Aplicativo de venda de peças oferece descontos nas duas primeiras compras para o lançamento nessas regiões
Com cronograma de lançamento gradual, o aplicativo Ford Auto Busca, para venda de peças automotivas para oficinas e reparadores independentes, chega agora a Belo Horizonte/MG, além de mais de 390 cidades do Paraná, incluindo Foz do Iguaçu, Londrina e Maringá.
São mais de 4.100 peças de reposição disponíveis, para veículos da marca fora do período de garantia. Entre os itens estão produtos de alto giro, como aditivos de radiador, amortecedores, baterias, componentes de suspensão, discos e pastilhas de freio, embreagens, filtros e óleos para motor. Destaque também para a linha Omnicraft, com mais de 100 peças aplicáveis também a veículos de outras marcas.
As operações em Belo Horizonte começam com as concessionárias Pisa e Roma, passando a contar em seguida também com a atuação da Inova e Forlan. Já no Paraná, o atendimento é feito pela Aravel, em complemento à Center e à Slaviero que já atendem a capital. Para o lançamento, a Ford oferece cupons de desconto nas duas primeiras compras01.
“Além dessas novas cidades, também seguimos firmes na expansão do Auto Busca nas demais regiões, visando a aumentar o sortimento de peças e as opções de escolha das oficinas independentes”, afirma Verônica Carmelini, supervisora de Marketing e Comunicação de Serviço do Cliente da Ford.
Além de Belo Horizonte e do Paraná, o Auto Busca também está disponível no estado de São Paulo e nas cidades de Porto Alegre (RS), Brasília (DF), Goiânia (GO), Florianópolis e São José (SC). As facilidades incluem pagamento em até 12 vezes no cartão de crédito ou por boleto bancário, por meio do Pagar.me. A entrega é realizada em parceria com a Loggi ou pela logística da concessionária em algumas cidades.
Tecnologia do motor e construção simples fazem do HB20 um carro bem preciso
Apesar de ter mantido a plataforma utilizada desde 2012, com mudanças nas dimensões e reforços estruturais, o novo Hyundai HB20 mudou muito no visual e traz novo motor na versão topo de linha, Diamond Plus. O motor 1.0 TGDi 3-cilindros flex, da família Kappa, não é o mesmo 1.0 Turbo que apareceu em 2016. O atual aposenta o reservatório de gasolina da partida a frio, tem injeção direta, comando de válvulas variável tanto na admissão quanto no escapamento e se vale da adoção de sistema stop-start. Entrega potência de 120 cv (E/G) a 6.000 rpm em vez de 105/98 cv do antigo. O torque também aumentou de 15/13,8 kgfm para 17,5 kgfm, seja com etanol ou gasolina, a 1.500 rpm.
Este motor está disponível na linha acoplado apenas ao câmbio automático de seis marchas, com aletas atrás do volante para trocas manuais. Não há versão 1.0 turbo com câmbio manual.
A suspensão foi toda recalibrada. A dianteira utiliza sistema independente McPherson e na traseira, eixo de torção. O conjunto no geral absorve bem os impactos gerados pelas imperfeições do asfalto. A adoção de rodas de liga leve de 15 polegadas, ao invés de diametros maiores como em seus concorrentes, favorece o conforto. Para atingir a imobilidade, o HB20 conta com freios a disco ventilado na dianteira e tambor na traseira. Na versão de topo, Diamond Plus, um dos destaques é o pacote de segurança ativa que possui frenagem autônoma de emergência (até 50 km/h), alerta de colisão e mudança de faixa.
O acabamento do modelo surpreende e não parece que você está a bordo de um hatch compacto. O alinhamento dos componentes são perfeitos e não há rebarbas ou irregularidades. Os bancos são revestidos em couro e apoios de braços nas portas são revestidos com espuma, inclusive as portas traseiras, detalhes cada vez mais escassos em nosso mercado. O painel de instrumentos é bem prático e objetivo, com um mostrador digital para o velocímetro e analógico para as rotações. A central multimídia de 8 polegadas permite conectividade com Android Auto e Apple CarPlay.
Antonio Aparicio Campos Junior, mecânico proprietário da oficina AJMotorSport em São Paulo/SP
Levamos o Hyundai HB20 Diamond Plus até a oficina AJMotorSport, localizada em São Paulo/SP no bairro Chácara Santo Antônio para conhecermos melhor a disposição dos componentes, condições de reparabilidade e suas características. Quem nos auxiliou na avaliação foi o mecânico Antonio Aparicio Campos Junior, proprietário da oficina.
MOTOR
Ao abrir o capô, Junior nota algumas mudanças em relação ao antigo HB20 1.0 turbo, como por exemplo, “a turbina possui um modulador de pressão eletrônico para regular a pressão, antigamente era a vácuo e o turbo lag era bem maior”. Segundo o mecânico, o espaço do cofre melhorou.
Para acessar a válvula termostática, é necessário remover a mangueira da entrada de ar e remover o suporte do chicote. O parafuso de fixação está voltado para cima, facilitando a desmontagem. Para a remoção do eletroventilador do radiador, está mais complicado, pois é necessário desmontar a frente do veículo.
A polia do virabrequim possui uma borracha chamada “dumper” ou “harmônica”, que tem a função de reduzir a vibração do motor. Outro detalhe observado por Junior foram os coxins do motor, que agora são hidráulicos, trazendo mais conforto na rodagem.
O novo motor utiliza dois sensores de oxigênio, como é obrigatório há alguns anos. Junior comenta também que os chicotes são bons e bem vedados e que a tecnologia empregada no motor é bem moderna. O sensor de etanol localiza-se na própria linha de combustível, antes da bomba de alta.
O óleo do motor recomendado pelo fabricante é o Shell Helix 5W30 (capacidade de 3,6 litros). Para o líquido de arrefecimento a capacidade do reservatório é de 5,1 litros.
FREIO
Para a manutenção do conjunto de freios não há nada de novo. As rodas dianteiras utilizam freios a disco ventilado e na traseira, tambores. O fluido de freio recomendado pelo fabricante é o genuíno da própria Hyundai (DOT 4) e o volume dentro do reservatório é de 800 ml. Se ao conduzir o veículo a luz de freio de estacionamento estiver acesa e a luz do fluido de freio permanecerem acesas, isso indica que o nível do reservatório está baixo.
