Desmontamos o motor eletrônico Interact

Ao abrir o motor eletrônico da Cummins é necessário estar atento a alguns detalhes, devido aos recursos tecnológicos que dispõe. Veja as principais diferenças em relação aos modelos mecânicos e mãos-a-obra

Carolina Vilanova

Para atender às leis de emissões de poluentes Euro III e Conama V, a Cummins passou a comercializar no ano passado os motores eletrônicos da linha Interact, nas versões 4 e 6 litros. Estes modelos mantém a mesma cilindrada e potência dos motores mecânicos da série “B”.
O Interact conta com blocos, cabeçote e pistões redesenhados e produzidos com materiais especiais, além de ter 4 válvulas por cilindro. Estes componentes aliados ao sistema de injeção eletrônica Common Rail e ao conjunto de engrenagens, que foi posicionado na parte traseira do motor, proporcionam melhor desempenho, economia e redução de ruído.
A bomba de combustível de alta pressão, o Common Rail e os injetores são os principais diferenciais deste motor. Devido à sua inteligência eletrônica, o sistema mantem a pressão de injeção em 1.300 bar, a todo o momento e em qualquer rotação. O bico injetor é centralizado e conta com oito furos minúsculos, que pulverizam
melhor o combustível, proporcionando mais desempenho e menos consumo.
Segundo o fabricante, apesar de toda a tecnologia aplicada, esse motor foi projetado para ser reparado de acordo com os procedimentos comuns realizados em um motor mecânico, seguindo as normas de qualidade da marca.
Nesta edição, acompanhamos a desmontagem do Interact, na versão 4 cilindros, e destacamos as principais diferenças que o profissional deve ficar atento em uma eventual reparação.

 

Desmontagem

Como de costume, o técnico deve ter em mãos ferramentas adequadas, peças originais e um balcão limpo para a colocar os componentes que estão sendo removidos. A contaminação do motor ou de suas peças podem causar desgaste prematuro. Lembre-se também que vários itens devem ser recolocados na mesma ordem em que foram retirados do motor.

1 – Primeiramente, remova o filtros de óleo, filtro de combustível e outros periféricos. Retire os chicotes elétricos, inclusive o do Common Rail. Sempre que retirar a fixação do chicote, devese trocar a braçadeira plástica.

2 – Com cuidado, solte os parafusos que sustentam o ECM (Eletronic Central Module) e remova o módulo.

3 – Retire os parafusos de fixação dos tubos de alta pressão e, com o auxílio de uma ferramenta especial, remova a tubulação de baixa pressão e linha de retorno.

4 – Solte os parafusos de fixação do Common Rail, retire a válvula e, em seguida, remova o Common Rail do bloco.

Para acessar o cabeçote e os bicos injetores:

1 – Solte a tampa de válvulas e remova-a. Depois, retire as canetas dos bicos injetores.
Estes componentes são utilizados para levar o combustível até às válvulas injetoras, que estão localizadas no interior do cabeçote.

2 – Em cada válvula injetora tem um terminal elétrico. Com uma chave de fenda desaparafuse os conectores e retire os terminais. Os injetores são comandados pelo Módulo Eletrônico do Motor (ECM), que recebem sinal elétrico para definir o tempo de injeção e a quantidade de combustível a ser injetado.

3 – Remova os balancins. Fique atento, pois esses componentes devem ser reposicionados na mesma ordem em que foram retirados.

4 – Retirar os bicos injetores na seqüência do primeiro ao quarto cabeçote. Solte os dois parafusos de cada injetor e puxe-o para fora com a ajuda de uma chave de fenda.

5 – Ao abrir o cabeçote, comece a desapertar os parafusos de fora para dentro. Retirar as duas cruzetas que têm em cada cilindro.

6 – Remova a carcaça e tire as varetas de tucho. Sempre troque as juntas quando abrir o cabeçote.

Retentores K7

Remover o volante do motor para a troca do retentor de óleo. Este componente é denominado K7 e tem vedação dupla (lábio duplo). Tanto na desmontagem quanto na montagem é necessário utilizar uma ferramenta especial ao retirar esta peça. O retentor dianteiro do virabrequim é removido com o mesmo procedimento.

