Marca esportiva da Renault, Alpine comemora 60 anos de história

A Alpine, marca de carros esportivos que nasceu da mecânica Renault, celebra 60 anos de história nas pistas e nas ruas. Para comemorar a data, a Alpine exibiu sete de seus carros no Festival de Velocidade de Goodwood na Inglaterra, incluindo o show car Alpine Celebration Goodwood, especialmente criado para a ocasião.

Alpine Celebration Goodwood
Alpine Celebration Goodwood

O Alpine Celebration Goodwood é um cupê de dois lugares cujo azul intenso da carroceria remete ao do protótipo Alpine que fez um retorno vitorioso às provas de Endurance em 2013. Ele remete ao azul dos diferentes modelos Alpine no início da história da marca nas 24 Horas de Le Mans, de 1963 a 1969 (M63, M64, M65, A210, A220 e A110).

Alpine A106
Alpine A106

Primeiro carro de série produzido por Jean Rédélé, criador da Alpine, o A106 era baseado no hatch Renault 4CV e suas diferentes versões, ao volante das quais o fundador da marca havia competido com sucesso. Rédélé pensava que, com uma carroceria mais leve, o 4CV seria ainda mais rápido. Na verdade, ele já havia pedido ao talentoso designer italiano Giovanni Michelotti para desenvolver uma carroceria mais leve de alumínio para o 4CV, fazendo dele um cupê único, elaborado pelo encarroçador Allemano. O 4CV Special Sport bateu todos seus concorrentes no Rali de Dieppe, em 1953.

Reconhecido como construtor de automóveis independente, Rédélé se interessou pela tecnologia da fibra de vidro e havia ouvido falar de Zark W. Reed, um rico industrial americano. Reed tinha a ideia de construir um carro esportivo com carroceria em material plástico, para competir no mercado americano com os modelos MG e Triumph. Os dois se encontraram e elaboraram um plano para lançar a empresa Reed Plasticar e construir um protótipo derivado do carro de Michelotti, sob o nome The Marquis. O projeto não vingou, mas serviu de inspiração para o A106, assim como para um segundo 4CV reestilizado, que Rédélé havia encomendado ao encarroçador italiano Allemano.

Em 1955, Rédélé apresentou três modelos A106 ao Presidente da Renault, Pierre Dreyfus – um vermelho, um branco e um azul – cobertos por uma carroceria de fibra de vidro executada por Chappe e Gasselin. O A106 foi concebido como um carro de corrida com diferentes níveis de potência, regulagens de suspensão, técnicas de redução do peso e uma caixa de câmbio (bastante cara) com cinco marchas como opcional. Os primeiros pedidos para as versões de passeio foram recebidos no Salão do Automóvel de Paris de 1957, onde foi também apresentado um novo cabriolé com a assinatura Michelotti. Também foram comercializados grandes motores Renault Dauphine e um chassi tubular. Entre 1955 e 1959, foram produzidas 251 unidades do A106 na fábrica de Dieppe.

Willys Interlagos, versão brasileira do Alpine A108
Willys Interlagos, versão brasileira do Alpine A108

O Alpine A108 era uma versão cupê do A106 cabriolé assinado por Michelotti, com base no Dauphine que havia sucedido o 4CV. Ele foi apresentado ao lado do A106 no Salão do Automóvel de Paris de 1957, com motor quatro cilindros de 845 cm3 de 37 cavalos. Assim como seus predecessores, o A108 era concebido com uma carroceria de fibra de vidro fixada sobre uma plataforma de aço embutido. Mas Rédélé desenvolveu uma versão mais evoluída, chamada GT4, montada sobre um chassi monobloco de aço com berço dianteiro / traseiro, nos quais eram fixadas a suspensão, o bloco do motor e a direção. Com sua distância entre eixos 7 cm mais longa, o GT4 apareceu em 1963, um ano após o lançamento do Lotus Elan, concebido com as mesmas características.

Construído sob a licença da Willys-Overland no Brasil, o A108 tornou-se o primeiro carro esportivo do país. Rebatizado Willys Interlagos e construído em São Paulo, ele teve vários sucessos em competições. De 1960 a 1965, 822 exemplares foram produzidos e mais de 236 Alpine A108 saíram da fábrica de Dieppe entre 1960 e 1962.

Menos de 100 unidades do GT4 foram produzidos, mas sua estrutura serviu de base ao A110, cujo estilo era uma evolução do A108.

Alpine A110 Berlinette
Alpine A110 Berlinette

O A110 Berlinette era uma versão bastante evoluída do A108. Ele empregava mais elementos mecânicos do Renault R8 do que do Dauphine e era motorizado por uma gama de motores ainda mais potentes. Assim como o Alpine GT4, o A110 era montado sobre um chassi monobloco sobre o qual era montada a parte mecânica, com carroceria leve de fibra de vidro. Lançado com um motor de 1108 cm³, o A110 teve posteriormente um motor de 1255 cm³, seguido de 1565 cm³, 1605 cm³, e finalmente um propulsor de 1647 cm³, originário do Berlinette SX.

