Perfeito funcionamento do conjunto de suspensão depende da aplicação de molas de boa qualidade e fidelidade ao prazo de revisão preventiva. Então, muita atenção para esse item, que tem envolvimento direto com a segurança do veículo e de seus ocupantes
Segurança em primeiro lugar. É sempre nisso que pensamos quando orientamos nossos clientes sobre a necessidade de se realizar a manutenção preventiva no seu veículo, principalmente, quando o assunto é suspensão. Você sabe muito bem o que pode acontecer com um carro numa estrada, a 120 km/h, com um item de suspensão avariado, mas o seu cliente sabe?
A suspensão é responsável por absorver as irregularidades do solo e manter as rodas no chão, dando ao veículo estabilidade. As molas, parte essencial do conjunto, juntamente com o amortecedor e batentes, têm a função de suportar o peso do veículo, dos seus ocupantes e da carga transportada. As molas garantem também a altura, o equilíbrio e a estabilidade do veiculo em curvas ou freadas.
É essencial utilizar molas de boa procedência numa eventual troca, aliás, como funcionam em paralelo com o amortecedor, alguns fabricantes recomendam que se um deles for substituído o outro também deve ser. Já a Magneti Marelli orienta que a substituição das molas ocorra a cada duas trocas de amortecedor. Portanto, é sempre bom verificar o que está descrito no manual do proprietário do veículo.
Sobre manutenção preventiva, Mônica Cassaro, diretora de Comunicação e Marketing da Magneti Marelli Cofap Autopeças, afirma que as revisões periódicas são recomendadas em intervalos de 5 a 10 mil quilômetros e que devem ser verificados se existem sinais de corrosão, se os elos estão se tocando quando a mola se comprime (indicação de fadiga do componente) e se há perda significativa de altura do veículo. “A substituição pode ser efetivada quando as molas apresentarem problemas técnicos e por quilometragem (preventivamente)”.
Newton Rosset, gerente de Marketing e Vendas Reposição da Molas Fabrini, também recomenda avaliações a cada 10 mil km e troca preventiva entre 40 a 50 mil km. “Se desgastadas, as molas deixam de absorver os impactos causados pelas irregularidades do piso, e assim, não garantem altura e o curso correto de trabalho dos amortecedores, prejudicando, amortecedores, batentes, coxins, bandejas, alinhamento e consequentemente pneus”.
De acordo com Marcos Almeida, gerente Comercial da Aliperte, o prazo da revisão depende ainda das condições de uso do automóvel. “Um dado interessante é que quando um veículo percorre 1 mil metros, as molas sofrem 2.625 ciclos, ou seja, quando tiver rodado 60 mil km, as molas terão 157.500.000 ciclos trabalhados. Além disso, uma mola fadigada aumenta a distância na frenagem brusca em aproximadamente 2 metros”, alerta.
Troca da peça
Muitos clientes na hora do orçamento fazem de tudo para diminuir o gasto, inclusive, sugerem que somente a peça avariada seja trocada. Porém, você como técnico responsável deve informá-lo que um conjunto equilibrado vai garantir a sua segurança, portanto existem muitos outros detalhes a serem observados.
Por exemplo, é unânime a recomendação de que as molas devem ser trocadas aos pares. “Recomendamos, de preferência, a troca das quatro molas, mas quando não é possível, a troca do par é obrigatória, garantindo assim a altura correta, além da dirigibilidade e estabilidade”, diz Newton.
Mais uma dica da Cofap: quando substituir as molas, trocar também os isoladores das molas, quando houver. “Neste momento, os demais componentes da suspensão devem ser avaliados e, caso seja encontrada alguma irregularidade, a substituição ou reparo das peças devem ser providenciados”, observa Mônica.
“A suspensão é um conjunto com vários componentes e o desgaste decorre sobre todos. Quando se aplica a substituição de apenas um item, os demais sofrerão esforço ainda maior e a vida útil deste novo componente será comprometida”, explica Marcos. Ou seja, a falta de manutenção da mola pode prejudicar outros componentes do sistema e deixar um prejuízo muito maior para o seu cliente, portanto, deixe isso muito bem explicado.
De acordo com Mônica, na hora da aquisição da peça nova, é importante verificar a aplicação específica para o veículo, levando em consideração os acessórios – ar-condicionado, direção hidráulica etc, além do ano do veículo e a posição de montagem.
“O uso do encolhedor de molas é necessário nos casos em que a mola é maior do que o amortecedor. Existem poucas aplicações cuja troca pode ser feita sem essa ferramenta”, comenta Monica.
O gerente das Molas Fabrini alerta: “as molas são montadas na suspensão sobre pressão e devem ser aplicadas por profissionais qualificados e que possuem treinamento, além disso, a utilização de ferramentas adequadas garantem uma instalação segura e a montagem correta”.
Recondicionamento Não!
É muito importante frisar que não existem processos para recondicionamento de molas de suspensão que atendam as exigências de maneira idêntica às novas, segundo a Cofap. “Ou seja, não é recomendada a utilização de molas recondicionadas”, avisa Monica. Ela reforça que para fugir da pirataria o ideal é procurar por um produto cujo fabricante ofereça garantia.
