Conheça as duas formas de verificar a geometria da suspensão e realizar o ajuste da convergência do compacto premium da marca francesa
O sintoma é o desgaste irregular dos pneus. Ou a sensação clara de que o carro está “puxando” para um lado, mesmo com o volante apontando em linha reta. Ou o contrário: o carro segue em linha reta, mas o volante está torto. Tem algo desalinhado aí!
Basta sair da concessionária para que todo veículo de quatro rodas comece a sofrer todo tipo de tortura: buracos, subida e descida de calçada, lombada etc. Como o conjunto de direção/suspensão é atacado diretamente por esse estresse, é natural que o alinhamento fique comprometido. Por isso a recomendação dos fabricantes é conferir o alinhamento a cada 10 mil km, sempre que sofrer alguma colisão ou ainda ao trocar os pneus.
Método por “altura de referência” não é mais o único para medir a geometria dos veículos Peugeot
As consequências de um alinhamento incorreto vão desde o aumento no consumo de pneus e combustível até a perda da estabilidade. Daí a importância de checar periodicamente os ângulos que atuam sobre rodas e suspensão.
Até 2013 os carros da Peugeot eram medidos somente pelo método “altura de referência”, quando a suspensão é forçada até uma determinada altura, por meio de catracas e braços auxiliares, ferramentas grandes e trabalhosas de operar. A partir de 2014, a fabricante divulgou a tabela de alinhamento com o veículo apenas apoiados sobre o solo, o que facilitou muito a vida de mecânicos e até dos proprietários porque o serviço ficou mais rápido.
Hoje em dia, o alinhamento é uma operação relativamente simples, graças aos aparelhos de medição sofisticados e de altíssima precisão. Máquinas ligadas a sensores e emissores de luz fazem a medição e por meio de programas de computador dão os valores de correção. De acordo com nosso colaborador Silvio da Cruz Silva, instrutor técnico do SENAI-Ipiranga, “se o operador estiver familiarizado com a máquina, o alinhamento demora pouco mais de dez minutos”. No modo apoiado, claro, porque no alinhamento com o carro em altura de referência o tempo é maior.
Silvio esclarece também que, na linha 208 da Peugeot, o único alinhamento possível é o que mede o paralelismo das rodas (convergência e divergência), porque se houver alteração nos valores de cáster ou câmber é resultado de alguma peça danificada. Aí só trocando ou levando à concessionária.
Única correção possível na geometria é o paralelismo das rodas
Medição com o carro apoiado no solo
Todo o alinhamento, tanto o apoiado no solo quanto em altura de referência, segue a mesma rotina. Vamos começar pelo alinhamento apoiado sobre o solo:
1) O primeiro passo com o carro na plataforma é fazer a inspeção visual dos componentes da suspensão e direção. Deverão ser observados:
a) braços axiais;
b) terminais (ball joints);
c) coxins e guarnições;
d) folgas em pivôs;
e) buchas.
2) Em seguida deve-se calibrar os pneus com a medida recomendada pelo fabricante.
3) O trabalho de alinhamento propriamente dito começa inserindo os dados do veículo no computador da máquina. Neste processo serão informados:
a) dados do veículo (modelo, ano, quilometragem etc);
b) qual a queixa/observação do cliente.
4) Logo após, é feita a aferição do carro com a máquina. O objetivo é compensar qualquer deformação na roda (amassado, ovalização etc). A própria máquina vai fazer a leitura e inserir as informações automaticamente. Esse processo começa com a instalação dos refletores em cada roda. Observe que há a ordem para cada roda. O aparelho em forma de “T”, colocado na frente da plataforma, emite um raio de luz que bate nos refletores e volta, fazendo a leitura de qualquer pequena deformação. O aparelho emite um sinal sonoro para conferir se os refletores estão corretamente fixados e recebendo o feixe de luz.
5) Depois de instalar os refletores, é preciso fazer a rolagem. Para isso, com o volante do veículo alinhado com a plataforma:
a) assegure-se que colocou o limitador atrás das rodas traseiras para impedir que o carro caia da rampa;
b) solte o freio de mão;
c) empurre o carro para trás (ré) até o ponto solicitado pela máquina;
d) espere alguns segundos até emitir o aviso sonoro que completou a leitura;
e) empurre o carro no sentido contrário até ouvir o aviso sonoro.
6) O passo seguinte é medir o esterçamento da direção.
a) Mantenha o freio de estacionamento solto e bloqueie o pedal do freio com a alavanca específica;
b) solte as travas dos pratos sob as rodas dianteiras;
c) gire o volante até ouvir o aviso sonoro da máquina;
d) gire no sentido contrário até ouvir novamente o aviso sonoro;
e) gire o volante até o centralizar as rodas.
7) Esse procedimento confere toda geometria da suspensão, eixos e rodas, tais como: câmber, cáster, inclinação do pino-mestre e convergência.
8) Em seguida, é preciso bloquear o volante com uma ferramenta específica para medir a altura do veículo em relação ao plano horizontal (ao solo).
9) De posse de uma régua específica e uma barra de apoio (que simula o solo), meça a altura em dois pontos do berço da suspensão dianteira. É feita nos dois lados, esquerdo e direito. Anote esses números.
10) A medição da altura na parte traseira é feita diretamente da rampa ao final das longarinas do chassi. Também é feita dos dois lados (direito e esquerdo). Anote os números.
11) Os números coletados da altura nos lados esquerdo e direito são somados entre si e divididos por dois para chegar a uma média para o eixo dianteiro e uma para o eixo traseiro.
