Não há contraindicação: saiba como proceder quando o veículo está usando lubrificante não recomendado pela montadora e a importância de se utilizar sempre o óleo correto
A utilização de óleo lubrificante correto no motor do veículo nem sempre é tarefa fácil. São inúmeros os lubrificantes existentes no mercado, o que pode causar confusão na escolha. Por isso, é importante para o mecânico obter as informações corretas do óleo recomendado no manual do proprietário ou o de reparação do veículo. Se nenhum destes estiver ao alcance, entre em contato com uma concessionária para pedir a informação. Pois, a utilização do óleo incorreto pode gerar danos e desgastes não previstos para o motor.
Incialmente, os óleos lubrificantes são obtidos misturando-se um dos 3 tipos de bases (mineral, sintética ou mista) a um “pacote” de aditivos (produtos químicos), em diferentes proporções, para formar o óleo lubrificante utilizado no setor automotivo e industrial. Sua aditivação tem como foco a melhoria de propriedades existentes das bases, quando desejáveis para o projeto proposto. Também podem ser utilizados produtos químicos para diminuir ou retirar por completo as propriedades que não são interessantes para sua utilização.
Em todo projeto de conjuntos mecânicos, há existência de dutos e folgas, causadas pela composição de peças metálicas distintas. Conforme o contato entre esses componentes metálicos, é gerado atrito (resistência ao movimento relativo entre dois corpos). O atrito causa desgaste, proveniente da geração de calor localizada na área que está em contato. Os óleos lubrificantes atuam nas folgas existentes entre as peças metálicas, evitando a geração de atrito, além de proporcionar ação refrigerante, vedação, controle de corrosão e a remoção de contaminantes no sistema.
Porém, no mercado existem diversos óleos de motor disponíveis e com classificações diferentes. A classificação SAE determina a faixa de viscosidade (resistência ao escoamento) do fluido em temperaturas de trabalho a frio e a quente. Utilizado a classificação 5W-30 para um lubrificante multiviscoso de motor, a nomenclatura “5W” indica o grau SAE de viscosidade do fluido quando o motor está em seu regime frio. O número que vem após (“30”) é o grau SAE para temperaturas quentes.
O QUE FAZER QUANDO O MOTOR ESTÁ ABASTECIDO COM ÓLEO NÃO INDICADO PELA MONTADORA?
Usar óleo com grau de viscosidade SAE maior ou menor que o recomendado pela fabricante pode acarretar diversos problemas ao motor por lubrificação incorreta. Mas, depois de muito tempo utilizando om óleo incorreto, o mecânico pode realizar a troca para o óleo correto?
Sim. A recomendação é sempre voltar para o óleo sugerido pela montadora que está presente no manual de reparação do veículo. Pois, no desenvolvimento do projeto, suas folgas obtêm melhor preenchimento e a performance garantida pela montadora com o óleo determinado.
Muitos proprietários de veículos, e até mecânicos, preferem utilizar óleos mais viscosos que os recomendados pela fabricante do veículo quando o motor está desgastado ou muito rodado. A Porém, essa prática não traz benefícios ao motor. Este método é apenas um paliativo que mascara a real condição do motor.
Caso o cliente informe a ocorrência de problemas, como por exemplo, motor do veículo consumindo óleo excessivamente, ou seja, maior que o indicado pela montadora, o mecânico deve orientar sobre a manutenção no motor. Pois, possivelmente está na hora de realizar uma reforma no motor.
Além disso, não é só a classificação SAE do fluido que deve ser seguida conforme o recomendado: há também a classificação de serviço que o lubrificante selecionado deve seguir.
O mecânico já deve ter visto os mais diversos óleos lubrificantes com as nomenclaturas API, ACEA ou ILSAC. Mas o que significam essas siglas descritas nas embalagens dos fluidos lubrificantes? São órgãos internacionais com intuito de determinar os parâmetros de desempenho dos lubrificantes, a chamada classificação de serviço.
Há existência de diferentes órgãos pelo mundo, diferenciando as propriedades requeridas. Porém, vamos começar pelo instituto americano de petróleo, em tradução livre de American Petroleum Institute (API). Este órgão cria e atualiza com frequência os parâmetros necessários para utilização do lubrificante em diversas regiões pelas Américas.
Partindo para o padrão de desempenho e qualidade europeia, temos a Associação de Construtores Europeus de Automóveis (ACEA). Muito popular nas regiões europeias, tendo em seu território a presença das principais montadoras de importância mundial. Em comparação com a norma API, existem grandes diferenças, por causa do fato da região europeia ter maior quantidade no tráfego de veículos de passeio movidos a diesel. Porém, a classificação ACEA é adaptada para adequação ao país em que está em regime, não se limitando apenas a região europeia.
Com o avanço das normativas em relação a diminuição de poluentes gerados pelo veículo, novos padrões devem ser adotados para seguir os projetos modernos desenvolvidos pelas montadoras. O Comitê Internacional de Padronização e Aprovação de Lubrificantes (ILSAC) estabeleceu padrões importantes para que os lubrificantes consigam alcançar os parâmetros exigidos.
Porém, vale atenção na escolha do óleo lubrificante. Pois, as montadoras podem exigir aditivações e parâmetros específicos em algum de seus projetos, fazendo com que um único óleo lubrificante possa ser utilizado para determinado motor ou câmbio. Sem contar que em alguns casos, o fluido necessita atender a mais de uma norma em sua composição. Os lubrificantes devem pelo menos atender a uma das normas existentes para serem comercializados.
Sair da especificação recomendada pela montadora altera toda previsão de longevidade e performance projetada para o motor, além de alterar as características do veículo – como aumento no tempo para que atinja a temperatura ideal de trabalho. Ou seja: se o grau de viscosidade está correto, mas a as classificações de serviço e normas de montadora não, o óleo deve ser substituído pelo que atenda às especificações.
Orientar o cliente para fazer a troca de óleo no período correto, com a utilização do produto adequado, é fundamental. Pois, com o tempo o lubrificante sofre com a contaminação de impurezas causadas pelo motor, além de diminuir suas propriedades iniciais de trabalho. Desta maneira, o motor e todo o sistema de troca de calor funcionarão conforme o esperado pela fabricante do veículo, evitando problemas prévios ao condutor e ao carro.
Por Vitor Lima
Colaborou Fernando Landulfo
Fotos Arquivo O Mecânico