Dicas da troca das velas do Logan

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Fizemos a substituição das velas e cabos do Renault Logan 1.0 Hi-Flex 16 V ano 2012, com características e dicas importantes para o procedimento correto

icone_texto_p icone_fotos_p: Carolina Vilanova

Parece fácil, mas uma troca de velas não é tão simples assim, considerando as características de cada uma e suas especificações. A vela tem a função de transformar alta tensão proveniente do transformador (bobina) em uma centelha elétrica que vai dar início à reação de queima do combustível, além de transferir o calor acumulado na ponta da vela para o cabeçote do motor e daí para o sistema de arrefecimento.

Quem nos ajuda nessa explicação é o técnico da Assistência Técnica da NGK, Hiromori Mori, que continua: “a recomendação para o Renault Logan 1.0 16v Hi-Flex é a cada 40 mil km, mas a durabilidade da vela é um requisito da montadora, que estabelece esse prazo, constando no plano de manutenção. Não trocar a vela implica no seu desgaste excessivo, pois aumenta a folga entre os eletrodos, além do que o eletrodo fica arredondado, o que faz o aumento de tensão necessária para o centelhamento, gerando danos a todo sistema de ignição do veículo”, comenta.

Ele explica que condições severas de utilização, como trânsito intenso, pode causar danos precipitados no produto. Nesse caso, é recomendável retirar a vela para inspeção a cada 12 meses ou 10 mil km rodados, ou seja, as montadoras recomendam cortar o plano de manutenção pela metade. Trânsito congestionado, baixa rotação, aplicação em taxi, auto escola e veículo de entrega. Nessas situações o motor está funcionando, mas o hodômetro não.

Tipo de vela

A vela do Logan com motor 1.0 Hi-Flex 16 V ano 2012 é a LZKAR7A-D, que tem a rosca fina e do tipo comprido. “Os motores atuais, devido ao downsizing, tem cilindradas menores e são normalmente multiválvulas, como no caso do Logan. A posição da vela dentro da câmara, neste caso, é central, e o espaço para colocar a vela é pequeno, tendo que compensar a altura do cabeçote, por isso a vela precisa ser mais fina e comprida. O grau térmico é 7, o que significa que é uma vela mais fria. A letra D no final do código NGK indica um tratamento de níquel cromo no castelo metálico (rosca e sextavado), exclusivo da marca.

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Motor 1.0 Hi-Flex do Logan, inspeção de velas a partir de 10 mil km

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Vela fina e comprida, com grau térmico 7 é mais fria

 

Segundo Hiromori, uma vela com avarias pode gerar os seguintes problemas: aumento de consumo de combustível, dificuldade de partida e aumento de níveis de emissão de poluentes, falhas de funcionamento do motor. “Pode ainda ocasionar danos no sistema de ignição, mais exatamente no transformador. Por isso é essencial checar a velas visualmente e fazer os testes de medição de folga entre os eletrodos, verificar a função de queima, medir a resistência e a isolação da vela. Vale lembrar que basicamente velas e cabos danificados provocam defeitos que são semelhantes”, analisa.

Dicas de diagnóstico

A NGK destaca que a análise preventiva de velas e cabos garante o funcionamento correto do sistema de ignição do veículo, facilitando a partida imediata do motor. As velas com desgaste excessivo podem diminuir o desempenho do motor, dificultando a partida após um período desligado como, por exemplo, da noite para o dia.

“Outros problemas que podem surgir são o alto consumo de combustível, irregularidades no funcionamento, falhas durante retomadas e aumento dos níveis de emissões de gases poluentes. Também podem comprometer outros componentes, como rotor, distribuidor e bobina/transformador”, alerta Hiromori.

1) Vela carbonizada: na inspeção da vela, um dos problemas mais comuns é a carbonização, causada por excesso de combustível, uso de combustível de má qualidade ou vela aplicada com grau térmico incorreto, mais fria do que especificado para o veículo. Nesses casos, as quatro velas estarão carbonizadas. Quando somente uma das velas está carbonizada pode indicar um problema específico naquele cilindro, como estanqueidade de um ou mais injetores. A carbonização provoca perda de isolação da vela: a centelha, ao invés de ocorrer no centro do eletrodo, vai ocorrer por cima do isolador cerâmico. Essa centelha não tem energia suficiente para queimar todo combustível, provocando ainda aumento de consumo, de poluentes e dificuldade na partida a frio.

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2) Vela encharcada: o encharcamento é mais comum de ocorrer no início do inverno, devido a problemas no sistema de partida a frio do veículo. É caracterizado pelo acúmulo de combustível na ponta ignífera (eletrodo) da vela. Também pode ser ocasionado por acúmulo de óleo quando há alguma deficiência no motor, estanqueidade dos injetores, senso de temperatura do motor, sistema de partida a frio deficiente ou com combustível do reservatório fora do prazo de validade e ajuste do combustível nos veículos flex. Como sintoma, acontece a falha de ignição, fica com um ou mais cilindros falhando. Quando acontece na partida a frio, o mecânico conhece como motor afogado. O encharcamento também provoca perda de isolação da vela.