O módulo ABS está localizado próximo ao quadro da suspensão na parte inferior do cofre. O sensor do ABS traseiro é integrado ao cubo. Caso seja danificado, o cubo precisará ser trocado também ou, caso o rolamento seja danificado, o sensor será trocado junto, o que acaba elevando o custo da manutenção. “Para a retirada do sensor está mais complicado, pois o chicote passa por dentro do porta-malas”, observa Junior. Na dianteira, o sensor não é integrado ao cubo, porém, para a substituição é necessário remover o forro interno do para-lamas.
SUSPENSÃO
Ao levantar o HB20 no elevador, Junior comenta sobre a espessura dos elos das molas, que são mais finos do que o comum, e a manga de eixo, que é pequena. A substituição dos amortecedores, tanto os dianteiros quanto traseiros, está bem fácil e não necessita ferramentas especiais. Ao lado do amortecedor traseiro está o tubo de plástico de abastecimento do combustível. Junior acha que a tubulação ficou muito exposta: “se algo bater na peça, ela quebra, como, por exemplo, a borracha do pneu caso ele estoure”.
TRANSMISSÃO
O câmbio do HB20 tem opções de trocas manuais pela alavanca ou por aletas atrás do volante. O conjunto possui 6 marchas, sendo que a 6ª funciona como uma sobremarcha. Isso ajuda na economia de combustível em rodovia. Possui um bom torque em baixas rotações fazendo com que ganhe velocidade sem muito esforço. O câmbio como um todo está bem acertado, com trocas de marchas no tempo certo e sem dar nenhum solavanco. O fluido utilizado nesta caixa é o óleo genuíno Hyundai ATF SP-IV e o volume é de 7,2 litros.
Texto Victor Piccin Fotos Renan Senra e Victor Piccin
Volume de veículos fabricados despenca 99% em abril
O Brasil registrou recorde negativo na produção de autoveículos (automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus) em abril de 2020. Com apenas 1,8 mil unidades fabricadas, o mês teve o pior resultado desde o início da série histórica, em 1957. Os dados são da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
“Mesmo em períodos de greves ou outras crises no país, nunca houve nível tão baixo de produção no Brasil”, afirmou o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes. Segundo o executivo, a interrupção das atividades nas fábricas foi uma ação espontânea das fabricantes a fim de preservar a saúde dos funcionários.
A quantidade de veículos fabricados em abril representa queda de 99% em relação a março, que já havia registrado baixa de 90% entre as duas quinzenas. Na comparação com abril de 2019, o recuo é de 99,4%. Além da produção, também houve baixa no volume de exportações, com nível 76,6% inferior em abril (7,2 mil unidades) na comparação com março (34,9 mil).
Já as vendas de automóveis e comerciais leves despencaram 67% em abril na comparação com março, que já acumulava 19% de queda. Em relação a abril do ano passado, a redução chega a 77%. No acumulado do ano, a retração, que era de 8,1% até março, saltou para 27,1% na comparação com os quatro primeiros meses de 2019. Os dados de venda são da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
Já entre os usados, a queda foi de 78% entre março e abril, segundo levantamento da Federação Nacional dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto) reportado pela Anfavea.
Retomada gradual da produção
Apesar da retração nas vendas e no volume de produção, o presidente da Anfavea defendeu as ações de contenção do novo coronavírus realizadas por estados e municípios. “As medidas de saúde pública e de isolamento social são importantes para conter o avanço da doença”, explicou. O executivo criticou a crise política no Brasil, que, segundo ele, potencializa as perdas causadas pela pandemia em si. “Temos políticos que ainda não perceberam a gravidade da situação e as consequências dessa crise econômica. Poderia ser menos grave se a gente tivesse a sensibilidade e a responsabilidade dos políticos na coordenação da pandemia”, protestou Luiz Carlos Moraes.
A maioria das fabricantes prevê o retorno das atividades nas fábricas para entre meados de maio e junho. Por conta da baixa demanda (que elevou os estoques para 4 meses quando considerado o volume de abril), a retomada será gradual, com apenas um turno inicialmente.
A Anfavea elaborou uma cartilha com protocolos que devem ser seguidos pelas fabricantes durante a pandemia. Entre as 34 regras, estão o uso obrigatório de máscaras, a redução na capacidade de lotação dos ônibus fretados, a exigência de distanciamento mínimo nas fábricas e o controle diário de temperatura de funcionários e visitantes na entrada, entre outras.
“As orientações da cartilha observam até mesmo como o funcionário deve agir antes de sair de casa, a fim de garantir a saúde de todos”, explica o presidente da Anfavea.
Uma das marcas mais tradicionais do mercado de autopeças para o canal autoelétrico, a ZEN está completando 60 anos de atividade. Fundada em 1960 e desenvolvedora de impulsores para motor de partida desde 1963, a ZEN fabrica 15 milhões de peças anualmente e as exporta para mais de 60 países. Além dos impulsores de partida, tem se notabilizado nos últimos anos pelas polias de alternador e tensionadores de correia dentada. O diretor-presidente da ZEN, Gilberto Heinzelmann, comenta sobre o posicionamento atual do portfólio da empresa na reposição, hábitos de compra dos mecânicos e como a volatividade do câmbio atual afeta a empresa brasileira sediada em Santa Catarina.
REVISTA O MECÂNICO:Como a ZEN está estruturada hoje? A empresa está presente com representações comerciais no exterior. Quanto às unidades fabris em outros países, quais são?
GILBERTO HEINZELMANN: Temos uma unidade fabril em Brusque/SC aqui no Brasil e uma na China. Nós temos uma unidade nos Estados Unidos há muitos anos, porém, não de produção. Na China, nós temos um modelo de manufatura contratada que é com um parceiro nosso. Ele produz as nossas peças de acordo com as nossas especificações e nós comercializamos esse produto.
