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Motor: Aplicação de selante em faces flangeadas do motor

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Veja nesta reportagem que critérios adotar para escolher a junta líquida, a aplicação correta e as consequências do excesso de selante para o motor

 

texto Fernando Andrade Lalli fotos Vitor Lima

Embora muitos profissionais usem esses produtos de forma indiscriminada, os silicones automotivos – as famosas juntas líquidas – nem sempre podem ser aplicados em qualquer ponto no motor ou em qualquer quantidade. De fato, sua aplicação deve seguir regras bem determinadas e nunca servir para adaptações ou correções de assentamento entre duas peças que já possuem outro tipo de vedação.

Basicamente, são encontrados no mercado dois tipos de selantes automotivos. Os silicones de base ácida não são recomendados para aplicação em superfícies metálicas por serem corrosivos. Já os silicones de base neutra (cura oxímica) são os mais comuns pela versatilidade e podem ser aplicados para união de duas peças de metal forjadas ou de uma peça usinada com outra peça forjada.

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Porém, nem todo silicone de base neutra é indicado para vedações de dois flanges metálicos usinados, como, por exemplo, bloco e sub-bloco no motor. Para este tipo de uso, o produto precisa atender a requisitos específicos de preenchimento de folga e resistência à temperatura.

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Para entender por que o tipo do produto e a aplicação no local e na quantidade corretos são tão importantes, é necessário ter em mente que a junta líquida tem a função de aderir às faces das peças em que é aplicado para preencher um determinado espaço, permitir a regularidade do contato e promover a estanqueidade dessa união.

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Quando se junta duas peças usinadas que formam uma união plana, praticamente não sobra folga para o adesivo permanecer ali. Se o silicone for aplicado em uma condição onde o espaço que ele vai preencher é menor do que o produto suporta, este vai ser expulso durante o aperto e não promoverá a estanqueidade desejada.

Assim como, em uma aplicação muito próxima da câmara de combustão, a temperatura é muito elevada e o produto escolhido deve conseguir suportá-la sem alterar suas características de vedação. Ou seja, nem sempre um selante que tiver maior resistência mecânica (ou seja, aquele que “colar mais”) será o melhor ou o mais adequado para a função, mas sim aquele que tiver capacidade de preencher uma folga menor e conseguir manter a vedação sob temperatura maior.

Além desses dois fatores, também influenciam a escolha para determinadas funções a flexibilidade do silicone, tipo de fluido com que terá contato, tempo de cura, entre outros.

Gerente de Produtos da Dana para a linha de Vedação, o engenheiro mecânico Luiz Reis descreve a seguir como se aplicar corretamente a junta líquida para superfícies flangeadas, além dos critérios que devem ser adotados para escolher o produto e as consequências
do excesso de selante para o motor.

Luiz usou nesta reportagem um motor Fiat 1.4 Fire HP no qual o assentamento entre o bloco e o sub-bloco (ou sobrecárter) do motor requer aplicação de selante, mas o produto deve ser específico para a região. O especialista utilizou o selante Reinzosil (oxímico, à base de silicone) fabricado pela Dana, que possui resistência à temperatura de trabalho de até 320°C e é capaz de preencher fendas de até 0,15 mm. Portanto, atende à especificação necessária para a aplicação.

Antes de iniciar a aplicação, é necessário limpar todo e qualquer resquício de aplicação anterior de selante. Faça a limpeza com uma espátula plástica para não causar danos à área de assentamento da peça (1). Existem produtos químicos cuja aplicação é específica para remover selante velho e podem ser utilizados. Nunca utilize ferramentas metálicas nessa região.

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Luiz encontrou um excesso de selante no orifício de alguns parafusos, o que denota que aplicação anterior usou produto em excesso (2). “Essa sujeira pode causar problema na hora de instalar a peça novamente, como um aperto falso”, adverte. Utilize um pano seco para terminar a limpeza e remover qualquer resquício de impureza, óleo ou produto químico de remoção (3). Limpe também, claro, o lado do bloco (4) e a região onde vai fixado o cárter de óleo.

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Para dosar a junta líquida corretamente, use a chave na parte inferior da bisnaga (5). O bico da bisnaga deve ser cortado na espessura correta, com aproximadamente 3 mm de diâmetro (6).

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Faça um fio de aproximadamente 3 mm de diâmetro, aplicado de forma contínua, sem interrupções, com o auxílio da chave cuja função é pressionar o produto uniformemente na bisnaga (7). No caso deste motor, existe um caminho bem definido para a aplicação do selante.

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Luiz adverte novamente para o excesso de material na aplicação. “Aplique sempre contornando por dentro dos parafusos. Passar por fora vai apenas desperdiçar material”, aponta (8). “Um excesso de produto, se passar para dentro do motor, pode contaminar o óleo ou outro fluido, entupir o pescador e causar um problema inesperado”, completa.

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A cura completa leva 24 horas, mas ela começa entre 5 e 10 minutos em contato com o oxigênio, então o ideal é que a peça (o sobrecárter, no caso) seja instalado imediatamente no motor após a aplicação do produto. “Não demore mais do que 15 minutos entre a aplicação e a montagem”, informa Luiz (9).

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A vedação só é garantida com o torque de aperto correto. Neste sobrecárter, são duas etapas de aperto nos 10 parafusos externos de fixação ao bloco (15 Nm + 30 Nm) e outras duas nos 10 parafusos internos, que fixam o virabrequim (torque de 20 Nm + aperto angular de 90°) (10).

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