Substituição da correia de sincronismo do Jeep Commander 2022

Veja como é feito o procedimento de análise e troca do componente. Confira detalhes do sincronismo do motor 2.0 Multijet II FPT turbodiesel aplicados também nos veículos Jeep Renegade, Compass e Fiat Toro

 

texto Vitor Lima    fotos Vinícius D’Angio & Vitor Lima

Todo o veículo tem diversos sistemas e distintos, porém na maioria das vezes um depende do outro para funcionar de maneira harmônica. Um sistema que necessita de muita atenção do mecânico é o de sincronismo. Ele é responsável por manter a sincronia entre o eixo do virabrequim, o acionamento das válvulas de admissão e de exaustão, assim como outros componentes que compõem esse sistema, por exemplo a bomba d’água do motor.

Para assegurar que o sistema trabalhe em perfeitas condições, o mecânico deve orientar o seu cliente sobre os prazos de manutenção preventiva, dos componentes do sistema de sincronismo do motor, indicados no manual do fabricante do veículo. Para o motor 2.0 Multijet II FPT turbodiesel há detalhes que fazem diferença durante a substituição dos componentes.

Para exemplificar, os técnicos da Dayco efetuaram a troca dos componentes do sistema de um Jeep Commander 2022 diesel, e para substituição, utilizaram o kit Dayco de código KTB759, que acompanha a correia de sincronismo, tensionador, rolamento de apoio e dois parafusos para esse componente, pois o kit pode ser aplicado tanto na linha de veículos Jeep, quanto na linha Fiat que possuem a motorização Multijet II.

Um ponto de atenção é com o posicionamento correto do ponteiro indicativo e as marcas de tensão existentes na face do tensionador. A Dayco informa que um dos maiores índices de problemas recebidos em seu suporte técnico é com relação à montagem incorreta do componente.

| LEIA MAIS: Correia dentada e tensor devem ser substituídos em conjunto?

O Coordenador de Produtos da Dayco, Nelson Morales, explica que um detalhe importante para a montagem do tensionador da correia de sincronismo está no seu ponto de ancoragem. Existe um pino no bloco do motor que deve estar na parte de dentro das abas do componente. Ele comenta sobre a função: “Ele funciona como um trilho que faz o tensionador se movimentar para efetuar a tensão. É importante tomar cuidado para não o deixar fora”, explica ele, acrescentando os problemas que podem ocorrer caso o tensor não seja instalado. “Caso ele fique mal encaixado, o tensionador fica com sua ancoragem incorreta. Não irá tensionar de maneira certa, podendo gerar um desalinhamento com a correia de sincronismo”, conclui o profissional.

Outro ponto de esclarecimento é sobre o lado de instalação da correia de sincronismo. Alguns mecânicos apresentam dúvidas sobre essa questão. O Supervisor do Departamento Técnico da Dayco, Davi Cruz, explica então como o mecânico pode proceder com a instalação do componente. “Correia convencional, quando não há marcação de ponto, pode ser instalada tanto com o logo voltado para dentro das polias como para fora. Porém, no caso deste veículo, a correia tem indicação de sentido rotacional, além das marcações de ponto para ajudar na aplicação do componente”.

O diagnóstico com a correia sincronizadora pode demonstrar possíveis desgastes com o próprio componente e a até identificar alguns indícios de que as polias dentadas podem apresentar desgaste. O veículo utilizado nesta reportagem possuía apenas 38.600 km rodados e apresentou sinais de desgaste lateral na correia de sincronismo. O Coordenador de Produtos da Dayco, Nelson Morales, comentou sobre as possíveis causas para esse problema. “A correia tem um pequeno desgaste em sua lateral, isso indica que ela está trabalhando desalinhada nesse sistema. Tal condição pode ser causado pela bomba d’agua, por uma polia desgastada ou indicação de que o tensor esteja chegando ao final de sua vida útil”.

Após análise da correia, o Supervisor do Departamento Técnico da Dayco, Davi Cruz, comentou sobre as verificações a serem feitas com a bomba d’água do motor. “Para a bomba d’água temos que verificar o giro, a folga radial, axial e possíveis vazamentos do líquido de arrefecimento. Como essa correia de sincronismo trabalha juntamente com a bomba d’água, se faz necessário a título preventivo sua substituição”.

Davi Cruz ainda explica sobre o diagnóstico com o componente e informou que não será necessário à sua substituição. “É interessante verificar o giro do componente, a fim de se analisar possíveis folgas radiais e axiais. Neste caso, a bomba d’água está realizando o movimento livre, sem folgas. Isso se deve ao veículo possuir quilometragem muito abaixo da recomendação de substituição. Como não foi constatado folgas, provavelmente o desalinhamento citado, conforme análise do desgaste lateral na correia, é indício de possíveis problemas com o tensionador, rolamento de apoio ou até mesmo uma carga de tensão incorreta de trabalho”.

Segundo Nelson, um ponto de reclamação é com o rolamento de apoio. Há questionamentos sobre sinais de derretimento desse componente. Ao analisar o rolamento de apoio durante o procedimento, foi constatado que ele estava de acordo, ou seja, sem indicação de derretimento.

