Sedã compacto da Renault preserva mecânica já conhecida e aposta em visual renovado e acabamento superior para conquistar de vez o mercado; modelo surpreende pelo conforto e extensa lista de acessórios, mas para o mecânico, pouca coisa muda.
Texto: Fernando Naccari
Fotos: Isabelly Otaviano
O Logan, não podemos negar, nunca foi um carro bonito. Tinha lá suas qualidades, como um amplo espaço interno, porta-malas generoso e manutenção simples. Em contrapartida, não tinha o típico design francês, agressivo, felino e de impacto. Isso tem uma explicação: o Logan é um projeto da Dacia, subsidiária da Renault na Romênia, e é destinado a mercados emergentes, como Ásia, África e América do Sul. Portanto, o Logan não é um Renault puro, muito menos um francês legítimo.
O visual do primeiro Logan era essencialmente reto. A carroceria quase não tinha vincos, os retrovisores eram simétricos entre os lados, permitindo que, se você fosse comprar um, não precisava especificar: “eu quero o retrovisor direito do Logan…”, qualquer um que você comprasse, serviria.
Seus faróis eram pequenos e tinha conjunto ótico bastante simples, apenas com as setas integradas. A traseira seguia a mesma ideia e sua lanterna tinha visual simplório, semelhante à dos veículos produzidos nos anos 1990.
O interior era bastante rústico, mas funcional. As tomadas de ar redondas também eram simétricas e não possuíam posição de montagem. Os controles do ar, vidros elétricos e desembaçador (isso quando o modelo não era básico, pois se fosse, era mais minimalista ainda) eram centralizados em posição baixa, mas com fácil acesso às mãos. O volante tinha boa empunhadura e a posição de dirigir era agradável.
Mecanicamente, o modelo trazia os motores 1.0 16V (D4D), o 1.6 8V (K7M) e o 1.6 16V (K4M), os mesmos que já acompanhavam os modelos da marca desde o início dos anos 2000. Com este trunfo, encontrar peças mecânicas para o Logan nunca foi uma dificuldade, assim como repará-lo não era um segredo.
Em 2010, o Logan recebeu um pequeno facelift, mas pouco foi alterado em seu visual. Ficou mais moderno, é verdade, mas sua essência de simplicidade permaneceu. Mecanicamente, também não se apresentaram grandes novidades.
Evoluiu
Em 2013, a Renault decidiu dar ao Logan o atrativo que lhe faltava. Com visual moderno, o Logan traz qualidade no acabamento interno, visual agressivo e limpo, além de preservar o conjunto mecânico que recebeu algumas melhorias importantes.
Avaliamos a versão Dynamique com motor 1.6 8V Hi-Power de 98 cv a 5.250 rpm quando abastecido com gasolina e 106 cv a 5.250 rpm com etanol.
O novo Logan está bem diferente. O espaço interno continua generoso e o veículo apresenta-se confortável nas mais diversas condições de uso e piso, pois o conjunto de suspensão dianteira McPherson com barra estabilizadora e traseira semi-independente com eixo rígido, conseguem absorver bem as irregularidades do solo. O desempenho não aguça o instinto de esportividade, mas dificilmente o deixará desapontado quanto você precisar apertar o pé direito para uma ultrapassagem ou para enfrentar uma subida íngreme.
A troca de marchas é precisa, e se for feita na hora certa, seguindo o GSI (Gear Shift Indicator) no painel, você conseguirá ótimos números de consumo. Em nossos testes, em circuito predominantemente urbano, aferimos 8,7 km/l com ar-condicionado ligado, nada mal para um veículo da sua categoria e para um motor 1.6.
O modelo também contava com o sistema Media-Nav de última geração, que conta com rádio AM-FM, conexão USB, entrada AUX, conexão via-Bluetooth para músicas e telefone celular – permitindo acesso a agenda telefônica, GPS com informações do tráfego e o Driving Eco², programa que avalia o seu modo dirigir e dá dicas de como tornar sua condução mais eficiente.
Atrás do volante, há um controle de fácil acesso para às funções do Media-Nav, evitando que o motorista distancie as mãos do volante durante a condução. Dentre as funções, destacam-se a o atendimento ou encerramento de uma ligação, controle de volume, alteração da estação do rádio, acesso ao menu, dentre outras.
Entre os acessórios, o veículo contava ainda com vidros-elétricos nas quatro portas, sistema CAR (travamento das portas aos 6 km/h), travas elétricas, retrovisores elétricos, desembaçador traseiro, bancos com regulagem de altura, limitador de velocidade, piloto automático, ar-condicionado e ar-quente, direção hidráulica com regulagem de altura, computador de bordo, faróis de neblina com moldura cromada (FOTO 8C) e sensor de estacionamento.
Na hora do reparo
MOTOR
Relembre ao seu cliente que, durante o período de amaciamento do motor (1 mil km), a Renault não recomenda rodar a velocidades superiores a 110 km/h ou rotações do motor acima de 3.500 rpm. O cofre do motor tem espaço de sobra para os serviços corriqueiros, como troca de filtros de ar e substituição das velas.
No entanto, uma simples troca de óleo pode dar trabalho, pois o filtro fica posicionado entre o coletor de escapamento e compressor do ar-condicionado. Retirá-lo por baixo do veículo é inviável, não há espaço e, removê-lo por cima, fará você fazer uma “sujeirinha” na região.
