Acompanhe o procedimento para análise do líquido de freios e sua importância, além das dicas para o diagnóstico e manutenção do sistema em veículos leves
Carolina Vilanova
Segurança e eficiência são as características mais exigidas do sistema de freios, um conjunto que requer manutenção preventiva para não colocar em risco a integridade física dos ocupantes de um veículo.
Considerado um item de suma importância no projeto do carro, o sistema de freios deve garantir a segurança em quaisquer condições de pista ou trafego, sendo colocado diariamente em situações de esforço e altas temperaturas, o que acarreta o desgaste natural de alguns de seus componentes. Conclusão: a necessidade de substituição desses itens após determinado tempo de serviço deve ser prevista.
Para isso, é essencial realizar as revisões programadas no manual do proprietário e manter alguns itens sempre sob observação, como o nível do fluído de freios, que deve ser checado a cada 30 dias. Um simples procedimento não realizado pode prejudicar todo o conjunto e o pior, por em risco a segurança de uma família.
Nessa reportagem, mostramos a avaliação do sistema de freios numa eventual revisão. O carro utilizado é um Ford Ka ano 2007. Vamos acompanhar a análise do fluido de freios e as dicas de diagnóstico e manutenção do conjunto.
De acordo com a Bosch, o líquido de freios é um composto sintético ou semi-sintético responsável pela transmissão de pressão gerada no cilindro mestre para os freios das rodas, o que faz parar o carro. O sistema entra em funcionamento quando o motorista pisa no pedal de freio e faz com que o fluido atue na linha hidráulica, acionando as sapatas ou as pastilhas. Além disso, também funciona como lubrificante e previne a corrosão de peças do sistema.
Por trabalhar em altas temperaturas, os fluidos têm elevados pontos de ebulição. Quando absorvem a umidade do ambiente, essa ebulição tende a baixar com o uso, permitindo assim, a formação de bolhas, que prejudicam a eficiência dos freios e podem comprometer a frenagem.
A Ate Freios esclarece ainda que quando absorve umidade de ar, o fluido acaba perdendo suas propriedades de lubricidade, condutividade e estabilidade térmica. Além disso, durante a frenagem, o sistema de freios gera calor, o que exige do fluido uma resistência a esse aumento de temperatura para não entrar em ebulição e gerar bolhas de ar.
Se isso acontecer, o sistema vai funcionar incorretamente, pois o ar se comprime facilmente e impede que a força exercida no pedal se transforme na pressão ideal. Por isso, o líquido de freio deve ter sempre o ponto de ebulição acima dos 180o C.
Cuidados com o fluido
– Verifique o nível a cada 30 dias
– Substitua o líquido a cada 10 mil ou uma vez por ano
– Faça a manutenção preventiva pelo menos duas vezes ao ano.
Outro ponto muito importante é a questão das características do fluido de freio, que influem diretamente na performance do sistema, por isso, o técnico deve utilizar o produto certo para cada veículo, com as propriedades e especificações necessárias para determinada aplicação. As classificações disponibilizadas no mercado são as seguintes: DOT 3, DOT 4 e outras variações dependendo da marca, na Bosch existe o DOT 5.1, na Ate Freios existem ainda os Super DOT 4, TYP 200 e Blue Racing, e na Varga se dividem em DOT 3, DOT 4 e DOT 5.
Conforme o tipo, o ponto de ebulição é:
DOT 3 – acima de 250o C
DOT 4 – 240o ou 260o C
Super DOT 4 – 260o C
TYP 200 – mínimo de 280o C
Blue Racing – mínimo de 280o C
Diagnóstico dos freios
O primeiro procedimento de diagnóstico do sistema de freios é a análise do fluido. Com o equipamento adequado para o teste, verifique o ponto de ebulição das amostras do líquido novo e do que está no veículo.
Para o Ford Ka, o líquido novo é do tipo DOT 4 (240o C) e, conforme o teste, sua resistência térmica está em 257o C. De acordo com a Ate Freios, o valor de resistência do líquido que está no veículo não pode ser inferior a 180o C, pois além da probabilidade de gerar bolhas de ar, o alto índice de umidade pode comprometer as peças internas do sistema que são metálicas.
O líquido que está no veículo foi condenado pois o teste acusou 136o C. Nesse caso, é necessário realizar a troca do fluido e fazer uma inspeção geral para diagnosticar possíveis vazamentos ou travamentos nos componentes hidráulicos do sistema.
O próximo passo é verificar a presença de vazamentos no sistema do freio traseiro. Para isso, retire a roda e desmonte o sistema para ter acesso ao cilindro de roda. Limpe o local para evitar a entrada de impurezas no cilindro e, com o auxílio de uma ferramenta, afaste o guarda-pó para checar se há ou não vazamento de fluido.
No Ford Ka, foi detectado o vazamento resultante da alta concentração de umidade no líquido de freio, o que acabou condenando ainda o cilindro de roda. Portanto, é necessária a troca do componente. Aproveite e inspecione outros itens que fazem parte do conjunto.
