Confira a análise das condições de manutenção e reparabilidade do Duster 2023 com o novo motor 1.3 TCe
Durou poucos meses a exclusividade mecânica do Captur 2022 em relação ao Duster, já que o SUV de entrada da marca agora também traz a opção de motor 1.3 TCe turbo. Ao contrário do irmão, o Duster 2023 continua a ser vendido com o conhecido 1.6 SCe nas versões de entrada, ficando a nova opção restrita à configuração topo de linha, Iconic TCe, tabelada a R$ 133.990.
Este motor 1.3 turbo foi desenvolvido em parceria com a Daimler e é utilizado em modelos como Mercedes-Benz Classe A Sedan, GLA e GLB, em versão somente a gasolina, com 163 cv. Para o Brasil, a Renault desenvolveu sistema de injeção flex, fazendo o 1.3 alcançar 170/162 cv de potência (E/G) entre 5.500 e 6.000 rpm. O torque máximo de 27,5 kgfm aparece entre 1.600 e 3.750 rpm com qualquer um dos combustíveis.
Com 4 cilindros, o 1.3 TCe possui bloco em alumínio, duplo comando de válvulas variável com atuadores elétricos, sistema de injeção direta e turbocompressor com válvula wastegate de acionamento eletrônico. O turbo trabalha com pressão máxima de 1,4 bar. Este motor possui ainda tratamentos especiais de superfícies para a redução de atrito em componentes móveis do cabeçote, anéis e pinos dos pistões, além do virabrequim e dos mancais.
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Para suportar o torque extra em relação ao 1.6 SCe, o câmbio acoplado ao 1.3 é um novo automático do tipo CVT com simulação de 8 marchas – nas demais versões, segue a transmissão com simulação de 6 marchas. Ao contrário de outros mercados, onde há opção de tração 4×4, o Duster 2023 segue apenas com tração dianteira. O novo CVT X-Tronic tem bomba de óleo de dimensões reduzidas, cárter de menor volume, válvula de controle hidráulico com maior precisão e corrente de menor largura do que o anterior.
De acordo com dados de fábrica, a aceleração de 0 a 100 km/h do Duster 1.3 turbo é feita em 9,2 segundos, podendo chegar à velocidade máxima de 190 km/h. No padrão do Inmetro, o modelo registra consumo médio de 9,9 km/l na cidade e de 11,7 km/l, na estrada, com etanol. Com gasolina, na ordem, são 13,9 km/l e 16,1 km/l. Para avaliar as condições de manutenção do SUV da Renault, contamos com o auxílio do mecânico Edson Roberto de Ávila, o Mingau, proprietário da oficina Mingau Automobilística, de Suzano/SP.
PRAZOS DE MANUTENÇÃO
Construído na plataforma B0+, a mesma do Captur e que também deriva daquela usada por Logan e Sandero (B0), o Duster chama a atenção pelo maior refino em alguns detalhes na comparação com o irmão, como as molas a gás usadas para erguer o capô. No Captur, mais caro, as duas peças são substituídas pela tradicional vareta. “Como as molas a gás são fixadas próximas ao para-brisa, acabam criando mais espaço para o mecânico trabalhar, sem o risco de esbarrar na haste”, observa Mingau.
“Para ter acesso às bobinas (1) e velas, basta remover o suporte do chicote que passa por cima delas”, nota. De acordo com o manual do fabricante, as velas têm recomendação de substituição a cada 40 mil km ou 3 anos. “Por serem velas de irídio, que geralmente têm maior durabilidade, o prazo mais curto indicado pela Renault pode ser uma forma de prevenir problemas futuros causados por má qualidade do combustível, especialmente nesta versão flex”, comenta o mecânico.
Os bicos de injeção direta também ficam posicionados logo na parte superior do cabeçote. O profissional observa a facilidade de acesso a componentes que podem exigir manutenção no futuro, como a bomba de alta pressão (2) e a válvula PCV (3). “Por conta da contaminação e do nível de qualidade do combustível brasileiro, pode ser necessária a troca da membrana PCV. Quando houver essa necessidade de substituição, basta remover a mangueira de captação de ar para remover a membrana”, explica o profissional.
A troca de óleo e filtro de óleo do motor deve ser feita a cada 10 mil km ou 1 ano. O manual recomenda óleo de motor Castrol que atenda à classificação ACEA A3/B4, mudando a viscosidade apenas na especificação de baixas temperaturas (W). No plano de manutenção, estão previstos os graus de viscosidade 15W40 (para temperaturas de até -15ºC ou superior), 10W40 (-20ºC), 5W40 (-25ºC) e 0W40 (-30ºC). A capacidade do cárter, incluída a troca do filtro, é de 4,8 litros. “Sempre siga o que determina a fabricante do veículo, com o lubrificante recomendado pelo manual”, ressalta.
O fluido de freio (4) possui especificação DOT4+ e indicação de substituição apenas a cada 80 mil quilômetros ou 4 anos, segundo o manual da Renault. “Considerando o trânsito urbano e o fato de ser um carro turbo e com câmbio automático, a recomendação é antecipar este prazo. O fluido hidráulico do sistema de frenagem acaba recebendo todo o calor do cofre e pode ter as características alteradas”, comenta.
