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Qualidade em Série: Oficina ecológica

Num momento em que a preservação do meio ambiente é uma das questões mais discutidas globalmente, saiba o que você pode fazer no dia-a-dia de sua oficina para aderir à essa nobre causa
Carolina Vilanova

 

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dsc_0046Já não é de hoje que a preocupação com o meio ambiente vem mexendo com a sociedade de um modo geral. A preservação da natureza e os riscos que sua destruição pode trazer para a raça humana e todos os seres vivos são assuntos em pauta na maioria dos setores industriais, e o universo automotivo, por ter uma grande parcela de culpa na emissão de poluentes na atmosfera, é um dos mais pressionados na luta para limpar o planeta e tentar reverter essa situação.

 

Essa conscientização ecológica, na verdade, partiu, mais uma vez, das montadoras, e foi tomando força em toda a cadeia automotiva. Começou nos salões do mundo inteiro, com protótipos ecológicos, combustíveis alternativos e outros meios de preservação. Os fornecedores, fabricantes de peças, pneus e combustíveis assumiram a mesma posição. Agora, como parte importante da cadeia, por conta da manutenção e reparação de veículos, a oficina mecânica também está aderindo à causa.

 

Mas o que fazer? Tanto se fala e muito pouco se faz efetivamente dentro de uma oficina para contribuir com a ecologia. Hoje em dia, porém, mais do que uma questão social, a preservação virou uma questão de saúde pública e até legal: o cerco para quem não respeita as leis de preservação do meio ambiente está apertando e pode gerar muito prejuízo em multas e processos com penas mais severas.

 

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Na quarta matéria da seção Qualidade em Série, realizada com a participação do IQA (Instituto da Qualidade Automotiva), abordaremos a questão da separação dos resíduos nas oficinas e o descarte correto de peças e outros lixos gerados da reparação. Trazemos nessa matéria recomendações, informações e dicas sobre como fazer parte dessa luta, no gerenciamento de sua própria oficina ecológica. Você pode começar hoje, sem gastar nenhum tostão.

 

Hora de separar e reciclar

 

“O trabalho de separação de resíduos e descarte correto de peças numa oficina mecânica começa com a conscientização dos seus colaboradores”, afirma José Pala cio, do IQA. “Os mecânicos precisam desenvolver a cultura da preservação do meio ambiente, começando com atitudes simples, e a partir daí fazer desse exercício uma constante no seu local de trabalho e até mesmo em casa”, completa.

 

A questão da preservação do meio ambiente e o descarte correto de peças e líquidos em estabelecimentos de reparação automotiva começaram com a necessidade de separar a água do óleo. “Essa mistura (água e óleo) proveniente da lavagem de motores, por exemplo, e outros resíduos como terra e impurezas vão diretamente para o esgoto, contaminando o saneamento público. Para amenizar essa situação muitas oficinas adotaram caixas decantadoras, que fazem o trabalho da separação, jogando no esgoto a água limpa e num outro recipiente o óleo coletado, que depois pode ser vendido.

 

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Palácio afirma que esse método hoje é recomendado pelo IQA, mas vai ser um requisito obrigatório para a certificação em breve, que será cobrado numa auditoria. “Tudo começou com uma parceria que fizemos com a CETESB para o programa de manutenção de veículos pesados”. De acordo com a lei 9605 de 12 de fevereiro de 1998 do Ibama, os resíduos devem ter descarte específico feito por empresas capacitadas e credenciadas para essa prática.

 

“É importante lembrar que esta inscrito na lei de crimes ambientais, que o lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, detritos, óleo ou substâncias oleosas no esgoto pode gerar uma pena de reclusão de um a cinco anos”, alerta. Ele explica que as oficinas devem atender à Resolução do CONAMA 362, de 23 de junho de 2005, que determina como o descarte do produto deve ser e o que fazer com o produto utilizado.

 

“A lei já existe o que falta é fiscalização, que começará a ficar mais rigorosa em breve”, avisa. Isso porque a norma NBR 10004 classifica o óleo lubrificante descartado como um produto altamente tóxico e perigoso para a saúde e o meio ambiente.

 

E, em relação aos pneus, também já existe uma regulamentação que aponta os fabricantes como responsáveis pelos resíduos de seus produtos, desde 2005. De acordo com a Resolução CONAMA n° 258, os fabricantes de pneus são responsáveis pelo destino dos seus produtos para que não impactem nomeio ambiente. A ANIP inclusive faz um trabalho forte neste sentido, para qual foram criados diversos ECOPONTOS em todo o país, com a intenção de recolher os pneus. Em geral, todos os produtos automotivos descartados são de responsabilidade do fabricante.

