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Tensionamento e conforto na medida

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Elementos essenciais para o funcionamento do sistema de distribuição do motor e de acessórios, as polias e tensionadores precisam de cuidados especiais na revisão

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Sempre em busca de desempenho, economia e redução de emissão de poluentes as montadoras de veículos não cansam de desenvolver novos motores. Como todos sabem, esse desenvolvimento tem participação importante dos sistemistas, ou seja, fabricantes de autopeças, que trabalham a partir de uma solicitação específica feita pela montadora. Assim, novos componentes e compostos são introduzidos a cada dia, respeitando outra premissa relevante: durabilidade. Ou seja, as donas do projeto querem qualidade, performance, economia e durabilidade do fabricante da peça.

Sendo assim, eles não se cansam de evoluir, apresentando novas propostas e itens de primeira linha, itens que depois chegam nas mãos do mecânico por meio do mercado de reposição. Seguindo esse conceito, as peças que fazem parte dos sistemas de distribuição mecânica do motor e comando de acessórios, como polias e tensionadores, estão sempre colocadas à prova nos seguintes quesitos: altas temperaturas e pressões, espaços mais reduzidos e aumento do intervalo de substituição dos componentes.

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Tensionador Dayco

Especialistas no assunto nos ajudaram a elaborar um verdadeiro glossário sobre esses componentes, muitas vezes esquecidos nas manutenções periódicas. “Existem vários tipos de polias: que fazem sincronismo de motor, que fazem girar um acessório e as de apoio, entre os nomes comuns são conhecidas como dentadas ou sincronizadoras, auxiliares ou dampers. Em geral, sua função é gerar energia para a correia para fazer o sincronismo do motor ou movimentar um determinado acessório”, explica Davi Cruz, consultor técnico da Divisão de Aftermarket da Dayco Brasil.

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Polias e tensionadores em sintonia para movimentar acessórios

De acordo com Ivan Furuya, gerente de Produto de Transmissão de Potência & Airsprings da Veyance Technologies, que fabrica os produtos da Goodyear Produtos de Engenharia, a polia é usada ainda para desvio da correia, evitando o contato com outras partes fixas do motor, auxiliando no tensionamento da correia, principalmente, quando é grande a distância entre os acessórios do motor. “Ela pode ser lisa ou estriada de poliamida ou metal estando presente tanto no circuito de acessórios quanto no circuito primário (correia dentada)”, comenta.

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Tensionador Goodyear

Geralmente, a vida útil das polias é mais longa que a das correias, mas por se tratar de um sistema único de transmissão, sua inspeção deve sempre ser realizada a cada 10 mil Km, como acontece com as correias. “Numa inspeção é sempre bom verificar o alinhamento entre as polias, que pode ser causado por folga nos rolamentos e eixos (desalinhamento angular) ou devido à falha de aplicação ou adaptações, (desalinhamento no paralelismo)”, orienta Fabio Murta, gerente de Marketing da Gates do Brasil.

“Deve ser verificado o nível de desgastes nas canaletas (profundidades), marcas de batidas, fissuras (micro trincas) e/ou algum tipo de corpo estranho entre as canaletas que possam causar cortes na estrutura da correia”, comenta o assistente técnico da Continental, Denis Ferreira.

 

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Tensionador Gates

A equipe técnica da Veyance dá um fôlego a mais, recomendando a inspeção do sistema a cada 15mil km, o que inclui a análise do alinhamento e tensionamento do sistema e também o estado da correia. “As peças devem ser substituídas de acordo com as instruções do fabricante, sempre verificando as condições dos demais componentes do sistema, lembrando que choques mecânicos podem comprometer o funcionamento. Aplicar sempre o torque especificado no parafuso de fixação e manter o alinhamento correto são os fatores mais importantes para o perfeito funcionamento do conjunto polias – correias”, analisa Ivan.

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Outra dica de Davi é em relação às ferramentas especiais necessárias para a troca das polias. Ele diz que existem diversos tipos, um para cada tipo de veículo, para colocar em sincronismo na hora da troca de correia, garantindo a perfeita aplicação. Se essa ferramenta não for usada corretamente, o conjunto vai trabalhar fora de ponto ou nem funcionar. “Um erro de aplicação pode danificar o motor ou mesmo um torque incorreto no tensionador ou na polia pode gerar desgaste prematuro, por isso recomendamos muita atenção”, avisa.

