Versão Trailhawk traz motor 1.3 turbo de 176 cv e 27,5 kgfm de torque com tração nas quatro rodas
texto Vitor Lima fotos Revista O Mecânico / Divulgação Stellantis
A presentado no final de 2014 o Jeep Renegade teve a sua estreia no mercado brasileiro no ano seguinte em 2015. O design daquela época remete e muito ao atual utilizado na linha do Renegade, claro, com algumas atualizações. No ano de 2024 o Renegade vendeu 53.896 unidades ocupando o 15º lugar no acumulado de vendas do ano. Com este resultado o Jeep Renegade ficou atrás de concorrentes como o Volkswagen T-Cross, Chevrolet Tracker, Hyundai Creta, Nissan Kicks e Volkswagen Nivus.
Diante os concorrentes o Jeep Renegade detém de um motor 1.3 T270 turboalimentado com 185 cavalos de potência e 27,5 kgfm de torque. Porém, para o ano de 2025 o grupo Stellantis anunciou um decréscimo de potência, para se adequar as restrições de emissão de poluentes do Proconve PL8. Com isso, a nova potência do Renegade com motor T270 caiu para 176 cv mas foi mantido os números de torque.
Em questão de tecnologias, o Renegade Trailhawk oferece uma central multimidia de 8,4 polegadas com conexão sem fio aos sistemas Android Auto e Apple Carplay, painel digital de 7 polegadas personalizável, câmera de estacionamento traseiro, aviso de mudança de faixa, controle de estabilidade (ESC), controle de tração, detector de fadiga do motorista, HSA (Hill start Assist), faróis com DRL em LED, seis airbags, sistema Start&Stop, entre outros.
Mas e no momento da manutenção, será que o SUV traz muita novidade aos mecânicos? Para responder a essa dúvida, a Revista O Mecânico convidou Carlos Eduardo Vieira, mais conhecido como China, mecânico no Auto Center Veleiros, localizado na capital de São Paulo, para analisar as condições de manutenção do Jeep Renegade Trailhawk T270 4×4, que parte do preço de R$179.990.
Capô aberto
China comenta que já teve problemas na oficina em uma manutenção com o motor T270 em relação aos bicos da injeção direta de combustível. “Nós estamos trabalhando com etanol a muitos anos, a indústria tem aperfeiçoado os componentes para esse combustível. Porém, ainda há problemas gerados por esse combustível. Eu já realizei algumas manutenções neste motor (T270), como a substituição dos bicos injetores. Relacionando com outros veículos que utilizam injeção direta de combustível, o mecânico tem mais facilidade neste motor para efetuar a remoção dos injetores”.
Para o momento da execução do serviço de substituição dos bicos injetores, o profissional cita um ponto de atenção aos mecânicos para evitar que os componentes do sistema não sejam danificados. “Quando o mecânico vai retirar o Rail, que é a flauta onde os bicos injetores estão fixados, muitas vezes eles ficam fixados no cabeçote. Pela engenharia deste motor, as eletroválvulas do sistema MultiAir estão localizadas acima dos injetores de combustível. Caso seja necessário o uso de ferramenta para sacar os bicos que ficaram “travados”, é preciso ter cuidado, pois há possibilidade de danificar as eletroválvulas. Como elas não são encontradas para venda no mercado de reposição, é necessário a substituição do MultiAir completo, elevando muito o custo da manutenção”, alerta China.
O reservatório do líquido de arrefecimento (1) está localizado na parte frontal do cofre do motor, sem dificuldades de acesso ao mecânico. A recomendação de substituição do fluido é a cada 10 anos (120 meses) ou 240 mil km, o que ocorrer primeiro. São 8 litros de capacidade total para o sistema do fluido Mopar Coolant OAT 50, pronto para uso, que atende a especificação FCA MS.90032 – Parte B.
