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Raio X: Fiat Strada Freedom CD

Raio X: Fiat Strada Freedom CD

Nova geração da picape adota mecânica mais moderna sem abandonar a facilidade na manutenção

 

Após 22 anos de mercado, a Fiat Strada finalmente teve a primeira mudança completa de geração em junho de 2020. A picape, que lidera o ranking de comerciais leves mais vendidos há 20 anos, manteve características que consagraram a antecessora junto a novos itens de tecnologia e segurança. As alterações parecem ter surtido efeito, já que a picape ultrapassou o Onix e foi o veículo mais vendido do Brasil em setembro último, com 11.873 unidades emplacadas.

A nova Strada adota a mesma nomenclatura de versões da Fiat Toro: Endurance, Freedom e Volcano, com opções de cabines simples (chamada de Plus) nas duas primeiras e cabine dupla nos três acabamentos. Os preços iniciais variam entre R$ 64.990 e R$ 82.290. A configuração aqui avaliada, Freedom cabine dupla, é tabelada a R$ 79.290. A Strada é feita na nova plataforma MPP, que mescla elementos de Mobi, Argo e Fiorino. Na comparação com a antiga versão Freedom cabine dupla, a nova geração está 36 mm mais comprida (4.474 mm ao todo), 68 mm mais larga (1.732 mm), 26 mm mais alta (1.606 mm) e 19 mm maior na distância entre eixos (2.737 mm).

O vão livre do solo varia de 208 mm a 214 mm, a depender de cada versão. Os ângulos de entrada e saída na Strada Freedom são de 24º e 27º, respectivamente. O espaço na caçamba cresceu, com 1.354 litros de capacidade na opção cabine Plus (aumento de 134 litros em relação à antiga geração) e 844 litros na cabine dupla (164 litros a mais). A capacidade total de carga (que inclui o volume transportado na caçamba e também o peso dos ocupantes) passou de 705 kg para 720 kg na cabine plus. Nos modelos de quatro portas, são 650 kg.

Raio X: Fiat Strada Freedom CD
Antônio Augusto Aranda, o Guto, mecânico proprietário da oficina G.Pauto em São Paulo/SP

A tampa da caçamba (que suporta 400 kg de peso) ganhou sistema de amortecimento por mola, que diminuiu o esforço necessário para abertura e fechamento da peça em 60%. Outra mudança é o alojamento do estepe, que passou de dentro da caçamba para abaixo dela, do lado externo.

A nova Strada traz duas opções de motores. Na versão Endurance, voltada ao trabalho e mercado frotista, o motor é o 1.4 EVO flex de 88/85 cv (E/G) de potência e 12,5/12,4 kgfm de torque. Já as variantes Freedom e Volcano trazem o 1.3 Firefly de Argo e Cronos, com 109/101 cv de potência e 14,2/13,7 kgfm de torque. Para ambas, a única opção de câmbio é o manual de cinco marchas – em 2021, a marca deverá lançar uma inédita caixa automática do tipo CVT para a picape.

Além do novo motor 1.3, a Strada também estreia itens de segurança e conforto indisponíveis no modelo anterior, como controles de estabilidade e tração, assistente de saída em rampa, direção com assistência elétrica (exceto com motor 1.4) e airbags laterais nas opções de cabine dupla.

Para avaliar de perto as condições de reparabilidade e manutenção do lançamento da Fiat, levamos a picape para a oficina G.Pauto, em São Paulo/SP, onde foi avaliada pelo mecânico Antônio Augusto Aranda, o Guto, proprietário da oficina.

MANUTENÇÃO DESCOMPLICADA

Ao abrir o capô, o primeiro destaque da nova Strada é o bom espaço no cofre do motor (1). O ângulo de abertura da peça também é generoso, o que sempre facilita a movimentação do mecânico no momento da manutenção.

Raio X: Fiat Strada Freedom CD

A caixa do filtro de ar é acessível. Para retirá-la, basta remover 5 parafusos com a chave Philips e as duas fixações laterais com chave L-10. A troca do filtro de ar (2) é recomendada para cada 10 mil quilômetros ou 12 meses. Em caso de uso severo, o período é reduzido a cada 5 mil quilômetros ou 6 meses.