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Kit com polia tensora Continental

Polia Damper

Uma polia com amortecimento desenvolvida para minimizar as vibrações torcionais do eixo do virabrequim, essa é a função da polia damper. É utilizada desde os anos 60 nos motores de alta potência. “Os motores da linha Opala, principalmente o 4.1, tinham um problema crônico de durabilidade de damper, muitos quebraram o virabrequim por problemas de damper”, conta o técnico de ensino do SENAI-Vila Leopoldina, Fernando Landulfo.

“Os motores de última geração ganharam muita potência, o que pode resultar numa quebra do virabrequim se não tiver o amortecimento dessa polia. Também é conhecida por polia harmônica, polia do anti-vibrador e polia com amortecimento”, comenta Davi.

Segundo a Gates, diferente dos tensores, sua verificação é visual, ou seja, quando apresenta sinais visuais de desgaste, deve ser substituída. “Nessa hora, sempre efetuar a limpeza da peça e inspecionar o alinhamento e o desgaste das áreas de contato com as polias”, complementa.

 

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Polia Damper: Inspeção visual é realizada para buscar desgastes. Se o cubo solta da polia, a peça é inutilizada

A polia damper foi desenvolvida para ter a mesma vida útil do motor, mas em alguns casos de veículos que rodam em situação severa o item não tem resistido à temperatura do motor. Isso acontece quando o motor funciona e o odometro não. “Para verificar, passar um giz de fora a fora, se tiver descolada, o risco vai ficar fora de posição, ou seja, a polia fica girando em falso”, indica o técnico da Dayco.

Landulfo complementa: “o principal defeito do damper é o descolamento do elastômero que faz a ligação entre o cubo e a polia. Quando a polia possui marcação de ponto muda de lugar, deixando o mecânico quase louco, quando vai ajustar o ponto de ignição (o Opala 4.1 fazia muito isso). Pouco tempo depois o cubo costuma soltar da polia inutilizando a peça”.
Tensionador

“O tensionador é uma polia com furo excêntrico, que tem a função de tensionar a correia. Este tensionamento se dá por meio do deslocamento da polia fixada através deste furo excêntrico aumentando o raio de contato com a correia”, explica Ivan. Além disso, segundo a Gates, tem a responsabilidade de filtrar as variações de tensão geradas pela vibração natural do motor.

O técnico da Dayco esclarece ainda que essa importante peça do sistema de transmissão também absorve os picos de carga da correia e garante que ela fique em contato constante e faça sincronismo do motor. Em geral, existem três tipos diferentes de tensionadores: manual, automático e semi-automático (com mola), dependendo da fabricante.

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• Tensor manual: É uma polia com furo excêntrico que é tensionado manualmente pelo aplicador no momento da instalação, sendo que para garantir o correto tensionamento faz-se necessário o uso de um equipamento específico chamado tensiômetro.

• Tensor com mola: Tem o mesmo principio do tensor manual, mas utiliza uma mola com carga pré-determinada, que permite o correto tensionamento através do alinhamento dos indicadores de tensão no momento da instalação.

• Tensor automático: É um tensor com mola no qual não existe a possibilidade de regulagem no momento da instalação, determinada de acordo com o fabricante. Um outro tipo possui internamente um atuador hidráulico que utiliza a pressão do óleo do motor para ajustar a tensão da correia.

Uma dica importante na hora da aplicação é nunca aproveitar o mesmo tensionador, mesmo que aparentemente não apresente sinais de desgaste ou ruídos no rolamento. “Isso é decisivo nos casos em que a correia tenha quebrado, pois é bem provável que o tensionador também tenha sido danificado”, diz o técnico da Gates. Ivan complementa: no caso da polia da correia sincronizadora, sempre utilizar ferramentas especiais para adequado enquadramento do motor.

O técnico da Continental afirma que caso o produto seja mal aplicado poderão surgir ruídos e desgaste acentuado nos componentes que trabalham em conjunto com o tensionador. “A própria correia se estiver mal tensionada provocará o desgaste do perfil dos dentes e até mesmo a ruptura”, avalia.

Polêmica da troca

“Sempre que trocar a correia tem que trocar o tensionador”, orienta Davi. A mesma opinião é dada pelas equipes técnicas da Gates e da Veyance. Se os especialistas recomendam o mesmo procedimento, vamos colocar um fim à essa polêmica e aderir à troca eminente do tensionador e das polias todas as vezes em que se troca a correia, sempre de acordo com as instruções do manual de serviços do carro. Davi explica que esse processo é exigido porque o tensionador perde pressão na mola conforme regimes de carga, logo, perde sua ação. “Por conta do pico de carga o embuchamento vai desgastando. E a pergunta é a seguinte: um rolamento que rodou 70 mil km e já perdeu a lubrificação, será que vai rodar mais 70 mil?”, pense nisto. “Já as polias montadas diretamente sobre eixos, devem ser examinadas com relação a trincas, desgaste dos canais, empenamento e estado do amortecedor torcional (se houver)”, complementa Landulfo.

