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Artigo – Vamos arregaçar as mangas!

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Por Fernando Landulfo

A notícia é oficial. A partir deste ano, todos os veículos emplacados no município de São Paulo deverão passar, obrigatoriamente, pela inspeção de emissões (aquela realizada pela Controlar), antes de serem licenciados.

O que, você está surpreso? Mas não deveria, afinal, a ampliação do programa já havia sido prevista. A única novidade é que foi implantada um pouco antes do esperado.

Vamos então arregaçar as mangas e nos preparar para trabalhar muito, pois não vai ser fácil colocar os “velhinhos” novamente em forma. Afinal de contas, muitos deles, além do envelhecimento natural, ficaram um bom tempo sem uma manutenção apropriada.

Mas antes de qualquer coisa, precisamos saber: será que você, guerreiro das oficinas, está mesmo preparado para receber esses novos e ansiosos clientes? Lembre-se: estamos falando de veículos com 10 ou mais anos de uso, cujo conhecimento de reparação, ferramentas e equipamentos foram deixados de lado ou substituídos por algo mais atual. Além disso, muitas das suas peças de reposição são difíceis de ser encontradas.

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Este novo nicho do mercado é muito bom. Aquele velho problema de falta de investimento não existe mais. Agora, o proprietário tem que reparar devidamente o veículo, se quiser fazer o licenciamento. Não há como burlar o teste, assim como o processo burocrático. Ou seja, daqui por diante é: “ou faz, ou faz o serviço”. E sem “quebra galho”.

E mais: não é qualquer pessoa que consegue deixar um veículo em condição de ser aprovado na inspeção, já que o procedimento é bastante exigente. Somente profissionais competentes, preparados e devidamente equipados podem fazê-lo. Logo, não tema a concorrência desleal. Se tentarem, vão arcar com vários retrabalhos e prejuízos, antes de conseguirem algum resultado positivo.
Ficou entusiasmado? Ótimo!

Mais uma boa notícia: o único investimento exigido é o resgate de antigas técnicas e equipamentos de reparação (que você já conhece e possui), a realização de algumas poucas mudanças nas rotinas de compras e o estabelecimento de algumas parcerias.
E para ajudar ainda mais, passamos sete dicas importantes que, com certeza, serão de grande utilidade nesse novo desafio:

1º) O cliente é o Rei. Longa vida ao Rei! Até o presente momento, o veículo de mais idade era tido como um verdadeiro “abacaxi”, indesejável na carteira de clientes da maioria dos reparadores. E a explicação é simples. Com raras exceções, esses veteranos eram mantidos com poucos recursos financeiros (o mínimo para continuar rodando), obrigando o reparador a fazer verdadeiras mágicas. Além disso, a escassez de peças de reposição dificultava muito o processo de reparação. Mas esse cenário mudou e os “velhinhos” devem ser encarados com a mesma consideração que os modelos mais recentes. E a razão é simples: muito provavelmente seus donos gastarão, gostando ou não, muito no seu estabelecimento.

2º) Analisadores e procedimentos de medição: Definitivamente, não é possível preparar um veículo ciclo Otto para a inspeção veicular sem ter um analisador de gases (opacímetro para os ciclo Diesel). As verificações iniciais e finais das emissões do veículo são operações indispensáveis ao processo. Mas isso não quer dizer que o reparador precisa de um equipamento idêntico àquele utilizado pelo órgão inspetor. É preciso sim, possuir um equipamento (recente ou mais antigo, automatizado ou não), que atenda as especificações mínimas exigidas nas normas e regulamentos técnicos que regem a inspeção. O que não pode ser deixado de lado é a calibração periódica e, se possível, a verificação semestral, por parte do órgão de metrologia legal. Isso garante a confiabilidade da medição. Também é importante realizar a medição seguindo rigorosamente o procedimento descrito no regulamento técnico, pois é assim que é realizado na Controlar. Não pode “pular” etapas nem mudar as operações. Principalmente, na medição final, realizada antes da entrega do veículo ao cliente.

3º) Ter sempre em mente que o motor é um dispositivo mecânico: Desde a introdução da injeção eletrônica de combustível e da ignição mapeada, existe uma tendência e se depositar a “culpa” pela irregularidade no funcionamento e excesso de emissões nesses sistemas. No entanto, as mais bem elaboradas misturas geram marchas lentas irregulares e poluentes em excesso se as câmaras de combustão não apresentam compressão e vedação adequadas. Logo, trate de desengavetar o manômetro de medir compressão, o manômetro para medir a pressão de óleo, o vacuômetro e o equipamento detector de vazamentos nos cilindros. Com certeza eles serão necessários. Isso sem falar nos manuais de serviço, procedimentos, tabelas e ferramentas especiais para regulagem de válvulas.

