Raio X: Renault Kwid 2023

Raio X: Renault Kwid 2023

Avaliamos as condições de manutenção e reparabilidade do hatch subcompacto Kwid, modelo 2023, que traz motor 1.0 SCe de 71 cv

 

Após quase 4 anos e meio de mercado e mais de 277 mil unidades vendidas no Brasil, o Renault Kwid 2023 estreou com novidades no visual, na lista de equipamentos e na mecânica. Disponível em três versões (Zen, Intense e Outsider), o hatch agora vem de série com ar-condicionado, direção assistida e vidros elétricos dianteiros em toda a gama. Carro zero-quilômetro mais barato do Brasil, o modelo tem tabela inicial de R$ 59.090 – já considerada a redução de IPI anunciada no fim de fevereiro.

O pacote padrão de segurança do Kwid foi reforçado, com a adição de controle de estabilidade, assistente de partida em rampa, sistema de monitoramento indireto da pressão dos pneus e alertas visuais e sonoro de não utilização do cinto de segurança para todos os ocupantes. Desde o lançamento do hatch, em 2017, o modelo traz quatro airbags de fábrica.

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Raio X: Renault Kwid 2023

A mecânica do subcompacto recebeu nova calibração para atender aos novos limites de emissões do Proconve. O motor 1.0 SCe, de três cilindros, duplo comando de válvulas e bloco em alumínio, produz agora 71/68 cv de potência (E/G) a 5.500 rpm – 1 cv e 2 cv extras, respectivamente. O torque é de 10 kgfm com etanol (0,2 kgfm extras) e de inalterados 9,4 kgfm com gasolina, sempre a 4.250 rpm.

Para melhoria da eficiência energética, além da substituição do antigo tanquinho auxiliar de gasolina (substituído pelo sistema de pré-aquecimento do etanol), o Kwid 2023 traz de série sistema stop-start em todas as versões. Dados do Inmetro indicam melhoria no consumo, com 10,8 km/l na cidade e 11 km/l na estrada, com etanol. Já com gasolina, na ordem, são 15,3 km/l e 15,7 km/l.

A fim de avaliar as condições de manutenção e reparabilidade do Kwid Intense 2023 com pack Biton (R$ 65.790), convidamos o mecânico Fernando Araujo, proprietário da oficina Motor France SP, especializada em veículos franceses, em São Paulo/SP.

Raio X: Renault Kwid 2023
Fernando Araujo, proprietário da oficina Motor France SP, especializada em veículos franceses, em São Paulo/SP

 

MUDANÇAS E PRAZOS

Ao abrir o capô, Araujo nota a ausência do tanquinho de partida a frio no cofre do motor. “Esse novo sistema de pré-aquecimento diretamente na rampa de injeção é acionado eletronicamente ao abrir a porta do motorista. Por isso há um pequeno ruído nesse momento, que remete ao barulho de um besouro, e isso é normal”, explica o profissional.

Caso o veículo esteja abastecido totalmente com etanol, em dias frios uma luz-espia amarela, com símbolo de serpentina, indica no painel a atuação do sistema de pré-aquecimento. “A eliminação do tanquinho é positiva pois, como muitos motoristas não usavam etanol, a gasolina do reservatório ficava envelhecida e entupia a tubulação. Além disso, o cofre do motor fica mais amplo com um componente a menos”, complementa.

Ao analisar os aspectos de manutenção corriqueira, o especialista nota outro ponto positivo do modelo. “O motor do Kwid possui sincronismo por RAIO X corrente, que não necessita de manutenção. Mas vale lembrar a necessidade do cuidado com a substituição dos demais itens, como óleo do motor e filtros. Se o cliente mantiver o plano de manutenção em dia, é uma motor que não dará dores de cabeça”, indica.

As trocas de óleo do motor e filtro de óleo devem ser realizadas a cada 10 mil quilômetros ou 1 ano (ou em metade destes intervalos em caso de uso severo). O óleo recomendado pela Renault é o Castrol 10W40 que atenda às normas RN 0700 ou ACEA A3/B4. A capacidade de abastecimento é de 2,8 litros. “As pessoas costumam assimilar a troca de óleo apenas à quilometragem, mas devem se atentar ao tempo também. Mesmo parado no trânsito, o motor do veículo está trabalhando e o lubrificante acaba se degradando”, ressalta.

Outro ponto apontado pelo mecânico é a necessidade de se verificar o nível regularmente. “Entre as revisões, pode ser necessário completar o nível com o lubrificante especificado pela montadora. Neste motor 1.0, a vareta de medição (1) fica embutida na própria tampa de abastecimento”, indica Araujo.

O acesso ao filtro de ar (2) do motor é fácil. “Basta soltar os parafusos da caixa e afastar o duto de entrada de ar”, analisa. A substituição deve ser feita a cada 10 mil quilômetros ou 1 ano.

O fluido de arrefecimentodeve sempre ser verificado também pela tampa do radiador (3), e não apenas pelo reservatório (4). “Se houver um vazamento de água maior no sistema, o vácuo não consegue trazer o líquido até o radiador. Se não for verificado o nível do radiador, o carro pode ferver mesmo com o reservatório na marcação certa”, explica.

