Renault Kardian tem nova plataforma, novo motor e câmbio de dupla embreagem para se afastar do Sandero

SUV compacto também traz visual arrojado, interior com equipamentos já conhecidos e tem preços entre R$ 112.790 e R$ 132.790

texto Felipe Salomão   fotos Lucas Porto

A história do Kardian começa logo após a marca anunciar em janeiro de 2021, o Renaulution, que é um plano de estratégia e investimentos do grupo Renault para até 2027. Ao todo, a montadora francesa investiu 3 bilhões de euros para fazer novos produtos, como o novo Kardian, que irá abrir as portas na América do Sul para outras sete novidades, sendo que os próximos lançamentos devem ser um SUV médio e uma nova picape. Com esse movimento de capital, a Renault começa a se distanciar aos poucos da linha Dacia, ou seja, dos famosos Sandero, Stepway, Duster e Oroch, que usam a plataforma B0.

Em vista disso, o Renault Kardian traz uma nova plataforma, uma motorização turbo 1.0 derivada do propulsor 1.3 turbo, um câmbio de dupla embreagem e um visual arrojado para se afastar do que foi o Sandero e do que é o Duster. O SUV compacto, que foi lançado em março, é vendido em três versões com preços entre R$ 112.790 e R$ 132.790.

Mas quais sãos as características dessa nova plataforma? O novo motor 1.0 turbo de três cilindros será fácil de mexer? A transmissão de dupla embreagem é igual à de outras montadoras? Pois bem, para responder essas perguntas a Revista O Mecânico traz o Raio X completo do novo Renault Kardian.

Renault Group Modular Platform

O Renault Kardian utiliza a nova plataforma chamada pela marca de Renault Group Modular Platform – RGMP, tendo como característica a capacidade de mudar o entre-eixos e balanço traseiro, podendo ser utilizada por modelos que medem entre 4 e 5 metros comprimento e com entre-eixos de 2,60 e 3 metros. Além disso, a RGMP pode receber alguns níveis de eletrificação como híbrido leve, híbrido e híbrido plug-in. Todavia, a Renault ainda não informou se o SUV compacto receberá algum sistema elétrico no futuro.

Em relação à segurança, a nova plataforma traz novos assistentes eletrônicos e estrutura de aço de alta capacidade e resistência nas longarinas dianteiras, suspensão traseira por eixo de torção direto na estrutura sem suportes e bandejas com buchas verticais.

Motor TCe 1.0 turbo

Sob o capô, o Renault Kardian vem equipado com motor TCe 1.0 turbo de três cilindros, que compartilha 70% dos componentes do TCe 1.3 litro turbo, que atualmente equipa o Duster e a Oroch e, também, já equipou o Captur, que saiu de linha neste ano. Além de ser turboalimentado, esse conjunto motriz tem injeção direta, duplo comando de válvulas no cabeçote, acionamento do comando por corrente, tuchos hidráulicos, 12 válvulas, 72,2 mm de diâmetro do cilindro, 81,4 mm do curso do pistão e 11:1 de razão de compressão.

Dito isso, esse motor de 999 cm³, entrega 125 cv e 22,4 kgfm de torque com etanol e 120 cv com 20,4 kgfm com gasolina. O regime de potência máxima é de 5.000 rpm e o regime de torque máximo é de 2.250 rpm. O peso potência é de 9,33 kg/cv e o peso por torque de 52,1 kg/kgfm.

Câmbio de dupla embreagem

O Renault Kardian vem equipado em todas as versões com transmissão automática de dupla embreagem chamada de EDC de seis velocidades. Segundo a marca francesa, o câmbio é banhado a óleo.

Raio X

Com toda essa informação técnica, a Revista O Mecânico convidou o mecânico especializado em veículos franceses, Fernando Araujo da Motor France SP, que antes de começar o Raio X destacou a sua experiência com motores da Renault. “A Renault sempre fez motores duráveis. Podemos falar do motor 1.0 do Clio 2001 e do 1.6 8V K7M nascido em 1998 no Megane. Para você ter uma ideia ao longo da minha vida eu devo ter feito um motor 1.6 8V, que apesar de ser barulhento, é um motor durável, assim como o do Clio. São motores que bem tratados chegam aos 500 mil km sem a necessidade de abrir para fazer manutenção. A Renault tem esse conceito de motor que não dá dor de cabeça, sendo bem cuidado não dá problema”, afirmou Fernando.