Não estranhe, nem um pouco, a grande quantidade de motores que apresentarem baixa compressão, folgas excessivas, vazamentos de compressão nas válvulas e entrada de “ar falso” nos coletores de admissão. Isso sem falar nos vazamentos de óleo, combustível e líquido de arrefecimento que precisam ser reparados. Tome cuidado também com a temperatura dos motores, que influencia diretamente na regularidade do funcionamento, consumo e emissões. Tenha certeza de que os radiadores e as válvulas termostáticas são as apropriadas ao veículo, e que o sistema esteja limpo e devidamente aditivado.
Dependendo da quilometragem do veículo, esses são os primeiros serviços que deverão ser realizados, após a medição inicial de poluentes, independentemente se o motor é do ciclo Otto ou Diesel.

4 º) Uma boa ignição é essencial para motor ciclo Otto: De nada adianta uma mistura bem elaborada e comprimida, se a sua combustão não for bem iniciada. Muitos problemas de irregularidade de funcionamento, excesso de consumo e de emissões, residem no funcionamento incorreto do sistema de ignição. Todos os sistemas, por mais sofisticados que sejam, tem o funcionamento escorado no circuito secundário (alta tensão). Muitas vezes esquecido pelos profissionais, que se concentram em procurar defeitos eletrônicos, é o que costuma apresentar o maior índice de desgaste e pane de componentes. Por essa razão, a verificação do seu funcionamento é essencial. Logo, trate de usar o osciloscópio de ignição, assim como, os manuais de serviço e os catálogos de peças.

Se você tem um raríssimo analisador de distribuidores, aproveite para prestar serviços a outros colegas que, necessitem recondicionar e calibrar devidamente essas peças. Aproveite para fazer uma parceria com um bom torneiro e uma fábrica de molas pequenas. Eles serão de grande ajuda no processo de recondicionamento.

Não se esqueça também de que a ignição só funciona bem se houver energia elétrica suficiente. Logo, aquele testador de baterias e carga do alternador, será ainda mais utilizado do que atualmente.

5º) Carburadores e injeções antigas: Deixe de lado o preconceito e resgate os manuais de reparos, catálogos de peças, tabelas de regulagem e as ferramentas especiais para carburador. Ah! Você nunca trabalhou com carburadores. Sem problema. Faça uma parceria com um especialista com muita experiência. O mesmo vale para as injeções Diesel que operam com bombas e bicos injetores totalmente mecânicos.

6º) Sim, o escapamento também é da sua conta: Outro item verificado é o estado do sistema de escape, que apresenta muitos furos e permite a entrada de ar no sistema de medição, falseando os resultados. Além disso, o uso do catalisador é obrigatório nos veículos que foram equipados de fábrica com a peça, e deve estar em boas condições. Via de regra, a comercialização desses itens gera um lucro razoável. Se precisar procure um especialista para ajudar.

7º) Uma logística adequada é crucial: Tão importante quanto o setor técnico / produtivo, a estrutura logística da empresa pode ser a linha divisória entre uma operação viável ou não. Logo é de suma importância prepará-lo para as mudanças que virão.

¥ Estoque: A administração moderna diz que o estoque deve ser o menor possível. O ideal é trabalhar com o sistema “Just in Time”. No entanto, estocar pequenas quantidades de itens raros ou pechinchas garimpadas no mercado, pode significar a diferença entre reparar na hora (e receber a conta) um desses “veteranos” ou não. O segredo é saber o que estocar e o quanto pagar por esta mercadoria.

• Compras: Comprar bem é uma arte. E nesse caso, muitas das peças necessárias não serão mais encontradas nas grandes autopeças, distribuidoras e concessionárias. Caberá ao comprador ampliar seus horizontes: garimpar em sites de compras, pequenos negociantes e, até mesmo, no mercado externo, onde muitas vezes se compra por “preços de banana” peças que aqui são vendidas a “peso de ouro”.

• Parcerias: Ninguém vive sozinho, ainda mais dentro desse mercado. Estabelecer parcerias com fabricantes e prestadores de serviço é de suma importância no andamento dos negócios. O que não existe mais para ser comprado no mercado convencional terá que ser fabricado, reparado por um especialista, ou importado.

• Valor agregado: Superar as expectativas (fazer mais do que o pedido), serviço leva e traz, lavagem e cafezinho. Tudo isso cativa o cliente, que pagará com gosto a sua conta, por mais salgada que seja.

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