REVISTA O MECÂNICO: A receita operacional líquida da ZEN vem 70% da reposição e 30% dos sistemistas que atendem às fabricantes de automóveis. Quando a Revista O Mecânico o entrevistou em 2018, a ZEN estava celebrando o início da produção da polia do alternador do Ford Ka. Vocês tinham conseguido, na ocasião, ser a segunda empresa do mundo a fornecer essas peças para sistemistas, depois da INA (Schaeffler).
GILBERTO: Nós continuamos com essa aplicação. Estamos avaliando a expansão para outras linhas da própria Ford e algumas outras montadoras, mas nada concretizado neste momento. Fora do Brasil, nós estamos desenvolvendo novos clientes, principalmente na China, onde agora também estamos comercializando esse produto.
Duas linhas de produto que não param de crescer bastante são polia e tensor
REVISTA O MECÂNICO:Vocês têm em linha outros componentes para fornecimento a sistemistas?
GILBERTO:Estamos consolidando uma posição com um sistemista japonês. Prefiro não citar o nome, mas temos mais um sistemista japonês que desde o ano passado foi incorporado na lista de clientes da ZEN e estamos explorando novas aplicações com ele, inclusive fora motor de partida e alternador.
REVISTA O MECÂNICO: E na reposição vocês são amplamente conhecidos pelo impulsor de motor de partida. Esse continua sendo o principal produto de vocês? Ou as polias já conseguiram um lugar de destaque na fábrica?
GILBERTO: O impulsor continua sendo nosso principal produto. Mas duas linhas de produto que não param de crescer bastante são polia e tensor. O tensor de correia é uma linha de produtos da ZEN que tem tido bastante sucesso e cada vez mais a marca própria reconhecida.
REVISTA O MECÂNICO:Vocês estão atuando há algum tempo com o kit de distribuição. A correia não é de fabricação da ZEN, mas o kit completo contém as polias que vocês fabricam. Como está a venda desse produto? O mecânico, que é o consumidor final desse produto, já entende que compensa mais trocar todas essas peças em uma mão de obra só ou ainda vocês sentem alguma resistência?
GILBERTO: Quando nós estabelecemos a parceria com a Continental (N. Do E.: fabricante das correias dos kits ZEN) era uma incógnita, de certa forma uma novidade. O conceito não estava bem constituído no Brasil e tinha uma dúvida grande de como o mecânico receberia o kit e, para a nossa surpresa, aderiu de forma bastante positiva. A solução conjunta de troca, que diga-se de passagem é a mais recomendada, teve ampla aceitação e está crescendo bastante.
Para a nossa surpresa, o mecânico aderiu de forma bastante positiva aos kits de sincronismo
REVISTA O MECÂNICO: Esta pergunta sobre a aceitação vem do fato de que muitos mecânicos ainda se queixam que o proprietário só quer trocar aquilo que quebrou e não aquilo que vai quebrar, ou seja, eles ainda não conseguem vender a manutenção preventiva para o proprietário. O conceito de kit realmente é o mais correto, afinal, uma vez que se está fazendo a mão de obra, troca-se todas as peças.
GILBERTO:Sim, a gente está com a nossa marca própria também oferecendo uma linha cada vez mais completa de kits de tensor e correia combinados.
REVISTA O MECÂNICO: Tendo isso em vista, a ZEN já oferece kit com bomba d’água?
GILBERTO: Não, este ainda é um nicho bastante pequeno. Muitos já estão oferecendo. Aí de fato, fica um conjunto muito mais caro, por óbvio. E fica um pouco mais difícil de justificar, para falar a verdade.
REVISTA O MECÂNICO:A bomba d’água engrandeceria muito o custo?
GILBERTO:Sim. (A bomba d’água) Tem um histórico próprio de vida útil. Existe uma legitimidade, por exemplo, de um mecânico dizer que não vai poder dar a garantia do serviço dele trocando só a polia e não trocando a correia, ou vice-versa. Mas não dá para falar a mesma coisa da bomba d’água, não seria esse o caso.
O que a gente mais torce de fato é por um período de estabilidade (do câmbio), porque aí você consegue se planejar melhor
REVISTA O MECÂNICO:Qual é a visão que a ZEN tem hoje do mecânico enquanto cliente da marca, como o comprador e aplicador da peça?
GILBERTO: Até pela tradição da marca, a gente tem um nível de reconhecimento no canal autoelétrico muito significativo, então você não vai falar com ninguém do autoelétrico que não conheça ou não tenha ouvido falar da ZEN. Isso sem dúvida é um diferencial e ajuda bastante.
REVISTA O MECÂNICO:E por falar no canal autoelétrico, uma novidade que já está nos carros mais populares é o stop-start. O que mudou nas exigências das peças com a popularização desse sistema?
GILBERTO:Nós temos basicamente duas questões que mudaram. Em resumo, especificação de material e condições dimensionais mais restritas. As matérias-primas para alguns componentes sofreram modificação. Isso está associado à questão da vida útil. Você tem um componente que, ao invés de 60 mil partidas tem que resistir a 300 mil partidas, então, é muito significativo. Com isso, os sistemistas entenderam a necessidade de mudança da especificação da matéria-prima de alguns componentes. E, também, o nível de tolerância dimensional das peças ficou mais restrito. Com isso, melhora-se performance, inclusive a condição de engrenamento e vida útil da peça, também.
REVISTA O MECÂNICO:Dá para estabelecer uma relação de diferença de custo médio entre um impulsor para stop-start e um impulsor convencional?
GILBERTO: É mais complexo isto, porque existem outros aspectos associados ao projeto, então a dimensão da peça tem um impacto grande no preço. Não é só a questão de material e de tolerância. Difícil guardar uma correlação direta.
REVISTA O MECÂNICO: Com relação à exportação, o câmbio ficou bastante volátil nos últimos meses. Até antes do coronavírus o câmbio estava oscilando demais, com o dólar ultrapassando os R$ 5,00 ainda no começo do mês de março. Como isso afetou o trabalho de vocês? Uma vez que vocês trabalham com vários mercados externos.