Já sobre os motores de três cilindros turbo, que cada dia estão mais presentes nos carros atuais, Fernando faz uma ratificação. “Eu faço um adendo, pois os carros da Renault que são lançados agora não têm a marcação de temperatura no painel do veículo. Essa observação é pelo motivo do motor três cilindro ser compacto com bloco e cabeçote de alumínio, que se o carro ferver não será possível retificar esse motor, que tem o mesmo conceito dos outros da marca, mas você tem que ficar sempre atento com óleo do motor e fluido de arrefecimento, olhando uma vez por semana se tem água ou não”, explicou.

Ainda de acordo com Fernando, esse motor é um três cilindro convencional com eletroválvulas de comando (1), bomba de alta (2), bicos injetores (3) e bobinas (4) estão de fácil acesso, que facilita a vida do mecânico, pois todos os componentes periféricos estão bem visíveis, além de ser um propulsor bem compacto dentro do cofre, conferindo mais espaço para o mecânico trabalhar.

No que se refere à comparação entre o TCe 1.0 turbo e o TCe 1.3 turbo Fernando destaca o tamanho dos propulsores. “O tamanho é menor, já comparando com TCe 1.3 turbo, desenvolvido em parceria com a Mercedes-Benz, a diferença está no bico injetor de injeção direta, com a conectores e a entrada da rampa de plástico (5), que sofrem com a carbonização do combustível, podendo ser quebrado com a retirada da peça. Caso isso aconteça, terá que tirar o bico por meio do cabeçote, fazendo a desmontagem por completo. Por isso, é um cuidado que o mecânico tem que ter”, analisou Fernando.

Apesar de ser uma plataforma diferente do Sandero, o Renault Kardian traz algumas semelhanças com o hatchback, uma vez que conta com o mesmo reservatório de água (6), mas com mangueira com engate rápido. O amortecedor e batente (7) são parecidos com o Sandero, assim como o coxim (8) de borracha maciça do motor do lado direito é similar ao do motor 1.6 8V do Sandero.

O Kardian traz uma Unidade de Comando do Motor – UCM (9) dentro de uma caixa que lembra uma base de fusível dos antigos Sandero e Duster. “Aqui no Kardian a gente tem um UCM bem pequeno, também chamado de módulo de carroceria, que gerencia toda a parte eletrônica do motor na parte de alimentação, que tinha no Fluence e Megane e agora volta no Kardian”.

A bateria tem 60 amperes (10) e o reservatório do fluido de freio (11) é novo, bem como o hidrovácuo (12) e a caixa de filtro de ar (13), que faz a alimentação da turbina com o ar voltando para o TBI (14). No para-choque dianteiro há o RADAR do sistema ADAs (15) e os pequenos faróis de milha (16).

Undercar Renault Kardian

Com o carro no elevador, Fernando destaca que o Kardian não tem nada de Sandero, mas tem peças que lembram o Kwid. “A suspensão é parecida com a do Kwid, pois tem bandeja bumerangue (17), que são mais sensíveis, pois tem duas que com movimento tendem a estourar. É importante ter atenção, uma vez que o carro tem fadiga de bucha de bandeja, mas não tem barulho, gerando apenas desgastes nos pneus”, destacou. O SUV compacto ainda conta com amortecedores com helicoidal (18), freio a disco na dianteira (19), sistema de ABS através de rolamento, que segundo Fernando são componentes de fácil manutenção.

O Renault Kardian ainda traz um plástico no lugar do protetor de cárter (20), que quando retirado confere um acesso fácil ao bujão da transmissão e do cárter, entre outros componentes. Falando em transmissão dupla embreagem Fernando destaca que essa é outra tecnologia, diferente do câmbio Powershift da Ford. “Ela é banhada a óleo e não tem nada de igual com a transmissão Powershift, que não era banhada a óleo, diferente do câmbio da Renault, que na verdade é um câmbio manual com dupla embreagem banhada em óleo. A projeção é que seja uma transmissão que não dê dor de cabeça para o dono do veículo e, também, para o mecânico”, ressaltou Fernando.

A linha de combustível também é protegida por uma capa plástica (21), bem como traz uma ampla proteção térmica (22), que não há no Sandero e no Duster. Também conta com um silencioso intermediário (23) com um tamanho avantajado, além de ter outra proteção plástica (24) no eixo traseiro (25) , que tinha no Fluence e no Megane. Inclusive, o eixo traseiro está bem dimensionado para o tamanho do veículo. O freio traseiro (26) é a tambor e o freio de estacionamento é eletrônico (27), o que não é usual no mercado. O cânister (28) está localizado na traseira abaixo do estepe bem protegido e o escapamento (29), que é similar com o do Megane, está pintado na cor preta. O tanque é de plástico (30) e o filtro de combustível (31) é de fácil acesso.

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