Ao longo da história um dos grandes “vilões” da poluição são os automóveis de combustão interna. Ainda que hoje a evolução tecnológica tenham tornado os propulsores muito mais eficientes em consumo com níveis mínimos de emissões – ainda mais no Brasil com o etanol e fontes limpas de energia – o país ainda é obrigado a se adequar às normas de países desenvolvidos e conforme a lei os motores precisam se adequar a esses limites. Por isso a partir de janeiro de 2026 entram em vigor normais ainda mais rígidas de emissões, o chamado “Proconve L8” que é a oitava fase desse programa de redução e controle de emissões aos quais todos os motores de todos os fabricantes estão sujeitos.
E nesta fase que entrou em vigor na virada do ano os veículos produzidos a partir de 01 de janeiro de 2025 precisam oferecer itens aprimorados de controle de emissões. Se por um lado o consumidor pode não perceber todos os veículos produzidos no país já receberam todas essas mudanças ou não poderão mais ser vendidos.
A revista O Mecânico conversou com um engenheiro que conhece bem o assunto. Gerson Borini que tem mais de 30 anos de experiência no desenvolvimento de veículos explica que a nova fase traz “mais rigor nos testes e incentivando o uso de tecnologias menos poluentes. Com o controle mais eficiente das emissões de combustíveis e o monitoramento em condições reais, o Brasil se aproxima dos padrões dos EUA, embora com um intervalo temporal. Essas medidas contribuem para a melhoria da qualidade do ar, especialmente em áreas urbanas, e representam um marco na transição para uma mobilidade mais sustentável”.
Borini explica quais são as mudanças que já constam nos carros fabricados nacionalmente:
* Sistema de Recuperação de Vapores: Todos os veículos deverão limitar emissões de vapores de combustível a 50 mg/L. Esse requisito já é cumprido gradualmente desde 2023 e se tornará obrigatório para todos os modelos.
* Redução de Ruídos: Haverá uma diminuição média de 2 dBA nos limites de ruídos de passagem em relação aos valores de 2022. Detalhes adicionais serão abordados futuramente.
* Média Corporativa de Emissões: O cálculo de emissões deixará de ser por modelo e passará a considerar a média de todos os veículos comercializados por cada fabricante. Esse método incentiva a produção de veículos eletrificados para compensar modelos mais poluentes, seguindo a abordagem adotada nos EUA.
* Flexibilidade para Fabricantes: Veículos que atendem aos padrões do Proconve L-7 poderão ser produzidos em 2025, desde que a média corporativa geral atenda aos limites do L-8. Essa flexibilização permite melhor gestão dos investimentos em tecnologias.
* Redução Progressiva dos Limites: Novas metas de emissões serão implementadas a cada dois anos (2025, 2027, 2029 e 2031), até que todos os veículos leves de passageiros e comerciais tenham o mesmo limite de emissão, calculado pela média corporativa ponderada.
* Créditos de Emissão: Empresas que excederem os limites poderão adquirir créditos de emissão de outras que tenham desempenho ambiental superior, promovendo a cooperação entre fabricantes.
Carros mais caros
Outra fonte ligada à indústria afirma à reportagem que apesar do rigor estabelecido pelo Proconve há uma certeza de que os preços dos carros ficarão mais caros. “Componentes importados e uma exigência com soluções que não temos disponíveis aqui irão resultar em custos mais altos de produção”, revelou. Da mesma forma a manutenção com a entrada de novos componentes também encarece ao longo do tempo já que para atender os padrões exigidos pelo fabricante há muita tecnologia envolvida com sensores, medidores, mecanismos eletrônicos e outros recursos que exigirão reparo no futuro.
Borini lembra que “os avanços tecnológicos nos veículos nacionais nos últimos 40 anos, como a substituição do carburador por sistemas de injeção eletrônica e a introdução de sistemas de captura de gases evaporativos, são frutos das regulamentações do Proconve. Esses progressos só foram possíveis devido ao trabalho conjunto entre órgãos governamentais e a indústria automobilística, além do planejamento antecipado para o desenvolvimento das soluções” explica.
Mudança é só para os carros novos
Vale lembrar que carros produzidos em 2024 ainda podem ser vendidos sem atender o PL8 até o mês de março. Depois deverão se adequar também.
Outro ponto importante que os carros usados – e no Brasil a frota tem uma média de 10 anos de idade – não são obrigados a contar com essas tecnologias. A frota circulante no país é de 58 milhões de veículos sendo 6,2 milhões só na cidade de São Paulo segundo o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito).
No entanto, o profissional mecânico deve orientar sempre o cliente e fazer uma revisão em itens como catalisador, filtros de óleo e ar por exemplo e fazer a troca preventiva se necessário.