GILBERTO: É um fator positivo. De forma geral é um fator bom para a ZEN. Nós temos um nível de importação também, aço por exemplo, nós temos contratos de importação e aí naturalmente esse câmbio alto joga contra. O volume que nós exportamos é muito superior ao volume que importamos, então no balanço geral é favorável. Isso facilita nossa competitividade tanto no Brasil quanto fora. De certa forma, para o CNPJ é uma boa notícia, mas para o CPF de todos nós, naturalmente não. A gente acaba empobrecendo com esse câmbio nesse patamar.
Duas questões mudaram (nos impulsores para stop-start): especificação especificação de material e condições dimensionais mais restritas
REVISTA O MECÂNICO:Dá para falar qual seria um valor confortável? Se o dólar estivesse a R$ 4,00, seria o ideal para não desequilibrar tanto essa balança?
GILBERTO:Olha, talvez R$ 4,00 já não seja mais uma realidade em curto prazo. Uma estabilidade em R$ 4,50 faz bastante sentido. A gente tem que olhar o câmbio em perspectiva sem esquecer dos ajustes de inflação. Se a gente faz o ajuste com valores históricos, o recorde seria R$ 6,15, R$ 6,30, alguma coisa assim. Mas vamos combinar, não é o melhor nível de câmbio no Brasil (N. Do E: a entrevista foi feita no dia 30 de março de 2020, dia em que a cotação do dólar comercial fechou a R$ 5,18). Esse patamar está acima daquilo que seria a melhor situação do Brasil. O que a gente mais torce de fato é por um período de estabilidade, porque aí você consegue fazer precificações melhores, consegue se planejar melhor. Essas flutuações são sempre ruins.
REVISTA O MECÂNICO: Por falar em mudanças, em 2018, você disse à Revista O Mecânico que os veículos híbridos no Brasil não teriam muito impacto no mercado de reposição pelos próximos 20 anos. Ninguém sabe como é que a gente vai sair dessa situação atual do vírus e como isso vai afetar principalmente o mercado de alta gama, mas há uma proliferação dos carros híbridos e agora há o Corolla híbrido fabricado nacionalmente. Dá para ver alguma mudança nesse horizonte? O mercado começa a se movimentar em algum sentido para carros híbridos?
GILBERTO:Muito pouco. Ainda é cedo para sentir algum impacto importante. A gente tem alguns mecânicos que estão se especializando, estão investindo, aprimorando seu conhecimento em suas oficinas para atender este tipo de veículo, mas, vamos lembrar, quem compra um carro híbrido nessa faixa de preço vai ficar com ele ao menos 3, 5 anos na concessionária e só depois para o mercado de reposição aberto e os volumes são relativamente baixos. Nada muito significativo até o momento
Você sabe por que os pneus são pretos ou do que são feitos? A fabricante esclarece as principais dúvidas sobre os pneumáticos
A Bridgestone compartilha dez curiosidades sobre a produção e funcionalidade dos pneus, fundamentais para o bom desempenho do veículo. Primeiro, você sabe por que eles são feitos de borracha? Segundo a empresa, esse material suporta o desgaste do dia a dia, ao mesmo tempo em que oferece um alto nível de aderência, mesmo quando o piso se encontra molhado. Como alternativa, desde 2015, a Bridgestone também produz pneus à base de guaiúle, um arbusto que cresce nas regiões áridas do México e no sul dos Estados Unidos.
A segunda questão é por que os pneus são pretos. Eles adotam um composto chamado negro de fumo que, além de contribuir para a resistência da borracha, confere ao produto essa coloração preta. No passado, porém, vale lembrar que os pneumáticos já foram brancos – a cor natural da borracha. Outro ponto importante são os sulcos ou ranhuras que a banda de rodagem apresenta. Esses desenhos servem para melhorar a tração, prevenir derrapes e drenar a água durante a condução em superfícies molhadas.
E você sabe do que são feitos os pneus? De acordo com a Bridgestone, no processo da fabricação do pneu, é utilizado principalmente:
Óleo: atua como complemento para juntar a mistura dos compostos.
Aço: Forma parte da construção dos talões, que ajudam a promover estabilidade e rigidez à banda de rodagem, assim como prevenir furos e danos.
Antioxidante: Protege o pneu do envelhecimento por ozônio, calor ou flexão excessiva.
Enxofre: Ajuda a unir as moléculas de borracha durante o processo de vulcanização, contribuindo para a durabilidade do pneu
Borracha natural: Proporciona ao pneu ótima resistência aos rasgos e baixa geração de calor.
Borracha sintética: Garante melhor tração e boa resistência ao desgaste. Algumas também apresentam baixa geração de calor.
Negro de fumo: Aumenta a resistência ao desgaste da borracha e protege o pneu dos raios ultravioleta.
Poliéster e rayon: Proporcionam elasticidade para suportar cargas pesadas e trazer conforto na condução, por sua alta resistência ao contato.
Sílica: Melhora o desempenho sobre superfícies molhadas, diminui a resistência ao rolamento e, em consequência, contribui para a eficiência no consumo de combustível
Sobre as especificações, tudo vem descrito no próprio pneu: a medida composta de uma série de números que indicam sua largura em milímetros, seguido da altura, o tipo de construção do pneu, seja radial ou diagonal, e o diâmetro do aro, em polegadas. Por exemplo 195/60R15 representa um pneu de 195 milímetros de largura, 60 de altura, construção Radial (R) e 15 polegadas de diâmetro de aro.
Vale ressaltar ainda a relação do pneu com consumo de combustível. A Bridgestone lembra que usar pneus apropriados, em bom estado e com a pressão correta de calibragem reduz a resistência ao rolamento durante a condução. Ou seja, ajuda na economia de energia e, portanto, de combustível.
Um curiosidade: o maior pneu do mundo, fabricado pela Bridgestone no Japão, tem 4.02 metros de altura, 1.47 metros de largura e pesa 5.75 toneladas.
O mercado de picapes médias tradicionais, de cabine dupla e quatro portas, é um dos mais disputados tanto no Brasil quanto na Argentina. E ficará ainda mais interessante depois da confirmação de dois novos concorrentes: Peugeot Landtrek e Renault Alaskan.