O motivo desse problema, o Davi  explica: “Geralmente, a bomba d’água aquece o dorso da correia sincronizadora, devido ao atrito gerado, transferindo o calor para o rolamento de apoio. O calor é tão forte que acaba causando o derretimento da pista desse rolamento. Dessa maneira, o mecânico pode entender que há folga ou desgaste excessivo com o rolamento de apoio, mas na verdade o problema é a transferência de calor da pista da polia da bomba d’agua para a correia”.

A recomendação para substituição da correia de sincronismo no Jeep Commander com motor 2.0 Multijet II FPT turbodiesel é com 80 mil km de forma preventiva. O Coordenador de Produtos da Dayco comenta o porquê recomenda a troca da bomba d’água em conjunto. “A partir do momento que troca a correia sincronizadora, nós não temos garantia de quanto tempo a mais de vida útil esse componente terá, por isso a recomendação de substituição de forma preventiva da bomba d’água”, explica. Vale lembrar que por ser um procedimento de demonstração, a bomba d’água não foi substituída.

DESMONTAGEM

1)  Inicie retirando a capa protetora do motor. Utilize uma chave L 10 mm para remover os dois parafusos que prendem a capa.

2)  Para desencaixar a caixa do filtro de ar, retire o conector do filtro de ar (2a), os parafusos com uma chave phillips, a abraçadeira de metal e por fim, a caixa do filtro (2b).

3)  Para ter mais espaço, é necessário bascular o suporte do filtro de combustível, localizado na parte de cima, do lado direito do veículo. Comece desligando a conexão do componente (3a) e (3b) e use uma chave 10 mm para remover os dois parafusos inferiores de fixação do suporte. Há um parafuso superior que facilita o deslocamento do filtro (3c).

Obs: não há necessidade de soltar as linhas de combustível.

4)  Remova o suporte do conjunto do filtro de combustível para ter melhor acesso à capa protetora da correia de sincronismo. Faça uso de uma chave combinada 10 mm para retirar as duas porcas de fixação do componente.

5)  Desconecte a mangueira do respiro.

6)  Para facilitar o processo posteriormente, quebre o torque dos parafusos do coxim lateral do motor. São duas medidas diferentes, use um soquete E20 para os três parafusos maiores (6a), e um soquete E14 para os outros três parafusos (6b).

7)  Quebre o torque da roda do lado direito com o veículo ainda no solo. Verifique que há um parafuso especial para soltura. Após, erga o veículo no elevador e retire a roda.

8)  A capa do para-barro é presa por presilhas plásticas (8a), seis porcas 10 mm, dois parafusos phillips e um parafuso torx. Evite utilizar chave de fenda para não danificar as fixações plásticas. Para o parafuso torx, use uma chave T27 (8b). Remova a capa por completo.

9)  Ainda com o veículo erguido, é necessário retirar a correia de acessórios, o tensionador, o rolamento guia e a polia damper. Comece quebrando o torque dos quatro parafusos da polia damper, utilize um soquete especial perfil Ribe M8.

10) Use uma chave 15 mm no parafuso central do tensionador para aliviar a tensão na correia (10a), após isso, remova a correia de acessórios (10b).

11) Remova por completo os parafusos da polia damper e retire o componente.

12) Para remover o rolamento guia, utilize uma chave estriada 8 mm (12a). Após a remoção, use uma chave torx T50 para retirar o tensionador da correia de acessórios (12b).

13) Retire os quatro parafusos de fixação da capa inferior com uma chave Allen 4 mm e remova a capa.

14) Solte três parafusos da capa intermediária de alumínio, para isso, utilize uma chave 13 mm. Há mais parafusos na parte superior dessa capa, porém, serão removidos posteriormente.

15) É necessário calçar o motor antes de iniciar a remoção do coxim lateral do motor. Inicie com o suporte que teve os torques de suas fixações previamente quebrados no passo n°6. Remova-o por completo.

16) Para soltar a capa protetora da correia de sincronismo, é necessário retirar 10 parafusos. Utilize uma chave T40.

17) Agora é possível retirar os parafusos superiores da capa intermediária de alumínio, que também serve como suporte do coxim. Faça a remoção dos parafusos com o auxílio de uma chave 15 mm (17a) e remova o componente (17b).

FASEAMENTO DO MOTOR E REMOÇÃO DA CORREIA DE SINCRONISMO

18) Para iniciar a fasagem do motor, desplugue o conector elétrico da flauta da linha de combustível.

19) Retire os tampões do lado da admissão (19a) e exaustão do comando de válvulas (19b). Para remoção dos tampões use uma chave Allen 8. Após a retirada dos tampões, utilize a ferramenta especial Raven 141016 (19c) para conseguir realizar o travamento dos comandos (19d).

20) Gire o motor no sentido horário para deixá-lo no ponto, até ouvir um estalo, o que significa que o motor está totalmente travado.

21) Confira a fasagem do motor na parte inferior. Inicie retirando um parafuso com uma chave combinada 10 mm (21a) e insira um extensor de parafuso que veio junto a ferramenta de código 141015 do kit da Raven (21b).