Segundo China, os motores da Stellantis têm como característica a mangueira inferior do reservatório do líquido de arrefecimento rígida. “Nos motores do Grupo Stellantis, o reservatório de expansão tem a mangueira inferior rígida. Por ser um material plástico, ela sofre com a variação térmica. Algumas vezes, ao executar a remoção do reservatório, ou até mesmo mexer nessa conexão, é passível de quebra”. Para ele, em seus atendimentos sempre deixa avisado os clientes sobre essa característica com o componente e que, caso necessite efetuar alguma manutenção próxima, ela é passível de quebra e que pode entrar no orçamento final da manutenção.
Outro sistema que não apresenta dificuldade ao mecânico é o de lubrificação do motor. O bocal para enchimento de óleo do motor (2) está bem destacado e sem qualquer tipo de interferência. A substituição do óleo de motor deve ser feita a cada 12 mil km ou 1 anos (12 meses), o que ocorrer primeiro. É utilizado 4,5 litros de lubrificante homologado Mopar MaxPro Synthetic 0W-30 que atende a especificação 9.55535-GS1, para abastecimento do óleo de motor, essa quantidade já inclui 200 ml do filtro.
Ainda na parte de fluidos, o reservatório do fluido de freio (3) também é de fácil acesso, e se faz necessária a substituição do fluido a cada 2 anos (24 meses) ou 36 mil km, o que ocorrer primeiro. O fluido utilizado é DOT 4 e homologado pela Mopar. Um dos componentes que agradou muito o mecânico foi o módulo de injeção pela usa localização (4). “Eu acho muito bacana algo que as montadoras vêm facilitando o acesso ao módulo de injeção. Tem componentes que o acesso é bem escondido, o que torna uma medição mais complicada. Medindo pelo próprio módulo, é capaz de diagnosticar o chicote, pois, se o sinal está chegando no módulo é sinal de que o chicote está ok”.
Uma dificuldade que muitos mecânicos têm é como precificar o seu serviço. Existem as tabelas tempárias que trazem os tempos médios de execução para cada serviço e podem ser utilizadas como parâmetros na hora de realizar o orçamento. Porém, o que realmente faz com que a manutenção em um veículo seja maior ou mais barata do que outro? China deu a sua opinião de como precifica a mão de obra nos veículos. “Eu precifico meu serviço de acordo com a dificuldade que o serviço gera. Ter componentes com facilidade de acesso para diagnóstico e substituição, tende a diminuir os valores de mão de obra para o cliente. Esse motor não é de difícil manutenção, mas ele tem alguns detalhes específicos para se ter atenção”.
Geralmente, os motores turboalimentados modernos possuem a válvula de alívio (wastegate) controlada eletronicamente, como é visto no motor T270 do Grupo Stellantis. O módulo de controle eletrônico (5) é fixado junto a carcaça do turbocompressor. Ambos são visíveis e com acesso facilitado. A bateria de 12V do Jeep Renegade Trailhwak é do tipo EFB com 72 Ah e 620A de CCA (6). Em caso de substituição da bateria, deve-se utilizar uma bateria com as mesmas características. “O sistema inteiro é projetado sob uma arquitetura elétrica que supra a demanda. Caso seja utilizada uma bateria que forneça tensão ou corrente insuficiente, alguns sistemas não funcionarão, principalmente o Stop-Start. Se for utilizado uma bateria sem suporte para esse sistema, ele não funciona”, comenta o mecânico.
As válvulas de serviço do sistema de ar-condicionado estão à vista do mecânico e são de fácil acesso. Tanto a linha de baixa quanto a linha de alta (7). Próximo das válvulas do ar-condicionado, é possível localizar a coreia de acessórios (8). O acesso não está complicado para realizar alguma verificação com o componente.
