Undercar: Rolamento traseiro da linha VW Fox e SpaceFox

Rolamento traseiro da linha VW Fox e SpaceFox

Conheça o procedimento de diagnóstico, remoção e instalação do rolamento de roda do eixo traseiro para os Volkswagen Fox e SpaceFox; saiba também quais são as quatro variações de aplicação do rolamento 801191 da FAG para as linhas Fox, Polo e Gol. Confira ainda dicas da fabricante para rolamentos de 1ª geração

 

Os veículos compactos da Volkswagen nascidos da plataforma PQ24 compartilham diversas peças e até sistemas inteiros. Nas peças do undercar, principalmente, fica evidente o parentesco entre eles.

As linhas Polo (de 2002 a 2014), Fox (desde 2003) e Gol (desde 2012) utilizam o mesmo rolamento traseiro, variando apenas a furação do flange do cubo de roda e a presença ou não de sensor dos freios ABS.

Rolamento traseiro da linha VW Fox e SpaceFox

Trata-se de um rolamento de segunda geração (rolamento de dupla carreira de esferas acoplado ao cubo de roda com um flange) com ajuste deslizante. Mas há uma particularidade interessante: há quatro versões desse rolamento no mercado, conforme presença ou não de ABS nos freios e da furação das rodas.

Rolamento traseiro da linha VW Fox e SpaceFoxOs códigos de aplicação mudam dependendo do referencial utilizado dentro da linha Schaeffler, que fornece essas peças originais à linha de montagem da VW.

Como explica o Técnico da Schaeffler, Pablo Fuentes, as marcas FAG e INA, ambas pertencentes ao grupo alemão, forneciam rolamentos de roda na reposição.

Mas em uma reorganização interna, cada marca da empresa ficou com um sistema do veículo: todas as peças da Schaeffler para transmissão agora são LuK, as de motor, INA, e as de roda, chassi e undercar, FAG. Com isso, os antigos rolamentos 8011911.19 e 801191.20 agora são 801191E e 801191AD.

O especialista garante que o rolamento de reposição fabricado pela Schaeffler é o mesmo que vai para a Volkswagen. “Eu digo pelos rolamentos da FAG que eles são os mesmos para a reposição e para a montadora. A fábrica da Schaeffler não tem duas linhas de montagem separadas. O que muda entre as peças FAG original e de reposição é a embalagem na concessionária e o logotipo da Volkswagen gravado no lote de peças fornecido para a montadora”, afirma.

Rolamento traseiro da linha VW Fox e SpaceFox

QUAL É O MOMENTO CERTO PARA SUBSTITUIR O ROLAMENTO?

Embora tenha uma vida útil projetada de aproximadamente 100 mil km (no caso do componente desta reportagem), a longevidade deste tipo de rolamento instalado na linha VW Fox está ligada diretamente às condições do veículo em si. O rolamento pode durar muito mais – ou muito menos – dependendo das variáveis a que é exposto.

“O momento certo para trocar o rolamento é quando ele apresentar ruído. O ruído é sintoma de que a pista está danificada”, aponta o técnico da Schaeffler. “São vários motivos que causam esse dano, como fim da vida útil, batida na montagem, impacto por buracos na rua, entre outros”.

Rolamento traseiro da linha VW Fox e SpaceFox
Rolamentos 801191 lado a lado: quatro furos com ABS de reposição (à esq.) e o de cinco furos com ABS original, removido da SpaceFox

 

O desgaste do rolamento novo pode ser acelerado se este trabalhar em conjunto com um cubo de roda ou manga de eixo já deformados pelo uso. Isso faz a peça durar menos do que a montada de fábrica. “Em um veículo zero-quilômetro, o rolamento está instalado em um alojamento perfeito, com suspensão nova, pneu novo, tudo alinhado.

Nessas condições, sem maiores percalços, a tendência é que o rolamento dure muito tempo”, conta Pablo Fuentes. “Ao longo da vida útil, o alojamento do rolamento vai ovalizando, seja por condição de rodagem, impactos, uso excessivo de freio etc.

Quando o rolamento novo é montado em uma peça já deformada, seja manga de eixo com alojamento ovalizado ou ponta de eixo empenada, ele terá uma vida útil menor. Outros fatores também podem influenciar, como pneu desgastado, roda desalinhada etc.

Não é que a qualidade do rolamento é inferior, mas o veículo já traz desgastes naturais que afetam a peça nova”, comenta Pablo. O técnico também reforça que, em caso de rolamentos montados por interferência, o ideal é sempre aferir o diâmetro do alojamento do rolamento antes da instalação da peça nova.

