Evento: Cobertura completa da Semana do Mecânico

Cobertura completa da Semana do Mecânico

Ao longo de seis dias, fabricantes, mecânicos e profissionais ligados ao setor de manutenção automotiva discutiram sobre gestão de oficina, relacionamento com cliente, planejamento e questões técnicas que ainda geram dúvida no mercado; evento também trouxe entretenimento e prêmios aos mecânicos

 

Em linha com o seu propósito de trazer informação e fomentar melhores práticas para os profissionais de manutenção automotiva, a Revista O Mecânico realizou, entre os dias 29 de novembro e 4 de dezembro, a Semana do Mecânico, com entrevistas, palestras e debates sobre temas necessários – e, em alguns casos, polêmicos – do setor, como a relação com o cliente, importância do diagnóstico e até sobre procedimentos técnicos comuns do dia a dia que ainda geram muitas dúvidas entre os profissionais do meio.

O evento foi transmitido ao vivo e gratuitamente pelo canal O Mecâniconline no YouTube. Durante os seis dias de evento, as lives tiveram mais de 25 mil visualizações. Elas ficaram permanentemente no ar e, para assisti-las, basta clicar aqui.

O evento foi feito para justamente reunir profissionais de manutenção automotiva, especialistas das fabricantes de peças e de outras áreas do segmento para indicar os melhores caminhos para o crescimento deste mercado. Ao todo, foram 38 convidados para os cinco debates, três entrevistas e duas palestras que compuseram a parte técnica do evento Desses, 18 atuam como mecânicos.

De segunda a sexta-feira, ao final das entrevistas, palestras e debates, o Quiz do Mecânico, trazendo prêmios para quem foi rápido e certeiro nas respostas sobre o mundo automotivo e técnicas de reparação. No sábado, aconteceu o grande Jogo do Mecânico, com 30 perguntas comentadas por especialistas da indústria e prêmios para os cinco primeiros colocados.

E para encerrar o evento, a dupla sertaneja João Neto & Frederico fez um show especial no palco da Semana do Mecânico para os mecânicos de todo o Brasil: um verdadeiro presente para uma classe que trabalhou duro nesta pandemia.

A apresentação do evento da jornalista convidada Milene Rios como mestre de cerimônia, ao lado do editor da Revista O Mecânico, Fernando Lalli, e do repórter Gustavo de Sá. A Semana do Mecânico também contou com o apoio das empresas ACDelco, Cofap (Marelli), Curso do Mecânico, Delphi Technologies, Ford, Hengst, Hipper Freios, KYB do Brasil, Loja do Mecânico, Lubrax, Mahle, MecânicoPro, Mobil, MTE-Thomson, Nakata, Schaeffler, SKF, Tecfil, Texaco Lubrificantes e Volkswagen.

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Segunda-feira (29/11)
Mecânico vs. Cliente: quem tem razão?

O primeiro dia começou com uma entrevista com o jornalista Renato Bellote do canal “Garagem do Bellote”, especializado em veículos clássicos. Ele festejou sua participação na Semana do Mecânico. “Fiquei lisonjeado com o convite. O Mecânico é uma referência não só para quem trabalha no ramo, mas também para entusiastas. É um conteúdo que traz interesse para profissionais e até para quem gosta de fazer pequenas manutenções como hobby no final de semana”, diz Belotte, que é dono de um Fusca 1983 e, apesar de apaixonado por mecânica, conta que deixa os trabalhos mais complexos com os profissionais. “Troco um filtro de ar, vejo se tudo está em dia, mas nada muito complicado”, diz ele.

Cobertura completa da Semana do Mecânico

Em seguida, o debate reuniu representantes de sistemistas e profissionais de manutenção automotiva em torno da pergunta: o que fazer quando um cliente pede que o trabalho seja feito pela metade, excluindo procedimentos muitas vezes importantes? Vale seguir o que o cliente está pedindo para agradá-lo e se adequar à condição financeira dele, mesmo que aquele procedimento incompleto coloque a vida dele e da sua família em risco? A discussão envolve responsabilidade jurídica e ética profissional.

