O brasileiro Lucas Di Grassi irá integrar a equipe Renault F1 Team como terceiro piloto da escuderia em 2008 e comenta o impacto que as principais alterações no regulamento deste ano terá na vida de competidores e equipes. Segundo ele, além do fim do controle de tração há outras novidades que deverão proporcionar mais emoção às corridas deste ano.
Com relação à proibição do reabastecimento do carro depois da terceira parte dos treinos classificatórios de sábado, o piloto disse que as equipes terão que reduzir o tempo de permanência do carro na pista da largada até o primeiro pit stop, quando ele será reabastecido. Isso vai ocorrer porque os dez carros que participarem da terceira parte da tomada sairão dela com menos combustível que os demais. “Acho que vai ser interessante ver a estratégia de cada um, pois alguns destes carros de ponta vão para os boxes logo e outros podem até permanecer mais tempo na pista. Tudo vai depender da estratégia, condições de pista e outros aspectos que só poderão ser verificados com certeza na hora da largada”, disse.
Alterações no período de duração das três etapas que compõem os treinos classificatórios, Di Grassi explicou que a classificação também será dividida em três partes, mas com períodos de 20, 15 e 10 minutos. “O período de cada uma das três divisões vai diminuindo, o que vai aumentar a tensão e o imediatismo da necessidade de registrar o quanto antes uma volta realmente boa, especialmente na segunda e na última parte”. Outro fato é que devem ser eliminados seis carros em cada uma das duas primeiras partes, deixando dez deles lutando pela pole na última. E o piloto que participar da última não poderá colocar gasolina, fato que deverá proporcionar mais emoção.
No caso da possibilidade de realizar uma primeira troca de motor sem que haja perda de grid, Di Grassi comentou que além dos motores continuarem os mesmos de 2007, cresce a lista de itens que serão controlados pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA). Ao controlar sistemas auxiliares, a FIA pretende impedir que as equipes gastem em pesquisas de peças ou sistemas que têm pouca perspectiva de gerar benefícios, como as bombas de gasolina. Uma mudança importante para este ano é a possibilidade de uma primeira troca de motores sem que haja perda de posições no grid.
A obrigatoriedade de se utilizar a mesma caixa de câmbio durante quatro GPs seguidos, Di Grassi disse que depois da introdução do tipo de motores que os ingleses chamam de “long life” em 2004, a FIA estuda a mesma medida para os câmbios, que também custam muito caro. Agora, o piloto tem que usar o mesmo câmbio por quatro corridas, mas pode trocar em caso de quebra. Caso a substituição da caixa não ocorra por quebra, o piloto perderá cinco posições no grid de largada. No fim das contas, isso vai gerar economia para as equipes.
O novo calculador eletrônico denominado Electronic Control Unit (Unidade de Controle Eletrônico), altera a rotina das equipes, pois em termos técnicos tem a metade da potência do sistema anterior usado na Renault, por exemplo, e possui um quarto de sua memória, além de pesar aproximadamente um terço a mais. Além disso, irá eliminar vários sistemas que auxiliam o piloto na condução de um F1, como o controle de tração e os dispositivos eletrônicos de gerenciamento do freio-motor. A Renault estima uma perda de 0s4 por volta, em média e os pilotos terão que se virar sem os auxílios eletrônicos. “Fernando Alonso, piloto titular da equipe, comentou que teremos que repensar o carro em termos de acerto e de projeto mecânico e aerodinâmico para compensar essas perdas. É um novo ponto de partida, muda muita coisa no carro a partir de agora. E os pilotos vão ter que mudar seu estilo na pista também”, comentou.
Outra mudança é na altura das laterais do cockpit para aumentar a proteção da cabeça do piloto. As laterais dos cockpit dos carros deste ano estão cerca de 20 mm mais altas do que em 2007. A idéia é tentar reduzir a possibilidade de um piloto sair machucado caso um carro passe por cima do outro em um acidente, como já aconteceu muitas vezes na Fórmula 1. Do ponto de vista do trabalho dos engenheiros, esse aumento influenciou o projeto do carro como um todo, já que hoje em dia a aerodinâmica desses carros é tão sensível que qualquer alteração pode alterar seu comportamento. Apesar de ser uma modificação igual para todos, as equipes vão encontrar boas soluções.
Além dessas mudanças, há ampliação da lista de materiais considerados exóticos e proibidos pela FIA e desta maneira os engenheiros estão voltando atrás e usando antigos materiais, inclusive de qualidade, o que segundo o piloto aproxima a F-1 da indústria automobilística, já que os veículos utilizados no dia-a-dia não usam metais exóticos extremamente caros e difíceis de substituir. Outro fato é que os testes realizados pelas equipes de F1 com jovens pilotos não contarão mais como parte da quilometragem controlada pela FIA e cada equipe contará apenas com um carro reserva durante os finais de semana de Grande Prêmio, para reduzir custos.