Quanto custa montar uma oficina Automotiva?

Estudo apresenta a estrutura básica, os recursos necessários e a estimativa de investimento para uma oficina de serviços gerais de veículos leves

artigo por Diego Riquero Tournier fotos Arquivo Bosch

A pergunta que propõe o título deste artigo, obviamente não poderá ser respondida de uma forma definitiva ou absoluta, já que existem inúmeras variáveis que vão desde o tamanho da oficina, especialização da mesma, passagem de veículos entre outros. Por este motivo, vamos elaborar esta resposta a partir de uma premissa a qual tomará como exemplo, uma oficina mecânica de serviços gerais para a linha leve, a qual conta com um total de 5 estações de trabalho, uma área de aproximadamente 350 m², permitindo uma produção média de 6 veículos por dia, totalizando uma passagem mensal de aproximadamente 120 carros. Outro detalhe importante para definir as premissas deste exercício, está relacionado com o publico alvo da oficina em questão, neste sentido, tomaremos como exemplo, uma oficina direcionada a clientes/proprietários de veículos com uma idade média de 12 anos, fator que acabará definido em grande parte, a oferta de serviços a serem comercializados, assim como, as caraterísticas socioeconômicas de uma base de clientes e seus respectivos veículos.

Uma vez estabelecido “nosso público”, a oficina deverá pensar na elaboração de soluções em tecnologia e os serviços que farão parte de seu portfólio. Este último fator (idade média da frota veicular), estará diretamente relacionado ao valor do ticket médio de serviço, o qual para o nosso exemplo de uma oficina de mecânica geral da linha leve, com as caraterísticas da frota mencionada acima, estará no entorno dos R$ 985,00 (valor médio do Semestre 2025 – região sudeste).

Antes de entrar nos assuntos pontuais dos custos e elementos específicos para montar uma oficina, vamos deixar explicito que analisaremos apenas os elementos necessários para a montagem técnica de uma oficina com equipamentos, ferramentais e mobiliários, sem considerar custos operacionais como energia, salários, aluguel do prédio, insumos gerais, impostos, fluxo de caixa (custo financeiro), depreciação dos investimentos, custos de abertura de empresa, licencias ambientais, taxas federais, estaduais ou municipais, liberações de bombeiros, alvará de operação, dividendos societários, entre outros.
Na figura 1, se encontram representadas as principais áreas de operação de uma oficina automotiva, conforme as premissas definidas ao início do artigo; com esta base, será possível definir os equipamentos e ferramentais necessários para sua operação.

Por uma questão lógica de variabilidade de marcas, modelos, e valores de mercado, dos equipamentos e ferramentais necessários, não apresentaremos preços individuais se não que, a proposta apresentará como resultado, um valor médio correspondente à soma de todos os equipamentos, ferramentais e mobiliários descritos ao longo da matéria.

Desta forma, podemos classificar os investimentos necessários em categorias como ferramentas gerais, ferramentas especiais e mobiliários. A partir da imagem na próxima página figura 1, podemos começar a análise dos recursos materiais/tecnológicos para a operação de uma oficina automotiva. Seguindo o fluxo, iniciamos o analise a partir do espaço necessário para a recepção do cliente e veículo (1), local no qual torna-se necessário contar com elementos de apoio como um computador para abrir fichas de cadastro, checklist, ordens de serviço e outros processos necessários para a recepção do cliente.

Por tratar-se de um processo de extrema importância para sucesso da empresa, a recepção técnica comercial do cliente/veículo, não pode ser subestimada na sua relevância dentro da experiência vivenciada pelo cliente, motivo pelo qual, elementos de conforto como: balcão/escritório, cadeiras para clientes e todos os elementos de recepção do veículo (protetores de banco, etc.), devem estar presentes como mostra funcional do profissionalismo e preocupação pelo cliente por parte da empresa.

Conforme seguimos visualizando o desenho da figura abaixo, vamos passando por diferentes tipos de estações de trabalho, nas quais será necessário contar com equipamentos de grande porte e ferramentas manuais; lembrando que, tudo isso sempre deverá estar alinhado com o tipo de serviço realizado em cada área determinada. Entre as principais ferramentas gerais de uma oficina, devemos destacar os elevadores automotivos figura 2.

