Pingos de combustível e oceanos de criatividade

10ª Maratona Universitária da Eficiência Energética no Kartódromo de Interlagos envolve estudantes de engenharia mecânica de todo o Brasil numa disputa pela máxima economia

Fernando Lalli

Carros com carroceria de papel-jornal com resina e motores de cortador de grama. Calma, amigo mecânico, a indústria ainda não adotou essas soluções, mas estudantes de engenharia de todo o Brasil se reúnem uma vez por ano com as ideias mais mirabolantes para consumir cada vez menos combustível. A 10ª Maratona Universitária da Eficiência Energética no Kartódromo de Interlagos reuniu 500 estudantes da área de engenharia com 55 protótipos de 29 faculdades de sete Estados (SP, PR, SC, RS, MG, BA, MA) que levam ao máximo o conceito de economia nesta que é a quarta maior competição do gênero no mundo.

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Alunos de engenharia mecânica de todo o Brasil
botam a mão na massa em seus protótipos

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Os protótipos são divididos em três categorias: Gasolina, Etanol e Elétrico, que obedecem a algumas regras específicas. O piloto, que geralmente é uma mulher, deve pesar no mínimo 50 kg. Não há limite de peso para os protótipos, mas eles devem obrigatoriamente passar pelos testes de segurança, impacto (através de medição de deformação) e ergonomia, durante a vistoria técnica feita dias antes da prova.

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“Temos que observar se o veículo atende ao regulamento e se mesmo assim ele é seguro para o condutor, se tem algum detalhe que o regulamento não explique. Como exemplo, se uma mangueira de combustível está passando perto do escapamento. O regulamento não fala especificamente disso, aí é que usamos o bom senso de engenharia e recomendamos a equipe fazer pequenas alterações para que não tenha nenhum tipo de problema”, explicou o líder dos fiscais, Angelo Cesar Nuti.

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O vai e vem dos alunos durante a preparação dos carros é frenética

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Outro aspecto técnico é que as rodas, de 20 polegadas, são iguais para todos. Mas a tecnologia empregada no restante da construção do veículo é livre, tendo como única restrição a criatividade de alunos e professores.

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Qualquer motorização é válida dentro das três categorias desde que as normas de segurança sejam atendidas

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O idealizador e organizador do evento, Alberto Andriolo, descreve que já participaram da competição até mesmo protótipos feitos de bambu. Tudo para consumir o mínimo de energia da fonte. “Tem até motor de cortador de grama, aqui”, detalha Alberto. “As equipes das universidades vão buscar as tecnologias nos lugares mais loucos. Eles devem pegar a aparelhagem da fonte que eles acharem melhor e adequá-la ao regime de trabalho”.

O regime de trabalho ao qual o organizador se refere é o percurso determinado pelas regras da competição: os protótipos das categorias Gasolina e Etanol devem percorrer 12 voltas no anel externo do kartódromo (de 804 metros de extensão) e, na categoria Elétricos, dão 8 voltas, todos sempre acima da média obrigatória de 25 km/h. Se a média de velocidade das voltas ficar abaixo disso, aquela tentativa da equipe é descartada. As equipes têm três tentativas para conseguir homologar seu resultado.

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Os protótipos têm que completar 12 voltas (8 para os elétricos) a no mínimo 25 km/h de média: vence o mais econômico

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As mais variadas formas e mecânicas apararecem durante a prova

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Os protótipos das categorias a combustão recebem 150 ml de combustível dentro de um frasco que funciona como o tanque de combustível. O consumo é medido pela pesagem do frasco ao final da tentativa. “Os protótipos líderes consomem entre 20 e 30 ml de combustível durante a tentativa”, declara Alberto. No caso dos elétricos, a medição de consumo é feita através de um medidor de joules (joulemeter) instalado entre o motor e a bateria. “É um aparelho desenvolvido pela organização, igual para todos. Isso permite que, independente da bateria utilizada, a medição seja a mesma para todos os protótipos”, afirma o organizador.

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A medição de consumo de combustível é feita por pesagem. Para os elétricos, um aparelho mede o gasto de energia

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Alberto afirma que o principal benefício do evento é a formação dos profissionais que mais tarde vão enfrentar os desafios da indústria. “Quando se entra no esquema de produção, as exigências são outras, as preocupações são outras, mas o princípio e o desafio que é colocado aqui é um teste acima de qualquer média, mas permite que os futuros engenheiros que vão estar na indústria mostrem criatividade, mostrem ímpeto, relacionamento e liderança”, declara.

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Mais de 400 km por litro
Na categoria Gasolina, os primeiros colocados foram o Instituto Mauá de Tecnologia /SP, com o protótipo Pé de Pano e a marca de 405,845 quilômetros por litro; em segundo lugar ficou a Universidade Federal de Santa Catarina/SC com Arara Negra, marca de 328,587 km/l e em terceiro ficou a Fundação Universitária da Região de Joinville/SC, com a marca de 248 km/l.

O Instituto Mauá de Tecnologia também conseguiu a primeira colocação na categoria Etanol, com o veículo Barão de Mauá, que fez 233,057 km/l. O vice-campeonato ficou com a Fundação Universitária da Região de Joinville/SC, com o protótipo Uniet, com a marca de 149 km/l; e na terceira posição ficou a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), com o protótipo Empurra que Vai, que completou sua melhor tentativa com 108,764 km/l.

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Instituto Mauá de Tecnologia venceu nas categorias Gasolina e Etanol

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Entre os protótipos da categoria Elétrico, o veículo Faísca II da Escola de Engenharia de São Carlos/SP foi o grande vencedor, fazendo sua melhor tentativa com 42,492 KJoules. Em segundo lugar, o Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, com o veículo Ecofet, fez a marca de 42,651 KJoules. Na terceira posição, a Universidade Presbiteriana Mackenzie com o veículo Bagre I atingiu o consumo de 66,455 KJoules.

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Faísca II, da Escola de Engenharia de São Carlos/SP,
foi o grande vencedor entre os elétricos

E quem fez a premiação da Maratona foi ninguém menos que e bicampeão mundial da F-1, Emerson Fittipaldi, organizador da Le Mans 6 Horas de São Paulo, corrida válida pelo Campeonato Mundial de Endurance, que aconteceu a poucos metros dali. “Enquanto no Autódromo José Carlos Pace treinavam os carros mais sofisticados do mundo, no kartódromo a juventude mostrava um talento espetacular”, declarou o também campeão da Formula Indy.

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Emerson Fittipaldi experimenta um dos protótipos vencedores da competição

“Parabéns, estou muito feliz por estar nesse evento e espero que seja a minha primeira participação de muitas outras”, disse o ex-piloto, que ainda experimentou um dos protótipos campeões, dando uma volta no traçado do kartódromo, emocionando os alunos. Uma inspiração e tanto para investir na profissão e motivação de sobra para o futuro.

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