Sedã da marca francesa ganha facelift e mantém mecânica consagrada; força nas retomadas com o câmbio automático CVT é destaque
Texto: Fernando Lalli
Fotos: Divulgação
Enfrentar o domínio japonês dentro do conservador nicho dos sedãs médios, onde Toyota Corolla e Honda Civic bombardeiam impiedosamente a concorrência, é uma tarefa inglória, mesmo que não falte qualidade aos adversários. Que o diga o Renault Fluence: um carro muito bem resolvido, com um ótimo nível de equipamentos de série, powertrain consagrado, rede de atendimento do pós-venda em expansão, mas que não decolou em vendas.
Novo design, mas o (bom) trem de força continua o mesmo
A versão 2015 do Fluence chega para tentar reverter esse quadro, com novo design e novo pacote de equipamentos de série. Nas quatro versões em que está disponível (Dynamique, Dynamique CVT, Dynamique CVT Plus e Privilège), a única opção de motor continua sendo o 2.0 16V Hi-Flex, com duplo comando de válvulas no cabeçote – o mesmo utilizado no Nissan Sentra, sedã primo do Fluence dentro da aliança Renault-Nissan. Os dados de fábrica apontam que o propulsor desenvolve 143 cv/140 cv (etanol/gasolina) a 6.000 rpm. A curva de torque é o destaque do conjunto, atingindo o pico de 20,30 kgfm/19,90 kgfm (etanol/gasolina) a 3.750 rpm, o que se reflete na agilidade das retomadas principalmente na estrada, onde o motor carrega os 1.370 kg do carro sem grande esforço.
Um grande ponto positivo no Fluence são as duas opções de câmbio: a caixa manual de 6 marchas (disponível apenas na versão de entrada, Dynamique) e a caixa automática CVT X-Tronic (fabricada pela Aisin e também presente no Sentra) que possui a simulação de 6 marchas sequenciais com mudanças na alavanca e equipa as versões Dynamique CVT Plus e Privilège.
Câmbio CVT permite trocas manuais sequenciais na alavanca
Especificamente sobre o CVT, durante o test-drive promovido pela Renault à imprensa, a resposta da transmissão se mostrou suficientemente ágil, deixando a simulação de marchas quase dispensável depois que se acostuma com o comportamento do conjunto motor/câmbio. Vai do estilo (e das necessidades e manias…) de cada motorista, mas a suavidade de comportamento proporcionada pela aceleração gradual do CVT garante comodidade sem prejudicar o consumo de combustível: pode acelerar à vontade que o câmbio sempre manterá o escalonamento de transmissão adequado à demanda, sem desperdiçar rotações.
Câmbio CVT X-Tronic em corte
Eletrônica e conforto
Por falar em economia, a Renault equipou o Fluence 2015 com o dispositivo Ecodrive, dentro novo sistema multimídia R-Link. Através desse recurso, o condutor é instruído a como dirigir de forma mais econômica. Vale citar que a preocupação da marca com eficiência energética rendeu várias notas “A” para a Renault dentro do Programa de Etiquetagem Veicular do Conpet/Inmetro. O antigo Fluence, na versão manual, recebeu do Programa a nota máxima de economia dentro de sua categoria e a nota “B” no geral, chegando ao consumo médio (cidade/estrada) de 8 km/l quando abastecido com etanol. Na versão com CVT, a média cai para 7 km/l. Como as combinações de trem de força permanecem na versão 2015 – ainda não avaliada pelo Programa –, provavelmente, os valores serão muito parecidos.
Junto com o R-Link, há a evolução da chave-cartão do Fluence, que agora incorpora o sistema “Hands Free” (acionamento partida do motor não precisa da chave no contato do veículo) e “Walk Away Closing” (função da versão Privilège onde basta o motorista se afastar do veículo com a chave no bolso que as portas travam e os retrovisores se recolham automaticamente). O ar-condicionado digital dual-zone, com saídas de ar para o banco traseiro, é de série desde a versão Dynamique.
Para completar o pacote de conforto ao dirigir, o sistema de direção é elétrico com assistência variável e coluna ajustável em altura e profundidade. O único “porém” fica para a acomodação das pernas no banco traseiro, atrás do motorista. Caso o piloto tenha mais de 1,80 m de altura e o passageiro também, dependendo do recuo do banco dianteiro, atrás fica faltando um pouco de espaço para os joelhos. Nada que não possa ser “negociado” entre os ocupantes, mas menos do que se espera de um carro com 4,62 m de comprimento.
Undercar e segurança
A suspensão dianteira é do tipo McPherson, com braço inferior triangular, barra estabilizadora, molas helicoidais e amortecedores hidráulicos telescópicos. Na traseira, o Fluence possui eixo soldado em “H” de deformação programada, molas helicoidais, barra estabilizadora integrada e, também, amortecedores hidráulicos telescópicos. Os freios a disco nas quatro rodas (ventilados de 280 mm na frente e sólidos de 260 mm atrás) possuem sistema ABS com auxílio de frenagem de urgência (AFU) e distribuição eletrônica de frenagem (EBD).
