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Rodando livre por ruas e estradas

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Considerado um item de segurança, o rolamento de roda é uma peça tão básica que muitas vezes não recebe a devida atenção. Fique atento aos sintomas de problemas e evite acidentes!

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A mais básica das funções de um veículo leve ou pesado é ser capaz de se movimentar para sair do lugar. E é justamente esse o papel do rolamento de roda, tanto em leves quanto em pesados: permitir que a roda gire conectada a um eixo fixo. Tão simples quanto fundamental – por isso, sua aplicação, uso e manutenção preventiva são tão importantes quanto as de qualquer outro sistema automotivo. Porém, é muito raro que um rolamento de roda, principalmente em veículos leves, seja trocado dentro do prazo correto determinado pelos fabricantes da peça e do carro. “Mais de 95% dos usuários só trocam o componente quando sua vida útil acabou, ou seja, quando existe a ocorrência de ruído ou vibração”, afirma o supervisor de Engenharia da NSK, Kleber Gomes.

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Rolamento leve NSK

 

Por isso, é sempre bom ficar de olho, já que se trata de um componente que sofre influência direta de vários fatores externos. Para o gerente de Aplicação Automotiva da SKF, Helber Antônio, a vida útil do rolamento está ligada diretamente ao modo de conduzir o veículo, tipo de solo em que trafega e as condições dos componentes de suspensão. “A falta de manutenção preventiva como alinhamento, balanceamento, amortecedores desgastados pode sobrecarregar o rolamento, diminuindo sua vida”, detalha.

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Rolamento leve – SKF

São tantas gerações…

Basicamente, os rolamentos de roda se dividem entre os de “geração zero”, de 1ª, de 2ª e 3ª gerações. Os de “geração zero”, como são chamados pelos engenheiros Diogo Imoto e Alan Lopes da NTN-SNR, são os cujas capas externas podem se separar do miolo formado pelos rolos cônicos (ou esferas) e pista interna, comumente utilizados em veículos pesados.

Rolamentos de 1ª geração são aqueles em que os elementos (rolos cônicos/esferas, pista interna, pista externa/capa, lubrificante e vedações) formam uma peça só para ser aplicada em uma contrapeça – no caso, o cubo de roda, como explica o gerente de Assistência Técnica e Produto da Schaeffler, Airton do Prado.

 

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Rolamento leve NTN-SNR

Já os rolamentos de 2ª geração se diferenciam por serem montados de fábrica no cubo de roda. “Essa evolução facilita a instalação ao eixo. Mesmo tendo um custo maior em relação ao de 1ª geração, ele minimiza os possíveis erros na instalação, fortemente ligados a desgastes e ovalizações encontrados na contrapeça, que muitas vezes já não se encontra com as dimensões originais”, comenta o especialista da Schaeffler, empresa que fabrica os rolamentos FAG e INA.

Já os rolamentos de 3ª geração vêm com o conjunto completo de manga de eixo e flange para fixação da roda. Segundo Kleber Gomes, da NSK, há uma redução significativa do peso do conjunto, além de outras características como a pré-carga correta de fábrica. Para Airton, da Schaeffler, a grande vantagem, além da redução de componentes, redução de peso e facilidade na montagem do rolamento em si, é a durabilidade da peça e a minimização de vibrações e desbalanceamentos.

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Marcas de desgaste nas pistas externas e internas: a qualquer sinal de fadiga, substitua imediatamente o rolamento

Para os rolamentos em veículos leves, Airton avalia que a vida útil média é de 60 mil km, “porém essa quilometragem é afetada em decorrência dos fatores externos, a maneira de conduzir o veículo e o modo que o aplicador instala a peça”. Em boas condições, ele afirma que a peça atinge os 80 mil km. Já Helber, da SKF, recomenda a substituição a cada 70 mil km, por medida de segurança.