22) Na instalação da ferramenta de conferência de ponto, o mecânico deve atentar-se há um detalhe importante sobre o posicionamento da ferramenta. Existe um furo oblongo da ferramenta (22a) que deve estar encaixado no pino de referência (22b). Caso tudo esteja de acordo, o motor estará totalmente fasado (22c).

23) Com uma chave 12 mm, alivie a tensão do tensor da correia de sincronismo por meio do parafuso central (23a) e remova a correia por completo (23b).

24) Retire o rolamento de apoio com o auxílio de uma chave de 15 mm, e posteriormente, o tensionador do sistema de sincronismo.

25) Faça uma inspeção na correia de sincronismo e verifique se há detalhes de desgastes também com os componentes, como o tensionador e o rolamento de apoio. Neste caso, foi analisado que a correia apresentava início de desgaste de em sua lateral (25a) e o rolamento de apoio demonstrava marcas em sua pista de atrito (25b).

PONTOS DE ANCORAGEM E INSTALAÇÃO DA CORREIA

26) Para iniciar o processo de montagem, instale o novo rolamento guia com o parafuso que vem no kit. Utilize uma chave 22 mm para fixar o parafuso.

Obs: Não esqueça que há parafuso correto para a instalação. Pois, no kit Dayco, são fornecidos dois parafusos, um para a linha Jeep e outro para a linha Fiat.

27) Para instalar o tensionador, tenha atenção com a ancoragem do componente. No bloco do motor há um pino que permite o deslizamento do tensor para que ocorra o tensionamento de maneira correta. Esse pino, precisa estar encaixado entre as abas do tensor (27a). Use uma chave 12 mm para encostar o componente no local (27b).

28) A correia de sincronismo possui três pontos corretos para montagem. O primeiro é o ponto que vai na polia do virabrequim. A marcação da correia deve ficar alinhada com a marcação da polia do virabrequim.

29) A segunda marcação deve coincidir com a indicação na polia do comando de válvulas e a terceira e última marcação, fica alinhada com a polia da bomba de alta pressão. Nelson informa a instalação da correia sincronizadora deve terminar na bomba de alta. “A polia da bomba de alta possui uma posição específica de trabalho. Então iremos nos basear pela marcação da própria correia para certificar que ela está na posição correta de trabalho”, explica.

TENSIONAMENTO DA CORREIA DE SINCRONISMO E MONTAGEM

30) Para efetuar o tensionamento da correia de sincronismo, bascule o elemento tensor para ir de encontro a correia, o que facilitará na inserção da ferramenta 141374 ao lado do componente, para que realize o tensionamento correto.

31) A ferramenta é excêntrica, ou seja, o seu eixo não possui ponto de referência centralizado. Desta maneira, ao rotacionar a ferramenta no sentido horário com o auxílio de uma chave estriada 12 mm, haverá movimentação do componente.

32) O tensionador possui uma indicação correta para a sua posição de trabalho. Veja que há um círculo indicativo na base de alumínio. Ele deve ser posicionado dentro do rasgo da chapa metálica que fica acima (32a). O ponto correto deve seguir a imagem (32b). Após o componente estar com a marcação no lugar correto, encoste o parafuso central de fixação do tensor para manter o componente com a tensão correta e retire a ferramenta de tensionamento.

33) Para verificar se o sincronismo está correto, é necessário retirar as ferramentas de fasagem do motor, e dar duas voltas completas. Inicie retirando as ferramentas de travamento do comando de válvulas. Após, gire a polia do virabrequim, no sentido horário, até que o motor de duas voltas completas.

34) Reinstale as ferramentas de travamento do comando e verifique se o motor está no ponto correto. Insira a ferramenta de conferência do virabrequim, e caso esteja no ponto, retire as ferramentas de conferência e fasagem e coloque os tampões do comando de válvulas novamente. Note que as marcações da correia não irão coincidir com os pontos de montagem, isso é normal, pois neste motor, para que as indicações da correia fiquem alinhadas com polias dentadas do comando de válvulas e bomba de alta, são necessárias muitas voltas. Por esse motivo, é necessário a conferência com a ferramenta no ponto do virabrequim, após as duas voltas.

35) Após a conferência, verifique a tensão de trabalho da correia de sincronismo. Veja se o tensionador continua com a marcação correta dos pontos. Nesse caso, a bolinha indicadora ainda está dentro do rasgo da chapa metálica, então a tensão está correta.

36) Aplique o torque de 25 Nm no parafuso do tensionador. Para o rolamento de apoio, o torque do parafuso é de 30 Nm.

37) Para a montagem dos componentes, siga o processo inverso da desmontagem.

Obs: Não esqueça dos conectores do filtro de combustível e da flauta da linha de combustível.

38) Ao final da montagem, finalize o procedimento ao ligar o veículo e verifique se o motor está funcionando perfeitamente.

 

Mais informações: Dayco: SAT 0800 772 0033; SAT Whatsapp (11) 99385-1313
Redes sociais “@Daycobrasil”