A Landtrek terá lançamento mundial no México em setembro. Inclusive há planos para uma viagem até Ushuaia no extremo sul do continente com as primeiras unidades, se a pandemia do Covid-19 recuar. A picape será feita no México em instalações da FCA, ou seja, antes mesmo do acordo final da fusão PSA-FCA. Produção começará em seguida, haverá versão de topo como as outras concorrentes, mas câmbio automático não está previsto inicialmente. Chegará ao Brasil no primeiro semestre de 2021. Dentro do acordo de comércio bilateral estará isenta de imposto de importação. Também se beneficiará de custos menores da mão de obra mexicana.
O protótipo da Alaskan existe desde 2015, muito parecido – para não dizer igual – à Frontier. A Nissan já produziu a geração anterior da Frontier nas instalações da Renault, em São José dos Pinhais (PR) de 2002 a 2016. A aliança Renault-Nissan fechou acordo em 2017 com a Daimler para produzir na Argentina um terceiro produto: a picape Mercedes-Benz Classe X. Mas a empresa alemã desistiu do projeto em abril do ano passado em razão do insucesso do modelo lançado antes na Europa, a partir de instalações da Nissan, em Barcelona. A Classe X partilhava quase todas as peças (à exceção do motor) com a picape japonesa e isso atrapalhou.
No Salão do Automóvel São Paulo de 2018 a Renault deixou a Alaskan meio escondida em seu estande. Era o auge da crise envolvendo o executivo mentor da aliança, Carlos Ghosn. Comentou-se a falta de entendimento com a Nissan para evitar conflito de versões. Mas, na semana passada, a filial argentina da Renault confirmou que a Alaskan chegará ao mercado em 2021.
A estratégia de preço não foi informada. Deverá contemplar uma versão de entrada para a Alaskan (câmbio manual), mas também intermediária e de topo, ambas com câmbio automático. Precisará ser feito ajuste fino de preços com a Frontier, porém o desfecho indica que as coisas dentro da aliança estão apaziguadas entre franceses e japoneses. A pandemia, no entanto, pode levar a transformação da aliança de 20 anos em fusão definitiva dos dois grupos, conforme se especula.
Nesse mercado disputadíssimo, a grande incógnita é a nova Amarok. Tanto Ford quanto VW, oficialmente, não confirmam o fim da parceria, mas foi encerrada mesmo, no caso de picapes apenas. A nova Ranger ficará pronta em 2022 e será produzida em General Pacheco. A fábrica da VW fica bem ao lado e o projeto de sua nova picape não foi cancelado. Para isso estenderá a atual Amarok, com atualizações, até 2024.
A dúvida: onde será produzida a nova Amarok? Argentina continua no páreo, de onde virá o SUV médio do projeto “Tarek”, no início de 2021. A picape intermediária “Tarok” (concorrente da Toro) ainda não recebeu aprovação. Se a Amarok fosse produzida pela Ford, o projeto “Tarok” teria espaço livre em General Pacheco. Com o atual cenário de incertezas econômicas, a picape intermediária, se confirmada, poderia vir para São José dos Pinhais (PR), ao lado do T-Cross.
HYUNDAI REVELA SUA VISÃO PÓS-PANDEMIA
Em entrevista exclusiva Angel Martinez, vice-presidente de Vendas da Hyundai Motor Brasil, enxerga três comportamentos possíveis após o fim do isolamento social:
“Vejo, primeiramente, uma preferência por produtos que tenham maior valor agregado, uma vez que a economia deverá levar mais tempo para se recuperar com a consequente diminuição de renda. A experiência de compra remota continuará se desenvolvendo fortemente, pois vem quebrando diversos tabus agora e se mostrando perfeitamente viável, agradável e segura. Por fim, maior importância para a proteção da saúde, procurando e valorizando a higienização dos carros como serviço normal.”
Para Martinez as versões de entrada, mais baratas, podem ter procura aumentada e mudar o mix de vendas, mas isso não é certeza.
“Vamos observar. Para evitar o transporte público e o risco de contaminação, alguns consumidores poderão enxergar o carro, nas versões mais acessíveis, como alternativa segura na forma de transporte individual e privado. Isso pode levar a um aumento da procura pelas versões de entrada, para compra ou aluguel. No entanto, produtos que oferecem mais conforto, segurança e eficiência com preço menor serão os mais procurados. Isso guiará as marcas para evidenciar esses atributos ou modificar especificações para oferecer soluções mais competitivas, caso não tenham.”
“No caso da Hyundai, entendemos que, tanto para o compacto HB20 como para o SUV Creta, temos as versões de entrada bastante competitivas e que já se colocam muito bem no mix de vendas. Em um mercado pós-pandemia, essas versões devem se destacar ainda mais, sem a necessidade de modificar o que oferecem hoje”, conclui Martinez.
Saiba como diagnosticar desequilíbrio elétrico no sistema de carga e partida do veículo, citando como exemplo um Volkswagen up! TSI
Bateria e alternador são componentes intimamente ligados. Um só consegue cumprir sua função se o outro estiver com a saúde em dia. Apesar de ser o componente que fornece a corrente necessária para todo o sistema elétrico do veículo, a bateria é um acumulador de energia, e não um gerador. Depois de ligado o carro, o alternador – este sim, um gerador de energia – repõe a corrente que é retirada da bateria na partida. O acumulador, abastecido constantemente pelo gerador, provê a corrente aos demais componentes alimentados eletricamente durante o funcionamento do carro.
Como o próprio nome já indica, o alternador gera corrente alternada. Esta, posteriormente, é transformada pela ponte retificadora em corrente contínua para abastecer a bateria. Quando o alternador envia energia suficiente para manter a carga da bateria constante – ou seja, gera corrente proporcionalmente à medida que esta é drenada –, o equilíbrio energético ocorre. “A energia gerada pelo alternador é acumulada pela bateria e fica disponível para os consumidores. Se o sistema consegue gerar energia proporcional ao consumo, isso é o equilíbrio elétrico”, define o chefe de serviços automotivos da Bosch para a América Latina, Diego Riquero Tournier.