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Rolamento leve Schaeffler

Manutenção preventiva em pesados

Um rolamento de rodas da linha pesada (geração zero) deve ser inspecionado e limpo a cada 60 mil km, como afirma Airton, da Schaeffler. O especialista detalha que, durante a preventiva, o mecânico deve verificar se o alojamento no cubo não está ovalizado e também se há marcas de desgaste, como batidas e riscos, na pista externa. Nunca se esqueça de colocar graxa nova do tipo certo e na quantidade adequada. Aproveite a ocasião para inspecionar as pontas dos eixos, as condições das lonas de freio e providenciar a lubrificação dos componentes de suspensão.

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Verifique se o alojamento no cubo não está ovalizado e também se não há batidas e riscos na pista externa

 

“Podemos repetir este processo por quatro vezes, totalizando 240 mil km em média”, estima Airton. “Essa quilometragem pode ser aumentada se as condições forem boas ou reduzidas drasticamente se os fatores externos forem excessivamente agressivos”, pondera. Existem também os rolamentos blindados para veículos pesados, semelhantes aos de 1ª e 2ª geração para veículos leves, que não precisam ser re-engraxados e nem mesmo podem ser desmontados.

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Na preventiva dos pesados, coloque graxa nova do tipo certo e na quantidade adequada.

A graxa é um fator importantíssimo para o rolamento em pesados, cuja eficiência está ligada diretamente ao seu tipo, qualidade e periodicidade da troca. “Com a utilização de graxa inadequada, além de redução da vida útil do rolamento, ele também pode travar”, adverte o especialista da Schaeffler. Já Diogo e Alan, da NTN-SNR reforçam que as graxas dos rolamentos são específicas para esta aplicação e escolhidas de acordo com o tipo do rolamento e as condições de uso. “É extremamente importante que seja aplicada a graxa da marca e quantidade definida pela montadora”.

Helber Antônio, da SKF, explica que se o mecânico lubrificar o rolamento de forma errada (com excesso, falta ou ausência total de graxa), a peça apresentará uma falha prematura. “Da mesma forma, se o profissional tentar reaproveitar a graxa, ela estará contaminada com impurezas e, devido ao uso anterior, sem suas propriedades de lubrificação”, alerta o especialista. Sobre a contaminação da graxa, Diogo e Allan da NTN-SNR também pedem muita atenção ao mecânico para a perfeita limpeza do conjunto e das ferramentas destinadas à aplicação da graxa, já que partículas de sujeira podem causar desgaste prematuro nos rolamentos.

 

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Mantenha a limpeza de peças e ferramentas: partículas de sujeira causam desgaste prematuro nos rolamentos

Inspeção preventiva para os leves

Os engenheiros da NTN-SNR observam que rolamentos de 1ª, 2ª e 3ª gerações são funcionais completas, com vedação e graxa adequadas ao uso, e que nunca devem ser desmontados. Portanto, a preventiva que se faz neles é a inspeção cada 10 mil ou 20 mil km, dependendo da recomendação de cada fabricante ou montadora.

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Utilize um estetoscópio apropriado para diagnosticar ruídos no rolamento

Já o especialista da SKF explica que a inspeção periódica deve ser realizada pelo menos a cada 20 mil km da seguinte forma: 1) suspender o veículo e inspecionar as rodas; 2) girar manualmente a roda com um estetoscópio apropriado encostado na torre de suspensão (ou manga de eixo) e verificar se há alguma vibração. “Outra maneira de inspecionar o rolamento é girar a roda e, com uma das mãos na mola, verificar se há vibrações. Caso positivo, o rolamento deverá ser substituído”, orienta Helber.

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Uma vez removido do carro, o rolamento não deve ser reutilizado: instale um novo

Mais um sintoma que indica o fim da linha para o rolamento é a presença de ruído durante a rodagem. Segundo Kleber, da NSK, a inspeção de ruído deve ser feita, primeiramente, dando uma volta com o veículo em um local de pouco trânsito e piso regular, o que pode ajudar na detecção de várias falhas. Entretanto, o ruído pode ser fruto de outras peças desgastadas, como pneus e pinças de freio defeituosas. Por isso, para ter certeza que o ruído tem origem no rolamento, utilize um elevador que deixe as rodas do carro suspensas para que o veículo possa ser acelerado à velocidade de 60 km/h a 80 km/h; então, utilize um estetoscópio apropriado para a função, encostando a ponta na manga de eixo e verifique a intensidade do ruído.