Para a realização da sangria, Mingau dá uma dica importante. “Vale salientar que em todo veículo com ABS, no momento da substituição do fluido de freio, é necessário estar com o equipamento de diagnóstico conectado ao carro para fazer a simulação de funcionamento dos solenoides. Caso contrário, a substituição do fluido será feita de forma paralela, externamente”, explica.
A substituição do fluido de arrefecimento (5), segundo a Renault, também deve ser feita a cada 80 mil quilômetros ou 4 anos. O produto homologado é o Glaceol RX Type D (do tipo pronto para uso e de cor amarela). Para a troca, são necessários 5,45 litros. “A manutenção do sistema não mudou em relação ao Duster 1.6, pois o radiador continua com os mesmos pontos de fixação para a desmontagem”, observa.
Para a substituição do filtro de ar (6) do motor, basta soltar as travas da tampa e puxar o alojamento, que é do tipo gaveta. A recomendação da Renault é de que a substituição seja a cada 10 mil km ou 1 ano, mesmo intervalo válido para o filtro de ar-condicionado (7) – alojado na cabine, na região próximas aos pés do passageiro dianteiro.
“Para veículos que trafegam muito por estradas de terra, é preciso antecipar a troca. Jamais utilize ar comprimido no filtro. Também é importante avaliar a quantidade de contaminação da caixa a cada troca. Caso necessário, faça a limpeza adequada da caixa”, orienta o mecânico.
Com sistema stop-start, que desliga e religa o motor automaticamente em breves paradas, o Duster turbo possui bateria de tipo EFB (8), de 60 Ah e CCA de 510 ampères (SAE). “Nunca instale um acumulador de energia convencional em veículos com stop-start, pois a possibilidade de gerar um problema sério é grande”, alerta o profissional da Mingau Automobilística.
UNDERCAR
Com o novo Duster Iconic TCe 2023 no elevador, é possível analisar as condições de manutenção do undercar. Sem o protetor de cárter para melhor visualização, é possível ter acesso fácil ao filtro de óleo (9) do motor. “O Duster turbo possui o filtro ecológico, onde é só substituído o refil. É interessante notar que o torque de aperto da carcaça termoplástica já vem sinalizado na peça, evitando quebras e possível dano financeiro”, conta. A substituição do filtro ecológico deve ser feita a cada troca de óleo do motor.
Nas suspensões, que mantêm o arranjo McPherson (10) na dianteira e por eixo de torção (11), na traseira, a manutenção continua descomplicada. “A suspensão dianteira não mudou em relação ao modelo 1.6. Para a manutenção de buchas, remoção das bandejas e pivôs (12) também não há segredos”, observa Mingau.
“Na traseira, a fixação superior do amortecedor (13) é acessível pelo lado de dentro, no porta-malas”, completa.
O sistema de freios também repete a receita das demais configurações, com discos ventilados (14) na dianteira e sistema a tambor (15), na traseira.
“Na dianteira, os mecânicos conseguem efetuar a substituição de pastilhas com ferramentas universais. Pelo nível de potência e torque deste novo motor turbo, o Duster 2023 poderia já vir com freios a disco também na traseira”, comenta o profissional.
O filtro de combustível (16), alojado externamente, tem substituição indicada a cada 10 mil km ou 1 ano.
O sistema de evaporação de gases de combustível, conhecido como cânister (17), está posicionado do lado oposto à saída de escapamento e tem tamanho ampliado, a fim de atender às novas regras de emissões do Proconve L7.
No manual da Renault, a indicação é de que não há necessidade de inspeção de nível e troca do óleo da caixa de câmbio (18) CVT X-Tronic de 8 marchas. A capacidade total do sistema é de 8,6 litros, sendo o valor de enchimento após a drenagem especificado em 3,9 litros. O fluido homologado é o CVT Gearbox Oil NS3.
Para o mecânico, mesmo sem a previsão de troca, a manutenção preventiva não deve ser descartada. “O fluido do sistema de transmissão recebe calor e atrito constantes, o que implica na vida útil. Eu recomendaria a substituição entre 45 mil e 60 mil quilômetros”, opina o especialista.
Após a análise das condições de reparabilidade do novo Duster turbo, Mingau aprovou o arranjo mecânico do modelo. “A atenção fica voltada ao propulsor e à eletrônica implantada ao funcionamento do mesmo. A dica que eu deixo é que o profissional precisa estudar e buscar informações para poder executar a manutenção da forma correta, além de investir em equipamentos. Nossa realidade da manutenção automobilística exige atualização constante”, conclui o mecânico.
Texto & fotos Gustavo de Sá
As pastilhas de freio da Duster 1.3 turbo o modelo é o mesmo da versão 1.6?
Qual fluido de radiador devo usar?
O nível do reservatório está muito baixo.
Gostaria de saber sobre á autonomia.