Os presentes concordaram que a missão do mecânico é oferecer o melhor serviço e que, como profissional, não deve ceder às reclamações dos clientes, caso não concordem com o procedimento tecnicamente correto. “Quem está nessa profissão maravilhosa não pode entender só da parte técnica. Tem que mostrar seus valores para o cliente e fazê-lo entender que a vida é o mais importante”, destacou Aline Alves de Freitas, da oficina Giroflex de Uberlândia/ MG. Segundo a mecânica, debates como os realizados na Semana do Mecânico são fundamentais para o mercado.

Além da mecânica, o debate também contou com a presença de Diego Riquero Tournier, Chefe de Serviços Automotivos para América Latina na Robert Bosch. “Esse foi um evento muito bem organizado e trouxe um debate muito rico sobre a postura da empresa, do empresário, aspectos éticos, legais e da nossa missão como segmento de mercado, mostrando opiniões diferentes e soluções diferentes. Não tem uma só solução, há caminhos”, afirmou.

Domingos Felice, Consultor Técnico da Hipper Freios, destacou a importância de os mecânicos serem valorizados. “Quem tem que dar a diretriz somos nós, os técnicos de reparação. O cliente delega essa função para o profissional, que tem que fazer o máximo para buscar a satisfação do cliente. Esse debate que a Revista está propondo é importante para mostrar os diferentes pontos de vista sobre esses temas”, declara.

Para Edson Roberto de Ávila, o “Mingau”, da Mingau Automobilística, os mecânicos precisam entender a responsabilidade que está por trás do trabalho e agir de acordo. “Francamente, os erros foram nossos. No Brasil, há bastante profissionais que saíram debaixo do veículo para se tornarem empresários. Eu sou um exemplo disso, e nós conseguimos perceber e entender o grande erro que a gente vinha cometendo por conta do comportamento dos clientes. Mas essas dificuldades geram oportunidades de evoluir. Tenho certeza absoluta que a Semana do Mecânico virou a chave para vários profissionais que têm que aprender que, antes de exigir o respeito da indústria e dos donos dos veículos, precisam se respeitar e sair da mediocridade, não no sentido de ofensa, mas de serem profissionais medianos. Mas estamos todos aprendendo e o recado da semana foi passado de uma forma maravilhosa a todos que estiveram presentes”, comentou.

Guilherme Romanholi, proprietário da oficina Tonimek, também considera importante que o profissional entenda o seu lugar como especialista. “Os clientes, em geral, são leigos. Então é essencial esse trabalho de conscientização que a Revista está proporcionando, para que os profissionais de manutenção não aceitem determinadas condições trazidas pelos clientes.

Quando um carro está na oficina, ele é nossa responsabilidade, então muitas vezes temos que convencer o cliente do caminho correto. Esse é um evento importante também para quem é cliente, para tirar de vez aquela ideia de que o mecânico ‘engana’ e mostrar que a gente sempre preza pelo correto”, esclarece.

Para Jairo Carnelos, da Retífica Projeto, o ponto forte foi o compartilhamento de ideias. “É muito bacana esse tipo de evento porque expõe diversos pontos de vista e muitas vezes o problema que uma oficina mecânica tem, outra já descobriu a solução para o sucesso. Para quem está acompanhando é um incentivo para reavaliar processos, saber onde está errando e acertando, sempre com o objetivo de melhorar”, conta.

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Terça-feira (30/11)
Limpar bicos injetores é necessário?

O segundo dia do evento começou abordando aspectos de gestão das oficinas mecânicas, uma barreira para muitas empresas do setor. Para falar sobre o tema, o convidado foi o Consultor de Negócios do Sebrae em São Paulo, Silvano França. Ele falou sobre conceitos importantes para os amigos mecânicos, como preço, produtividade e valor, esse último — segundo ele — um dos principais, pois é definido como a “qualidade que se obtém a partir do preço que foi pago”, isto é: quando se tem uma proposta de valor, o foco deve está no bom serviço prestado e não no quanto foi cobrado por ele.