Quando todos os consumidores instalados são originais de fábrica, o sistema de carga do veículo é dimensionado para atender a essa demanda. O maior dependente do estoque que a bateria tem a oferecer é o motor de partida. Existem outros consumidores no veículo que devem ser alimentados com o veículo em funcionamento (faróis, climatização, iluminação interna, multimídia etc.), mas em veículos convencionais, pode levar até quase uma hora para a bateria ser recarregada por completo após uma partida. “A carga da bateria é uma reação eletroquímica que demanda tempo. Não é instantânea. Forçar essa reação (cargas rápidas) pode provocar superaquecimento da bateria e outras reações indesejáveis”, explica o professor de engenharia da FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas), Fernando Landulfo.
Landulfo faz uma analogia do sistema de carga do veículo com o abastecimento de água de uma casa, no qual a bateria seria a caixa d’água e o alternador, o abastecimento externo de água. “A entrada de água da rua, juntamente com o sistema de válvula de boia, deve manter o nível da caixa constante, mesmo enquanto a água é consumida na casa. Quanto mais água se consome dentro da casa, mais rápido a caixa se esvazia. Quanto mais baixo é o nível da caixa, mais a boia desce e a entrada de água vinda da rua se abre, aumentando a taxa de reposição da caixa e a mantendo em nível constante. À medida que o consumo de água diminui, o nível da caixa rapidamente sobe, arrastando consigo a boia, que vai fechando a válvula que permite a entrada de água no interior da caixa”.
O professor complementa comparando que, se o consumo da casa (sistema elétrico) for maior do que a vazão de entrada de água da rua (alternador), mais cedo ou mais tarde a caixa d’água (bateria) vai acabar vazia. Ainda, utilizar baterias de menor capacidade, geralmente de baixo custo, é o mesmo que reduzir o volume da caixa d’água: a quantidade menor energia pode não suprir as necessidades do veículo, além de sobrecarregar o alternador. Uma economia que não vale a pena.
Como identificar o problema?
Se o alternador consegue suprir plenamente o consumo da corrente da bateria pelo sistema elétrico, diz-se que o sistema se encontra em equilíbrio. Mas se o consumo dos componentes elétricos e eletroeletrônicos exceder a capacidade de geração de energia do alternador e de armazenamento pela bateria, a balança vai se desequilibrar e diminuir a vida útil da bateria e a eficiência do alternador. “O alternador possui um limite máximo de geração. Se o consumo ultrapassar essa capacidade, a bateria chegará à sua exaustão. O tempo em que isso ocorrerá depende unicamente da diferença entre a energia gerada e a consumida”, explica o professor.
Outro fato que precisa ser levado em consideração é que nos veículos modernos, dotados de alta tecnologia embarcada, a regularidade da alimentação elétrica desses sistemas é essencial. “Tensões baixas ou picos de corrente podem, na melhor das hipóteses, provocar sintomas de mau funcionamento nos mais variados sistemas. É preciso ficar atento a isso quando se realiza um diagnóstico”, aponta Landulfo.
O sistema elétrico do veículo é dimensionado para receber alguns acessórios extras. Mas a adição exagerada de consumidores elétricos que não estavam previstos na configuração original do veículo, como amplificadores de som mais potentes ou uma trava antifurto, pode sobrecarregar o sistema. “A utilização de consumidores pesados não previstos exige um redimensionamento não só do alternador, como de toda a instalação”, afirma Landulfo, observando que, mesmo fazendo uso de acessórios dentro da segurança prevista pela fabricante do automóvel, é preciso lembrar que o sistema precisará de mais tempo para suprir esse consumo extra drenado da bateria.
Da mesma forma, se o veículo percorre trajetos muito curtos todos os dias e não roda o tempo suficiente para o alternador recarregar a bateria após a descarga que sofreu na partida, isso prejudica sua vida útil e, também, desequilibra a balança. Outro aspecto que deve ser levado em conta é que o alternador opera em função da rotação do motor, de forma intermitente e variável. Quando o motor se encontra em marcha lenta, a corrente gerada é mais baixa. Logo, a utilização por muito tempo de consumidores mais sedentos por corrente em congestionamentos pode “quebrar” o equilíbrio energético. É preciso alertar o cliente, que nem sempre lê o manual do veículo, com relação a isso.
Para mostrar como testar o sistema de carga e partida, Diego Riquero, da Bosch, usou um analisador de motores FSA 740. Na sequência, foram feitos o teste de fuga de corrente, de consumo do motor de partida e funcionamento do alternador. Contudo, os mesmos testes podem ser feitos com aparelhos separa dos – no caso, multímetro, osciloscópio automotivo, entre outros. O veículo utilizado foi o Volkswagen up! TSI 2018.
Antes de começar o diagnóstico, é necessário ver as especificações de capacidade de fornecimento de energia da bateria do veículo. No caso do up! TSI, trata-se de uma bateria com capacidade de 44 Ah. Outro dado primordial é a corrente de partida (CCA, sigla para “Cold Cranking Ampère”, ou “Corrente de Arranque a Frio”), que pode ser expressa em diferentes normas: no caso desta bateria, ela possui 360 A na norma SAE e 220 A na norma DIN.
Fuga de corrente
A fuga de corrente em repouso é um vilão clássico da bateria. Esse problema acontece quando algum componente gera um consumo elétrico constante com o carro totalmente desligado, como uma lâmpada interna que não desliga, alarmes não originais ou até mesmo o mau contato da frente destacável do aparelho de som. Isso se torna um grande desperdício e descarrega a bateria, dificultando ou até impedindo a partida quando esse consumo é prolongado.
“É aquele caso em que o carro fica uma, duas, três noites parado e depois disso não tem mais carga para dar a partida. Pode ser problema na bateria, mas muitas vezes é fuga de corrente”, pondera Diego, da Bosch. O teste é a maneira de se identificar o problema.
Para comprovar se há consumo indevido de corrente, deixe o carro totalmente em repouso por pelo menos 5 minutos. Retire a chave do contato, feche todas as portas, porta-malas e porta-luvas para que as luzes de cortesia não fiquem acesas, e tranque o veículo com a alarme ligado.