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“É recomendável uma inspeção visual do elemento a cada 15 dias quando o veículo roda em locais muito poeirentos. O mesmo vale para o filtro de cabine”, orienta o professor de Engenharia Mecânica e consultor técnico da Revista O Mecânico, Fernando Landulfo.

A remoção da caixa dá acesso aos bicos injetores, bobinas e velas (3) – para removê-las, é necessário o uso de chave 14 mm. A substituição das velas (com eletrodos compostos por liga de irídio) é recomendada pela Fiat para cada 40 mil quilômetros, independentemente do tempo de uso.

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Os dois sensores de oxigênio (4), pré e pós-catalisador, estão bem localizados, assim como o próprio catalisador, na região entre o motor e o eletroventilador. O corpo de borboleta também é posicionado em local elevado, com fácil acesso.

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Outros itens bem localizados são a  correia de acessórios, os coxins do motor e o alternador (5). Chamado pela marca de “Smart Charger”, este alternador otimiza a recarga da bateria em desacelerações com o melhor aproveitamento da energia cinética que seria desperdiçada.

Raio X: Fiat Strada Freedom CD

Ao contrário das linhas Argo e Cronos, a nova Strada não possui a função start-stop em nenhuma das versões, apesar de os pedais de freio e embreagem trazerem potenciômetro integrado (o que pode indicar adoção do sistema em futura atualização da picape). A bateria (6) é comum, de 50 Ah.

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A vareta de verificação do nível de óleo do motor (7) é integrada à tampa e passa por dentro do motor, o que evita vazamentos e facilita a manutenção, de acordo com a Fiat. Este 1.3 Firefly utiliza corrente para o comando de válvulas (o 1.4 Fire Evo, da versão básica Endurance, mantém a correia “dentada”). A fabricante indica durabilidade acima dos 200 mil quilômetros para a corrente. “A corrente dá sintomas de quando está próxima do fim da vida útil. Geralmente, começa a raspar quando está com folga ou mesmo o variador começa a falhar”, explica o mecânico Guto.

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A correia de acessórios também possui fácil acesso, segundo Guto. A substituição é prevista a cada 60 mil quilômetros ou 48 meses, o que ocorrer primeiro. Em caso de uso severo, o intervalo é reduzido pela metade (a cada 30 mil quilômetros ou 24 meses).

Ainda no cofre do motor, uma seta na fixação superior dos amortecedores dianteiros (8) indica a posição do guia. “Isso orienta a posição correta de montagem”, afirma Aranda.

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A substituição das lâmpadas dos faróis também é simples, com espaço suficiente para as mãos (9). Nesta versão e na básica Endurance, a picape traz luzes de rodagem diurna (DRL) halógenas. Desta forma, assim que o carro é ligado, a iluminação diurna é ativada por padrão. Porém, o sistema com lâmpadas comuns não substitui o uso do farol baixo em estradas, ao contrário da DRL em LED (presente na versão Volcano).

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A marca recomenda o uso de fluido de arrefecimento homologado (Petronas Coolant Up), que não vem diluído – para isso, deve-se obedecer a proporção de 50% de fluido e 50% de água desmineralizada. A capacidade de abastecimento do sistema (10) é de 5 litros. A substituição do líquido é recomendada pela marca para cada 10 anos ou 240 mil quilômetros.

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Ponto negativo da Strada (e compartilhado por outros modelos da marca) é a ausência de uma simples etiqueta na porta do motorista ou na portinhola do tanque de combustível com a indicação de pressão recomendada para calibragem dos pneus frios. A informação aparece única e exclusivamente no manual do proprietário, nem sempre consultado pelos motoristas. Nesta versão Freedom, a recomendação é de 32 psi nos cinco pneus (incluindo o estepe) em condições normais de uso – com carga máxima, deve-se calibrar os dois do eixo traseiro com 44 psi.

A picape traz o sistema de alerta de baixa pressão dos pneus do tipo indireto, que funciona por meio de sensores de velocidade de roda do sistema ABS/ESC. A cada parada para calibrar, o motorista deve confirmar a ação por meio de um comando no computador de bordo. O filtro de cabine (11) fica alojado na região próxima aos pés do passageiro frontal, perto da parede corta-fogo, em um local de acesso não tão simples. “É exatamente o mesmo alojamento do filtro de ar-condicionado do Mobi”, conta Guto. A troca do componente é indicada para cada 10 mil quilômetros ou 12 meses. Para remover a tampa de proteção, basta soltar 2 parafusos com uma chave philips.

