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Raio X: Honda Civic EX 2021

Com motor 2.0 aspirado, versão intermediária mantém a fama de baixa manutenção

 

décima geração do Civic surgiu no Brasil em 2016 e tentou repetir a ousadia no estilo que marcou a oitava linhagem, conhecida até hoje como “New Civic”. Mais do que isso, o modelo cresceu em porte e continuou a apostar na manutenção descomplicada para garantir seu espaço entre os consumidores de sedãs médios. Na comparação com rivais que utilizam motores turbo e até híbridos em faixa de preço semelhante, o Civic 2.0 2021 acerta em manter o foco na simplicidade mecânica?

Com exceção da versão topo de linha Touring, que traz motor 1.5 turbo de 173 cv, todas as configurações do Civic vêm com o motor 2.0 aspirado flex, de código R20Z1, que produz 155/150 cv (E/G) de potência a 6.300 rpm e 19,5/19,3 kgfm (E/G) de torque a 4.800 rpm. O câmbio é automático do tipo CVT, com simulação de 7 marchas.

Cassio Yassaka, proprietário da oficina Cassio Serviços Automotivos, em São Paulo/SP

A versão EX aqui avaliada custa R$ 125.200 e traz de série controles de estabilidade e tração, assistente de saída em rampa, 6 airbags, câmera de ré, alerta de perda de pressão dos pneus, luzes de rodagem diurna em LED, rodas de 17”, acendimento automático dos faróis, chave presencial, partida do motor por botão, central multimídia com tela de 7”, bancos em couro, ar-condicionado digital e controle de cruzeiro. O consumo do Civic 2.0 no padrão do Inmetro é de 7,2 km/l na cidade e 8,9 km/l, na estrada, com etanol. Com gasolina, na ordem, as médias são de 10,5 km/l e 13 km/l.

Para avaliar as condições de manutenção e reparabilidade do Honda Civic 2021, contamos com o auxílio do mecânico Cassio Yassaka, proprietário da oficina Cassio Serviços Automotivos, em São Paulo/SP.

COFRE ORGANIZADO

Ao abrir o capô, o mecânico se surpreendeu positivamente com a disposição dos componentes. “O cofre do motor é bem espaçoso para manutenção. Esta geração do Civic cresceu bastante em porte. Apesar de ser um sedã médio, é quase um sedã grande para os padrões do Brasil”, afirma Yassaka.

As velas e bobinas de ignição (1) têm acesso descomplicado. A substituição das velas, que são de irídio (código SILZKR7C11DS, fabricante NGK), é recomendada pela Honda a cada 60 mil quilômetros. “Além das velas, os bicos injetores também têm acesso muito simples, diferentemente de outros Honda, onde o espaço é reduzido”, explica.

Este 2.0 traz comando simples de válvulas (SOHC), com controle variável de sincronização e abertura das válvulas (i-VTEC). A fabricante recomenda o ajuste da folga das válvulas a cada 40 mil quilômetros. Para as de admissão, a Honda admite o intervalo de folga entre 0,18 e 0,22 mm. Já para as de escape, o ajuste ideal deve ficar entre 0,23 e 0,27 mm.

“Se a folga da válvula ficar justa demais, pode haver consumo excessivo. É comum vermos reclamações de consumo atreladas à falta de ajuste nas válvulas”, conta o especialista. Ao realizar este procedimento, a junta da tampa de válvula deve ser substituída.

O reservatório do fluido de arrefecimento (2) é integrado ao sistema, em uma única peça. “No Civic, não há mais a tampa do radiador. O nível deve ser checado diretamente no reservatório, que é pressurizado”, aponta o mecânico. A troca do fluido deve ocorrer somente a cada 200 mil quilômetros ou 10 anos.

O produto homologado pela marca é o anticongelante Honda tipo 2, que vem pronto para aplicação (já diluído em água desmineralizada na proporção 50/50). A capacidade total do sistema é de 5,7 litros para troca completa, o que inclui o volume de 580 ml do reservatório. Em caso de emergência, caso o líquido de arrefecimento original não esteja disponível, a Honda indica no manual o uso de líquido de arrefecimento recomendado para motores de alumínio e sem silicato para substituição temporária.

“Outros pontos de manutenção também parecem bem pensados para o trabalho do mecânico, como as válvulas do sistema de ar-condicionado (3), as sondas-lamba pré e pós-catalisador (4) e o módulo do sistema ABS”, ressalta Yassaka.

Como em diversos modelos da marca, o motor 2.0 do Civic utiliza corrente para o comando da distribuição, que não necessita de manutenção. “Se o proprietário seguir as trocas de óleo do motor no período correto, dificilmente terá problemas”, orienta.

A inspeção da correia de acessórios é simples e recomendada pela fabricante a cada 20 mil quilômetros, junto à verificação do tensionador. “Para a troca, basta fazer a remoção do coxim superior, o que amplia o acesso à correia”, indica o mecânico.

O acesso ao filtro de ar (5) não necessita que o conector seja desligado, bastando a abertura de duas travas laterais da tampa. A troca deste componente deve ocorrer a cada 20 mil quilômetros ou 2 anos.

O fluido de freio (DOT 3 ou DOT 4) tem troca preconizada pela Honda a cada 3 anos, independentemente da quilometragem. “Ao fazer a troca do fluido, é importante se atentar para não acabar molhando nenhum componente elétrico ao redor do reservatório”, orienta Cassio.