“São três variáveis que impactam de forma significativa o negócio de manutenção automotiva: preço, valor e produtividade. Muitas vezes, o gestor é obrigado a rever o seu preço e entrar nessa ‘guerra de preços’ e é importante sabermos que ninguém ganha com isso: nem o gestor, nem o cliente ou o mercado. A variável ‘valor’, por sua vez, muitas vezes é confundida com preço. E a variável produtividade, na prática, é para observarmos indicadores dentro da empresa. Muitos falam da dificuldade de contratar mão-de-obra, mas muitas vezes por falta de direcionamento do setor do negócio, que está preocupado com vários assuntos que necessitam da sua dedicação e, nesse momento, algo em gestão da equipe e do negócio fica a desejar”, comentou ele, ao introduzir o assunto. A palestra trouxe também dicas práticas de como elaborar indicadores de desempenho para o negócio, para entender de forma assertiva se ele está no caminho certo.

Cobertura completa da Semana do Mecânico

O debate de terça trouxe uma questão técnica: limpeza de bico injetor, fazer ou não? Todos os participantes concordaram em um ponto fundamental: um bom diagnóstico é essencial. Renato Borbon, Instrutor Técnico Automotivo para América Latina na Robert Bosch, destaca a importância dessa fase do serviço. “É preciso ter um diagnóstico assertivo e rápido. Muitas vezes, o mecânico terá que defender a troca de uma peça. Muitos componentes hoje em dia não têm conceito de reparo e não é possível avaliar seu desgaste por meio de análise visual. Tem que passar por um equipamento para testar. No caso dos bicos, por exemplo, só verificando parâmetros como pressão de vazão e estanqueidade que será possível comprovar se é possível submeter a peça a algum processo de reparo ou se será necessário trocar. São processos que fazem parte da rampa de aprendizagem dos amigos mecânicos, auxiliados pelos fabricantes e por eventos importantes como este”, explicou.

Técnico de Suporte ao Cliente da Delphi, Fernando Marcelino também deixou clara a importância dessa aproximação entre sistemistas e mecânicos. “Costumo dizer que o conhecimento é a melhor ferramenta de uma oficina. Esse tipo de encontro é importante para disseminar informações e quanto mais os mecânicos puderem absorver, mais assertivos eles serão na hora de fazer um diagnóstico. Além disso, a Semana do Mecânico traz uma oportunidade única, de colocar o sistemista cara a cara com o mecânico para tirar dúvidas e contribuir com a formação desses profissionais”, afirmou.

Essa é a mesma opinião de Luciano Jaccoud, da oficina Allvento de Curitiba/PR. “Muito legal participar, o evento traz uma oportunidade de trazer conhecimento para toda a classe mecânica, que precisa. Se não fosse por vocês, teríamos poucas fontes de informação técnica. Falei durante a transmissão de como é importante tanto montadoras quanto sistemistas tentarem mudar esse cenário de compartilhamento de informação técnica. Em outros mercados existem materiais técnicos que são distribuídos abertamente e ninguém faz procedimentos da maneira incorreta ou, se faz, é porque preferiu não seguir o jeito certo. Aqui no Brasil acho que tem um certo protecionismo com concessionárias e, se não fossem vocês, a gente teria ainda menos acesso a isso. Acho que vocês (Revista O Mecânico) têm essa força, de encabeçar essa democratização ao acesso a informações e procedimentos técnicos”, apontou.

Ricardo Martinez, da oficina JM Auto Centro de Brasília/DF, elogiou a oportunidade de trocar informações e experiências necessárias para o mercado. “Esse tipo de debate é muito importante para o setor, pois leva informação para todo tipo de empresa, das pequenas às maiores. Muitos não têm acesso a esse tipo de conteúdo, que ajuda os mecânicos a tirarem dúvidas e a aprender processos de reparo da forma correta, realizando também diagnósticos mais precisos. Foi uma grande troca de experiências, com a participação de pessoas gabaritadas do mercado, além de um professor e sistemistas. Essa é uma grande iniciativa e fiquei honrado de poder participar”, afirmou.