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3) Excesso de torque: toda vela possui um torque especifico de aperto, de acordo com o seu diâmetro e o material do cabeçote. A NGK recomenda que o instalador consulte na tabela o torque específico para cada modelo de veículo e utilize sempre um torquímetro calibrado. O excesso de torque provoca o rompimento do castelo metálico. Quando o rompimento ocorre na rosca da vela durante a instalação sua remoção é fácil, pois a parte que ficou no cabeçote está solta. Porém, quando ocorre na soltura, o mecânico terá dificuldade em remover a parte do castelo que ficou no cabeçote, muitas vezes necessária a remoção da peça. É comum não perceber a hora em que a vela quebrou, mas vai dar eliminação de gases da câmara de combustão e um ruído característico de vazamento de gases da câmara de combustão.

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4) Vela superaquecida: o superaquecimento da vela é caracterizado pelo derretimento do eletrodo central ou lateral e a mudança de cor do castelo metálico. Pode ser ocasionado por uma aplicação incorreta da vela ou, muitas vezes, por problemas relacionados ao funcionamento do motor como, por exemplo, mistura muito pobre, ponto de ignição muito adiantado, problemas no sistema de arrefecimento e excesso de taxa de compressão. Além da troca da vela, o mecânico deve identificar o motivo do superaquecimento e corrigir o problema. Obs: a falta de torque pode ocasionar o superaquecimento da vela, pois afeta a troca térmica.

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5) Uso de tuchos: é extremante condenado pela fabricante, pois dificulta a troca térmica da vela. Essa pratica é utilizada quando há algum problema no motor que faz o óleo subir pelas velas. Os tuchos são colocados para evitar que as velas encharquem, afastando as velas da câmara de combustão. O certo é corrigir o problema do motor. O uso de tuchos cria outro problema: o motor perde rendimento, aumenta o consumo e emissões e pode provocar o superaquecimento na vela.

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6) Uso de roscas helicoidais: é muito comum serem utilizadas quando a rosca do cabeçote está danificada, o que também não é recomendado, pois prejudica a troca térmica, principalmente, quando a rosca helicoidal não cobre todo o comprimento da rosca da vela. Isto pode gerar um superaquecimento nas velas, além de vários problemas para o motor.

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7) Excesso de desgaste: é causado pelo uso da vela além de sua vida útil. O problema pode ser constatado através da inspeção visual, na qual verificamos o arredondamento dos eletrodos e o aumento da folga entre eles. No veículo, o desgaste excessivo da vela aumenta a dificuldade da partida a frio e causa falhas de ignição, principalmente, em retomadas de velocidades, além de aumentar o consumo e os níveis de poluentes. O excesso de desgaste pode causar danos ao sistema de ignição do veículo. Normalmente, a falha de ignição, quando está no início, não é percebida pelo usuário, porém, é facilmente detectada em uma análise de gases de escapamento.

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8) Flash over: ocorre quando se tem um aumento na tensão necessária para o centelhamento entre os eletrodos das velas. Neste caso, o centelhamento ocorre entre o pino terminal e o castelo metálico da vela. O problema é caracterizado por uma marca no isolador e no cabo de ignição. No carro, vai causar falhas de ignição, aumento de consumo e de poluentes. Se o veículo for equipado com GNV, vai ocasionar o back fire, que é retorno de chama pelo coletor de admissão, que pode provocar quebras no coletor ou no filtro de ar. Quando ocorrer o flash over, devemos trocar simultaneamente velas e cabos de ignição. O problema pode acontecer quando há excesso de desgaste, quando a mistura está muito pobre ou se o mecânico instalar a vela com as mãos sujas (deixando resíduos de material condutor de energia entre o isolador e o cabo de ignição).

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9) Contaminação vermelha: uso de combustível com óxido de ferro provoca a perda de isolação da vela, o que, por sua vez, gera falhas de funcionamento (principalmente em retomadas), dificuldades na partida e aumento do nível de emissões. Essa contaminação é facilmente verificada na inspeção visual por conta de uma coloração avermelhada no isolador da vela. Conforme as leis brasileiras, combustíveis não podem contar metal pesado como o óxido de ferro, o que causa esse efeito.

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10) Efeito corona: Ultimamente, têm surgido velas com uma mancha avermelhada em volta da cerâmica (mancha corona). Muita gente confunde com vazamento de gases pela castelo metálico ou com flash over, mas na verdade é um efeito comum do próprio funcionamento das velas. Quando ocorre o centelhamento, é gerado um campo magnético em volta das velas. Este campo atrai partículas de óleo e combustível que estão dispersas no cofre do motor, e essas partículas aderem na cerâmica da vela, provocando a mancha. Inclusive, se o mecânico tentar limpar, a mancha do efeito corona sai, enquanto a do flash over não sai.