Fato excepcional para um volume de produção relativamente baixo, o A110 foi também produzido sob licença na Espanha e no México. No total, em torno de 7.500 unidades do Berlinette foram construídas entre 1961 e 1965, e o carro brilhou em todas as competições das quais participou. Mas foi nas provas de rali que ele obteve suas maiores vitórias, no início dos anos 70. Com este carro, a Alpine a conquistou o Campeonato Mundial dos Ralis de 1973 e vários outros troféus.

O Alpine A110 Berlinette consolidou a reputação da marca em nível internacional e proporcionou o êxtase da vitória a vários pilotos, tanto profissionais como amadores.

Alpine M65
Alpine M65

Protótipo concebido para as competições, o M65 foi desenvolvido durante um período próspero para as corridas de Endurance, que começou com o “Rendimento Energético”. Este engenhoso regulamento, que classificava os veículos em função da eficácia e velocidade, promoveu toda espécie de experiências mecânicas, tipos de motores e explorações aerodinâmicas. O Alpine venceu esta classificação em 1964, com o M64.

A versão M65 era propulsionada por um motor de 1300 cm³ Gordini que havia sido utilizado em configuração 1100 cm³ no Renault 8 Gordini. Seus 130 cavalos, uma potência impressionante tendo em vista a cilindrada, associados aos poucos 669 kg deste protótipo perfilado, fizeram com que o M65 ultrapassasse os 250 km/h da reta de Hunaudières, em Le Mans. Em 1965, o M65 venceu a categoria de 1300 cm³ nas 12 Horas de Reims e nos 500 km de Nürburgring. Dois M65 participaram de Le Mans neste mesmo ano, mas Mauro Bianchi e Henri Grandsire tiveram que abandonar a prova na 32ª volta.

Alpine A110 1800 Grupo 4
Alpine A110 1800 Grupo 4

Versão de corrida do A110, era propulsionado pelo maior motor até então utilizado neste modelo. Antes de suas primeiras derrotas, ele teve um grande período de sucesso em ralis, com um título no Campeonato Mundial dos Ralis em 1973.

Alpine A442B
Alpine A442B

Foi com este modelo que a Alpine venceu as 24 Horas de Le Mans de 1978, graças a Jean-Pierre Jaussaud e Didier Pironi, depois de cinco anos de tentativas. O A442B era uma evolução da versão A440 com motor atmosférico, do A441 e do A442 com motor turbo. Ele teve cinco grandes vitórias no Campeonato Mundial de Carros Esportivos, mas também várias desilusões, antes de sua última vitória, em 1978.

Com seu motor V6 de 2100 cm³ turbo, o A442B podia chegar a 352 km/h na linha reta de Hunaudières, tendo conseguido a melhor volta de Le Mans já conseguida por um Alpine. Na mesma noite da vitória da Alpine, o Presidente e CEO da Renault Bernard Hanon, que havia estipulado este objetivo à marca, anunciou a interrupção do programa Endurance da Alpine para se concentrar na Fórmula 1.

Em Goodwood, René Arnoux pilotou o A442B todos os dias na corrida de montanha. A carreira de René no automobilismo esportivo inclui 12 temporadas de Fórmula Um (1978 a 1989), 149 Grandes Prêmios, 7 vitórias, 22 pódios e 181 pontos acumulados.

Signatech-Alpine A450b
Signatech-Alpine A450b

Diretamente originário das 24 Horas de Le Mans, o Alpine 450b evoluiu no Campeonato Mundial de Endurance da FIA, após dois títulos consecutivos no European Le Mans Series (ELMS). Após estas duas campanhas vitoriosas, a Alpine decidiu se lançar no campeonato Mundial (WEC) em 2015, com o Alpine A450b participando das oito etapas da temporada.

“O campeonato Mundial é um novo desafio”, explicou o Presidente da Alpine Bernard Ollivier. “O contexto é diferente, pois nosso objetivo é ter um lugar na categoria LM P2. É uma chance de poder continuar nosso aprendizado, mas também de mostrar nosso potencial nos mercados importantes para a marca. Este programa vai promover a imagem da Alpine em todo o mundo”.

Em homenagem aos modelos Alpine que competiram em Le Mans nos anos 70, o protótipo LM P2 Signatech-Alpine foi batizado de Alpine A450. Em Le Mans, o A450b foi pilotado por Paul-Loup Chatin, Nelson Panciatici e Vincent Capillaire.

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