Cássio Yassaka, da oficina Cássio Serviços Automotivos em São Paulo/ SP, também enfatizou o alcance que tem esse tipo de debate, quando realizado em um evento com transmissão ao vivo, como foi a Semana do Mecânico. “Esse tipo de evento é fundamental porque atinge todo o território nacional, desde empresas de pequeno porte a sistemistas, com realidades tão diferentes. Economicamente e tecnicamente falando. Debater é bom porque abre o leque de visão, é uma interação que faz com que você cresça profissionalmente. A internet veio para isso, para proporcionar esse relacionamento independentemente da distância. Quem consegue utilizar essas ferramentas, como a Revista, que criou esses debates, fazem a diferença e mostram que estão na vanguarda do mercado”, analisou.

Para o professor Fernando Landulfo, consultor da Revista O Mecânico e Revista CARRO, “são eventos como esse que abrilhantam ainda mais a classe dos mecânicos, que permitem que o mecânico siga se atualizando. Um evento fantástico, como todos que já foram feitos pela Revista”. Segundo ele, o que fica de lição são duas palavras: “diagnóstico e verdade, porque quem diz a verdade não precisa ter medo de falar”, pontuou.

Produtor de conteúdo do canal “Macchina”, Tiago Kfouri festejou a oportunidade de trocar ideias e usar essa experiência para criar conteúdos relevantes para os seus vídeos. “É importantíssimo reunir o mercado de manutenção em torno de alguns temas que às vezes são polêmicos, mas sem dúvida necessários. Como produtor de conteúdo eu sempre penso em como posso contribuir para levar esse conhecimento e esse tipo de evento ajuda a me alimentar com ideias. Saio daqui com muitas ideias de pauta”, afirmou.

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Quarta-feira (01/12)
Qual aditivo de arrefecimento usar?

Qual é o futuro da indústria automobilística? Com a agenda sustentável cada vez mais em evidência, os carros elétricos vêm ganhando cada vez mais relevância. Reitor e presidente do Conselho do Centro Universitário FEI, o Professor Doutor Gustavo Donato falou sobre as potencialidades do Brasil — até pelas suas vantagens naturais — de se tornar uma liderança mundial entre as economias de baixo carbono.

“A gente é um país que tem um dos maiores potenciais em termos de matriz energética. Quando falamos de emissão de CO2, tem um indicador que coloca nosso país em terceiro lugar. Temos vantagens competitivas em matrizes limpas, como eólica, solar e até de obtenção de eletricidade por meio das marés e ou de biomassa, que gera o gás metano, com baixíssima pegada de carbono. Quando a gente vem para a mobilidade, ainda dependemos do etanol e da gasolina nessa transição para os híbridos e elétricos. Mas já temos algumas soluções sustentáveis, como o uso do metano gerado em biodigestores dos aterros sanitários para abastecer caminhões de lixo”, explicou ele.

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Para o debate do dia, profissionais do setor se debruçaram sobre o uso e a escolha correta do aditivo do sistema de arrefecimento. Segundo o mecânico Ricardo Chiarato, da DR Auto Mecânica em São Paulo/SP, esse é um tema ainda “tabu” no mercado por conta de maus hábitos dos motoristas. “Pessoal ainda tem um pensamento antigo, principalmente aqueles que não colocam aditivo. Deixam o sistema enferrujado e, quando é feita a limpeza, utilizando o aditivo e água desmineralizada, o carro começa a apresentar alguns defeitos. Aí culpam o aditivo, mas não lembram que estava tudo enferrujado e que o produto passou limpando. Os vazamentos apareceriam de qualquer forma, o produto só adiantou o processo. Tenho muitos clientes que falam que, depois da limpeza e de começar a usar aditivo, começaram a ter dor de cabeça com vazamentos. Mas você vai ver e antes ele só utilizava água de torneira, cheia de cloro, ou aditivo sem a proporção correta”, conta.

Ao longo do debate, um detalhe curioso que surgiu diz respeito às cores dos produtos. Segundo os técnicos, é normal — principalmente entre clientes mais leigos — questionar se o fluido de determinada cor é mais eficaz do que o de outra. Porém, fica a dica: isso não é verdade! Outra questão levantada foi sobre a origem do fluido de arrefecimento. Uma queixa comum entre profisisonais é que o cliente muitas vezes compra um produto pela internet que nem sempre tem procedência confiável.

