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Motor: Manutenção do motor Fiat 2.4 Tigershark (Parte 2)

Motor Fiat Tigershark

Confira os detalhes de sincronismo e da desmontagem das peças móveis internas do motor 2.4 Tigershark flex adotado pela picape Toro entre 2016 e 2020

 

Com a iminência da chegada de um novo motor 1.3 turbo para as linhas Fiat e Jeep ainda em 2021, a Stellantis, proprietária da marca Fiat, descontinuou as versões da Fiat Toro com o motor Tigershark 2.4 flex, que era importado do México para a linha de produção em Goiana/PE. Assim, a tendência das unidades da picape com esse motor se encaminharem para o mecânico independente vai aumentar com o passar do tempo – e ter a informação técnica para repará-lo será crucial.

Na primeira parte desta reportagem (ed. 322, fevereiro/2021), mostramos como fazer a retirada e instalação do sistema MultiAir de comando de válvulas, além de estratégias de funcionamento. Também detalhamos os componentes de ignição e injeção, arrefecimento (bomba d’água e válvula termostática), vedação da tampa de válvulas, polia do virabrequim, remoção do cárter e do “front cover” – a capa localizada sobre o sincronismo, feito por corrente.

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Nesta edição, seguimos com o restante da desmontagem, mostrando a remoção dos elementos de sincronismo, periféricos do bloco, retirada do cabeçote, cárter, virabrequim, pistões e bielas. Ponto importante: segundo a Stellantis, é possível retificar suas camisas de cilindro e existem no mercado pistões sobremedida para a aplicação. “Como o motor é muito robusto, existe bastante espaço entre os cilindros”, explica o especialista de Produto da área de Powertrain da Stellantis, Erlon Rodrigues. “A camisa é de ferro fundido e é fundida junto com o bloco de alumínio”, observa.

Outros detalhes característicos neste motor chamam a atenção como o sistema de balanceamento do motor (BSM) que conta com a bomba de óleo integrada e a barra de reforço sobre os mancais 2, 3 e 4 do virabrequim. O procedimento a seguir foi executado pelo mecânico de veículos experimentais da Stellantis, Cleiton de Souza, sob a supervisão de Erlon Rodrigues, no Learning Lab da fabricante em Campinas/SP. O motor utilizado é destinado aos treinamentos internos da Fiat e já estava posicionado em cavalete.

SINCRONISMO

1) Retire o torque da engrenagem do eixo comando com uma chave 15 mm, fazendo a alavanca com uma ferramenta especial para travamento de polia. O torque de aperto na montagem deste parafuso é de 95 Nm.

2) Trave o tensionador pressionando a guia móvel e colocando um pino no orifício. Neste caso, foi utilizada uma chave allen bem fina.

3) Com uma chave 10 mm, solte os dois parafusos de fixação do tensionador da guia móvel. O tensionador possui um curso hidráulico, do tipo catraca, que ajuda a compensar o aumento da folga da corrente. Na hora de montar estes dois parafusos, o torque de aperto é de 9 Nm.

4) Solte os parafusos sextavados de chave 10 mm da guia fixa superior. O torque de aperto é de 9 Nm.

5) Remova o parafuso sextavado de chave 13 mm da guia móvel superior. Este parafuso tem bucha integrada e funciona como um pivô da guia móvel, suportando toda a carga da peça. O torque de aperto é de 28 Nm.

6) Os pontos de fasagem das polias devem coincidir com elos coloridos da corrente, na cor laranja no eixo de comando (6a) e na cor amarela do eixo do virabrequim (6b).

7) Remova a polia do comando de válvulas e a corrente.

8) Na montagem, observe a chaveta de encaixe da polia no comando.

9) Remova a engrenagem do virabrequim, que também possui chaveta de encaixe para montagem correta.

10) Retire os parafusos de fixação da tampa de proteção da bomba de óleo com uma chave hexalobular 30. O torque de aperto é de 9 Nm.

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11) Utilize uma chave 10 mm para remover os 2 parafusos de fixação do tensionador da guia móvel inferior. Também do tipo hidráulico, possui acionamento por mola. Na montagem, o torque de aperto é de 9 Nm.

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12) Remova o parafuso (do tipo pivô) da guia móvel inferior com chave 10 mm. O torque de aperto é de 9 Nm.

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13) A guia fixa inferior também utiliza 2 parafusos do tipo pivô, porém mais curtos. Para removê-los, use chave 10 mm. Na montagem, o torque é de 9 Nm.

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14) Para remover a polia da bomba de óleo e do balanceador, use chave 10 mm. O torque de aperto, de 37 Nm, é mais alto que o esperado para a medida do parafuso por causa da solicitação mecânica desta fixação.

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15) No sincronismo do balanceador e da bomba de óleo, o PMS na capa/polia não é apenas PMS do 1º cilindro. É necessário conferir também a posição das válvulas do 1º cilindro para comprovar o PMS. Os três pontos devem estar alinhados para a fasagem correta.

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16) Ao remover corrente e polia, tome cuidado para não cair a placa de proteção atrás da polia.

CABEÇOTE

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17) Remova os parafusos do capacitor de partida e do sensor de fase com uma chave de 10 mm.

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18) A remoção dos parafusos de fixação dos mancais deve ser feita de fora para dentro, com chave 12 mm. Na montagem, que deve ser feita na sequência de dentro para fora, o torque de aperto é de 30 Nm.