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Troca da peça

Para efetuar o procedimento de troca das velas de ignição do Logan, contamos com a ajuda do estagiário da NGK, Renan Eiki Miaciro, técnico de manutenção automotiva.

1) Comece fazendo o teste com o analisador de gases, medindo as emissões dos gases. (1a) Nesse caso, o veículo está falhando um cilindro, o que pode ter sido causado por um cabo ou vela danificada, gerando o aumento de emissões de hidrocarboneto e CO, como mostra a foto. (1b)

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1a

 

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1b

 

Obs: Pequenas falhas de ignição normalmente não são percebidas pelo usuário do veículo, porém são facilmente detectadas em uma análise de gases.

2) Para ter acesso às velas, é preciso remover a capa do motor, onde em alguns modelos está acoplado o filtro de ar.

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3) Retire os cabos de ignição, que não podem ser puxados pelo fio nem fazer uso de alicate. Eles devem ser pegos sempre pelo terminal de borracha.

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4) Para retirar a vela, nesse caso utilizamos uma chave especial, específica para esse modelo, cujo código é CR 128, e pode ser encontrada em lojas de ferramentas automotivas.

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Obs: Sempre retirar com motor frio para evitar riscos de acidente.

5) Com a vela desrosqueada, utilize o tubo de borracha, fornecido pela NGK, para facilitar a remoção.

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6) Remova as quatro velas e faça a inspeção visual, verificando a condição de queima dos cilindros e o nível de desgaste. Neste caso a folga recomendada é de 0,9 mm.

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7) Para medir a resistência, coloque o multímetro na escala de 20 K?, agora coloque os terminais do multímetro na ponta da vela e no eletrodo central. Nesse caso o valor deve ser de 3 a 7,5 K?. O valor encontrado foi de 3,75 K?, logo, a vela está ok.

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Obs: Antes de fazer a medição, teste o equipamento para ver se está zerando, o que significa que está em perfeitas condições.

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Curiosidade: Algumas velas da VW são de 1 a 3 K? e as novas velas da Hyundai e Kia são velas de 10 K?.

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8) O próximo passo é medir a isolação da vela com o megômetro. Coloque a ponta no pino terminal da vela e a outra no castelo metálico. O valor deve ser acima de 500 M?, pode também dar infinito.

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Instalação

Todas as velas da NGK já saem reguladas de fábrica, porém, dependendo das condições de armazenagem e transporte pode ocorrer alteração na folga dos eletrodos, então recomendamos que antes da instalação seja certificada a folga entre os eletrodos. Neste caso de 0,9 mm.

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1) O uso do tubo de borracha é importante para evitar o fechamento dos eletrodos quando for encaixar a vela no local dela e garante um perfeito alinhamento da rosca da vela com a rosca do cabeçote.

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2) Despois de rosquear a vela até o fim, fazemos o aperto final com o toquímetro, que deve ser de 10 a 12 Nm. O aperto pode ser dado na forma angular, rosqueando a vela até o final com a mão e dando meia volta de aperto com a chave.

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Obs.: Muito importante frisar que o aperto em excesso pode ocasionar o rompimento da rosca da vela na instalação. 

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Curiosidade: Algumas velas da VW são de 1 a 3 K? e as novas velas da Hyundai e Kia são velas de 10 K?

 

13 comentários em “Dicas da troca das velas do Logan

  1. O torque parece estar incorreto, pois pelo site da NGK eles recomendam 15 a 20Nm para velas de 12mm de rosca (que é o que o motor D4D usa) e cabeçote de alumíno.

  2. Troquei os cabos de vela do meu sandero 2012 porém não sei se coloquei na ordem correta, alguém pode me informar qual a ordem do cabo de vela?

  3. Boa noite, preciso saber o comprimento e a rosca da vela do logan 1.0 2011. É possível me passar? Desde já agradeço.

  4. Na caixa da NGK mostra uma imagem (em baixo) para não retirar a ponta que conecta no cabo de velas, mas também não deixar ela fixa como vem de fábrica. O ideal seria apenas desroscar um pouco provavelmente para melhor o encaixe no cabo. Vi que vcs não comentam nada sobre isso,, saberia dizer algo a respeito?

  5. Excelente! Aprendi mais um pouco e fiquei mais esperto com alguns mecânicos. Parabéns!

  6. Muito boa todas essas informações! Estou começando um curso técnico nesta área e preciso absorver um número máximo de conhecimento, obrigado.

  7. Muito obrigado eu nao sabia do cod da vela o logan tava com uma dor de cabeca falhano eu acho q e isso entao a vela fui comprada na auto pecas e eu nao sabia do cod

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