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Virei patrão, e agora?

Todo jovem que começa na profissão de mecânico tem o sonho de ter o seu próprio negócio, mas administrar uma oficina requer muita disciplina e dedicação, com uma dose de investimento e muita atualização

Carolina Vilanova

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Começar na profissão de mecânico já é um sonho para muitos jovens. Ter o seu próprio negócio, então, é tudo que eles podiam querer! É lógico que a concretização de um sonho é muito importante em qualquer carreira, mas existe uma série de orientações que devem ser seguidas, antes e depois que o sonho se concretiza. Uma coisa é primordial: comprometimento e transparência são essenciais para que uma oficina mecânica tenha sucesso e se solidifique como “ganha pão”.

Tudo começa com uma boa instrução, são poucos mecânicos autodidatas, que aprendem sozinhos fazendo um reparo. Em sua grande maioria, o mecânico tem um mestre para seguir, dentro ou fora de uma instituição de ensino. Seus pais várias vezes cumprem esse papel, afinal, habituaram-se a levar os seus filhos para a oficina desde cedo. É onde a paixão começa. Outros sentiram a possibilidade do setor e a promessa de ser alguém na vida, ser um elo importante da sociedade, com uma grande responsabilidade: fazer a manutenção dos milhares de veículos que rodam por aí.

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Mayke comprou a oficina em que trabalhava e ganhou mais clientes

Empresários importantes do setor começaram como empregados e muitos outros não tão conhecidos também passaram seus bocados na caminhada rumo ao sonho de ter a sua própria oficina. Muitas coisas são importantes de se pensar antes de tomar uma decisão como essa, mas a responsabilidade vem mesmo quando o sonho finalmente se torna realidade e a vida de empresário começa.

Presidente do Sindirepa-SP e dono de oficina, Antonio Carlos Fiola acredita que o novo empresário precisa ter conhecimento de todo o seu negócio, ter uma gestão focada em resultados e também saber liderar a equipe de funcionários. Além disso, deve estar atento às novas tecnologias, buscar oferecer treinamento aos mecânicos e se preocupar em motivar a sua equipe e ser exemplo de boas práticas a serem seguidas por todos da empresa.

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Marcelio abriu sua oficina há 5 anos

“O empresário precisa circular pela oficina e ouvir sugestões e críticas de sua equipe. Hoje, o empresário da reparação precisa ser muito versátil dentro do seu negócio e também procurar se atualizar ao máximo com as novas tecnologias. Por isso, é importante fazer parte de uma entidade de classe como o Sindirepa-SP”, observa.

A carreira de mecânico para muitos começa cedo. É o caso de Mayke Pinheiro, que com 11 anos pisou numa oficina pela primeira vez para trabalhar como ajudante de mecânico. A rotina da reparação e o movimento dos carros despertou o gosto pela profissão. “Antes queria trabalhar em escritório, mas depois que comecei a mexer com mecânica, passei a me interessar muito pelo asssunto. Comecei a fazer cursos, inclusive no SENAI, e fui crescendo e aprimorando meus conhecimentos dentro da oficina”, conta.

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Sidney fez diversos cursos de antes de se tornar empresário e continua se atualizando

Mas a carreira de empresário teve início quando o seu patrão na época, quis vender a oficina e ofereceu para Mayke, que teve que vender o seu carro para abraçar a oportunidade que “caiu do céu”. “Fiquei uma semana sem dormir, pensando no que ia fazer. Então, assumi um compromisso de pagar o restante em 18 meses, mas o negócio foi tão bom, que com 12 meses já tinha quitado a dívida”, comemora.

Depois de adquirir a Primoirmão Serviços Automotivos, em São Paulo, há cinco anos, Mayke passou a ver os problemas que até então ele não tinha. “O operacional, ou seja, consertar carros era fácil, difícil era a parte administrativa. Aí, fui fazer um curso de gestão para entender melhor como funcionava. Hoje tenho muitos clientes, alguns que já eram conhecidos e outros que foram indicados. Já comprei outro carro muito melhor, uma casa e construí a minha família. Hoje me considero um profissional bem sucedido, realizado”, diz Mayke.

