Rogelio Golfarb, diretor de Assuntos Governamentais da Ford Brasil, disse durante o Simpósio SAE Brasil de Novas Tecnologias Automotivas – O xeque-mate da competitividade, em 7 de abril, em São Paulo, que o Brasil precisa definir seu posicionamento no mercado global de automóveis, como fez a Índia ao optar pela produção de carros de baixo custo como o Tata Nano. Ou como a China, que em 2006 investiu US$ 40 bilhões em pesquisa e desenvolvimento, e a Coréia, que é destaque no ranking dos melhores veículos do mundo pela consultoria norte-americana JD Power.
O simpósio da SAE BRASIL contou com a participação de alguns dos principais executivos dos setores de engenharia e tecnologia para debater temas como financiamento de programas de engenharia, desenvolvimento de motores, política industrial e qualificação profissional como fatores de competitividade no cenário mundial. “A indústria automotiva merece incentivos como uma Lei Rouanet, para o desenvolvimento da engenharia”, disse Golfarb, ao cobrar esforços maiores no sentido de tornar o etanol uma ‘commoditie’. Além disso, Carlos Gastaldoni, assistente da Diretoria do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), anunciou novas linhas de crédito para programas de engenharia, incluindo a formação de mão-de-obra especializada para o setor automotivo.
Carlos Eugênio Dutra, diretor de Planejamento e Estratégia de Produtos e Desenvolvimento de Negócios Mercado Externo da Fiat Automóveis, afirmou que um dos caminhos é apostar no desenvolvimento de veículos compactos, de baixa cilindrada. Hermann Middendorf, gerente executivo de Motores EA111 e Ciclo Otto da Volkswagen Alemanha, disse que a tendência é desenvolver pequenos motores a gasolina, potentes e altamente eficientes, com a redução de emissão de CO2. Ele apontou os resultados obtidos pela montadora com a injeção direta e ‘dual charging’ (uso de turbocharger e compressor) na produção em grande escala de motores como TSI de 1.4 litro e 125 kW. “Com etanol, a emissão de CO2 é até 30% menor”, afirmou o especialista.
Paulo Butori, presidente do Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores), cobrou do governo uma política industrial que ajude o desenvolvimento do segmento de autopeças. Já os participantes do painel ‘A visão de quem comanda a engenharia automotiva’ enfatizaram a importância da comunicação para a integração dos centros de engenharia. Bart Laton, diretor de Powertrain da Mercedes-Benz, João Irineu Medeiros, diretor de Engenharia do Produto da FPT Powertrain Technologies, Reinaldo Muratori, diretor de Engenharia da Mitsubishi Motors do Brasil, e Renato Mastrobuono, diretor da SAE BRASIL e da Iveco, foram unânimes ao afirmar que a integração é uma realidade irreversível e os profissionais do setor precisam desenvolver capacidades multiculturais.
– Caminhões e ônibus
No segmento de veículos comerciais, a preocupação de Oswaldo Jardim, diretor de Operações da Ford, e Roberto Cortes, presidente da Volkswagen Caminhões e Ônibus, ficou por conta da introdução do Euro 4, prevista para 2009. A demora na especificação do combustível, finalizada em outubro passado, vai atrasar o programa, segundo os executivos.