Matéria: Seminário para reposição enfatiza a inspeção

Empresas, entidades do setor de autopeças e autoridades da CET se reúnem em São Paulo para tratar sobre inspeção veicular, aumento de demanda de serviços nas oficinas e o lançamento de programa para difundir a cultura de reparação preventiva nos motoristas

2404O auditório Casablanca no World Trade Center em São Paulo foi o palco das discussões  do “Seminário de Reposição Automotiva” deste ano, evento realizado na quinta-feira passada (16/08) pelas entidades Sindirepa-SP, Sindipeças, Sicap, Andap e Sincopeças e organizado pela Editora Photon. Na parte da manhã, diretores e representantes de fábricas de autopeças, além de profissionais de entidades do setor silenciaram-se por um minuto em alusão a Geraldo Luiz Santo Mauro, personalidade importante do setor que faleceu recentemente e ocupou a presidência da ASE Brasil, da Abrive e emérito do Sindirepa-SP. O evento teve início com informações sobre o cenário brasileiro de reposição automotiva e em seguida foram realizadas palestras, painéis, pesquisas interativas, além de intervalos de descanso e relacionamento.

O diretor-geral da Gipa Brasil, Raul Camargo, se baseou em pesquisas para explicar a evolução do mercado brasileiro de autopeças e serviços, comparando com Argentina, México e Espanha, e citou que o País perdeu 40% de seu mercado de pneus para China e empresas de remoldados. Ele afirmou que o número de visitas às oficinas vem diminuindo, mas em contrapartida o faturamento evoluiu, caso semelhante ao da Argentina, porém com tendência de estabilidade no México. O executivo citou também que os brasileiros costumam trocar menos pastilhas de freio e pneus novos no comparativo com estes países.

Com relação à troca de óleo lubrificante, Camargo descreveu que em 2002 esse serviço era executado por 43% dos postos de abastecimento e por 23% das oficinas. “Dados de 2005 demonstram que houve um migração de clientes para oficinas independentes, reduzindo a participação dos postos para 29,2% e aumentando das oficinas em 29,8%”.  Devido ao crescimento constante da produção e inserção de diária de veículos no País, o diretor -geral salientou que as oficinas devem se preparar e realizar treinamentos para atender o aumento de demanda por serviços.

Em seguida, na abertura do painel sobre Inspeção Técnica Veicular e seus impactos, Luiz Sérgio Alvarenga, do Sindirepa, mediou o debate com representantes do Cesvi Brasil, IQA (Instituto de Qualidade Automotiva), Sul América Seguros e da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). Aquiles Leonardo, da CET, disse que o Projeto de Lei 5979 que trata sobre esse tema está há seis anos na Câmara de Deputados, deverá seguir para tramitação no Senado e, posteriormente, para presidência da República. “Lei para solucionar o problema já existe, no entanto há 12 anos houve uma palestra sobre o assunto e nada mudou. Se o governo consome R$ 22 bilhões com acidentes de trânsito por ano, por meio da inspeção será possível reduzir esse número e economizar cerca de R$ 2 bilhões anuais”, avalia.

Ainda com relação ao tema inspeção, Alvarenga explicou a necessidade de se criar um selo de qualidade às peças, para assegurar procedência e qualidade ao consumidor. Além disso, ressaltou a importância de treinamento profissional dos mecânicos e a necessidade de preços acessíveis de peças compatíveis com o poder aquisitivo do brasileiro. Márcio Fontoura Migues, do IQA, comentou sobre o selo de qualidade do Inmetro (Instituto de Metrologia) para pneus e capacetes, mas que o ideal é certificar qualquer peça introduzida no mercado brasileiro, mesmo que seja original, assim como já ocorre no mercado argentino. Pedro Calil, da Sul América Seguros, acrescentou que a inspeção vai gerar uma mudança de cultura não só preventivamente no carro, mas também na residência do motorista. José Ramalho, do Cesvi, destacou a criação de mecanismos para fiscalizar os veículos e penalizar os infratores para que incorporem a cultura de manutenção preventiva.