Se as medidas estiverem fora das tolerâncias de fábrica, a manga de eixo e/ou o cubo de roda devem ser obrigatoriamente trocados (veja dicas de diagnóstico para rolamentos de 1ª geração ao final deste procedimento).

COMO DIAGNOSTICAR O ROLAMENTO TRASEIRO NO VEÍCULO?

1) Ruídos em condição de rodagem são a principal fonte de suspeita de problemas nos rolamentos. Para inspecioná-los nas rodas tracionadas (no caso desta SpaceFox, as dianteiras), posicione o veículo no elevador e peça a outro operador que o ligue e acelere calmamente. Utilize um estetoscópio apontado para o cubo de roda e identifique como é o barulho que vem dele. “Se você ouvir o ruído das esferas passando pela graxa, um barulho ‘amanteigado’, significa que o rolamento está bom”, descreve Pablo.

Rolamento traseiro da linha VW Fox e SpaceFox

Mas se o ruído que vem do cubo é metálico, o rolamento tem problemas e deve ser trocado. Nas rodas que não são tracionadas, como não é possível as acelerar, o diagnóstico dos rolamentos é por vibração. “Não existe ruído sem vibração ou vibração sem ruído. Uma coisa é ligada a outra”, afirma Pablo. Gire o pneu manualmente e encoste a ponta dos dedos na coluna de suspensão para sentir se há vibração. Se houver, o rolamento pode estar danificado.

REMOÇÃO DO CUBO DE RODA

2) Com a roda já removida e o veículo suspenso, utilize punção e martelo para remover a calota da ponta do eixo. Bata com cuidado e apenas o suficiente para deslocar a calota. Se a peça estiver íntegra, ela pode ser reaproveitada.

Rolamento traseiro da linha VW Fox e SpaceFox

3) Solte o parafuso-guia do tambor com o cubo de roda usando chave-soquete hexalobular (torx) T30. É necessário puxar o freio de estacionamento para que o tambor não gire no momento da remoção. Importante: após remover este parafuso, libere novamente o freio de estacionamento.

Rolamento traseiro da linha VW Fox e SpaceFox

4) Solte a porca de fixação do cubo de roda com soquete ou chave-estrela 30 mm. O torque dessa porca é alto – 220 Nm –, portanto, cuidado ao aliviar o aperto.

Rolamento traseiro da linha VW Fox e SpaceFox

5) Remova o tambor de freio. Geralmente, o tambor dá trabalho para se desprender da ponta do eixo pela própria condição da peça. Requer paciência do mecânico. Se necessário, bata com cuidado, levemente, com um martelo de borracha para ajudar a desprender o tambor e, também com cuidado, faça alavancas para deslocá-lo. Preste atenção para não danificar o espelho ou, mesmo, as lonas e demais peças do conjunto de freio.

Rolamento traseiro da linha VW Fox e SpaceFox

6) Agora, basta remover o cubo de roda com as mãos – ele estará livre, pois, tem montagem deslizante e não por interferência.

Rolamento traseiro da linha VW Fox e SpaceFox

7) O diagnóstico do veículo é suficiente para atestar se o rolamento está bom ou não. Caso ainda haja alguma dúvida, aproxime o rolamento do ouvido e gire-o para os dois lados. Ruídos podem surgir caso a pela tenha problemas nas esferas e pistas. Neste caso, o rolamento estava em bom estado e, como não é montado por interferência, pôde inclusive ser reinstalado. O aspecto da peça também estava íntegro. O veículo tinha 93 mil km rodados.

Rolamento traseiro da linha VW Fox e SpaceFox

Obs: Esse tipo de verificação é impossível de ser feito em um rolamento de 1ª geração porque, ao ser retirado, ele se rompe e, obviamente, não pode ser reaproveitado. “Você deve desmontar esse tipo de rolamento apenas se tiver certeza de que ele está com problemas”, recomenda Pablo.

MONTAGEM DO CUBO DE RODA

8) Limpe toda a região do sistema de freio traseiro. A recomendação é, na dúvida, evitar produtos químicos, mesmo os específicos para essa função: utilize água e sabão, secando muito bem o conjunto depois da limpeza. Nunca coloque os materiais de atrito dos freios em contato com derivados de petróleo (graxas, sprays desengripantes etc.).

Rolamento traseiro da linha VW Fox e SpaceFox

9) Com o sistema limpo, instale o cubo de roda. Como o rolamento estava completamente íntegro, nesta reportagem, a peça antes removida foi reinstalada no veículo. Preste atenção ao lado correto de montagem. Neste caso, o lado do flange fica voltado para fora.