 

Principais aspectos que impactam a oficina

 

De acordo com o IQA os lixos mais prejudiciais gerados em uma oficina são:
– óleo lubrificante usado
– emissões e gases
– descarte de sólidos, como panos, papelão e peças
– descarte de sólidos embebidos em óleo
– produtos minerais e ferrosos
– plásticos
– baterias

 

Para amenizar o impacto desses produtos no meio ambiente é necessário observar melhor a maneira que esses produtos são descartados, para começar a se encaixar na lei. O primeiro passo é fazer a coleta seletiva, que custa somente o valor dos latões (recipientes) identificando: metal, vidro, plástico e papel. Tenha uma área isolada para peças que não permitem reciclagem.

 

Veja como proceder com os seguintes produtos:
– Água misturada com outros ingredientes, como óleo: o ideal é ter na sua oficina um decantador de água que faça a separação da água e do óleo. O custo de um decantador fica em torno de R$ 2000,00. Vale lembrar que a Cetesb multa a empresa que derrama óleo na calçada e no esgoto.- Óleo lubrificante: na hora de retirar do carro use um funil e armazene o conteúdo utilizado num recipiente. Quando juntar uma quantidade grande, o óleo deve ser recolhido por empresas credenciadas pelo Ministério do Meio Ambiente, que fazem o rerefino do produto. Eles pagam em torno de R$ 50,00 por um barril de 200 litros de óleo usado. Outra dica é manter em sua oficina pisos cimentados não porosos, que não absorvem o óleo, facilitam a limpeza, sem prejudicar o solo e nem o visual.- Panos sujos: podem ser descartados ou laváveis, recolhidos por uma lavanderia especializada em lavar materiais de oficinas, como roupas e paninhos. Vale lembrar que não se usa mais estopa, pois pode ser perigoso para a qualidade do serviço e para a segurança do técnico. Os panos que vão para lavagem devem ser estocados num lugar especifico para esse fim.

– Solventes: também podem ser recicláveis e servem para outros serviços.

– Peças usadas: o ideal é que a oficina tenha um local separado para o armazenamento dessas peças até que sejam recolhidas pela empresa de sucata.

– Gás do ar condicionado: esse gás não pode ser jogado na atmosfera. É necessário o uso de equipamento adequado que recolhe o gás e devolve uma parte dele para ser reaproveitado novamente.

 

Em todas essas situações, exija o comprovante da empresa, para segurança e garantia de que o produto foi realmente recolhido por pessoal credenciado e que o destino será o correto. “Passe a documentar toda a retirada de material da sua oficina, para não ser cúmplice de mau descarte e ter a certeza de que a empresa que retirou os resíduos está dando o destino certo para aquilo e se está autorizada”, salienta Palácio. Vale lembrar que, por lei, esses documentos devem ser arquivados por no mínimo 5 anos.

 

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Como essa atitude faz parte de um processo de educação, é importante que o gestor invista em estrutura e treinamento para os seus funcionários. “Treine internamente o seu pessoal e conscientize-o da importância da preservação do meio ambiente. Faça ações de comunicação interna e não esqueça da sinalização em sua oficina”.

 

O cuidado com o meio ambiente além de ser um compromisso social e legal, ainda ganha pontos com o cliente e você pode capitalizar isso com propagandas. Nos dias de hoje, vale a pena mostrar para os clientes que a sua preocupação com a ecologia é grande. “Propagandas do governo recomendam que os consumidores prefiram empresas amigas do meio ambiente, em conformidade com as questões ecológicas”, completa.

 

Por fim, é importante monitorar os resultados da sua reciclagem, garantir o controle desses processos, criar indicadores para cada item e fazer um comparativo em planilhas de custo, por exemplo, do que era antes e como é agora. No final, terá economia.

 

Selo Verde
O IQA se uniu ao CESVI numa parceria ecológica: as oficinas que atenderem a todos os itens de preservação do meio ambiente recomendados na certificação ganham um selo de reconhecimento público do seu trabalho, o SELO VERDE. Um boletim informativo com as recomendações para se tornar uma oficina verde já está sendo distribuído pelo CESVI.As entidades já haviam anunciado a unificação das certificações para as oficinas de funilaria, com o objetivo proporcionar mais economia na obtenção do documento de comprovação de qualidade.

Agora, juntas oferecem o selo como um reconhecimento das oficinas que estão cumprindo rigorosamente as recomendações. São 10 tópicos ambientais desejáveis e não obrigatórios pelas entidades. “As oficinas que conquistarem o selo estão dentro de uma política ambiental correta. Em breve esses requisitos serão obrigatórios para a certificação”, afirma Palácio.

