Substituição da sincronizadora do motor VW

Acompanhe os procedimentos de troca e ponto de sincronismo da correia dentada dos propulsores EA111, que equipam vários modelos da Volkswagen

Carolina Vilanova

O barato sai caro! Esse dito popular cabe muito bem quando o assunto é a substituição preventiva da correia dentada, um item relativamente barato que se quebrar por desgaste ou excesso de uso vai causar uma bela dor de cabeça para o proprietário do veículo, já que pode danificar o cabeçote do motor e exigir uma cara retífica. Por isso, o ideal é esclarecer essa questão para o seu cliente e recomendar a manutenção preventiva e a revisão do sistema, que inclui a troca da correia sincronizadora, do tensionador, além da inspeção de outros componentes da distribuição.

Efetuamos os procedimentos de troca da correia sincronizadora do motor EA111, na configuração 1.0 litro 8V Totalflex. Nesse caso, o veículo usado é um Volkswagen Fox, ano 2008, mas esse mesmo propulsor equipa vários modelos da marca, como o Gol, Parati, Saveiro e Polo.

Fabricante do componente, a Goodyear Produtos de Engenharia recomenda uma revisão geral do sistema aos 15mil km com ênfase para os seguintes itens: estado da correia, tensionadores, engrenagens e polias. O técnico deve observar se não estão gastas, deformadas ou danificadas. Também é orientada a verificação da correia Poly V, que funciona o alternador, bomba d’água, ar-condicionado e direção hidráulica. Já a troca preventiva deve ser feita de acordo com o manual do proprietário.

Jackson Paz, técnico da Goodyear Produtos de Engenharia, afirma que não substituir a correia no prazo determinado pode causar atropelamento das válvulas, provocando danos no cabeçote e exigindo retífica, um reparo caro e demorado.

O técnico da Raphael Lioi, da Gates Brasil, toda correia sincronizadora tem uma vida útil e se vier a romper, com certeza o motor sofrerá danos em seus componentes (pistão, biela, virabrequim, válvulas e etc). “Por isso recomendamos a substituição a cada 60.000 mil km, juntamente com os rolamentos de apoio e tensionadores”, complementa.

“Os rolamentos tensionadores e de apoio devem ser substituídos junto com a correia, pois se apresentarem travamento ou folga prejudicarão diretamente a integridade e a vida útil da correia. Da mesma forma, recomendamos a substituição da bomba d’água quando for movimentada pela correia sincronizadora”, explica Rogério Merizio, supervisor Técnico da Dayco.

Ele alerta para que após a segunda troca da correia o técnico inspecione com mais critério às polias dentadas, que se desgastam e têm o perfil de seus dentes alterados. “Se isso ocorrer, o contato com a correia sincronizadora será irregular e sua vida útil reduzida”, completa.

Procedimentos de troca

Sabemos que a correia dentada fica num lugar de difícil acesso dentro do motor e a substituição deve ser feita por baixo, pela caixa de roda do veículo. Remova o para-choque e afaste os periféricos do motor e o escapamento para facilitar o trabalho. Para essa reportagem, a maioria das fotos foram feitas com o motor no cavalete para melhor visualização. Não se esqueça: para proteção individual, use óculos e luvas.

De acordo com a Dayco, é importante lembrar que toda correia sincronizadora deve ser armazenada em local fresco, sem umidade, sem calor excessivo e, de preferência, na embalagem de origem. “Nunca devemos dobrar, vincar, apertar e pendurar uma correia pois sua construção não foi feita para receber grandes impactos no momento de sua aplicação”, alerta Raphael, avisando que toda correia Gates que for vendida fora da embalagem não tem garantia de fabricação.

“Além do tempo recomendado para sua troca, a correia sincronizadora exige alguns cuidados adicionais, antes e durante sua instalação”, comenta Rogério. “Não compre a peça se estiver fora de sua embalagem, intacta e lacrada, retirando somente na hora da aplicação, sem dobrar”. Ele alerta para que vazamentos de óleo sejam eliminados antes da instalação da nova correia para não contaminar a borracha.

1) O primeiro procedimento para manutenção do sistema é a retirada da capa superior da correia.

2) Depois, destensione a correia de acessórios com uma chave estrela de 15 mm. Tire a correia.

3) Agora, remova a polia da árvore de manivelas. Para isso, é necessário travar a polia do comando e com uma chave 16 mm solte os quatro parafusos fixos. Com uma chave 19 mm retire o parafuso central e, em seguida, a polia.

Obs.: Procurar o furo no volante, pela parte debaixo do carro, para travar com a ferramenta especifica. É preciso afastar o escapamento. Trave o volante.

4) Agora, gire o motor pela polia da árvore de manivelas para colocar a polia do comando na marca correta do sincronismo antes de travar o volante. (4A)

5) O próximo passo é retirar a capa inferior da correia de distribuição com uma chave de 10 mm. Com outra chave de 16 mm solte os parafusos do suporte do coxim.

6) Antes de remover a correia, verifique o ponto de sincronismo. Confira a marcação dos dentes nas polias do comando, da bomba d’água e do virabrequim.

7) Solte o esticador da correia dentada com uma chave 13 mm.

8) Com cuidado, retire a correia sincronizadora.

Montagem

O processo de montagem da correia sincronizadora é o inverso da desmontagem, com atenção para a seqüência e torques de aperto. No manuseio, evite dobrar. A Goodyear recomenda que todas as vezes em que se desmontar a correia, a peça seja substituída por uma nova.

1) Repare que a correia tem um sentido certo para ser instalada. Comece o encaixe pela polia do virabrequim, seguindo para a da bomba d’água e do comando de válvulas.

2) Não esqueça que o tensionador deve ser substituído por um novo. Verifique o desgaste do parafuso e se deve ser trocado por outro.

3) Para finalizar, verifique se a correia esta bem tensionada.

Colaboração técnica: SENAI Vila Leopoldina