Veículos mais recentes, com mais eletrônica embarcada, possuem um processo chamado “power latch”, no qual, após o desligamento do carro, algumas unidades de gerenciamento continuam alimentadas eletricamente por um breve tempo antes de repousarem por completo. Esse consumo não pode ser confundido com fuga de corrente.
Diego conectou pontas de prova nos polos positivo e negativo da bateria para coletar os dados de tensão e, para abraçar todo o circuito por um único conector, posicionou no cabo negativo a pinça amperimétrica de 30 A – sensível o bastante para detectar fluxo na casa dos miliampères (mA) (1). O especialista em sistemas automotivos da Bosch explica que tanto faz colocar a pinça no borne positivo ou negativo, mas neste caso é mais fácil colocar no negativo, uma vez que a conexão do positivo do up! TSI possui uma placa na qual estão conectados diversos cabos separadamente.
A rigor, a fuga de corrente não pode ultrapassar 0,05% da capacidade da bateria (ver tabela acima). Em baterias até 45 Ah, como a do up! TSI, a corrente de fuga máxima é de 20 mA (0,02 A). Neste veículo, a medição (2)acusou fuga em repouso de 61 mA (0,06 A), o que está fora da margem aceitável e, portanto, atesta que o sistema está em desequilíbrio. A causa é a adição de um rastreador que não estava previsto no projeto original. Como, para o uso do veículo, o acessório é obrigatório, a correção indicada é o uso de uma bateria de 75 a 90 Ah, que suporta esse consumo em repouso.
A título de curiosidade, Diego demonstrou o “power latch” na prática apenas desativando o alarme do veículo. Veja no gráfico acima que, após o pico de consumo acima dos 7 A, o consumo em repouso não voltou imediatamente aos 0,07 A, mas sim oscilou entre 0,09 A e 0,15 A por algum tempo. Isso porque o ato de destravar o veículo “acorda” as unidades de comando, que entram em estado de vigilância aguardando que o motorista entre no veículo e ligue a ignição. “Uma vez que é desativado o alarme, todas as centrais eletrônicas são colocadas em alerta de que vai ser dada a partida no veículo”, afirma o especialista da Bosch.
Teste de consumo do motor de partida
Este teste mede se o grande consumo do motor de partida está em equilíbrio com o acumulador de energia do sistema. Para isso, é necessário trocar de pinça amperimétrica e de posição de medição: Diego utilizou uma pinça de 1.000 A no cabo positivo da bateria, de maior bitola, que é ligado diretamente ao principal conector do motor de partida (3).
Mantenha as pontas de prova para medição de voltagem nos conectores positivo e negativo da bateria: a queda de voltagem no momento da partida também é um dado importante (4).
No modo de teste implementado no FSA 740, é informada a CCA de 360 A (SAE). O equipamento usa esse dado, mais a temperatura ambiente, como referenciais para o comportamento que será lido durante a ignição. Outros equipamentos de teste podem demandar processos ligeiramente diferentes. O mesmo teste pode ser feito com um multímetro medindo a tensão e outro equipamento medindo a corrente.
No gráfico (5)gerado pelo equipamento na ignição, há duas linhas: a corrente em ampères (vermelha) e a tensão em volts (azul). No momento do acionamento do motor de partida, com o motor frio, o consumo de corrente atingiu 565 A (o símbolo negativo no aparelho indica débito e não polaridade) e a tensão desceu dos 12,3 V em repouso para 7,80 V. De acordo com as informações fornecidas e os resultados, o equipamento também calculou a resistência interna da bateria em 7,8 mΩ.
Apesar dos números de corrente debitada e queda de voltagem apresentados estejam fora do especificado, a indicação em verde no aparelho indica “aprovação”, ou seja, bateria e motor de partida estão em equilíbrio. Por isso, aqui entra o conhecimento do mecânico acerca do equipamento que está utilizando para interpretar o ocorrido.
A corrente debitada da bateria indicada no aparelho de 565 A, bem superior ao valor expressado de CCA na norma SAE (360 A), “pode acontecer e não necessariamente ser um defeito”, explica Diego Riquero. É preciso verificar não só o valor da corrente, mas também por quanto tempo ela perdura. “Essa medição, geralmente, é um pico instantâneo e pode estar relacionado ao momento da partida, local no qual ficaram os pistões, temperatura do motor etc.”. Pequenas variações não só estão previstas como especificadas pelo fabricante, tendo em vista condições extremas de partida, geralmente, na forma de uma porcentagem. Por este motivo, o importante é analisar o gráfico, ou seja, a curva, independentemente do pico máximo.
Segundo Diego, “o aceitável é obter uma medição média de curva do consumo durante momento de partida, e que esse resultado fique próximo do CCA do modelo de bateria que equipa o veículo, segundo o fabricante. Dentro desta medição média, pode ser considerada uma variação de mais ou menos 15%. É verdade que esses 565 A são elevados se comparados com o valor de CCA informado de 360 A. Mas, é bom lembrar que é um pico de consumo instantâneo que pode ser visto pela caraterística do equipamento, este, que pode registrar os eventos em uma escala de tempo muito curta. Se colocar um amperímetro em série, esse valor de pico não seria registrado, já que se trata de um evento que aconteceu em uma fração de segundo”.
Quanto à queda de voltagem, a tolerância é de até 20% do valor nominal. “Isso quer dizer que, para uma bateria de 12 V, um valor de leitura aceitável de queda de tensão durante a partida seria 9,6 V”, determina Diego. A queda de 7,8 V é muito acentuada, mas também aconteceu por uma pequena fração de segundo. Mais uma vez, o comportamento o gráfico é o que determinou a aprovação da bateria pelo equipamento.
Teste do alternador
Após verificar a descarga de corrente na partida, é essencial saber se o alternador consegue repor energia adequadamente enquanto também alimenta. Inicialmente, saiba qual é a capacidade do alternador: no up! TSI, é de 110 A. “Isso significa que ele poderia fornecer 110 A ainda mantendo tensão de trabalho acima de 12,8 V, ou seja, sem descarregar a bateria”, detalha o especialista da Bosch.