A Renault recomenda a substituição do óleo do motor e do filtro a cada 10 mil km ou um ano de uso. Em caso de uso severo, substituir com a metade do tempo. O óleo recomendado é o SAE 5W40 ou 10W40 API SL ou superior (ACEA A3/B4, A4/B5). A motor utiliza 3,30 litros, incluindo o filtro. A Renault recomenda a verificação do nível do óleo a cada 1 mil km. Já o filtro de ar tem a recomendação de substituição a cada 20 mil km.
A primeira substituição do líquido do arrefecimento deve ocorrer aos 80 mil km ou 4 anos, o que ocorrer primeiro.
A substituição da correia dentada também é simples, basta apenas a remoção do coxim superior do motor para se ter acesso a ela. A substituição da correia dentada, de acessórios e das respectivas polias devem ocorrer a cada 60 mil km. Em caso de uso severo, substituir com a metade do tempo.
ALIMENTAÇÃO, INJEÇÃO E IGNIÇÃO
As velas têm a recomendação de troca a cada 40 mil km.
O sistema de ignição possui bobina dupla e os cabos de vela não são integrados. Isso facilita o reparo e reduz o custo do componente. Já a central de injeção, fica localizada logo atrás da bateria, permitindo fácil acesso para ao reparador.
As sondas lambda são bem posicionadas e, necessitando de testes, não trarão dificuldades ao acesso do reparador.
O acesso ao filtro de combustível é facilitado e não é preciso desmontagem de nenhuma proteção. Sua substituição é recomendada pela Renault a cada 10 mil km ou um ano de uso. Em caso de uso severo, deve-se substituí-lo com a metade do tempo. A tubulação de combustível, possui proteção plástica, o que evita rompimento em caso de batidas da parte inferior com o solo.

Proteção plástica da tubulação do combustívelO sistema de partida a frio continua igual e seu reservatório fica bem próximo ao do lava-vidros.
TRANSMISSÃO
Um problema comum da grande maioria dos veículos Renault, incluindo Clio, Sandero e o próprio Logan está na coifa do semieixo do lado do câmbio. Ela costuma ressecar com o tempo ou se romper após algum choque na região inferior do veículo. Quando isso acontece, o óleo do câmbio vaza e se isso ocorrer durante uma viagem, você só perceberá quando as engrenagens do câmbio “fundirem” por falta de lubrificação.
Atente-se também ao coxim inferior do câmbio, que permanece igual. Ele costuma quebrar e é sempre importante conferir o seu estado.
Coxim inferior do câmbioAssim como nos antigos modelos, o acionamento do câmbio é feito por braço inteiriço (varão), não através de cabos. Atente-se a lubrificação na conexão com a alavanca de câmbio, pois a graxa que mantém ambos lubrificados fica exposta ao tempo.
Para a troca da embreagem, não é mais necessária a remoção do quadro de suspensão para a retirada do câmbio. O novo quadro possui desenho que permite este serviço, sem maiores transtornos. O acionamento da embreagem é através de cabo e não possui regulagem.
AR-CONDICIONADO
O acesso as válvulas de serviço do ar-condicionado também é simples, não precisando de desmontagem de itens próximos para realizar manutenções.
O sistema de arrefecimento possui torneira para sangria com fácil acesso.
FREIOS
O sistema de freios é dotado de ABS e o acesso aos sensores do conjunto dianteiro com discos ventilados é bastante simples.
Já, no sistema a tambor traseiro, será necessária alguma manobra para acessá-los.
A central do ABS fica do lado esquerdo do cofre do motor, oposta ao servo-freio e atrás de da proteção térmica. Para acessá-la, basta remover a trava e puxar a proteção para frente. O fluido de freios deve ser substituído a cada 80 mil km ou a cada 4 anos, prevalecendo o tempo que ocorrer primeiro.
SUSPENSÃO
O conjunto de suspensão é novo, mas não trará dificuldades. As antigas versões costumavam apresentar desgaste nos coxins superiores do amortecedor (que neste modelo apresentam fácil acesso na dianteira e traseira) e nas buchas das bandejas, barra estabilizadora e pivô. Portanto, vale a pena atentar-se as suas condições para avaliar se este continuará sendo um reparo comum no modelo. A Renault recomenda verificar a geometria das rodas (alinhamento e balanceamento) a cada 10 mil km.

Pivô
Bandeja de suspensão
Coxim superior do amortecedor (por cima)
Coxim superior do amortecedor (por baixo)A suspensão traseira é do tipo eixo rígido com barra de torção. A barra passa por dentro do eixo e será necessária verificação constante quanto a desalinhamentos.
CARROCERIA, ELÉTRICA e ELETRÔNICA EMBARCADA
O conector para leitura do scanner fica dentro do porta-luvas.
A garantia da bateria, segundo a Renault, é de 12 meses ou 100 mil km.
O protetor de cárter é fabricado em material plástico, melhorando a troca térmica com o cárter, mas prejudicando sua resistência contra choques.
Em caso de colisões frontais, verifique o estado do reservatório do fluido da direção hidráulica, pois este fica posicionado na parte dianteira do cofre do motor.