Raio X: Fiat Strada Freedom CD

“De forma geral, os destaques desse carro são a facilidade e simplicidade na hora da manutenção. O mecânico não terá surpresas”, ressalta Guto após examinar o cofre do motor e a cabine.

ANÁLISE POR BAIXO

Com o carro no elevador, Guto analisa o undercar e confirma o que desconfiava ao verificar o eletroventilador por cima. “Para removê-lo, só tirando o para-choque antes”, orienta. O filtro de óleo (12) é posicionado em local de fácil acesso e fica protegido entre o cárter de aço estampado (13) e o suporte do compressor do ar-condicionado (14), integrado ao sub-bloco.

Raio X: Fiat Strada Freedom CD

Raio X: Fiat Strada Freedom CD

Raio X: Fiat Strada Freedom CD

O óleo recomendado é sintético, de baixa viscosidade (SAE 0W20, API SN). O intervalo de trocas de óleo e filtro é a cada 10 mil quilômetros ou 12 meses, sendo reduzido pela metade em uso severo. Para abastecimento de cárter e filtro, são necessários 3,4 litros. O motor de arranque também possui fácil acesso, segundo o mecânico.

A caixa de câmbio manual (15) deve ter o nível verificado nas revisões de 40 mil quilômetros (ou 4 anos meses) e 80 mil quilômetros (ou 8 anos). A substituição é prevista aos 120 mil quilômetros, sendo necessários 2 litros do óleo sintético homologado (SAE 75W, API GL 4). O sistema de acionamento hidráulico da embreagem deve ter o fluido (DOT 4) substituído a cada 24 meses ou 40 mil quilômetros.

Raio X: Fiat Strada Freedom CD

O filtro de combustível (16) fica na região central do undercar, envolto por uma proteção de metal. Para removê-la, basta tirar dois parafusos com uma chave L-10. A troca do componente é prevista no manual para cada 20 mil quilômetros ou 24 meses – em caso de uso severo, o intervalo cai pela metade.

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A Strada mantém o arranjo de suspensões da antecessora, do tipo McPherson (17) na dianteira (com novas molas, amortecedores e barra estabilizadora) e por eixo rígido com molas semielípticas (18), na traseira. Apesar disso, calibração e geometria (valores dos ângulos de alinhamento) são novos.

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“Bandejas (19), buchas, terminais e braços axiais são componentes muito semelhantes aos do Mobi”, revela Guto. No eixo traseiro, Guto também ressalta a facilidade de manutenção do conjunto.

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“A troca das buchas de fixação dianteira e traseira (20) das molas semielípticas é fácil. A substituição dos batentes (21) também não tem segredos”, explica.

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Os freios utilizam discos ventilados (22) no eixo dianteiro e tambor (23), no traseiro. A verificação das pastilhas dianteiras deve ser feita a cada revisão e, caso a espessura útil seja inferior a 5 mm, devem ser substituídas. Já as lonas traseiras devem ser checadas a cada 40 mil quilômetros e, se necessário, trocadas – em uso severo, o intervalo cai para cada 20 mil quilômetros. O fluido de freio (DOT 4) tem recomendação de troca a cada 24 meses ou 40 mil quilômetros.

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Raio X: Fiat Strada Freedom CD

A manutenção da bomba de combustível, segundo Guto, exige que o tanque de combustível seja baixado. “Não há acesso pela parte debaixo do banco traseiro”, explica. Por lá, há apenas um compartimento onde ficam macaco e demais ferramentas obrigatórias de emergência (24).

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Após a análise dos principais pontos de manutenção, o mecânico Guto avalia que nova picape manteve a boa reparabilidade da antecessora. “A manutenção da Strada não tem dificuldade. Os componentes da picape não exigem nenhuma ferramenta especial para trabalhar. Com isso, os mecânicos não vão encontrar nada com que eles já não estejam acostumados a ver na oficina”, opina Antônio Augusto.

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Texto e fotos Gustavo de Sá

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