De acordo com o manual da Renault, a substituição do fluido de arrefecimento deve ser realizada a cada 80 mil quilômetros ou 4 anos. O abastecimento deve ser feito com o anticongelante Glaceol RX Tipo D diluído na seguinte proporção: 30% de aditivo e 70% de água desmineralizada. A capacidade total do sistema é de 3,89 litros. “Para fazer a sangria do arrefecimento, o dreno (5) fica bem localizado na parte posterior do cofre”, observa.

Já o fluido de freio (6), DOT 4+, tem prazo de troca previsto pela Renault para cada 80 mil quilômetros ou 4 anos.

A manutenção do sistema de ignição é descomplicada, na visão do especialista. “Em alguns modelos, há uma dificuldade maior na remoção das bobinas (7) e velas pela necessidade de retirada do coletor de admissão. No Kwid, basta tirar uma tampa localizada sobre as velas, que funciona como um protetor térmico”, aponta.

As velas deste 1.0 SCe são convencionais e têm troca preconizada a cada 40 mil quilômetros ou 4 anos. Para a substituição das correias de acessórios (8) – do alternador e compressor do ar-condicionado –, o prazo indicado pelo manual é a cada 60 mil quilômetros ou 4 anos.

Pontos também bem localizados no cofre são o módulo do sistema ABS (9), que agora integra também os controles de estabilidade e tração, as sondas lambda pré e pós-catalisador (10), a base de fusíveis (11) e o módulo de injeção (12).

Agora com sistema stop-start, o Kwid conta com bateria (13) do tipo EFB, de 60Ah e CCA 510A EN. “Essa bateria possui sistema de evaporação diferenciado, para aguentar a maior quantidade de partidas do motor. Na hora da reposição, é essencial manter a especificação compatível do modelo original”, alerta.

 

SEGREDO DA RODA TRASEIRA

Com o novo Kwid 2023 no elevador, é hora de analisar os aspectos de reparabilidade do undercar. Sem protetor de cárter de série, o hatch tem fácil acesso ao filtro de óleo (14) e ao bujão de escoamento. Em relação à lubrificação do câmbio manual de 5 marchas, a marca recomenda apenas a inspeção de nível a cada 10 mil quilômetros ou 1 ano, sem prazo específico para substituição. Em caso de necessidade de troca, deve ser utilizado 1 litro do óleo Elf NSX SAE 75W que atenda à norma APIGL-4.

“O bujão de enchimento (15) do óleo de câmbio fica localizado na parte superior, mais próximo ao semieixo. Interessante notar que o Kwid conta com acionamento a cabo da embreagem, sem o sistema hidráulico de outros carros”, comenta.

Na suspensão dianteira (McPherson), os pivôs (16) podem ser substituídos independentemente da bandeja. “O Kwid não tem barra estabilizadora na suspensão dianteira. Portanto, não necessita de troca de componentes como bieletas e buchas da barra”, nota.

Para a manutenção da torre do amortecedor dianteiro do lado direito, é necessário desmontar o reservatório do limpador do para-brisa (17).

Na suspensão traseira, que possui construção de eixo rígido (18), a troca de molas e amortecedores também não exige nenhuma ferramenta especial. O sistema dianteiro de freios do Kwid conta com discos ventilados, sistema adotado a partir da linha 2020 do subcompacto – antes, os discos eram não-ventilados. Na traseira, o modelo mantém o sistema a tambor.

Localizado próximo ao tanque de combustível, o filtro de combustível (19) deve ser substituído a cada 10 mil quilômetros ou 1 ano.

Com tamanho reforçado nessa linha 2023 (por conta dos limites de emissões), o cânister (20) agora fica alojado no balanço traseiro, logo atrás do para-choque.

Uma característica do Kwid mantida desde o modelo de 2017 é a dificuldade de instalação das rodas (21) do eixo traseiro.

“O Kwid 2023 continua com o centralizador de roda apenas na dianteira. No eixo traseiro, é difícil fazer o encaixe da roda ao cubo sem uma ferramenta especial (22) fornecida com o carro”, explica.

Para a instalação da roda original ou estepe no eixo traseiro, fixe o parafuso- -guia do veículo à furação superior do cubo (23).

“A ferramenta não fica alojada junto ao estojo do macaco e a chave de roda. O parafuso especial é preso na que peça que fixa o estepe à carroceria. Após encaixar a roda ao cubo com o parafuso-guia e o freio de estacionamento acionado, encaixe os dois parafusos de fixação e faça um aperto inicial. Após, remova o guia e encaixe o terceiro e último parafuso”, detalha.

Após analisar os aspectos de reparabilidade do novo Kwid 2023, Fernando Araujo aprovou as atualizações do subcompacto. “É um carro de fácil manutenção e que dá espaço para o mecânico trabalhar, sem necessidade de uso de ferramentas especiais. Sempre é preciso frisar a necessidade de respeitar os prazos de manutenção preventiva para conservar o carro”, finaliza o profissional da Motor France SP.

Raio X: Renault Kwid 2023

 

Texto & fotos Gustavo de Sá

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