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Qualidade em Série: Instrumentos de precisão garantem serviços de qualidade

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Ferramentas de medição fazem parte do repertório básico da oficina mecânica que pretende trabalhar com qualidade e eficiência

icone_texto_p Fernando Lalli

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Com a evolução da tecnologia dos veículos, as folgas e tolerâncias de medida entre peças estão ficando cada vez menores e o mecânico deve dispor de ferramentas melhores para fazer as medições necessárias. Instrumentos de precisão como o micrômetro, paquímetro, torquímetro, relógio comparador e goniômetro, entre outros, são obrigatórios para as empresas da reparação que pretendem trabalhar com o máximo de qualidade. “Existem especificações e tolerâncias que o mecânico deve verificar no reparo e ele precisa ter instrumentos de precisão para fazer medições confiáveis”, afirma Marcos Acanfora, analista técnico do IQA (Instituto da Qualidade Automotiva).

Marcos cita como exemplo o reparo em sistemas de freio: um processo básico em qualquer oficina mecânica, mas cuja execução correta demanda medições exatas, já que certos componentes possuem limites de segurança que não podem ser ultrapassados. “Se o mecânico medir a espessura do disco com um instrumento inadequado ou desregulado, e reinstalar no carro um disco fino demais, isso pode causar um acidente pela quebra do disco no momento de uma frenagem forte. Ou, até mesmo, pode acontecer o contrário: o mecânico pode deixar de aproveitar um disco de freio que ainda poderia sofrer um passe porque não mediu adequadamente sua espessura”, declara Marcos.

Ou seja, a medição correta, no exemplo dado pelo especialista do IQA, é uma questão tanto de segurança quanto de economia, o que só deixa claro a importância desse tipo de ferramenta no dia a dia da oficina. O valor do investimento nesses equipamentos não é mais desculpa para não adquiri-los. Atualmente, segundo o especialista do IQA, os preços estão bem mais em conta se comparados ao que eram praticados a seis ou sete anos atrás, parte em função do aumento da oferta de marcas e modelos no mercado.

 

Instrumentos de precisão básicos para a oficina

A seguir, Marcos Acanfora comenta sobre as ferramentas que uma oficina mecânica deve dispor para atender a demanda dos reparos mais comuns.

Paquímetro: ferramenta de medição com precisão centesimal, o paquímetro é um instrumento amplamente utilizado em oficinas para obter, conferir ou comparar medidas com grau maior de precisão e confiabilidade, como detalha Marcos. Mas seu uso nem sempre é o mais indicado, dependendo da função. Voltando ao exemplo dos freios: se a medição de um disco usado for feita com paquímetro, as superfícies de contato de medição da ferramenta vão pegar na rebarba externa do disco e não fazer a medição correta. Neste caso, a ferramenta correta é o micrômetro, cujo arco permite que o fuso roscado e o batente não sofram interferência da rebarba nesse tipo de trabalho.

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Micrômetro: instrumento com precisão milesimal, o micrômetro é utilizado nos casos em que a precisão de medição do paquímetro não é suficiente. Existem diversos tipos de micrômetro e diversas faixas de utilização (de 0 a 25 mm, de 25 a 50 mm e assim por diante). É um instrumento bastante delicado e seu manual de utilização deve ser seguido à risca.

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Torquímetro: instrumento para medição de aplicação de força em aperto de parafusos e porcas e essencial para o trabalho na oficina. O analista técnico conta que, no trabalho de certificação de oficinas feito pelo IQA, a recomendação do uso do torquímetro é expressa, principalmente, no aperto dos parafusos de roda, que variam de acordo com os tipos de roda e parafuso. “Muitos ainda usam a pistola pneumática para fazer apertos, o que é errado e pode espanar o parafuso por torque excessivo”, observa Marcos. Ele aproveita para apontar que muitos mecânicos utilizam o torquímetro como se fosse uma chave, quando na verdade deveria ser utilizado apenas no momento do aperto final. “O instrumento deve ser utilizado para o fim que foi criado”, sublinha.