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Sempre utilize prensa e calços corretos para aplicar a peça; nunca use martelo

“Um rolamento mal diagnosticado, e com excessivo desgaste pode vir a falhar (colapsar) e causar acidentes, ou mesmo provocar o desgaste de outros componentes da suspensão tais como molas, amortecedores e pneus”, adverte Kleber. Ele recomenda a troca preventiva do componente ao mínimo sinal de fadiga de material ou aumento significativo de ruído.

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Alguns carros ainda utilizam rolamentos geração zero na traseira: cuide bem deles!

Para o mecânico ficar atento

Na aplicação, é primordial manter a ordem e limpeza durante o trabalho. Entre as ferramentas obrigatórias para a operação estão a prensa e os calços (ou anéis) metálicos para fazer o apoio correto. “Em se tratando de rolamento de 1ª geração, para a inserção da peça à manga de eixo, a carga da prensa deve ser aplicada somente no anel externo do rolamento”, explica Kleber, da NSK, que complementa: aplicar a carga pelo anel interno acaba marcando as pistas de rolagem, o que condena a peça.

Outra dica, esta para qualquer tipo de rolamento: nunca utilize martelo na aplicação. “Recebemos muitas peças de retorno de campo, com marcas de impacto, e às vezes quebra, para análise em nosso laboratório”, lamenta o especialista da NSK.

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O aperto excessivo da porca afeta diretamente a vida útil do rolamento

Em rolamentos dianteiros selados, Airton, da Schaeffler, adverte para nunca substituir a graxa ou completar os espaços internos, porque pode haver uma reação entre as graxas com composições químicas diferentes, além de um aquecimento elevado no interior do rolamento.

Durante a troca da peça, é muito importante que o aplicador inspecione as condições do cubo e/ou do alojamento do rolamento, no caso da roda dianteira. “Para as rodas traseiras – exemplo do Gol, Escort e Celta -, chamamos a atenção para as condições da ponta de eixo, alojamento das capas do rolamento (tambor de freio) e o ajuste correto na montagem, pois um ajuste incorreto poderá trazer danos ao rolamento”, remocenda Helber, da SKF.

Especificamente para rolamentos de 1ª e 2ª gerações, Diogo e Alan da NTN-SNR reforçam a importância do torque correto da porca do conjunto, que sempre deve ser de acordo com o especificado pela fabricante do veículo no manual de reparação. “Pouco aperto ou muito aperto da porca implica diretamente na diminuição da vida útil do rolamento. Às vezes, o que parece uma ação simples e óbvia, como aplicar o maior aperto possível na porca da roda, para evitar que se solte durante o uso, pode ter consequências desastrosas na vida do rolamento”, alertam os engenheiros.

Item de segurança

Helber, da SKF, é quem alerta para as consequências da falta de manutenção ou de uma má aplicação. “O rolamento é um item de segurança. Sua eventual quebra pode provocar o travamento da roda e um consequente acidente”. Airton, da Schaeffler, faz coro a Helber, detalhando que, inicialmente, o primeiro sintoma de um problema grave é o ruído e que, “caso o problema não seja corrigido, o rolamento pode chegar ao travamento, o que pode ocasionar acidentes e até mortes”.

Entretanto, a manutenção de uma peça como essa depende tanto de quem aplica quanto de quem roda com o veículo. Por isso, é papel do mecânico orientar o proprietário a cuidar do automóvel e também saber identificar sintomas de defeitos como o fim da vida útil de um rolamento de roda.