Os elevadores automotivos são equipamentos com impactos diretos na produtividade dos serviços, na segurança e ergonomia operacional das principais atividades de manutenção e reparações automotivas.
Trata-se de um investimento que pode ser considerado elevado no aporte de capital inicial, mas, também deve ser levado em consideração dentro da análise do equilíbrio financeiro, o retorno de curto prazo que um elevador automotivo traz como resultado do incremento na produtividade, segurança operacional e competitividade para uma oficina. Seguido com a lista de equipamentos, a figura 3, mostra um resumo da diversidade de ferramentas gerais, assim como alguns exemplos de ferramentas especiais necessárias para a operação de uma oficina definida com as caraterísticas já mencionadas.

Cabe ressaltar que, algumas das ferramentas e equipamentos descritos acima, são de compra individual (uma unidade), exemplo: Compressor, prensa hidráulica, guincho para motores; e outros itens como carrinhos de ferramentas, cavaletes de suporte etc. devem estar presentes em maior quantidade de unidades, em relação proporcional á quantidade de estações de trabalho e serviços a serem realizados pela oficina.
Outras áreas importantes com o setor administrativo (9), área de espera do cliente (10), e estoque de peças e insumos (11), contam com equipamentos e mobiliários específicos para poder operar corretamente; lembrando com este ponto que, uma oficina automotiva não faz apenas conserto de carros; operações de suporte como: Atendimento ao cliente, compra de peças, realização de orçamentos, administração financeira, recursos humanos, administração de fornecedores, assuntos fiscais, jurídicos etc., fazem parte da operação, e requerem ao igual que o pátio da oficina, de recursos materiais e tecnológicos para manter a operação da oficina eficiente, profissional e saudável.

Investimentos em tecnologia:

Separados em um tópico especial, devemos considerar os investimentos em tecnologia para a operação da oficina. Geralmente a primeira ideia que vem na cabeça quando pensamos em tecnologia dentro da oficina, é a imagem de um scanner de diagnóstico automotivo; e não tem nada de errado como isso, de fato, trata-se de um equipamento tecnológico absolutamente necessário para qualquer oficina com as caraterísticas que já sinalizamos. Inclusive trata-se de um item tão importante, que já não é possível operar uma oficina apenas com um único modelo de scanner, é tão grande a diversidade e variabilidade de marcas e modelos de veículos, que determinam a inexistência de um scanner que possa atender todas as marcas e modelos de veículos; desta forma, podemos afirmar que uma oficina automotiva atualizada á realidade da nossa década, deverá contar ao menos com 3 tipos de scanners de diagnóstico diferentes.

A figura 4 mostra uma estação de diagnóstico automotivo, local onde estará presente a maior volume de investimentos em tecnologia, os quais não se limitam a scanners e equipamentos eletrônicos em geral, atualmente, grande parte dos investimentos em tecnologia, estão destinados á assinaturas de softwares, plataformas e sistemas que vão desde o acesso a informações de montadoras, bibliotecas técnicas, até os próprios softwares de gestão da operação de uma oficina automotiva. Atualmente, trabalhar sem softwares de informações ou ferramentas que ofereçam suporte operacional e gestão de dados, tornará à oficina em uma empresa obsoleta, em um breve período de tempo.

Conclusões:

Muito bem…, chegou a hora de fechar essa nossa soma de valores de equipamentos, ferramentais e mobiliários para montar uma oficina que atende 120 carros por mês da linha leve, oferecendo serviços de mecânica geral e revisões. Na figura 5, apresentamos como o valor médio de investimento, o montante de R$ 490.000,00, valor o qual deverá ser sempre considerado como um valor médio estimado o qual contará com alterações conforme variáveis como: região do país e incidência de impostos, definição de marcas e modelos de equipamentos a serem adquiridos, ou até a alternativa de compra de ferramentas e equipamentos usados.

Como podem apreciar, existe uma estimativa de investimento mínimo de R$ 360.000,00 conforme as variáveis já mencionadas acima, e um valor máximo que responde a uma lógica de retorno de investimento para as premissas definidas no começo, já que, em caso de superar ou chegar próximo do valor R$ 620.000,00, a empresa estará sujeita a trabalhar com um retorno de investimento extremamente longo, principalmente considerando que o valor de investimento médio apresentado acima, não leva em consideração os custos operacionais necessários (fixos e variáveis), para o funcionamento do dia a dia da empresa.

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