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Goniômetro: a rigor, este instrumento é um transferidor de grau utilizado para aplicação de aperto angular. Sua vantagem é ser mais preciso do que o torquímetro, por isso, é preconizado pelas fabricantes de automóveis e autopeças em reparos de junta homocinética e cabeçote, por exemplo. “Existem mais divisões na escala de aperto angular do que em quilogramas-força (kgfm), por isso é mais preciso do que o torquímetro”, detalha o especialista do IQA.

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Relógio comparador: utilizado para verificar paralelismo e planicidade de superfícies, como no reparo de blocos de motor, cabeçote, cubos de roda e discos de freio.

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Manômetro: utilizado para verificar pressão hidráulica em circuitos fechados, como linha de combustível, sistema de arrefecimento e sistema de lubrificação. “A bomba de combustível trabalha com pressão constante, então, tem uma tolerância. Para testar a bomba, o mecânico precisa ter um manômetro adequado e calibrado para saber se a bomba está mandando a pressão que tem que mandar ou se está fraca”, descreve Marcos.

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Analisador de gases (Ciclo Otto) e Opacímetro (Ciclo Diesel): é verdade que o fim da Inspeção Veicular Ambiental na cidade de São Paulo/SP desestimulou a compra desse tipo de aparelho, mas vale lembrar que um analisador de gases não serve apenas para validar resultados referentes à poluição emitida pelo veículo – trata-se de uma ferramenta de diagnóstico do motor e do sistema de exaustão. “Não adianta reparar o motor ou mexer na bomba de combustível se o carro não sair regulado”, afirma o especialista, ressaltando que a leitura de parâmetros através do scanner automotivo não substitui o trabalho do analisador de gases, já que o scanner não tem como medir o resultado final da emissão na ponta do escapamento.

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Cuidados com instrumentos de medição

Não basta apenas comprar esses equipamentos e achar que tudo está resolvido: instrumentos de precisão devem ser manuseados e guardados da maneira certa. Eles possuem estojos próprios nos quais devem ser acomodados corretamente e depois guardados em armários separados – só devem sair dos estojos no momento de sua utilização.

“Não deixe os instrumentos em cima da bancada, pegando poeira ou no meio de graxa. Partes móveis podem ser danificadas e, numa futura medição, o resultado pode ser impreciso”, adverte Marcos. Fique atento também à lubrificação (quando houver necessidade) e à limpeza: evite mexer nesses instrumentos com as mãos sujas.

Outro ponto é que, enquanto estão guardados, paquímetros não devem ficar fechados e micrômetros não devem estar travados, como observa Sérgio Ricardo Fabiano, gerente de serviços do IQA. “Principalmente em épocas de grande oscilação de temperatura entre noite e dia, as ferramentas podem dilatar e se deformar. Isso estraga o equipamento”, afirma Sérgio. Por isso, Marcos Acanfora recomenda que o mecânico sempre deve conferir se o zero da ferramenta está coincidindo antes de usá-la. “No caso do micrômetro, junto com a ferramenta no estojo vem um padrão para zerar o instrumento”, aponta.

Além disso, todos os instrumentos de precisão da oficina devem ser regularmente aferidos em um dos laboratórios especializados filiados à Rede Brasileira de Calibração (RBC). “Com a aferição periódica no laboratório, o mecânico garante a confiabilidade do instrumento”, declara Marcos. A recomendação é que a aferição seja feita a cada 12 meses, mas se o instrumento é constantemente utilizado na oficina, o período deve ser cortado para 6 meses.

“Quem trabalha com instrumentos de precisão vai ter uma confiabilidade muito maior no serviço que ele está realizando. A taxa de retorno vai ser muito menor e o custo vai diminuir, porque o mecânico não vai fazer o retrabalho de um serviço que poderia ter sido bem feito da primeira vez. E o cliente vai sair muito mais satisfeito, porque vai ter seu veículo reparado em condições ideais”, finaliza o analista técnico do IQA.

Para saber onde levar os instrumentos de medição para a aferição periódica, o Inmetro disponibiliza a listagem de laboratórios da Rede Brasileira de Calibração (RBC) no site www.inmetro.gov.br/laboratorios/rbc
No site, o mecânico encontrará os laboratórios divididos por região e por escopo de calibração.

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