Eixo dianteiro: altura lado esquerdo altura lado direito : 2 = valor de referência “VR1”
Eixo traseiro: altura lado esquerdo altura lado direito : 2 = valor de referência “VR2”
Obs: Se, ao comparar os valores de cada lado, os dados de altura estiverem fora das margens de tolerância, que é de 22 mm para o eixo dianteiro e 25 mm para o traseiro, é preciso realizar uma perícia e fazer o reparo na suspensão.
12) As médias dos eixos são os valores de referência, que devem ser consultados na tabelas de geometria, respeitando todas as tolerâncias. Existem duas tabelas, uma para o eixo dianteiro e outra para o traseiro, com valores máximos e mínimos. Se o valor estiver fora da margem das tabelas é sinal de problemas mais sérios na suspensão.
13) Com os valores de referência localizados na tabela, compare os valores de regulagem da geometria com os resultados obtidos pelo equipamento. A tabela com os valores de referência estão após o passo 18.
Obs: o único acerto que pode ser feito é o da convergência ou paralelismo das rodas.
14) Se for necessário realizar o acerto da convergência, retire a trava do volante para liberar a direção antes de iniciar o procedimento.
15) Solte a porca-trava do braço terminal da direção e gire a haste milimétrica até aparecer na tela do computador o valor encontrado na tabela.
16) Aperte a porca-trava e confira se não houve mudança no momento do aperto.
17) Se necessário, repita a operação na outra roda.
18) Mais uma vez cheque se os dados estão corretos e está encerrado o alinhamento pelo método com o carro apenas apoiado na plataforma.
Medição com o carro em altura de referência
Como já foi citado, a Peugeot só oferecia a opção do alinhamento com o carro tracionado de forma a comprimir a suspensão até a altura de referência. Segundo a empresa, com esse método os resultados são mais fiéis. Por outro lado, exigia mais ferramentas, mais tempo de mão de obra e evidentemente maior custo. Por isso, a montadora passou a oferecer também os dados do modelo 208 apenas apoiado ao solo. Mas para quem prefere fazer o alinhamento tensionado, o procedimento começa nos primeiros passos da mesma forma, com inspeção visual, calibragem dos pneus e instalação dos refletores. A diferença começa a partir da medição dos parâmetros.
1) Comece instalando os refletores nas quatro rodas.
2) Com o carro sobre a plataforma, encaixe uma ferramenta chamada disco centralizador nos parafusos de cada roda, certificando-se de que está perfeitamente alinhado. Use a mesma trena específica para fazer a medida do centro do disco até o solo. Esse valor é o do centro do raio da roda ou “R1”. Faça a medição nas quatro rodas e anote os valores de cada uma.
Obs: Observe que a diferença entre os lados de cada eixo não deve ultrapassar 10 mm. Se estiver maior, é preciso realizar uma perícia e reparo na suspensão.
3) No eixo dianteiro, a altura de referência é obtida com um cálculo simples. Utilize um valor “V1”, pré-determinado em 132,5 mm, e subtraia o valor “R1”. O resultado é a altura de referência “AR1” em que o veículo deverá ser colocado na dianteira.
4) No eixo traseiro, o cálculo é feito somando o valor “V2”, pré-determinado em 79 mm, com “R2”. O resultado “AR2” é a altura de referência para a traseira. Todas as medidas são expressas em milímetros.
5) Em seguida, solte o freio de mão e faça o rolamento para frente e para trás até ouvir o aviso sonoro da máquina.
6) Trave o volante.
7) Comece o processo para instalar as barras e cintas que irão tracionar o veículo até a altura de referência. Na dianteira, passe as cintas pelos berços da suspensão. Posicione a barra de tração abaixo da plataforma e encaixe as cintas.
8) Inicie a tração no eixo dianteiro, intercalando os lados até chegar nos valores encontrados no passo 3. Faça a conferência com a fita métrica colocada na barra de apoio e não se esqueça de considerar a altura da barra. Os pontos de medição no carro estão no berço da suspensão. Mantenha a frente do carro tracionada.
9) Depois da dianteira faça a mesma operação no eixo traseiro. O ponto de medição no carro é o mesmo do procedimento anterior, no final das longarinas. Tracione até o valor obtido no passo 4.
10) Terminada a traseira, refaça a medição da dianteira porque ao afundar a suspensão traseira a frente levanta alguns milímetros.
11) Solte as travas dos pratos sob as rodas dianteiras.
12) Trave o pedal de freio com a ferramenta específica.
13) Movimente o volante para os dois lados até ouvir o aviso sonoro da máquina.
14) Trave o volante com a ferramenta específica e veja no monitor do computador os valores de geometria apresentados. Eles são expressos em graus, minutos e segundos.
Obs: É muito importante verificar se o equipamento de medição oferece em sua literatura as leituras nos dois modos: com o carro apenas apoiado na plataforma e também tracionado até a altura de referência.
15) A partir deste ponto, o procedimento é o mesmo já descrito: confira na tabela de geometria os valores de regulagem para fazer o alinhamento. As folgas e tolerâncias são as mesmas tanto com o carro solto quanto em altura de referência.
16) Neste caso, se necessário, a operação de ajuste da convergência é feita com o carro sempre tracionado em altura de referência.
17) Antes de reapertar os terminais, veja no monitor se não houve alteração em função da carga aplicada na porca travante.
Colaboração técnica: módulo Peugeot – SENAI Ipiranga / SP
Olá.
Tenho um 208 e o volante esta torto, É possivel me informar oficinas com esse tipo de alinhamento técnico em São Paulo?.
Obrigado!