Salão de Genebra 2012: eficiência e emoção à flor da pele

Tradicional exposição da indústria automobilística mundial traz 140 lançamentos entre novas tendências para as ruas e superesportivos de sonho

Fernando Lalli 

Com mais de 100 anos de história, o Salão de Genebra não é só um dos eventos automobilísticos mais antigos do mundo, mas também uma das exposições de tecnologia mais tradicionais da indústria mundial. Desde o longínquo ano de 1905, quando era uma mostra daqueles veículos automotores ainda assombrosos e estranhos ao público, o salão suíço é palco de alguns dos lançamentos mais importantes do automóvel.

Na edição de 2012, mesmo em meio à forte crise que assola as economias européias, a tradição de vanguarda tecnológica e a imponência do salão não serão quebradas. Mais de 260 expositores de todo o mundo estão presentes, e estão previstos nada menos que 140 lançamentos mundiais – alguns deles acessíveis apenas ao público europeu, pelo menos temporariamente.

Esse é o caso do novo Mercedes Classe A, que deixou de ser um monovolume compacto (de amarga lembrança para os reparadores brasileiros) e se transformou num atraente hatchback, que tem a missão de rejuvenecer a imagem da marca, sempre associada a um público mais conservador. Com três motorizações, uma 1.6 (de 115 cv) e duas 2.0 (156 e 211 cv na versão A 250 Sport), o novo Classe A vem para acirrar a briga dos hatchs premium alemães, onde já concorrem o Audi A3 e o BMW Série 1. A Mercedes não divulga os planos da importação do modelo para o Brasil, mas estima-se que deva desembarcar por aqui em 2013. Vale lembrar que seus dois arquirrivais já são bem conhecidos em solo brasileiro.

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Provando que não está dormindo no ponto, a Audi, sob o guarda-chuva do Grupo Volkswagen, fez a estreia mundial da versão 2013 do modelo A3, que recebeu poucas modificações além de partilhar o motor 1.4 turbo utilizado no A1, mostrando que a marca está esperta aos movimentos da concorrência. Mais uma marca premium do conglomerado, a Bentley preparou um protótipo de um SUV com motor W12 de 6,0 litros e visual de gosto duvidoso – ao passo que a principal empresa do grupo promete arrancar suspiros com a nova versão conversível do VW Golf GTI europeu.

Das neue Volkswagen Golf GTI Cabriolet

Outra bela proposta da Volkswagen para as ruas é o Polo BlueGT, cuja imagem de esportividade esconde sua vocação ecológica. De acordo com a Volks, seu motor TSI de 1,4 litro desenvolve 140 cv de potência e é equipado com sistema ACT de gerenciamento de cilindros. O ACT desliga os segundo e terceiro cilindros quando o motor trabalha entre 1.250 rpm e 4.000 rpm, com torque entre 25 Nm e 100 Nm, o que reduz o consumo em cerca de 0,4 litro a cada 100 km, podendo chegar a 1 litro em velocidade constante de 50 km/h. Na reaceleração, os cilindros são novamente ativados e as transições são suavizadas por intervenções do sistema de ignição e da válvula do acelerador.

Der neue Volkswagen Polo BlueGT

Com essa tecnologia, o Polo BlueGT chega a fazer 21,2 km/l  e, quando equipado com a transmissão DSG opcional, o consumo é de 22,2 km/l. Mesmo preocupado com a eficiência energética, o carro atinge 210 km/h e acelera de 0 a 100 km/h em 7,9 segundos, segundo a fábrica.

Ignorando a crise
Um dos modelos que mais causou furor prévio na internet antes de sua apresentação em Genebra foi a versão conversível do Range Rover Evoque. O modelo substituiu o santoantônio por um sistema retrátil de segurança em casos de capotamento (Roll Over Protection System – ROPS).

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O conversível ainda possui toda a tecnologia embarcada da linha Evoque, como o sistema Terrain Response, que adéqua todo o carro à condição de piso selecionada (areia, terra, grama/neve, lama e pedras), reconfigurando a aceleração, tração, suspensão e freios. A Land Rover avaliará a recepção do modelo pelo público antes de fazer planos para a produção do conversível, mas é provável que o modelo seja visto nas ruas a partir de 2014.

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Outro conversível que promete chamar a atenção é a nova geração do Porsche Boxster. Maior, mas com peso mais baixo devido ao projeto de construção leve da carroceria e ao chassi completamente redesenhado, segundo a Porsche, o modelo não ficou apenas melhor de dirigir, mas também está 15% mais eficiente.