Para fazer essa medição, mude a pinça amperimétrica de 1.000 A para o cabo de alimentação que vem do D+ do alternador para o borne positivo da bateria. “Pelo seu diâmetro, deduz-se que passa por dele uma quantidade razoável de corrente”, observa Diego. “Aqui estamos medindo o circuito de geração, não o de consumo. Por isso, temos que medir na posição específica que é a saída do alternador. Se você colocar a pinça em outro lugar, o teste estará comprometido”. Mantenha as pontas de prova nos polos positivo e negativo da bateria.
Ligue o carro e veja o comportamento do amperímetro. Neste caso, observou-se pico durante a partida de aproximadamente 60 A e, após a estabilização da marcha lenta, se manteve entre 20 e 23 A com a tensão por volta de 14 V.
Diego explica que os alternadores não geram 100% da carga em marcha lenta, mas os atuais conseguem chegar a 80% de entrega. Por essa razão, é preciso se atentar à quantidade de consumidores ligados em situação de marcha lenta prolongada, como em congestionamentos, para verificar se o alternador está conseguindo suprir a demanda de consumo do sistema e abastecimento da bateria.
Ligue todos os consumidores do carro, tais como farol alto, ar-condicionado, desembaçador, rádio, luzes de cortesia, e observe o comportamento do amperímetro e do voltímetro: a corrente aumenta (aqui chegou a ultrapassar os 60 A) enquanto a voltagem se manteve entre 13,8 V. Ou seja: o alternador conseguiu suprir a demanda dos consumidores e, ainda, carregar a bateria.
Para observar a entrega em condição de rodagem, acelere o motor e mantenha a rotação entre 2.500 rpm e 3.000 rpm com os consumidores ligados. Novamente, chegou à corrente de 60 A e voltagem estável em 14 V. “Nenhuma montadora vai fazer um sistema de carga no qual o alternador entrega a capacidade máxima sem margem de um maior consumo”, afirma Diego.
Outro dado importante é a ondulação da bateria – o que o especialista da Bosch chama de “qualidade da corrente”, ou seja, a estabilidade da retificação da corrente pelo alternador para o carregamento da bateria. Na transformação da corrente alternada para corrente contínua, não pode haver picos de tensão positiva ou negativa, o que indicaria necessidade de troca dos diodos. Pelo gráfico, foi possível atestar a linearidade desejada, significando que não há fuga de diodo da placa retificadora.
A pandemia de Covid-19 mudou a vida de todo mundo. E mesmo tendo autorização para manter as portas abertas durante a quarentena, a rotina do “Guerreiro das Oficinas” teve que ser ajustada a essa nova realidade. Afinal de contas, as contas precisam ser pagas. E como muitos clientes dependem dos seus veículos para ganhar o seu sustento e ainda não é possível fazer reparos de forma remota (pelo menos não a maioria deles), é preciso continuar trabalhando.
Mas que fique bem claro: continuar trabalhando com absoluta segurança. Não só dentro da oficina, mas também na hora de chegar e ir para casa. É preciso resguardar a família. Não é difícil. Já conversamos detalhadamente sobre isso no artigo da edição anterior da Revista O Mecânico (ed. 312, Abril/2020).
Mas enquanto as coisas não voltam ao normal (e não sabemos quando irão voltar) é preciso seguir em frente, e tentar fazer uma boa “limonada” com esses “limões bem azedos” que nos foram arremessados.
Sim, a oficina está trabalhando. Em um ritmo diferente (talvez um pouco menor), mas está. Nessa hora é preciso lembrar que tem gente em situação muito pior: não pode sequer abrir as portas.
No entanto, o tempo se tornou mais precioso. E a razão é simples: se o cliente não pode vir até nós, vamos até ele. E isso demanda mais tempo. E o trabalho de “bastidor” (atualização do mecânico e da oficina) deve ser deixado de lado? De forma alguma!
O mecânico pode e deve continuar a se atualizar. E a educação a distância (EAD) é uma ferramenta poderosa e muito eficiente. Muito se engana quem pensa que o ensino a distância não tem qualidade. Mas é preciso separar o “joio do trigo”. Estamos no século 21!
Estudar a distância não é mais ler apostilas que são enviadas por correio eletrônico. O material das boas instituições inclui animações, vídeos demonstrativos, roteiros para realização de diagnósticos e solução de problemas, contato com tutores experientes, vídeos e até mesmo “lives”. É claro que não é possível “por a mão na massa” naquele momento. Mas se a qualidade do material (mídia) é boa, pode ter certeza: funciona. Ah, e não se preocupe: as empresas estão empenhadas em fornecer treinamento nessa modalidade: maior abrangência e custos menores. Mas é preciso saber selecionar.
MOMENTO DE SE ORGANIZAR
Outra boa prática que pode ser exercida durante uma queda de movimento é fazer uma bela “arrumação” na empresa. Sim! Aplicar um “5S” não só na parte operacional como na administrativa. Acredite: quando terminar você vai notar que a oficina tem mais espaço do que você pensava.
E aquela ferramenta especial que estava sumida, que você tinha certeza de que tinha sido furtada ou emprestada e não devolvida: vai aparecer. Isso sem falar numa revisão geral dos elevadores e ferramentas. A hora é essa!
E que tal dar “um trato” na “viatura” da oficina? Sim, aquela cujo conserto sempre fica para depois? O mesmo pode ser feito com o carro dos colaboradores.
Se houver um dinheirinho sobrando, este é um excelente momento para negociar aquela atualização do scanner ou adquirir aquele equipamento que estava faltando (as vendas estão em baixa…). Ou talvez terminar o projeto “daquele” dispositivo especial que estava sendo construído. Quem sabe, consertar “aquele” vazamento da pia, trocar “aquele interruptor” defeituoso. Sim, sempre tem algo que possa ser consertado e que, durante o movimento normal, nunca há tempo.
Muitas dessas atitudes requerem pouco ou nenhum investimento financeiro. Na maioria dos casos, apenas o tempo ocioso da mão de obra que já esta sendo paga.
O importante é não se deixar abater pelo desânimo e manter a “bola em jogo” e desfrutar da “limonada”. A pandemia vai passar. E um dia tudo isso será apenas assunto de mais uma “rodada” com os amigos.
Por Fernando Landulfo
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