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Recomendações

 

Analisador de gases

 

Para controlar os os gases lançados na atmosfera é imprescindível a utilização de um analisador de gases. O equipamento serve para verificar e regular os gases emitidos na queima do combustível, garantindo que o o veículo volte às ruas em plenas condições.

 

Reciclador de gás do ar-condicionado

 

No momento de remover o condensador para efetuar o reparo, as oficinas costumam abrir a válvula de escape do ar até que ele se esgote. Esse ar, porém, é contaminado e agride o meio ambiente. O ideal é usar o reciclador, que evita a contaminação e gera economia, já que uma carga de gás custa entre R$ 100 e R$ 150 (dados de agosto de 2007).

 

Máquina lavadora de peças

 

Utilizado para a lavagem de peças em geral, permite a reutilização do solvente por diversas vezes. Desta forma, gera economia para a oficina e diminui a quantidade de solvente a ser descartado no esgoto.

 

Descarte de embalagens plásticas

 

De modo geral, nas oficinas brasileiras, as embalagens plásticas são descartadas no lixo comum, mesmo contendo óleo residual ou outros tipos de aditivos. Segundo a norma 10.004 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), a respeito da classificação de resíduos sólidos, embalagens plásticas e baldes contendo resíduos de óleo lubrificante são elementos perigosos por sua toxicidade. Por isso, o local de armazenamento das embalagens plásticas deve ter piso impermeável, isento de materiais combustíveis e com dique de contenção para o caso de vazamento. Em casos de vazamento, este óleo não deve ser direcionado para sistemas de drenagem pública, mas encaminhado para sistemas de tratamento água-óleo.

 

Obs.: O gerenciamento adequado dos resíduos compreende a correta segregação, acondicionamento, armazenamento temporário, transporte externo, tratamento/destino final e treinamento.

 

Caixa de retenção de areia e óleo

 

O Sindirepa-SP faz recomendações sobre o tratamento de efluentes na oficina, com destaque para a retenção de areia e óleo. Por efluente líquido, entende-se a água usada para a lavagem de peças contaminadas com graxa, óleo ou querosene.

 

O processo se baseia no recebimento da água contaminada com hidrocarbonetos e materiais sólidos que, por meio de uma tubulação, chegam a uma caixa de retenção. Num primeiro estágio, o material sólido (areia, por exemplo) precipita e fica retido no fundo. Num segundo estágio, a água entra contaminada com hidrocarbonetos (óleo, solvente, etc.) que, por ter densidade mais leve, permanecem na superfície.

 

A sugestão é um desnível de 10 centímetros entre a entrada e a saída da água, o que faz com que o óleo na superfície seja desviado para uma caixa de retenção, para depois ser vendido para um novo processo de refinamento.

 

A água precisa passar por uma abertura de 20 centímetros por baixo de uma placa de cimento, que divide o segundo estágio. Assim, mesmo que um pouco de hidrocarboneto consiga passar, ficará retido na superfície, e a água irá para a rede de esgotos por meio de um sifão mergulhado a uma profundidade de 30 centímetros, ficando portando isenta de contaminantes.
* Fonte: Cesvi Brasi

 

Serviços
Empresa de coleta de óleo: Lwart – 11 3686-7420
Empresa de lavagens especiais:
Alsco Toalheiro Brasl – 11 2198-1477
Empresa de sucata: Sucatas MC – 11 4367-1877

 

Mais informações
Cetesb: www.cetesb.sp.gov.br
IQA: www.iqa.org.br
Cesvi: www.cesvibrasil.com.br
ANIP: www.anip.com.br.

8 comentários em “Qualidade em Série: Oficina ecológica

  1. gostaria de saber mais detalhadamente sobre o descarte dos panos de limpeza, nao encontrei empresa que alugue em minha regiao entao terei que descartar.

  2. estava assistindo uma reportagem aqui em Rio branco acre, os donos de oficina não tem um local adeguadro pra descarta seus lixos , gostaria de saber como fazer e comobtransforma este lixa em uma fonte de renda

  3. gostei das orientações, mas gostaria de receber é um desenho da disposição das caixas de coletas da areia, agua e do oleo

  4. Bom dia. Parabéns esclarecedor. Gostaria de receber material sobre descarte de resíduos em oficinas de recuperação de motores elétricos.

  5. Olá, queria parabeniza-lo pela iniciativa! Gostaria que as oficinas mecânicas aqui em Curitiba se espelhassem em vcs, sucesso!!

  6. Gostei das informaçoes e gostaria que me enviasse sempre informacoes a cerca desse assunto.

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