O Fluence ainda possui outros assistentes como sistema de controle de estabilidade (ESP), que corrige os movimentos que fazem o veículo sair da trajetória normal nas curvas; e controle de tração (ASR). Além de todos esses assistentes, há o pacote de segurança passiva com quatro airbags (dianteiros e laterais) na versão Dynamique e seis (dianteiros, laterais e tipo cortina) na versão Privilège, tudo de série.
Pós-venda
A Renault oferece garantia de fábrica de três anos ou 100 mil quilômetros rodados para o Fluence 2015, o que ocorrer primeiro. O plano de manutenção do modelo prevê revisões periódicas a cada 10 mil quilômetros ou 12 meses, com preço de pacote de peças fixo. Segundo o diretor de Marketing da fabricante, Bruno Hofmann, o valor médio das revisões do modelo até os 60 mil km é de 450 reais, o terceiro mais barato da categoria.
Quem comprar o Fluence 2015 também conta com dois outros serviços de auxílio à manutenção. O primeiro é o Renault Assistance, um serviço de assistência técnica e de socorro mecânico, com atendimento 24 horas por dia, oferecido gratuitamente por 2 anos após a compra. O outro é o My Renault, página pessoal e exclusiva do proprietário do veículo Renault que tem, num só local, todas as informações referentes ao seu carro: desde o manual até dicas para redução de consumo de combustível e ofertas que incluem, por exemplo, desconto na compra de acessórios e troca de óleo.
Atributos não faltam para o novo Fluence enfrentar o ambiente hostil do nicho de sedãs médios. A Renault aposta que o modelo vá vender pelo menos 1 mil unidades/mês a partir de seu lançamento oficial em janeiro de 2015. Mas se um mercado tão sui generis como o brasileiro vai responder positivamente às qualidades deste modelo é algo que só se saberá na prática.
Tabela de preços
Renault Fluence 2015 Dynamique: R$ 66.890
Renault Fluence 2015 Dynamique CVT: R$ 71.890
Renault Fluence 2015 Dynamique CVT Plus: R$ 74.890
Renault Fluence 2015 Privilège: R$ 82.990
FICHA TÉCNICA – Renault Fluence 2015
Motor
Configuração: 2.0 16V Hi-Flex DOHC CVVT
Cilindrada: 1.997 cm³
Diâmetro x curso: 84,0 mm x 90,1 mm
Taxa de compressão: 10 :1
Potência máxima: 143 cv (etanol) a 6.000 rpm / 140 cv (gasolina) a 6.000 rpm
Torque máximo: 20,3 kgfm (etanol) a 3.750 rpm / 19,9 kgfm (gasolina) a 3.750 rpm
Alimentação: Injeção eletrônica multiponto sequencial
Câmbio – Caixa manual de 6 marchas
Relações de marcha:
1ª………………….3,72:1
2ª………………….2,10:1
3ª………………….1,45:1
4ª………………….1,11:1
5ª………………….0,91:1
6ª………………….0,76:1
Ré…………………3,81:1
Diferencial………4,31:1
Câmbio – Caixa automática CVT X-Tronic, com opção de trocas sequenciais de 6 marchas
Relações de marcha no modo automático:
Abertura mínima: 2,349
Abertura máxima: 0,394
Relações de marcha no modo sequencial:
1ª………………….2,50:1
2ª………………….1,38:1
3ª………………….0,99:1
4ª………………….0,75:1
5ª………………….0,58:1
6ª………………….0,44:1
Diferencial………6,47:1
Undercar
Rodas: Liga leve R16 (Liga leve R17 na versão Privilège)
Pneus: 205/60 R16 (205/55 R17 na versão Privilège)
Suspensão dianteira: Tipo MacPherson, com braço inferior triangular, barra estabilizadora, molas helicoidais e amortecedores hidráulicos telescópicos
Suspensão traseira: Eixo soldado em “H” de deformação programada, molas helicoidais, barra estalizadora integrada e amortecedores hidráulicos telescópicos
Freios: Sistema ABS com auxílio de frenagem de urgência (AFU) e distribuição eletrônica de frenagem (EBD), discos ventilados dianteiros de 280 mm de diâmetro e sólidos na traseira de 260 mm de diâmetro
Direção: Elétrica com assistência variável
Dimensões
Tanque de Combustível: 60 litros
Porta-malas: 530 litros
Carga útil: 430 kg (413 kg nas versões com câmbio CVT)
Peso em ordem de marcha: 1.369 kg (1.372 kg nas versões com câmbio CVT)
Entre eixos: 2.700 mm
Comprimento: 4.620 mm
Altura: 1.470 mm
Largura sem retrovisores: 1.810 mm
Aceleração 0 a 100 km/h (manual): 9,7s (etanol) / 9,9s (gasolina)
Aceleração 0 a 100 km/h (CVT): 9,9s (etanol) / 10,1s (gasolina)
Velocidade máxima: 200 km/h (195 km/h nas versões com câmbio CVT)