“Assim como todos os veículos leves ou da linha pesada, as dicas que o mecânico deve passar ao cliente são respeitar os limites de carga e manter a pressão dos pneus conforme indicado pela montadora”, declara Airton, da Schaeffler. “Além disso, também é muito importante fazer alinhamento e balanceamento periódicos e, dentro do possível, evitar impactos, como subir em guia alta ou forçar o pneu contra guias. E, obviamente, fazer a correta manutenção do rolamento, nos períodos prescritos, com a substituição da graxa, corretamente indicada para a aplicação onde necessário”.

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Manter o alinhamento e o balanceamento das rodas preserva a vida útil dos rolamentos

Kleber, da NSK, recomenda fazer alinhamento e balanceamento das rodas a cada 10 mil km rodados. Diogo e Alan, da NTN-SNR, atentam para o perigo de adaptações e recomendam não alterar as configurações de fábrica do veículo, como tipo de suspensão, raio de roda, entre outros.

Desconfie dos “milagres”

E por se tratar de um item de segurança, você, amigo mecânico, deve ficar de olhos bem abertos para falsificações e recondicionamento/remanufatura de rolamentos de roda que vira e mexe aparecem no mercado, sempre de forma ilegal. “Os rolamentos automotivos de maneira geral não foram projetados ou construídos para serem remanufaturados ou recondicionados”, declara Airton. “O motivo básico disso é que após o uso previsto, os ajustes (tolerância e folgas) passam do limite superior de projeto, ou seja, atingiram desgaste excessivo e o limite da fadiga”, complementa o especialista da Schaeffler.

Por isso, não acredite em quem disser o contrário: a produção desse componente, com tolerâncias na casa dos centésimos de milímetro, só é possível com maquinário de alta precisão. “Somente um fabricante de rolamentos de alto nível é capaz de produzir e controlar todas as características necessárias ao bom funcionamento deste tipo de peça”, declaram os engenheiros da NTN-SNR, Diogo e Alan.

“Não é possível recondicionar ou remanufaturar rolamentos automotivos, devido à precisão nas quais são produzidos, de acordo com normas e projetos das montadoras”, declara Helber, da SKF.

Já Kleber, da NSK, relata que existem casos de retorno de campo de peças remanufaturadas, “mas é um processo grosseiro que envolve a coleta de peças em ferro velho e, em alguns casos, há simplesmente o lixamento das pistas de rolagem e mistura de componentes de várias marcas para se montar um rolamento para a venda”, denuncia. “O bom profissional de manutenção consegue fazer a identificação de peças com origem suspeita. Desconfie dos ‘milagres’ de preços e de peças com vedações amassadas ou até mesmo oxidação em seus componentes”, recomenda o especialista da NSK.

Airton complementa observando que um suposto recondicionamento, adequado às tolerâncias de projeto, deveria ter a substituição de todos os componentes, o que inviabiliza o custo da peça. “Portanto, quem recondiciona se preocupa só com a aparência da peça e isto é o ponto de menor importância. A peça tem de ser boa, não necessariamente bonita”, crava.

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Fique atento às falsificações: rolamentos jamais podem ser recondicionados ou remanufaturados

2 comentários em “Rodando livre por ruas e estradas

  1. Edgar, agradecemos sua observação. Ressaltamos que se trata de uma foto meramente ilustrativa. Continue acompanhando nossas publicações. Um abraço.

  2. Prezado editor,
    Observando a matéria, la no ponto onde vemos o mecânico engraxando o rolamento, na segunda foto, junto a ponta do dedo médio o rolamento esta 100% sem graxa entre os roletes. Sim…esta 100% lambrecado de graxa na sua parte externa, mas onde importa, entre os roletes não ha graxa.
    Na primeira foto, quase deu certo, mas a colocação da graxa é pelo outro lado do cone !
    A ideia é forçar a graxa pelo lado maior do cone, até que saia do outro lado do rolamento, por baixo da gaiola e não só “pintar” o rolamento com graxa.
    Fotos, certamente transmitem uma ideia muito mais eficientemente que um texto e essa foto presta uma subtração de valor muito grande à todo o texto.

    https://omecanico.com.br/rodando-livre-por-ruas-e-estradas/

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