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É unânime entre os fabricantes: trocou a correia, substitua também tensionador e polias

 

O gerente da Gates continua: “se o sistema estiver desalinhado, a força que a correia exerceu sobre o tensionador pode ter gerado um desgaste irregular sobre os rolamentos e sobre a mola tensora, ou seja, esse tensionador não voltará a funcionar 100%. Um tensionador não é uma peça remanufaturável. O tensionador é fabricado blindado e selado, por isso não permite sua abertura e fechamento da mesma forma duas vezes ou mais”.

“A manutenção preventiva custa em média 10 vezes menos que a corretiva, sendo a única forma de garantir que o sistema de transmissão está confiável, além de diminuir o tempo do veículo parado e possíveis transtornos causados por quebra em momento inoportuno”, alerta o gerente da Veyance.

Ele continua: “além do mais, a correia deve sempre “casar” com as polias. Uma correia nova numa polia desgastada significa que o “casamento” não será perfeito, podendo ocasionar a quebra da correia ou sua substituição prematura. No caso das correias dentadas, uma polia gasta pode causar o arrancamento dos dentes de correia nova, ocasionando o encavalamento das válvulas e a necessidade de retífica do motor”.

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Usar ferramentas adequadas e aplicar torque correto garantem a boa aplicação da peça

Reposição

Por conta da troca conjunta dos componentes, as fabricantes disponibilizam aos mecânicos kits de distribuição, que incluem, no caso do sincronismo, correia sincronizadora, polias de apoio e tensionador. “A vantagem de comprar o kit, além do preço mais barato, é porque a garantia é de um único produto, ou seja, se der problema é mais fácil resolver”, afirma Davi.

Quanto à vida útil do produto, a Gates acredita que a boa instalação e a verificação do alinhamento e nível de tensão são as únicas garantias de bom funcionamento e vida útil longa. “Porém deve-se sempre obedecer a indicação da montadora quanto a vida útil desses componentes. Também é essencial utilizar as ferramentas recomendadas pelos fabricantes. A Gates tem um livro que mostra todas elas”, alerta Fabio.

Para aumentar a durabilidade dos componentes, segundo à Veyance, o ideal é eliminar qualquer contaminação por óleo, graxa ou gasolina no sistema antes da substituição das polias e tensionadores. “Além disso, evitar tranco e redução brusca de marcha e certificar o correto alinhamento e tensionamento do sistema. Quando o produto é mal aplicado pode causar danos à correia e, no caso da correia dentada, pode causar a perda de sincronismo e consequentes avarias ao motor”, diz.

“O reparador deve verificar marcas na superfície de contato tensor x correia, que pode deixar indícios de que o tensor não está cumprindo seu papel de tensionamento. Verificar também a base de fixação do tensor onde poderá ocorrer o desalinhamento, o que comprometerá o funcionamento do sistema por ele tensionado”, orienta Denis.

Outra dica levantada pelos técnicos é em relação ao torque correto na hora da montagem, que garantem a instalação perfeita e evita danos ao produto e até a quebra do parafuso de fixação, o que pode comprometer o funcionamento do conjunto de transmissão de potência. “Para saber se o item está com problema, o ideal é acompanhar a quilometragem do veículo e reparar a existência de ruídos, vazamentos ou qualquer outra característica divergente de seu projeto de fabricação.”, avalia Ivan.

 

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Kit de distribuição Gates

Também, é importante destacar que polias e tensionadores não podem ser reparados ou recondicionados. É importante frisar também na hora da compra que rejeite peças com preço fora da realidade do mercado e analise muito bem a embalagem e as características do produto. “Já vimos no mercado fabricantes importados que usam marcas reconhecidas no mercado em suas peças, ou ainda colocam produtos de baixa qualidade em embalagens das marcas superiores para revenda”, finaliza Fabio.

 

2 comentários em “Tensionamento e conforto na medida

  1. Cara Villanova,
    Procurei informações sobre correias poli-V e tensionadores e achei esta matéria através do Google. Minha dúvida era diferenciar entre a correia dentada e de acessórios, e gostei muito das explicações aqui. Há mais do que eu estava procurando e foi importante. Sou biólogo, mas gosto da engenharia e da mecânica. Obrigado.
    Abraços a você e ao pessoal desta página.
    Alfredo

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