O módulo de injeção (6) fica entre as caixas do filtro de ar e de fusíveis, com os plugues protegidos por uma tampa plástica adicional. “Em um país tropical como o nosso, em época de chuvas é comum vermos danos a esse componente em caso de enchentes. A tampa acaba sendo uma proteção adicional contra umidade”, conta Yassaka.

Ponto destacado pelo mecânico é a disposição planejada dos chicotes eletrônicos em todo o cofre do motor. “Os chicotes têm uma guia, espécie de suporte que organiza os cabos (7). Em caso de necessidade da remoção do motor, basta desplugá-los de forma fácil, no que chamamos de sistema plug and play”, explica.

O acesso às lâmpadas dos faróis principais e de neblina é simples. Esta versão utiliza lâmpadas halógenas para os fachos baixo (H11), alto (HB3) e de neblina (H8), enquanto as luzes de rodagem diurna são em LED. Novidade na gama 2021 do Civic é a presença de ajuste elétrico de altura dos faróis. A bateria do sedã é de 60 Ah.

UNDERCAR

O Civic conta com uma fina chapa metálica de alumínio (8) na região inferior do motor. Não se trata de um protetor de cárter mas, sim, de um defletor aerodinâmico. “Para removê-la, basta tirar dois parafusos com chave phillips e outros 6 parafusos do tipo engate rápido, de ¼ de volta, com uma chave de fenda”, explica o mecânico.

O filtro de óleo é do tipo convencional, com corpo metálico integrado (9). “O cárter possui uma espécie de aro ao redor do filtro, que protege em caso de impactos”, observa Yassaka. A troca do óleo do motor e filtro de óleo deve ocorrer a cada 10 mil quilômetros ou 1 ano (ou

metade deste intervalo em uso severo). O lubrificante recomendado pela marca é o genuíno Honda SAE 0W-20, API-SM ou superior. Incluída a troca do filtro, são necessários 3,7 litros ao todo.

O Civic conta com indicador de vida útil do óleo do motor no computador de bordo, que deve ser zerado pelo mecânico a cada troca. Segundo o manual do Honda Civic, “a taxa de consumo de óleo

pode ser de até 1 litro a cada 1.000 km rodados”, podendo variar de acordo com a forma de condução, condições climáticas e superfície das ruas.

Para o câmbio CVT, a indicação da fabricante é que o fluido da transmissão seja substituído a cada 40 mil quilômetros ou 3 anos. “O bujão de escoamento do fluido da transmissão fica logo abaixo do cárter do câmbio, enquanto o bujão de enchimento fica acima, na lateral (10)”, nota o mecânico. O fluido preconizado é o Honda HCF-2, sendo necessários 3,5 litros para a troca.

A suspensão dianteira possui o tradicional arranjo McPherson, com barra estabilizadora e bieletas em alumínio (11), a fim de reduzir o peso. “A fixação superior (12) dos amortecedores é de fácil acesso no cofre, sem a necessidade de desmontar a grelha dos limpadores de para-brisa. Isso agiliza o tempo de manutenção na oficina”, conta Yassaka.

Independente, do tipo multibraço, a suspensão traseira (13) também traz barra estabilizadora. “A barra é interna, passando por dentro do braço oscilante inferior da suspensão. Isso contribui ainda mais para uma melhor estabilidade em curvas”, observa. Na ligação entre as bandejas e o quadro da suspensão, há marcadores de referência (14) para ajuste de alinhamento.

O Civic conta com freios a disco nos dois eixos, sendo ventilados no eixo dianteiro. Na traseira, o acionamento do freio de estacionamento é feito por um servo motor (15). “Para fazer a troca das pastilhas, é necessário um software para recolhê-las. Sem o equipamento, há risco de danificar o servo motor e perder o curso do freio de mão”, explica o profissional.

Na análise da região inferior do sedã, Cássio Yassaka também nota bons detalhes do sistema de arrefecimento. “Há um acoplamento de metal (16) entre as mangueiras de arrefecimento inferiores do radiador. Como as mangueiras são longas, a marca aplica esse reforço para não haver o risco de dobrar, rasgar e vazar fluido. Próximo à mangueira, há um dreno de esgotamento (17) do líquido de arrefecimento”, afirma o mecânico.

Ao contrário da versão com motor 1.5 turbo, o Civic com motor 2.0 possui filtro de combustível externo (18), com troca preconizada a cada 10 mil km ou 1 ano. O filtro de cabine (ou filtro de ar-condicionado) deve ser trocado a cada 20 mil quilômetros ou 2 anos. Desde a linha 2020, toda a gama Civic vem de fábrica com alerta de perda de pressão dos pneus do tipo indireto (iTPMS), que necessita de confirmação (por meio de um botão à esquerda do volante) a cada aferição. “É um item cada vez mais comum e importante para a segurança”, opina o mecânico.

Segundo a Honda, mesmo pneus em boas condições podem perder de 1 a 2 psi por semana. A verificação da pressão deve ocorrer sempre com os pneus frios, já que, com a banda de rodagem quente, pode haver variação positiva entre 4 e 6 psi. A pressão recomendada a frio é de 32 psi nos quatro pneus do Civic, seja para condição de carga normal ou máxima. Para o estepe (do tipo temporário) a indicação é de 60 psi.

Após analisar o Civic 2021, Cassio Yassaka aprovou as condições de reparabilidade do sedã nacional. “Parece que as fabricantes, em especial a Honda, estão se preocupando cada vez mais com a facilidade da manutenção. Isso acaba sendo um ponto positivo para o carro até na hora da revenda, já que isso conta pontos para a fama de baixa reparabilidade do modelo”, ressalta.

 

texto: Gustavo de Sá

fotos: Lucas Porto

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