Newton comenta ainda que infelizmente existem molas falsificadas ou reaproveitadas e vendidas como novas. “Para se evitar ou acabar com esses mercados, recomendamos aos mecânicos a inutilização das molas, esmerilhando os elos centrais antes do descarte correto”.
De acordo com a Aliperti, a fabricação de molas depende de vários processos e procedimentos para manter a carga e a qualidade do produto. “Uma mola fadigada após o uso causa o desgaste do material que perde a sua resistência, não sendo possível fazer retrabalhos”.
Em relação à pirataria, Marcos enfatiza: “não sei se o termo é Pirataria, o que pode ocorrer são alguns métodos para baixar ou aumentar a altura da mola, métodos conseguidos através de um pré-aquecimento no material, que com certeza trará muitos prejuízos para a suspensão e segurança. Sugerimos a substituição por produtos com qualidade assegurada”, complementa.
É essencial informar o seu cliente que as molas não permitem reparo e nenhum tipo de conserto. “Qualquer forma de aquecimento, ou faíscas geradas por equipamento de solda em uma mola, danificará o tratamento térmico e poderá ocasionar a quebra do produto”, alerta Marcos.
Diagnóstico e aplicação
Na hora da avaliação do mecânico, Mônica recomenda: “verificar se a altura do veículo difere da original, se há diferença de altura entre os lados do veículo, molas com sinais de ferrugem ou de elos batendo e batentes do fim de curso da suspensão constantemente deteriorados são alguns sinais claros da necessidade de substituição das molas”.
Newton orienta ainda uma inspeção para procurar por pintura descascada, elos ou espirais batidos, batentes danificados, arriamento do veículo e quebra da mola. Marcos, da Aliperti complementa: “quando surgir pontos de ferrugem ou marcas de elos encostados nas molas precisam ser substituídas. Como sofrem esforços de compressão e tração, pontos de corrosão ou marcas podem acarretar a quebra da peça”.
Se o produto for mal aplicado, pode acarretar alteração da altura do veículo em relação ao projeto original, diferenças de altura entre os lados do veículo, perda de dirigibilidade e da estabilidade, além de danificar outros componentes do conjunto. E toda parte de alinhamento fica comprometida, colocando em risco a segurança dos ocupantes do veículo.
Alerte seu cliente
Para aumentar a durabilidade do produto, a Magneti Marelli Cofap orienta que o veículo seja utilizado de acordo com a sua finalidade e projeto, além de examinar a mola e demais componentes da suspensão nas revisões periódicas. Excesso de carga, freadas bruscas, pancadas, cortar ou aquecer os elos com intensão de rebaixar o veículo são práticas que devem ser evitadas, segundo a Molas Fabrini.
Estado de arte em molas
Com a tecnologia em evolução tão constante no setor automotivo, saiba que apesar de ser um item basicamente mecânico, a mola também tem seus aprimoramentos. A Cofap explica que existem evoluções em relação à geometria da construção do produto, como, por exemplo, as molas LFO (Linha de Força Orientada), que no mercado são chamadas de molas “banana”, devido à aparência.
“Esse tipo de tecnologia já é largamente utilizada. Outros exemplos de tecnologias não tão recentes, mas em uso, são passos variáveis na construção da mola e diferentes diâmetros de barra e as molas cerâmicas, mas atualmente ainda não estão disponíveis para o mercado”, comenta Monica.
Já Newton esclarece que, com a necessidade de redução de massa, consequentemente peso em novos projetos (veículos), alta resistência a fadiga, alta resistência a corrosão, estão sendo desenvolvidas molas em fibra de vidro ou tubular.
Carros rebaixados
Para rebaixar um carro, são retiradas as características de projeto da mola. “Existem várias maneiras de se fazer isso: esquentar a mola e comprimir o que causa avarias na peça, fazendo com que perca as suas especificações. A outra maneira é cortar os elos, simplesmente. Para rebaixamentos mais radicais, existe o variável, com a suspensão de rosca, cujo prato que apoia a mola tem uma rosca, que quando é apertada o apoio sobe e o carro abaixa. E o último é a suspensão a ar, com bolsa de ar, que pode ser mais ou menos inflada, dependendo de quanto ar tem na bolsa. Todas essas maneiras não são permitidas pelo código de trânsito”, conta Newton.
As Molas Fabrini desenvolvem um produto que rebaixa o carro, mas não é nada radical e muitas vezes levam o carro para a altura que tinha no seu país de origem, estas molas rebaixam o veículo entre 20 e 50 mm, dependendo do modelo do veículo.
Então, quando a mola esportiva é desenvolvida por um fabricante de boa procedência, leva em consideração uma série de fatores, como a preocupação em não desgastar prematuramente outros componentes, que um rebaixamento radical desgastaria. Outro ponto de atenção é não prejudicar a montagem e o encaixe das molas. “O conforto, a dirigibilidade e a segurança não de extrema importância, mesmo sendo um produto com apelo mais esportivo, não deixamos de levar esses pontos em conta”, finaliza.