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O motor PSA EC5 tem manutenção fácil como o TU5JP4?

Confira a análise do motor EC5 e o que mudou na linha que está presente nos novos veículos

texto: Vitor Lima   

fotos: Vinicius D’Angio

 

A linha de motores TU5 da PSA tem capacidade volumétrica de 1,6 litros, contando com cilindros e pistões com 78,5 mm x 82 mm de medida. Aqui no mercado brasileiro, este motor esteve em diferentes veículos da linha Peugeot como o 206 do ano de 1999, época que o motor possuía duas válvulas por cilindro, totalizando oito no conjunto.

O motor TU5JP4 gera 112 cv de potência e se manteve longevo nos projetos da PSA Peugeot-Citroën e esteve em modelos como o Peugeot 207, Citroën C3 da antiga linha da montadora. Este motor, muito conhecido pelos mecânicos, recebeu algumas evoluções com o tempo e passou a ter a sigla EC5 em seu nome.

Já o motor EC5 está presente na nova linha do Citroën C3, assim como nos modelos Peugeot 208 e 308. Esse “novo” motor, traz capacidade volumétrica de 1,6 litros, gerando até 120 cv e 15 kgfm de torque abastecido com etanol e 115 cv e 15,4 kgfm de torque com gasolina. Não possui versões com oito válvulas para admissão e exaustão, sua única configuração vem com 16V. Mas afinal, o motor TU5JP4 é muito diferente do motor EC5?

 

Motor 1.6 EC5 do Peugeot 208 é o mesmo de 25 anos atrás? O que mudou? A manutenção é difícil?

 

O mecânico e proprietário da oficina Motor France SP, Fernando Araujo, explicou que é o mesmo motor na parte de construção, mas com algumas evoluções. “É a mesma construção, exatamente o mesmo motor, mas com algumas evoluções. Assim como o TU5JP4, o motor EC5 tem cabeçote em alumínio, bloco de ferro, quatro cilindros e 16 válvulas”, comenta.

 

Fernando Araujo, mecânico e proprietário da oficina Motor France SP

 

Referente as evoluções internas do motor, Fernando cita duas que o motor EC5 possui. “Internamente no motor, as evoluções foram a implementação de bielas forjadas e fraturadas”. Já os componentes do comando de válvulas, apesar de receberem atualizações, utilizam as mesmas ferramentas para manutenção que o TU5JP4. “Nós tivemos de evolução no motor EC5 a utilização de comando de válvulas variável (1), com válvula VVT. Este que faz o controle pilotado por óleo do comando variável da admissão. Ponto do motor é exatamente o mesmo que o motor TU5JP4, a aplicação de ferramentas é igual”, informa Fernando.

Para travar as polias do comando de válvulas, há um orifício nas polias tanto de escape (2) quanto de admissão (3).

 

O travamento do virabrequim para que o profissional possa atuar na manutenção do sincronismo do motor se mantém simples, e pode ser feita com a utilização de ferramenta apropriada em um orifício (4) que está localizado atrás do filtro de filtro de óleo que é tipo refil (5).

Para o filtro de óleo, Fernando ressalta que no momento da substituição do componente, há o torque específico de 25 Nm para ser aplicado. Além de alertar o mecânico sobre a pré-lubrificação do filtro antes de realizar a instalação do novo componente e informa o que pode ocorrer caso não seja feito esse procedimento. “Caso não seja feito, a probabilidade de ocorrer vazamento de óleo na região do filtro de óleo é muito alta”.

Fernando deu a sua opinião sobre a manutenção na parte de sincronismo do motor EC5. “É um motor de fácil manutenção. Com a utilização das ferramentas adequadas, você consegue trocar a correia dentada sem problemas. Não precisa desmontar nada por cima, apenas a capa plástica e o suporte de alumínio que protegem o sistema de sincronismo”, explica. “Todos os modelos de veículos da Peugeot e Citroën que estão com esse motor, o acesso lateral é fácil”, complementa.

Ao partir para o sistema de injeção do motor, Fernando explica que para ter acesso aos bicos injetores, é necessário retirar a tampa de válvulas.

 

Como demonstração, com o motor fora do veículo em um suporte, o mecânico localiza a flauta de injeção, na qual os bicos injetores estão agregados. O projeto do motor EC5 tem velas aquecedoras de combustível (6), o que dispensa o famoso “tanquinho” de combustível para os veículos flex de antes, o que ajudava nas partidas do carro em baixas temperaturas com uso de etanol como combustível.

“Um detalhe sobre esse sistema é que essas velas aquecedoras são acionadas a partir do momento que a porta do veículo é aberta. Ao abrir a porta, o sistema já começa o processo de aquecimento do combustível para que, no momento da partida, o combustível já esteja aquecido”, explica o profissional sobre o funcionamento da tecnologia Flex Start.

Os motores TU5 do início da década de 2000 não tinham esse sistema ou algo parecido com o “tanquinho”, pois não havia motores flex, apenas a gasolina. “Quando começou a lançar os motores flex, eles tinham o sistema de aquecimento através de bicos injetores instalados direto no coletor de admissão, que injetavam gasolina do “tanquinho” de partida a frio”, informa Fernando.

Abaixo do TBI ou corpo de borboleta, está o sensor de fase do motor (7). “É comum quando você coloca o sistema de sincronismo um pouco fora de ponto e ele acusar o sensor de fase como o erro. Por isso, é importante utilizar as ferramentas para realizar o travamento do virabrequim e do comando de válvulas, justamente para evitar o erro de ponto e que acenda a luz de injeção informando que o veículo está fora de sincronismo”, explica o mecânico.

Outro ponto importante é que o motor EC5 tem bobinas de ignição individuais, substituindo o sistema de ignição utilizado no motor TU5JP4, assim como no EC5 da antiga linha que todas as bobinas são interligadas por uma régua. Ou seja, em caso de problemas com as bobinas no motor TU5 ou o EC5 que possui a régua interligando as quatro bobinas, mesmo que uma apresente o defeito, há necessidade de substituir todas as 4 bobinas que estão presentes na régua (8).

Por serem motores que tem a mesma construção, muitos podem acreditar que é possível utilizar os componentes do TU5JP4 no motor EC5 e vice-versa, porém, não é bem assim que funciona com esses dois motores, pois não há intercambialidade dos componentes entre os dois, conforme indicado por Fernando Araujo. “O motor EC5 sofreu suas evoluções, principalmente na parte interna do motor com a biela forjada e fratura, há necessidade de utilizar as dimensões e componentes recomendados para esse motor. Não é possível você pegar o componente do TU5JP4 e querer instalar no EC5”, explica.

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