Presente no evento, Thiago Correia, Consultor Técnico da Mobil, abordou o tema durante o bate-papo. “Com certeza existem muitas marcas duvidosas no mercado e acontece de o cliente já chegar com um produto na oficina, pedindo para o mecânico utilizar. Lidar com essas questões do dia a dia é sempre muito delicado, mas um dos aprendizados que os mecânicos estão tendo com o evento é que eles são a autoridade e têm que ter a liberdade de buscar informação sobre o que o automóvel precisa, qual é o produto adequado e as marcas com as quais ele quer trabalhar e confia”, destaca Thiago.

Delton Stabelini, Consultor Técnico de negócios da Texaco Lubrificantes, também reforçou a importância do aprendizado que a Semana do Mecânico trouxe para o mercado. “Este é um assunto muito importante, que a Revista está promovendo de uma maneira fantástica. Por mais que nós, fabricantes, façamos treinamentos e divulgação dos produtos e especificações, a abrangência que vocês alcançam aqui é muito grande”, destacou.

Para Norival Silva, da oficina Garage 545 em Belo Horizonte/MG, o evento foi “muito importante para o mercado de manutenção, em especial para as oficinas independentes. Momentos que foram únicos e propiciaram que administradores de oficina pudessem interagir com fabricantes, facilitando o relacionamento e trazendo conhecimento para ambos os lados, esclarecendo como tem funcionado a reparação pelo Brasil afora. Essa iniciativa, bem administrada e conduzida, fortalece e valoriza o profissional, tornando-o parte reconhecida desse mercado”, avaliou.

Segundo Sandro dos Santos, da oficina Doctor American Car, “é preciso ter mais e mais debates como esses, com técnicos, proprietários de oficinas e as pessoas que estão por trás das fábricas. É um canal direto. Temos várias dores e eles podem levar isso para dentro das fábricas e atender o mercado de manutenção, que hoje corresponde a uma grande fatia do setor automobilístico. Muitas dúvidas foram tiradas, tanto dos profissionais que participaram dos painéis quanto das pessoas que estavam online. Algumas dúvidas eu tinha há anos. Só tenho a agradecer e parabenizar esse formato e dizer: não parem. Precisamos de mais conteúdos, debates e que o setor se envolva cada vez mais”, afirmou.

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Quinta-feira (02/12)
Ajuste de câmber: qual a maneira correta

A Semana do Mecânico recebeu na entrevista pré-debate o piloto da Stock Car e ex-Fórmula 1, Rubens Barrichello, acompanhado do seu mecânico-chefe na categoria de turismo nacional, Rodrigo Ferrugem. A dupla contou histórias, bastidores e falou sobre a importância de uma relação próxima entre piloto e mecânico. “O acerto do carro é uma coisa muito particular e o Ferrugem sabe o que eu demando do carro”, comentou o piloto. Ferrugem, por sua vez, elogiou a capacidade de Rubinho de “interpretar” o carro durante a pilotagem. “Ele já vem falando no rádio que o carro está ‘assim’ ou ‘assado’ e se você for onde ele falou, é batata que vai encontrar o problema ou a solução”, afirmou.

Uma das histórias da dupla foi a respeito de ajuste de cambagem. A equipe de mecânicos do Ferrugem estava trabalhando no acerto do carro que seria pilotado por Rubens, que ainda não era piloto da Stock, e um parafuso ficou preso. Segundo ele, o jeito era usar um martelo, mas estavam um pouco desconfortáveis por estarem na presença de um piloto que “veio da F1”. Porém, com a simpatia de sempre, o Rubinho tranquilizou a equipe e falou que “lá também resolviam essas coisas com o martelo”.

Cobertura completa da Semana do Mecânico

A história combinou com a temática do debate que veio na sequência: ajuste de câmber: fazer ou não? Há maneira correta? Mais uma vez surgiu a questão de o cliente impor, por (falta de) condições financeiras, um serviço que não é tecnicamente recomendado. Porém, ficou claro no bate-papo que, mais importante que a correção, é entender qual componente está causando o desvio.