Agora é a hora de realizar o diagnóstico do sistema dianteiro, lembrando de checar a espessura e o empenamento do disco. Para isso, utilize um relógio comparador acoplado a uma base magnética. Fixe a borda e gire o disco. O valor do relógio não deve ser superior a 0,01 mm.
Em seguida, use um paquímetro para medir a espessura do disco, que não pode ser inferior a 18 mm. Como o valor encontrado foi de 17,29 mm, o disco do Ford Ka deve ser trocado também.
Manutenção
1) Inicie a desmontagem soltando a mola e os protetores dos pinos das buchas. (1a) Com uma chave catraca, solte os pinos.
Obs.: Na montagem, os pinos devem ser limpos com um pano umedecido em álcool. Em seguida, aplique a pasta específica para lubrificação. (1b)
Como o pistão está avançado é preciso recuá-lo para realizar a montagem do novo disco. Antes, abra o parafuso sangrador do conjunto para evitar que as impurezas encontradas na região do pistão danifiquem outros componentes do sistema.
2) Posicione a ferramenta adequada e verifique se existe resistência por parte do pistão, sinal de que os componentes precisam de manutenção e o anel de vedação, o pistão e o guarda-pó devem ser trocados.
Obs.: Na montagem, aplique a pasta lubrificante nos pistões, anéis de borracha, pinos e alojamento. Posicione o pistão de forma correta para evitar desgaste irregular das pastilhas ou até mesmo os ruídos, e utilize o alicate e as chapas posicionadoras do pistão.
3) Em seguida, retire o suporte para remover o disco. (3a) Faça a limpeza do cubo e verifique se está empenado da mesma forma que fez com o disco. (3b) Se o valor for maior que 0,05 mm, substitua a peça.
Sangria antes de instalar
Ao instalar um novo produto não precisa fazer nenhuma limpeza no disco, o ideal é que seja instalado assim que for retirado da embalagem. Antes de montar, limpe bem o suporte e o punho e aplique a pasta lubrificante para evitar atrito entre os componentes.
Em primeiro lugar, troque todo o líquido do sistema de freios e de embreagem. O líquido antigo e contaminado precisa ser totalmente removido e o técnico deve abastecer o reservatório até o topo com o líquido novo.
4) Coloque a tampa adaptadora do equipamento de sangria no bocal do reservatório. A pressão de trabalho que o equipamento oferece ao sistema não pode ultrapassar 2 BAR.
5) Para esse carro, o aparelho foi regulado com 1,5 BAR de pressão, valor considerado inclusive para carros equipados com ABS.
Obs.: Como esse veículo não tem ABS, a sangria deve iniciar na roda direita traseira, passando pela esquerda traseira, direita dianteira e esquerda dianteira.
Com os veículos que possuem ABS, o sentido deve ser o contrário
6) Encaixe a mangueira e solte o parafuso sangrador, lembrando que o frasco deve sempre ficar acima do parafuso para evitar que as bolhas de ar existentes na mangueira entrem no sistema. Retire cerca de 100 ml de líquido por roda.
7) Para finalizar o procedimento, desconecte o engate do bocal e verifique o nível do fluido, conforme a indicação do reservatório. Faça a sangria do líquido na embreagem, caso o veículo tenha sistema hidráulico. Cerca de 150 ml de fluido já serão suficientes para fazer uma troca adequada
Pré-assentamento dos freios Antes de entregar o carro para o cliente faça o procedimento de pré-assentamento para evitar barulhos, empenamento de disco e perda da pastilha. Não deixe o freio esquentar nas dez primeiras freadas. Acelere até 70 Km/h e pise no freio suavemente até que o veículo desacelere para a velocidade de 20 km/h. Repetir a operação 10 vezes. O assentamento total é obtido com 300 km rodados em trânsito urbano. Não acione o freio bruscamente para evitar as queimadas, que causam pontos duros no disco (azula) e espelha as pastilhas, fazendo com que a resina se transforme em gás, devido à alta temperatura. |
Cuidados com o sistema de freios |
1 – Verifique o nível de fluido de freio a cada 30 dias. 2 – Troque o fluido de freios a cada 10 mil km ou 12 meses. 3 – O sistema de freios deve ser inspecionado a cada 10 mil km. 4 – Não sobrecarregue o veículo acima de sua capacidade especificada pelo fabricante. 5 – Não altere as configurações do freio, como substituir um componente por outro com características diferentes, como por exemplo o diâmetro. 6 – Não altere as características do veículo, como por exemplo a suspensão e rodas. 7 – A manutenção no sistema de freio deve ser realizada por mecânicos credenciados para executarem serviços em freios. 8 – Use sempre peças originais. |
Colaboração Técnica: ATE Freios
Fonte: TRW Automotive
No mercado livre tem o kit
Olá Gostaria de saber , onde compro a mangueirinha pra fazer a sangria , e qual o (mm) para o parafuso de Sangria … Obrigado 🙂