Proprietários de oficinas mecânicas da capital paulista falam sobre o volume de serviços no ano passado e destacam que já recebem veículos novos para fazer a primeira revisão
No ano passado o setor automobilístico brasileiro foi marcado pelo maior incremento nas vendas de veículos novos em todo mercado doméstico e a capital paulista, composta por uma frota estimada em torno de 6 milhões de unidades, está entre as cidades que mais recebeu automóveis. Outro dado é que os veículos novos incorporam a cada ano equipamentos mais modernos e sofisticados – fato que exige constante atualização técnica por parte dos reparadores – e já estão chegando nas oficinas independentes, tanto que o ano passado foi considerado bom para o setor.
Responsáveis pela revisão e reparação dos veículos, oficinas revelam como foi o trabalho no decorrer de 2007. Dentre as empresas que tiveram aumento no volume de serviços, a Mercescar, 30 anos de mercado e 20 mecânicos, de um total de 30 funcionários, especializada na marca Mercedes-Benz, obteve um aumento de aproximadamente 20%, e já recebeu modelos 2006 e 2007 para revisão. Ricardo Mian, responsável por gerir os negócios da empresa, atribui ao fato os aumentos nos investimentos, treinamentos, na divulgação da oficina por meio de envio de malas-direta, propaganda e maior contato com os clientes. “Janeiro de 2008 foi fraco devido os motoristas realizarem a manutenção preventiva em dezembro do ano passado, entretanto, a perspectiva para este ano é muito boa”, explica Mian, destacando que a empresa investe maciçamente em treinamento dos funcionários.
No Centro Automotivo Araújo, com dois anos de mercado e seis funcionários, o decorrer do ano passado foi bom, com volume de serviços em evolução no decorrer dos meses, além da inserção de novos clientes. “A expectativa para este ano é ainda melhor por causa da proximidade da inspeção veicular programada na capital paulista em 2009, apesar da linha diesel começar ainda neste ano. Também temos constatado a chegada de veículos novos para realizar a primeira revisão em nossa oficina, para troca de óleo, filtros, correias e pastilhas de freio”, comenta Ivanilson Araujo de Almeida, dono da oficina, e reclama da dificuldade de encontrar mão-de-obra especializada no mercado. Ele acrescenta que em relação à garantia oferecida pelas fabricantes de veículos, as montadoras deveriam especificar melhor quais itens estão cobertos, para não causar dúvidas ao consumidor no momento da revisão.
Outra empresa que segue a mesma vertente de crescimento é a Autofix, instalada no subsolo da loja deautopeças Volicar, na zona sul de São Paulo. Segundo João Ricardo de Andrade Oliveira, gerente com formação de tecnólogo pelo Senai, o ano passado foi bem melhor, os negócios cresceram, fizeram mais cabeçotes de motor, contrataram funcionários, melhoraram o atendimento e a qualidade da mão-de-obra, automatizaram o sistema por meio de comando de código de barras para pagamento de peças e incluíram o serviço leva e traz, gratuito, para que o cliente, em certos casos, não necessite ficar horas na espera de um serviço em seu carro. “Antigamente, quando havia nesse local outra oficina, tínhamos diversas reclamações, mas agora percebemos o aumento na quantidade de serviços e satisfação dos clientes. Outro dado relevante é que janeiro deste ano surpreendeu, pois acreditávamos que teria uma caída por causa de despesas pessoais das pessoas por conta do IPVA e matrículas escolares, que geralmente incidem em janeiro”.
Por outro lado, na Pillat Automecânica, com 23 anos de experiência e quatro funcionários, especializada em veículos importados e nacionais, os últimos três meses foi marcado pelo menor número de serviços. Seu sócio-proprietário, Marcos Pillat, culpa a recessão financeira e disse ainda que voltou mais cheques de clientes do que o habitual. “Mesmo com esses problemas janeiro de 2008 foi melhor em comparação ao mesmo mês do ano anterior, e fevereiro está sendo considerado bom. Talvez as pessoas guardaram o 13º salário para pagar o IPVA e IPTU. Também temos realizado manutenção preventiva em veículos novos de várias marcas”, avalia.
De acordo com Marcio Moreira Campani, gerente técnico da Ninim Reparação Automobilística, localizada na zona leste da capital paulista, em 2007 o volume de serviços caiu mês a mês, mas esse começo de ano estabilizou e esperam que melhore ainda mais. “Quem compra carro precisa fazer a manutenção, mas a concorrência está cada vez mais acirrada e as montadoras também fabricam carros mais reforçados, com veículos rodando entre 20 e 30 mil km sem fazer a manutenção. Outro fato é que se o motorista não revisa o carro na concessionária, perde-se a garantia do veículo”, argumenta. Mesmo assim, Campani disse que estão chegando alguns carros novos para revisão básica, como alinhamento, balanceamento, além de troca de óleo. O gerente está otimista que em 2008 aumente o número de serviços.
Para Antonio Gaspar de Oliveira, diretor técnico do SINDIREPA-SP (Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo), com base nas empresas que teve contato, é previsível que houve altos e baixos em faturamento, mas no geral foi melhor 2007 em relação ao ano anterior. A expectativa também é boa para 2008 e o mês de janeiro foi considerado contínuo em questão de trabalho. “O que mais incomoda o setor em relação a serviços é uma semana ser boa e outra ruim”, avalia.
Como as montadoras vêm aumentando a produção ano após ano para atender a crescente demanda do mercado doméstico por veículos automotores, aliado ao fato desses automóveis embarcarem as mais recentes tecnologias, além da inspeção veicular na capital paulista prometida para ser realizada brevemente, é necessário que o reparador se atualize e esteja preparado para atender um maior volume de serviços na oficina.
Texto e fotos: Magno Pereira