Quando não é possível estabelecer qual componente está desviando os ângulos de roda, resta como diagnóstico a deformação do próprio monobloco do veículo, parte que é deficiente de informações para os profissionais de manutenção. Segundo Alexandre Cosme Parise, Coordenador Técnico da KYB, quando as trocas de outros componentes não trouxerem a correção necessária e não há outra alternativa, existe a possibilidade de desviar o amortecedor até o limite máximo de 2,5 graus. “Acredito e apoio a iniciativa da Semana do Mecânico, de trazer temas que são pertinentes ao dia a dia dos mecânicos, que participam e tiram dúvidas. Parabenizo pelo trabalho e espero estar junto nos próximos”, afirmou Parise.

Embora o assunto seja polêmico, o debate ficou marcado pelo alto nível, com todos os profissionais trazendo argumentos importantes a partir da realidade do dia a dia nas suas oficinas. Para Maurício Marcelino, da Auto Mecânica Louricar, a Semana do Mecânico foi uma oportunidade de os mecânicos agregarem mais conhecimento e mostrar a realidade de cada profissional. “Queria agradecer muito a Revista O Mecânico, que procura sempre ajudar o mecânico por meio de eventos fantásticos. Acredito que participei de quase todos de alguma forma. A Revista sempre procura trazer a realidade do que acontece no mercado. Essas palestras com fabricantes, fornecedores, mecânicos trazem novas visões, além de ouvir e respeitar a opinião de cada um. Só tenho a agradecer à equipe por estar ajudando a nossa classe”, afirmou.

Rodrigo Marinho, da Gade Automotive, também agradeceu pelo “evento fora de série, que tem muito a agregar na evolução do mercado de manutenção. Não teve uma pessoa que tenha participado, independente do tempo que está na profissão, que saiu sem ter algum aprendizado. Foram temas importantes e, apesar de esse ser um setor grande, carecemos muito de informações e atualização. Por isso, só tenho a agradecer por oportunidades como essa”, pontuou.

Mecânica e autora do blog e canal “Coisa de Meninos Nada”, Thais Roland destacou os ganhos que a realização da Semana do Mecânico trouxe para as três pontas envolvidas: mecânicos, fabricantes e acadêmicos do setor. “Mais uma vez a Revista mandou super bem no evento. A realização de debates como esses é sempre importante. O setor só tem a ganhar. Quem é mecânico ganha com informação, a indústria ganha se aproximando da gente e identificando pontos que podem ser melhorados na comunicação com os mecânicos. E a área acadêmica também ganha, entendendo esses pontos falhos entre os setores para criar cursos e materiais didáticos que aproximem essas áreas. Então é importantíssimo esse tipo de comunicação e debate

para estreitar relacionamento entre todo mundo e fazer o setor crescer ainda mais”, afirmou a influenciadora.

O debate contou também com as participações de Diego Tournier, Chefe de Serviços Automotivos para América Latina na Robert Bosch; e Fernando Landulfo, consultor da Revista O Mecânico e Revista Carro.

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Sexta-feira (03/12)
Aceitar peças do consumidor: sim ou não?

Quantos aspectos psicológicos envolvem a administração de um negócio? Para falar sobre temas como antifragilidade — nossa capacidade de nos fortalecer em momentos de crise — e a importância de um planejamento estruturado na busca pelo sucesso, a Semana do Mecânico recebeu o personal trainer de fitness intelectual Luciano Pires. “Uma ideia só tem valor quando é compartilhada e um evento como este faz isso. Até algum tempo atrás, existia uma cultura no mercado de que se você tinha uma informação, tinha que manter para você, pois era um ‘diferencial competitivo’. Isso fez com que a gente demorasse muito para evoluir as ideias. Quando você compartilha, além de continuar com a ideia, ainda pode ter outra pessoa dando insights. Essa evolução que a gente viu acontecendo no mundo veio de pessoas que compartilharam ideias, que quando são somadas se transformam em um produto muito melhor que o original. O papel de um evento como esse é justamente compartilhar e quem entendeu essa função e dedica tempo de vida para ficar em frente à tela ouvindo o que outros profissionais têm a dizer são pessoas que vão receber informações e ideias que outros não terão acesso e, assim, se colocarão um passo à frente”, afirmou.