Já o alternador (9) de 150A tem acesso mais difícil. Caso o mecânico necessite realizar alguma intervenção no componente, é preciso retirar alguns itens. China comentou sobre o acesso ao eletro ventilador e do sistema de arrefecimento no geral. “O sistema de arrefecimento deste carro não é difícil de realizar a manutenção. Você remove o para-choque frontal que não é complicado, o que lhe permite um espaço muito amplo para remoção do radiador, a condensadora”. Outro componente de fácil acesso é a sonda lambda pré-catalisador (10). Além disso, é possível ver a sonda pós catalisador pela parte de cima do cofre (11).
Undercar
Ao levantar o Renegade Trailhawk a primeira coisa analisada foi o trocador de calor (12). Com alguns relatos na internet sobre problemas com esse componente, China informa o que mudou para essa nova linha. “O trocador de calor não é mais fixado na carcaça do câmbio, ele possui duas tubulações para entrada e saída de fluido de arrefecimento. Essa foi uma grande evolução, pois há casos de veículos que misturavam o fluido de arrefecimento com óleo na caixa de câmbio”.
Vale lembrar que, o Jeep Renegade Trailhawk 4×4 com motor T270 utiliza a caixa de câmbio automática da ZF. O filtro de óleo (13) que deve ser substituído a cada 12 mil km ou 1 ano (12 meses), em conjunto com a troca de óleo do motor, tem boa localização já que é um componente que o mecânico necessita de acesso com maior frequência. O bujão do cárter de óleo do motor está com o sentido para trás do veículo (14). Ambos não necessitam de remoção da chapa protetora inferior para acesso.
Um dado curioso está no manual de manutenção do veículo que, recomenda para os veículos com transmissão automática AT9, substituir o conjunto anel de vedação/bujão do cárter ou somente o anel de vedação, se disponível, depois de efetuar a troca do óleo e filtro de óleo do motor. Outro problema relatado pelos proprietários na internet com o motor T270 da Stellantis era referente ao consumo de óleo, China explicou o que ocorria e como foi solucionado para a nova linha do Grupo Stellantis. “Sobre o consumo de óleo, havia uma descalibração no sistema de estratégia do veículo, a borboleta fechava muito rápido aumentando a pressão no cárter. Foi realizado a recalibraçãodo do software o que resolveu o problema. Todo carro turboalimentado tem um consumo de óleo um pouco mais elevado em consideração aos veículos aspirados, o que faz com que abaixe um pouco mais o nível de óleo, porém, não tanto quanto ocorria com os motores T270 de primeira geração”.
O conjunto de suspensão não houve alteração. Para o mecânico, vale destacar que para substituição dos pivôs de suspensão (15), não há necessidade de retirar a bandeja de suspensão. De acordo com China, outro componente que necessita de substituição com maior frequência é o terminal de direção (16), por causa da qualidade das vias em nosso país. Componentes como o sensor do ABS, as bieletas de polímero plástico, amortecedores dianteiros e o sistema de frenagem a disco, não trazem complicações ao mecânico no momento da verificação ou de alguma intervenção.
A caixa de direção assistida eletricamente (17) é fixada no quadro e, de acordo com o profissional, é fácil realizar a manutenção deste componente. Por ser um veículo 4×4 há existência do eixo cardã (18). China comenta que, a existência do coxim no cardã é importante para evitar que as vibrações no componente. Ao lado, é possível ver o silencioso intermediário (19) do Renegade Trailhawk. “O sistema de exaustão é modular, então, caso seja necessário a substituição apenas do silencioso eu consigo com rapidez, isso também se aplica ao silencioso traseiro (20), o que é uma vantagem frente aos sistemas de exaustão com peça única”, comentou China.
O diferencial traseiro (21) conecta os dois semieixos as rodas traseiras do veículo, que desfrutam do sistema de suspensão independente (22), permitindo que o veículo tenha um conforto e desempenho maior em diferentes terrenos. China comentou sobre as proteções com o tanque de combustível do veículo. “O tanque tem duas proteções. A primeira proteção é como se fosse um cárter, e logo acima, temos a segunda proteção em alumínio que funciona como um dissipador de calor, já que o final da extensão do escapamento passa por baixo da localização do tanque de combustível”.