Superbanner - Texaco (30/08 a 24/01/24)

Artigo – Por que alguns veículos “pisam torto”?

4236

Por Fernando Landulfo

Não é muito difícil encontrar pelas ruas das cidades veículos que apresentam desgaste prematuro (irregular) dos pneus, assim como, desvios de trajetória (“puxando a direção”). Todo mundo sabe que esses inconvenientes sintomas, além de prejudicar a segurança e o conforto do veículo, implicam em “salgadas” despesas extras: a fiscalização costuma multar, e com toda a razão, quem roda com pneus que não ofereçam as mínimas condições de segurança previstas em lei.

No entanto, pouca gente conhece as reais causas que levam os veículos a “puxar a direção” e/ou terem os seus pneus inutilizados prematuramente. O que circula no mercado é uma mistura de mitos e verdades. Neste ramo da reparação as aparências enganam. Muitas vezes a causa do problema está escondida onde se menos espera. E é neste momento, que o “guerreiro das oficinas” deve mostrar todo o seu conhecimento técnico e recomendar ao seu cliente a melhor solução.

4268

Nos veículos de passeio, o desgaste prematuro dos pneus é o resultado da ação de um ou mais dos seguintes fatores: má utilização do veículo (arrancadas e freadas bruscas), aplicação incorreta dos pneus (índice de carga abaixo do recomendado), má conservação do sistema de suspensão (excesso e folgas e/ou amortecedores sem eficiência), má conservação do conjunto roda/pneu (calibração incorreta, deformação e desbalanceamento) e, por fim, alinhamento incorreto das rodas. Cada um desses fatores provoca um tipo particular de desgaste, que pode ser facilmente identificado pelos olhos treinados de um técnico. Um bom treinamento no assunto, usualmente oferecido pelos fabricantes de pneus e pelas escolas SENAI, habilita o mecânico a essa tarefa.

4242

Os veículos comerciais são ainda mais vulneráveis a esse problema. E a razão é simples: além dos fatores anteriormente apresentados, eles podem ser submetidos a um excesso e/ou distribuição irregular da carga ou rodar sobre pisos extremamente irregulares e abrasivos.

Já a “puxada de direção” tem sua origem em oito fatores distintos, que devem ser observados atentamente, antes de se executar qualquer intervenção mecânica: pressão incorreta dos pneus, deformação dos pneus, assimetria dos pneus (medidas diferentes no mesmo eixo), irregularidade na distribuição de carga, inclinação do piso de rodagem, deformação das rodas, deformações no chassi ou no monobloco e, por fim, o desalinhamento das rodas que, ao contrário do que muitos pensam, tem várias origens.

Alinhamento de direção ou das rodas?

O mercado da reparação chama, já a muito tempo, de “alinhamento de direção” o conjunto de medidas (angulares e lineares) que as rodas de um veículo devem obedecer. Ou seja, o que se chama de “alinhamento de direção” na verdade é o alinhamento das rodas do veículo. Quando uma ou mais dessas medidas estão fora dos valores especificados, o veículo tende a apresentar problemas. No entanto, vamos frisar mais uma vez: desgaste irregular ou prematuro dos pneus, assim como desvios de trajetória, podem ter sua origem em diversos fatores, além do desalinhamento das rodas.

4263

Câmber, cáster e convergência

As medidas mais conhecidas do reparador e do público em geral são: câmber, cáster e convergência, que causam desgaste irregular e desvios de trajetória quando estão fora de especificação. Mas o alinhamento não para por ai. Existem outras medidas, menos conhecidas, que também podem provocar vícios. Além disso, são de suma importância na elaboração de diagnósticos precisos, envolvendo componentes da suspensão e a estrutura do veículo. São elas: inclinação do pino mestre (KPI), set-back, ângulo incluído e ângulo de impulso. Suas definições podem ser encontradas em qualquer boa literatura sobre o assunto, mas vale a pena fazer um treinamento. O profundo conhecimento desses parâmetros pode fazer com que grandes mistérios sejam resolvidos rapidamente, mesmo que o fabricante do veículo não especifique os limites. Por exemplo: um set-back exagerado, que provoca desvios de trajetória, pode indicar uma deformação em uma longarina e não num componente da suspensão.

