Pesquisas ainda devem seguir até 2025 e visam otimizar o sistema que emprega bioetanol em veículos movidos a célula de combustível
Seguindo o anúncio feito na semana passada pela Nissan sobre os investimentos em eletrificação, a fabricante e o IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) anunciaram um novo acordo para desenvolver veículos movidos a Célula de Combustível de Óxido Sólido (SOFC) no Brasil, permitindo gerar energia elétrica a partir da utilização do bioetanol.
A estimativa é que as pesquisas sigam ainda até 2025, levando talvez mais 10 anos depois até que esses modelos cheguem efetivamente às ruas brasileiras. Por enquanto, já existem protótipos, mas os desafios agora são reduzir o tamanho dos componentes, como a bateria, otimizando o sistema.
A Nissan informa que ainda não há estimativa de preço de um carro movido a célula de combustível para o nosso mercado, mas garante que será competitivo, comparado aos demais modelos elétricos e a combustão que já estão à venda por aqui. Contudo, a empresa diz que ainda não é possível estimar uma variação de valores nesse momento.
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A parceria surgiu em 2019, quando Nissan e IPEN firmaram um acordo para o desenvolvimento tecnológico do uso de bioetanol nos veículos movidos a célula de combustível. Segundo a fabricante, a autonomia de seu veículo é superior a 600 km com 30 litros de etanol, o que foi visto nos protótipos usados pela empresa. Aliás, o primeiro período de testes com o protótipo foi realizado no Brasil entre 2016 e 2017, utilizando dois veículos e-NV200 equipados com o sistema SOFC.
O que é essa tecnologia?
O Veículo Elétrico a Célula de Combustível (VECC), ou em inglês Fuel Cell Electric Vehicles (FCEV), é um modelo com propulsão elétrica dedicada. Nesse caso, não há bateria de alta capacidade, mas uma célula a combustível que pode ser alimentada por hidrogênio ou algum outro combustível como bioetanol, tratado por um reformador. Esta tecnologia permite então obter eletricidade através do hidrogênio, alimentando o motor elétrico do veículo.
No modelo em desenvolvimento pela Nissan, o sistema gerador de potência se utiliza da reação química do íon oxigênio com diversos combustíveis, incluindo o etanol e o gás natural, que são transformados em hidrogênio na célula, para gerar eletricidade.
Vale reforçar também que, diferente de um carro 100% elétrico, um modelo a célula de combustível não é zero emissão. A Nissan diz que seus estudos apontaram ser a tecnologia menos poluente entre as opções a combustão, incluindo híbridos, mas não soube informar exatamente qual a taxa de emissões.
Hoje, já existem automóveis a célula de combustível à venda no exterior, como o Toyota Mirai e o Honda Clarity Fuel Cell. Aliás, desde 2015 várias montadoras estão se unindo para viabilizar essa tecnologia, como foi o caso de Daimler, BMW e Toyota. A BMW também já anunciou um modelo para 2022, no caso, uma versão do X5.