Montagem

A montagem é feita na ordem inversa da desmontagem do motor, respeitando sempre a seqüência da colocação e torques dos parafusos.

Saiba onde estão os sensores:

Sensor dos injetores

Sensor do atuador da bomba de combustível

Sensor do commom Rail

Sensor de temperatura da água

Sensor de rotação do motor

Sensor do coletor de admissão

Sensor da temperatura do combustível

Sensor de pressão do ar ambiente

Sensor de temperatura e pressão do óleo

Manutenção e diagnóstico de falhas

A vida útil do Interact depende de sua aplicação e de como o motorista dirige e cuida do seu veículo. As trocas de óleo e filtros são essenciais para o bom desempenho e durabilidade do conjunto. Por ser eletrônico, o Interact é mais resistente que os motores mecânicos, minimizando o risco de falhas, já que os sensores avisam antes que problema se intensifique.
Os aparelhos de diagnósticos e falhas permitem que a avaria seja detectada de maneira mais rápida e precisa. Os diagramas de sintomas da Cummins separam os problemas de dirigibilidade em duas categorias: motor com baixa potência de saída e baixa aceleração ou resposta insuficiente do motor.

Diagnóstico de falhas

Se o veículo apresenta reações de baixa potência, esta falha geralmente é causada pela falta de fluxo de combustível,
que pode ser resultado de falta de curso total do pedal do acelerador; sensor de pressão defeituoso; restrição excessiva na alimentação de combustível, restrição na admissão, escape ou na linha de retorno de combustível; e linhas de sucção da bomba de combustível soltas.

Tabela de diagnósticos
Baixa aceleração e resposta insuficiente do motor de combustível soltas.

CAUSA	O QUE FAZER?
Vazamento de combustível	Verifique se há vazamento nas linhas, conexões e no filtro de combustível. Cheque  também as linhas de combustível dos tanques de suprimento.
Filtro de combustível está obstruído	Medir o diferencial da pressão de combustível.
Falha de funcionamento da bomba de combustível	Veja a pressão de saída da bomba de combustível. Substitua a peça se necessário.
Restrição na linha de suprimento de combustível entre a bomba de combustível e os injetores	Inspecione a linha de suprimento de combustível entre a bomba e o cabeçote dos cilindros. Verifique se há dobras acentuadas que possam causar restrições.
Vazamento no conector de combustível	Faça o teste de desempenho dos cilindros para isolar o cilindro com o conector de combustível defeituoso. Confirme se não há cortes ou danos que possam causar vazamentos no conector e nos injetores.
Falha no funcionamento da válvula de alívio de pressão de combustível	Meça a restrição na linha de dreno. As vezes é necessário trocar o componente.
Falha de funcionamento dos injetores	Teste o desempenho dos cilindros. Substitua os injetores quando for preciso.
Restrição no sistema de admissão de ar acima da especificação	Veja se há restrições no sistema de admissão de ar. Substitua o filtro de ar caso a restrição esteja acima do especificado.
Dispositivos de controle do J1939 interferindo com os controles do motor	Desconecte alternadamente todos os outros dispositivos de controle do J1939 do circuito datalink até restabelecer a comunicação ou a função.
Folga do rotor do turbocompressor fora de especificação	Verifique a folga radial dos rolamentos e a folga axial. Inspecione o turbo e repare ou substitua-o.
Ajustes de válvulas e injetores incorretos	Meça e ajuste os parâmetros das válvulas e injetores.

Dicas da Cummins para detectar problemas com mais facilidade:

• Ouça atentamente as reclamações do cliente.
• Analise com cuidado o problema.
• Relacione os sintomas aos sistemas e componentes do motor.
• Considere qualquer manutenção ou reparo que já tenham sido efetuados no veículo e que podem estar relacionados à reclamação.
• Repita as verificações antes de iniciar a desmontagem do motor.
• Resolva o problema usando os diagramas de diagnóstico de falhas e comece pelos procedimentos mais simples.
• Determine a causa do problema e faça um reparo completo.
• Depois de executar os serviços, ligue o motor e certifique-se de que a causa da reclamação foi corrigida.