Não se esqueça das rodas traseiras

Um detalhe importante, no que diz respeito ao alinhamento das rodas, é a necessidade de se medir também as rodas traseiras. Como muitos veículos não permitem qualquer ajuste no alinhamento das rodas traseiras, alguns profissionais deixam de lado essa medição. Mas ao fazer isso se descarta a possibilidade de se medir o set-back e o ângulo de impulso, que são importantíssimos na identificação das causas do “volante desalinhado” e da “puxada de direção”. Além do mais, o fato de um componente não poder ser ajustado, não significa que ele se encontra no seu devido lugar. Afinal de contas, quem foi que disse que o desgaste irregular dos pneus ocorre apenas nas rodas dianteiras?

Medidas corretas

Outro detalhe, que não pode ser deixado de lado, é a metodologia de medição. Não existe uma única regra para medir todos os veículos. Alguns modelos de origem européia exigem o posicionamento da suspensão em uma determinada altura, antes da realização da medição, para não ter leitura falsa.

O que pode e o que não pode ser ajustado

A possibilidade de regulagem de um ou mais parâmetros, depende única e exclusivamente do projeto da suspensão. Se uma medida se encontra fora de especificação e o fabricante não permite a sua regulagem, deve-se analisar criteriosamente o veículo, como um todo, antes de se tomar uma atitude mais drástica (deformar os componentes). Uma atenção especial deve ser dada a sua estrutura onde, por sinal, se encontra ancorada a suspensão.

Já houve casos onde peças da suspensão foram deformadas, mas o vício não desapareceu totalmente. Na verdade, o problema se encontrava em uma das longarinas, que se estava ligeiramente deslocada, devido a uma reparação de colisão mal feita.

4261

Agora, quando um ou mais componentes da suspensão se encontram realmente deformados, devido à colisão contra buracos e sarjetas, cabe ao mecânico a responsabilidade de orientar o seu cliente na tomada de uma importante decisão: autorizar a substituição das peças danificadas, como recomendam os fabricantes (opção mais cara, porém mais segura), ou tentar devolver aos componentes danificados suas características originais (opção mais barata).

Um critério rigoroso também deve ser utilizado quando a regulagem de um determinado parâmetro atinge o seu limite. Por muitas vezes a substituição de um jogo de buchas, ou de um braço da suspensão, devolve ao sistema a capacidade de ajuste.

As aparências enganam

Os vícios também podem aparecer mesmo quando determinados parâmetros se encontram individualmente dentro das especificações. Basta que as medidas entre o lado esquerdo e direto, de um mesmo eixo, sejam muito diferentes. Exemplo: um veículo que apresenta o valor do cáster no limite superior na roda direta e no limite inferior na roda esquerda tende a puxar a direção para a esquerda. Deve haver um equilíbrio entre os dois lados. Só que esta necessidade nem sempre é apontada nas especificações do fabricante.

4272

Por baixo de uma bela camada de tinta, podem se esconder pontos de ancoragem de suspensão deformados. Nos veículos que sofreram reparos de colisão é importante verificar se as medidas padronizadas entre pontos (constantes dos manuais de serviço de carroçaria) se encontram dentro da especificação.

Dica
Diante de um dos vícios apresentados, faça um processo de eliminação de causas, começando sempre pelo mais simples. Não se esqueça de fazer uma entrevista detalhada com o cliente. Muitas vezes, a solução do problema requer apenas ações simples, rápidas e baratas.

2 comentários em “Artigo – Por que alguns veículos “pisam torto”?

  1. Meu gol g4 apos alguns quilometros anda torto ao parar o vriculo em linha reta a trazeira fica para a direita…o q pode ser?

  2. Meu gol g4 apos alguns quilometros anda torto ao parar o vriculo em linha reta a trazeira fica para a direita…o q pode ser?

Envie um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

css.php