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19) O mancal que prende a bomba de vácuo possui vedante.

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20) O esquema de lubrificação do cabeçote é tradicional, com orifícios de passagem de lubrificante em cada mancal interligados ao canal principal de óleo (onde estão os tuchos hidráulicos). Nas laterais do cabeçote, também é possível notar as passagens de óleo para o módulo MultiAir.

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21) O eixo comando é montado, tubular, com os cames integrados a ele.

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22) Remova manualmente os roletes e tuchos hidráulicos.

23) Para a remoção dos 10 parafusos do cabeçote (23a), utilize chave hexalobular 55 e faça a remoção na ordem de fora para dentro, na sequência listada na imagem (23b).

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24) Na montagem do cabeçote, a ordem de aperto dos 10 parafusos é de dentro para fora, conforme indicado na imagem, com aplicação de torque em 4 etapas: 30 Nm + 73 Nm + 73 Nm + angular 90°.

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25) Remova o cabeçote.

26) A junta metálica, de três camadas, é fixada com vedantes entre as camadas nas extremidades (26a). A posição correta de montagem é garantida pelos orifícios de passagem de óleo lubrificante, sendo dois de um lado e três do outro (26b).

EXTERNO AO BLOCO

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27) O filtro de óleo do MultiAir, conhecido como “foguetinho”, possui tela para evitar que qualquer impureza chegue ao sistema e prejudique o funcionamento.

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28) Remova o sensor de detonação com uma chave hexalobular 45. Na montagem, o torque é de 20 Nm.

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29) Com uma chave 10 mm, remova o sensor de rotação. Torque de aperto: 9 Nm.

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30) Utilize a chave 10 mm para remover a proteção térmica do trocador de calor do óleo e os suportes das tubulações do arrefecimento do óleo, que são de alumínio.

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31) Antes da remoção do trocador de calor do óleo, retire o filtro de óleo do motor.

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32) Remova o suporte do filtro e o trocador de calor de óleo e água com chave 13 mm. O torque de aperto é de 25 Nm.

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33) O BSM (Balance Shaft Module), sistema de balanceamento do motor, conta com bomba de óleo integrada. Faça a remoção dos 4 parafusos com chave 12 mm. Na montagem, o torque deve ser de 15 Nm + 29 Nm + angular 90°, com aperto cruzado.

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34) Remova o volante flex plate com uma chave estriada 17 mm. O torque de aperto é de 29 Nm + angular 51°.

SUB-BLOCO E BLOCO

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35) Solte os 10 parafusos do sub-bloco com chave 13 mm. Comece pelo lado externo, conforme a ordem indicada na imagem, na sequência cruzada, de fora para dentro.

Observação: note que há espaço para dois parafusos adicionais, que são estruturais e já foram removidos no passo nº 33 da primeira parte desta reportagem (publicada na edição 322).

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36) Na montagem do sub-bloco, os parafusos externos têm torque de aperto de 23 Nm, enquanto os internos, 26 Nm. A sequência de aperto é de dentro para fora, na ordem listada na imagem.

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37) Remova o sub-bloco.

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38) Para remover a barra de reforço sobre os mancais 2, 3 e 4 do virabrequim, utilize a chave 14 mm e faça o desaperto de fora para dentro. O mancal 2 é o de folga axial. Na montagem, o torque é de 15 Nm + 45 Nm + angular de 43°.

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39) As bronzinas do mancal fixo têm revestimento de polímero, tecnologia que aumenta a durabilidade do componente.

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40) Para soltar as capas das bielas, utilize chave 10 mm estriada. O torque de aperto é de 19,6 Nm + angular de 92°.

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41) As bronzinas dos mancais fixos são poliméricas, enquanto as bronzinas dos mancais móveis são metálicas.

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42) Remova o retentor do virabrequim.

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43) Retire o virabrequim.

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44) O virabrequim é de aço forjado e possui moentes (52,9 mm) de maior diâmetro que os munhões (51,9 mm).

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45) O mancal axial deste virabrequim é o número 2. Ele possui dois calços, um de cada lado.

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46) Os “oil jets” são responsáveis por levar o óleo à parte de baixo do pistão, diminuindo a temperatura no topo do pistão e a tendência à detonação.

47) Na remoção dos pistões, é importante marcar a ordem na retirada e tomar cuidado para não invertê-la na hora na montagem.

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48) Os pistões têm anéis de baixo atrito, com primeira cava protegida por anodização.

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49) O pistão conta ainda com projeto de baixo peso e pino flutuante, preso por trava e revestido por DLC (Diamond-like Carbon), tecnologia que reduz o atrito e tem alta resistência (dispensa o uso de bucha).

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50) Na lateral do bloco, ao lado da bomba d’água, há o registro da classificação dos cilindros (BBBC) e dos mancais fixos (22222).

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51) A classificação do virabrequim fica alojada na extremidade do componente.

Colaboração técnica: Stellantis/Fiat
Mais informações: 0800-707-1000

Texto: Gustavo de Sá e Fernando Lalli
Fotos: Fernando Lalli

 

 

Confira live de “O Mecânico ao Vivo” com a apresentação deste procedimento em vídeo:

https://youtu.be/fApHKkJVlQ8

2 comentários em “Motor: Manutenção do motor Fiat 2.4 Tigershark (Parte 2)

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