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O último debate também abordou um tema corriqueiro do mercado: quando o cliente traz uma peça, o amigo mecânico deve aceitar? Como lidar de uma forma diplomática com o risco de não saber a procedência daquele componente, inclusive talvez acarretando consequências jurídicas?

Para responder à questão, profissionais da indústria e de oficinas se debruçaram sobre o tema. Odair Júnior, Consultor Técnico Comercial da Tecfil, apresentou uma visão dos dois lados: como fabricante e como cliente que já teve problemas por ter levado a peça para o mecânico. “Do ponto de vista do fabricante, a gente dá autonomia para nossos distribuidores fazerem a imediata substituição caso a peça apresente algum problema. Porém, eu pessoalmente caí em uma cilada uma vez. Levei um componente para que o mecânico fizesse o reparo e depois tive que arcar com uma segunda mão de obra para substituir. Nessa segunda oportunidade eu optei por comprar a peça diretamente com ele, que me garantiu a peça e a mão de obra”, contou.

Mas como saber quem é o responsável por garantir a peça ou o serviço? Está na lei! Para trazer essa visão importante, de como a legislação regula o setor de reparação, o debate contou com a presença Alessandra Milano, advogada especializada em assessoria empresarial, responsabilidade civil e direito do consumidor, que mostrou para os presentes os melhores caminhos para lidar com as situações dentro da lei.

“Acho fundamental não esquecermos que a oficina é uma empresa, que tem que cuidar da parte técnica, mas também da parte administrativa e gestão jurídica. Tudo isso se complementa e de tudo isso vem o sucesso da empresa. O trabalho que vocês estão realizando aqui é incrível, levando informação de qualidade para todos os cantos deste país, em um setor que é muito carente de informação. Principalmente quando falamos de gestão jurídica. Temos que parar com isso de ‘jeitinho’ e lembrar que quando falamos de lei não tem opção: ela é uma só, não dá para escolher se vai fazer de determinada maneira ou não. Tem que fazer do jeito correto porque as sanções que vêm são prejuízos muito grandes. Uma medida judicial ou uma fiscalização que encontre a oficina de alguma forma inadequada pode trazer um prejuízo grande. Pode até fechar as portas, então tem que tomar cuidado”, destacou a advogada.

Participante do debate, Fernando Romão, da Veyron, destacou a importância de o setor se unir para lidar com essas questões. “É fundamental esse tipo de bate papo, acrescenta muito. Muitas vezes o profissional fica com medo de compartilhar ideias, achando que vão roubar o conhecimento dele. Mas é importante, para que a gente possa crescer como um grupo unido. Em todas as áreas a gente vê que existe isso e é muito importante essa troca, além do amparo jurídico trazido pela advogada, que esclareceu muitas dúvidas”, explicou.

Mesma opinião tem Christian Souza, da AConcept Car Service. “Com esse tipo de conversa, a gente cresce. Eu vim da indústria antes de abrir oficina e sempre falava que as grandes questões da empresa a gente não resolvia nas reuniões, mas no cafezinho, onde tinha mais liberdade para falar, de ter insights e expor as nossas ideias para uma pessoa que às vezes a gente não tinha acesso em uma reunião formal. O bate papo da Revista trouxe esse clima, em que a gente pôde expor nossas ideias em um clima descontraído. Com o evento, muitos tiveram a oportunidade de aproveitar para utilizar várias dicas e maneiras de trabalhar para melhorar seus próprios processos”, afirmou.

Também participou do debate de sexta-feira Diego Tournier, Chefe de Serviços Automotivos para América Latina na Robert Bosch. Embora estivesse escalado para participar, o mecânico Osmídio Pereira Neto de Macapá/AP não teve como estar presente ao debate, mas acompanhou à distância. “Foi um presente de final de ano. Sem comentários, sensacional. Cada ano que passa, está melhor. Nos ensinou muito, trouxe conhecimentos técnicos e administrativos e debates com alto padrão de conhecimento automotivo”, destacou.

 

Veja a playlist completa com tudo o que rolou nos seis dias de transmissão da Semana do Mecânico em nosso canal no YouTube

 

 

Texto: Flávio Faria
Fotos: Alexandre Villela & Lucas Porto

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