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Na Provel, os certificados mostram dedicação

A questão que o novo empresário acha mais difícil é encontrar profissionais de qualidade para trabalhar como mecânico. “Falta mão de obra qualificada e isso acaba complicando nossa vida, pois, o bom serviço depende de um bom funcionário, o retorno do cliente depende disso”, finaliza.

A vida pacata do interior de Minas Gerais era pouco para o menino Marcelio Gonçalves da Mata e com sete anos ele entrou pela primeira vez numa oficina para trabalhar. Sua mãe dizia que ele precisava seguir uma carreira que não fosse tão sofrida quanto a do pai lavrador. “Comecei levando e buscando peças, varria a oficina, lavava itens que seriam aplicados. Eu achava o máximo trabalhar com carros, foi uma paixão desde cedo. Foi nessa oficina que comecei a me interessar pela profissão, a fazer os primeiros cursos e palestras para aprender um pouco mais”, conta.

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Marcelio e seus funcionários trocam idéias sobre diagnósticos e reparos dos carros

Ainda com 21 anos, mudou-se para São Paulo e foi trabalhar numa concessionária Volkswagen. “Fiz mais de 50 cursos pela marca, o que foi muito instrutivo para minha carreira”, comenta. Passados 15 anos, Marcelio foi trabalhar numa concessionária Honda, onde mais uma vez aproveitou a oportunidade para se especializar. “Todo mecânico tem vontade de montar a sua própria oficina e comigo não foi diferente. Na concessionária a gente trabalha muito mas o ganho é baixo. Então, juntando os meus clientes de final de semana e outros que eram indicados, percebi que tinha possibilidade de montar meu próprio espaço”, relembra.

Há 5 anos, a oficina MMLM Serviços Automotivos funciona na zona oeste de São Paulo, com uma bela carteira de clientes e cinco funcionários: três mecânicos e dois na parte administrativa. “Ser patrão é difícil. Fui empregado a vida inteira, agora tenho uma visão diferente de como deve ser esse relacionamento. Hoje é muito difícil encontrar profissionais de bom nível para trabalhar, esse é o meu maior dilema. Mas vale a pena, temos bastante clientes, trabalhamos com todos os requisitos em dia, temos grande preocupação com o descarte correto das peças e aplicação de produtos de boa qualidade. Ser feliz para um mecânico é estar mexendo em carros. Isso já é uma grande felicidade”, completa.

Quando um sonho se realiza, não podemos continuar simplesmente sonhando. Temos que fazer uma estratégia para que o sucesso venha seguido da concretização do negócio pronto. Nesse caso, o empresário vai ter que administrar muito bem essa questão, e até psicologia é válida. Obter sucesso, ou seja, ter muitos clientes fazendo reparo em sua oficina é a sua meta, quando consegue não pode deixar de atender bem, fazer serviços de qualidade, sem pressa.

O mecânico Sidney Simões da Costa, da Provel, localizada na zona Sul de São Paulo, fez curso técnico em mecânica e faculdade de engenharia mecatrônica. Começou a vida profissional na VDO, passou por outras empresas até que em 1992 montou seu próprio negócio. Hoje, tem três funcionários e presta serviços especializados na parte eletrônica.

Ao longo dos anos, Sidney participou de vários cursos em fabricantes e conquistou várias certificações. “Tenho como patrão muito mais responsabilidade, mas no serviço do dia a dia não tem muita diferença, afinal a qualidade tem que existir independente de ser patrão ou funcionário”, completa.

Depois de conseguir ultrapassar as barreiras do começo, a vida de empresário da reparação vai se tornando um pouco mais fácil, a partir do momento em que os clientes passam a conhecer a oficina, indicam para outras pessoas e o fluxo de veículos começa a fluir, assim como o caixa. Ganhar a vida no mercado de reparação é uma tarefa árdua, mas com dedicação, comprometimento e honestidade os caminhos do sucesso certamente começam a se desenhar. Mas lembrem-se, o sonho não acaba ao se concretizar, temos que dar continuidade para ter sucesso e prosperidade, sem nunca deixar de lado a evolução e a atualização. Esse é o empresário completo e bem sucedido, esse é o mecânico feliz.

 

 

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