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Em um nível mais radical de conversíveis, a Lamborghini literalmente tirou o teto do superesportivo Aventador e substituiu o para-brisa por dois defletores de ar. A versão, chamada de Aventador J, será fabricada em série e dará aos seus afortunados (literalmente) proprietários a sensação de pilotar um legítimo carro de corrida. Mas talvez seja prudente também utilizar um capacete antes de acelerar uma nave dessa na estrada.

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Já a Bugatti decidiu pegar o Veyron, modelo de série mais rápido do mundo, e levá-lo ao extremo: se já não bastasse o motor de 16 cilindros e quatro turbos render exatos e estúpidos 1.014 cv de potência, a nova versão Grand Sport Vitesse desafia a lógica. Graças ao aumento do tamanho dos turbos e intercoolers (precisava?), agora a usina de força rende nada menos que 1.200 cavalos e 153 kgfm de torque, declarados pela fábrica, capazes de fazer o superesportivo acelerar de 0 a 100 km/h em apenas 2,5 segundos e atingir nada menos que 416 km/h de velocidade máxima.

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Com 460 cavalos a menos, mas ainda carregando 740 saudáveis cavallinos rampantes, a Ferrari F12berlinetta estreou em Genebra e é o modelo de rua mais potente da história da marca. Apesar disso, a Ferrari se incumbiu da tarefa de tornar o modelo mais “racional” que a 599 GTB Fiorano, a qual a F12berlinetta substitui, trabalhando para isso em todas as áreas do carro, da afinação do motor V12 de 6,2 litros à aerodinâmica do veículo. Ao fim, a Ferrari afirma que a F12berlinetta consome 30% menos combustível do que sua antecessora, mesmo sendo 120 cv mais potente. É a sustentabilidade chegando até aos superesportivos.

Pé no chão
Voltando ao mundo dos mortais, a Ford levou seus modelos e tendências que vão nortear seus próximos passos na Europa, mas que em breve podem desembarcar por aqui. No estande da montadora, são quatro os modelos principais: a minivan compacta B-MAX, o novo utilitário Kuga, o Focus 1.0 EcoBoost e o esportivo Fiesta ST, os dois últimos já adotando as novas tecnologias em motores da montadora.

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Segundo a Ford, o motor 1.0 EcoBoost do Focus tem potência de 100 cv e faz mais de 20 km/l de combustível, com o auxílio de turbo e injeção direta. O bloco de três cilindros é tão pequeno que cabe sobre uma folha de papel tamanho A4.

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Já o novo Fiesta ST, versão esportiva do hatch, tem motor 1.6 EcoBoost de 180 cv, que, conforme dados da montadora, acelera o carro de 0 a 100 km/h em 7 segundos e à velocidade máxima de mais de 220 km/h. Além do novo motor, o modelo também é equipado com controle de torque vetorial (eTVC) e controle eletrônico de estabilidade com três modos de ajuste.

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A Peugeot aproveita o salão como palco para o lançamento do compacto 208, que será produzido no Brasil a partir de 2013. O modelo consumiu um investimento de 600 milhões de euros por parte da montadora e mobilizou cerca de 500 colaboradores em tempo integral durante quatro anos para o seu desenvolvimento.

Velho conhecido das ruas europeias, o smart fortwo, chega remodelado e dando origem a várias versões, a maioria protótipos especiais para o estande. Mas a série limitada smart fortwo sharpred, esportiva, irá para as ruas nas versões cupê e conversível, com motores a gasolina de 52 kW (70 hp) ou 62 kW (83 hp).

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No estande da Nissan, quatro carros-conceito chamam a atenção, mas o destaque vai para o compacto Invitation, que está previsto para ser lançado na Europa em 2013, posicionando-se no mercado acima do March (chamado de Micra no hemisfério norte). Segundo a marca, o novo modelo tem um cuidado especial com a aerodinâmica, visando diminuir o arrasto, para melhorar o consumo e as emissões. A meta da Nissan de emissão de CO² para o modelo é abaixo dos 100g/km.

Entre novos compactos, preocupados em ganhar espaço nas cidades, e esportivos para aguçar as emoções dos apaixonados por carro, o Salão de Genebra é um panorama geral do futuro do automóvel, com as montadoras empunhando a bandeira da sustentabilidade e da buscando eficiência energética dentro dos motores de combustíveis fósseis, que ainda serão por alguns bons anos a principal alternativa na mobilidade urbana.

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