Rolamento traseiro da linha VW Fox e SpaceFox

10) Prenda a porca de fixação do cubo de roda aplicando o torque de 220 Nm.

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11) Posicione o tambor de freio observando as furações. O parafuso-guia T30 tem torque de aperto muito baixo: 5 Nm.

Rolamento traseiro da linha VW Fox e SpaceFox

12) Instale a calota da ponta de eixo, batendo suavemente para acomodá-la.

Rolamento traseiro da linha VW Fox e SpaceFox

13) Instale de volta a roda e faça o aperto final dos parafusos com o veículo no chão. O torque é de 110 Nm, aplicado de forma cruzada. Como em qualquer intervenção na suspensão, confira o alinhamento e o balanceamento das rodas após a operação.

Rolamento traseiro da linha VW Fox e SpaceFox

DICAS DE DIAGNÓSTICO PARA OUTROS MODELOS DE ROLAMENTOS

Danos no cubo de roda se refletem no rolamento: Se o cubo de roda for danificado na remoção do rolamento velho, ele precisa ser substituído. Reaproveitar o cubo comprometido significa colocar em risco o rolamento novo – e a qualidade do serviço. Pablo mostra um cubo usado, recolhido em campo, com avarias provocadas na remoção do rolamento, tanto na parede do alojamento quanto na face de assentamento do flange (A).

Rolamento traseiro da linha VW Fox e SpaceFox

“Esse cubo deveria ter sido substituído quando sofreu esses danos”, afirma o técnico, “mas o aplicador aproveitou o mesmo cubo de roda para montar o rolamento novo”. O resultado: exatamente no ponto de apoio em que o cubo de roda estava avariado, o rolamento sofreu trinca no anel interno (B) e fadiga na pista (C).

Rolamento traseiro da linha VW Fox e SpaceFox

Rolamento traseiro da linha VW Fox e SpaceFox

“A fadiga apareceu quando o rolamento começou a trabalhar em alta rotação. O rolamento sofreu uma carga maior no ponto em que o cubo de roda estava avariado. Toda vez que as esferas passavam por cima desse ponto, elas marcavam a pista do rolamento (D). Consequentemente, isso foi causando e aumentando a avaria”, descreve.

Rolamento traseiro da linha VW Fox e SpaceFox

Não faça a montagem com marreta ou martelo: Lembre-se que rolamentos são peças de precisão. Rolamentos de 1ª geração são montados por interferência e sempre devem ser instalados com prensa – uma ferramenta que é capaz de aplicar força uniformemente na peça sem a necessidade de impacto. Pablo mostra um rolamento de roda traseira da linha Ford que não foi montado com prensa, mas sim com martelo. As marcas são bem claras na peça (E).

Rolamento traseiro da linha VW Fox e SpaceFox

Bem no local onde está a marca maior de impacto, há fadiga na pista (F). “No momento da batida do martelo ou marreta, o rolamento sofre microtrincas. Não é possível vê-las a olho nu, mas com o trabalho em alta rotação, à medida em que as esferas passam sobre essas microtrincas, elas se tornam trincas de verdade, o que leva à soltura do material da pista”, explica o especialista da Schaeffler.

Rolamento traseiro da linha VW Fox e SpaceFox

Lado do sensor do ABS: Em veículos com freios gerenciados por ABS, preste atenção: rolamentos montados por interferência podem ter lado certo de montagem por causa da pista do sensor do sistema de anti-bloqueio dos freios. “É possível montar o rolamento dos dois lados, mas se a pista do ABS ficar para o lado contrário, o sistema não vai funcionar”, observa o técnico da Schaeffler.

Rolamento traseiro da linha VW Fox e SpaceFox

Nem sempre é possível identificar o sentido correto pela cor, por isso, a recomendação é utilizar uma ferramenta específica que identifica o campo magnético da pista (G).

Rolamento traseiro da linha VW Fox e SpaceFox

Se essa não estiver à mão, você pode utilizar um clipe de papel (H) para identificar qual lado da peça está imantada. Porém, jamais use uma ferramenta de metal mais larga para isso.

Rolamento traseiro da linha VW Fox e SpaceFox

“Se o material metálico tiver uma superfície maior, como uma chave de fenda ou uma talhadeira, poderia prejudicar a imantação do sensor”, adverte Pablo. “O clipe é melhor porque sua área é muito pequena, portanto, a atração da pista não vai prejudicar a imantação do sensor”.

 

SAIBA MAIS: Confira no canal O Mecâniconline no YouTube a live sobre este procedimento com a Schaeffler

 

Texto & fotos Fernando Lalli

Comentário em “Undercar: Rolamento traseiro da linha VW Fox e SpaceFox

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