A apresentação da CET mencionou dados sobre a frota de veículos das duas maiores cidades do Brasil e que diariamente é removido entre 400 e 900 veículos por dia na capital paulista. ” No Rio de Janeiro, 50% da frota é ilegal, enquanto que em São Paulo gira em torno de 30%. Por isso, será necessária a instalação de um chip e um leitor automático de placa, e os proprietários que não pagarem taxas e multas, terão seus veículos retirados de circulação por meio dos sensores eletrônicos espalhados pela cidade. Para isso, fizemos um acordo com a Polícia Militar de São Paulo no sentido de viabilizar espaços onde serão destinados os carros dos infratores”.  Roberto Scaringella, presidente da CET, comentou sobre a necessidade de semáforos inteligentes e circuitos de TV para melhorar o tráfego na cidade e destacou a importância de sensibilizar o Congresso Nacional para aprovar a lei de inspeção parada desde 2001.

No início da tarde, um painel tratou sobre impacto da eletrônica e a importância desses equipamentos, mediado pelo presidente do Sindirepa-SP, Antonio Carlos Fiola, com a participação de representantes das empresas Snap-on do Brasil, Alfatest, Delphi, Actia, Tecnomotor e Bosch. O foco das discussões foi que a oficina tem que se preocupar em atender bem o cliente, ter ferramental, boa estrutura física e que a escolha de equipamentos de teste tem que estar vinculada à uma rede de assistência técnica para garantir o pós venda. Além disso, caberá aos fabricantes desses equipamentos ensinar o manuseio para os mecânicos.

Mais adiante, Maria Aparecida Smidt, do ABN Amro – Aymoré Finaciamentos e  Laércio de Oliveira Pinto, do Serasa, destacaram que a maior quantidade de informações do cliente – no caso a oficina mecânica – está estritamente relacionada à facilidade de liberação de crédito para investimentos no negócio e que a informalidade do setor impede a liberação de empréstimo. Logo em seguida, durante o painel “como enfrentar os produtos da Ásia”, o presidente da Andap, Frederico dos Ramos, comandou o debate com profissionais das empresas Sachs, Mann-Hummel, Affinia, Cobra e Car Central. A essência das apresentações enfocou que os distribuidores estão fechados com as grandes fábricas e o produto pirata vai ficar restrito à poucos mercados, havendo a necessidade de se buscar qualidade e novos custos para se proteger a rede no Brasil. Contudo não há preocupação demasiada com a expansão do mercado chinês.

Para encerrar as atividades, o painel “Carro 100%” foi apresentado por Antonio Carlos Bento, conselheiro do Sindipeças e coordenador do GMA (Grupo de Manutenção Automotiva), com a participação das empresas TRW, Pellegrino, Sincopeças, Fram-Sogefi, Grupo Schaeffler e Sama. Bento descreveu dados, que apontaram que 80% dos consumidores preferem oficinas independentes e a média de 2,55 visitas nas oficinas por ano, sendo 75% dos casos originados por problemas específicos, 16% por revisões e 9% por outros motivos. O coordenador do GMA destacou que o programa Carro 100% é um plano de ação de comunicação institucional para conscientizar a população brasileira sobre a importância da manutenção preventiva. O programa envolve campanha de conscientização integrada de marketing para enfatizar segurança, com divulgação em jornais, revistas, rádios, sites, central de atendimento, material promocional no ponto-de-venda, cursos preparatórios, certificação, alerta sobre risco civil e criminal, instalação de call center e envio de e-mails.

Bento encerrou os trabalhos pedindo apoio de todos os participantes, entre eles representantes de empresas, profissionais e empresários do setor de reparação para que o programa de difusão da manutenção preventiva obtenha sucesso. Desta maneira, a ação vem de encontro com a inspeção veicular que será implantada na capital paulista no ano que vem.

Por Magno Pereira

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