo para acompanhamento de medição de emissões”.

Palacio explica que existe a Norma NBR 19011 que aponta as diretrizes para auditoria de sistema de gestão da qualidade e ambiental. “Nossas atividades estão relacionadas com essa norma, que é uma referência sobre as fases da auditoria: planejamento, preparação, realização, relatório e acompanhamento”.

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Influência do auditado na auditoria

É de extrema importância que a pessoa que acompanha a auditoria tenha autonomia, postura construtiva e comprometimento. “Mesmo que o dono acompanhe, se ele não estiver comprometido e não acreditar, não vai dar certo. Ele tem que saber o que pretendemos e extrair o máximo que pode do conhecimento do auditor, em seu benefício. É preciso visão do empresário, que ele apoie o processo para obtenção dos melhores resultados”, observa o auditor.

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Formação do auditor

Para ser homologado como auditor de Serviços Automotivos do IQA, é preciso que o profissional tenha formação na área automotiva, com conhecimento também de processos de auditoria ou de consultoria. Ter ainda formação técnica, disponibilidade de viagem, ética, ser educado, saber se apresentar e saber como dirigir a palavra. Depois disso, caso aprovado e haja vagas, a pessoa passa por um treinamento inicial para filtrar se esses conhecimentos são reais. Depois passa por varias avaliações, sendo acompanhado por um auditor veterano, para início de atividades em que a atualização será sempre exigida e monitorada.

O IQA busca, de preferência, pessoas recomendadas por outras entidades, avaliadores ou ate mesmo clientes. Outras referências importantes para o auditor são: conhecer as Normas das series ISO, ter bagagem sobre sistema da qualidade, etc. “Possuir uma boa base dessas referências facilita para entender qualquer sistema de gestão”, diz Palacio. O site do IQA pode ser uma fonte de informações (www.iqa.org.br), e caso tenha interesse, envie um currículo para avaliação pelo e-mail: [email protected]. Boa sorte!

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