A sonda lambda vigia o que o carro está “bebendo” dentro de seus cilindros; confira dicas de testes e diagnóstico das fabricantes do componente
Texto: Geraldo Tite Simões
Fotos: Arquivo
Imagine se você tivesse um órgão que pudesse identificar que “essa feijoada está salgada”, ou que “esse uísque é falsificado” e calibrasse o seu organismo para digerir assim mesmo, sem te matar nem destruir seu fígado. É mais ou menos o papel da sonda lambda, também conhecida como sensor de oxigênio. É um componente que faz parte do sistema de alimentação, mas é colocado na saída do coletor de escape, antes o catalisador.
A função da sonda lambda é “ler” os gases do escapamento para identificar o quanto de oxigênio sobrou da queima da mistura ar/combustível. Com base nessa resposta, a sonda manda um recado lá para a central eletrônica (ECU) que vai identificar qual combustível (gasolina ou etanol), em qual proporção e concluir se a mistura está muito rica ou muito pobre (para controle das emissões) e fazer a correção necessária.
A partir desses dados a central eletrônica altera o mapa de injeção e ignição de forma a impedir que o motor apresente pré-ignição ou pré-detonação, dois fenômenos conhecidos como “batida de pino”.
Outro trabalho da sonda lambda nos carros flex é identificar qual combustível está sendo queimado para ajustar a ignição. Tudo isso é feito por uma análise dos gases, e manda as informações à central eletrônica que altera o ponto de ignição e a quantidade de mistura que será injetada nos coletores ou cilindros. Além de manter o motor sempre no melhor desempenho, também contribui para economizar combustível e reduzir a emissão de poluentes. Tudo isso só foi possível graças a processadores cada vez menores e mais velozes.
Existe mais de um tipo de sonda, de acordo com a marca ou necessidade de cada veículo. Basicamente se dividem em dois tipos de acordo com o material empregado na fabricação. Podem ser de Dióxido de Zircônio ou Dióxido de Titânio. As mais comuns são as de Dióxido de Zircônio, que podem ter 1, 2, 3 ou 4 fios. “Estes materiais (Titânio e Zircônio) são condutores iônicos de oxigênio quando estão em alta temperatura. Portanto, necessitam ser aquecidos até a temperatura mais adequada para seu funcionamento. Há também diferentes tipos de aquecedores, que permitem ao componente atingir mais rapidamente a sua temperatura ideal de trabalho”, explica Estevão Barna Jr., gerente de marketing de produto da Magneti Marelli.
Como a sonda precisa de aquecimento, algumas marcas têm modelos que aquecem mais rapidamente. A NTK, por exemplo, tem três modelos que variam conforme o tempo de aquecimento, como explica Hiromori Mori, consultor de assistência técnica da NGK/NTK. Segundo ele, “o sensor convencional (standard) possui tempo de aquecimento de até um minuto, que é o tempo que leva para entrar em funcionamento. O sensor de aquecimento rápido (FLO) se aquece em até 15 segundos e o sinal do aquecimento é controlado pelo módulo de injeção, via sinal PWM (negativo pulsante). Já o sensor ultrarrápido (UFLO) possui tempo de aquecimento de até 12 segundos e o sinal de aquecimento também é controlado pelo módulo de injeção”.
Manutenção
Não tem! Isso mesmo, não há o que fazer na sonda lambda. Ela é autolimpante e quando apresenta algum defeito basta trocar. Quando a sonda não é do tipo autolimpante basta trocar a peça conforme a recomendação do fabricante. O que pode reduzir a durabilidade da peça é o combustível de baixa qualidade com impurezas.
E não tem como limpar a peça. Ela tem uma proteção de metal que impede até a pulverização de óleos finos em spray. O uso de algum lubrificante pode contaminar o elemento e eliminar a lubrificação permanente da rosca, dificultando a retirada quando necessário. Mesmo assim, alguns fabricantes, como a NGK/NTK, recomendam que uma inspeção seja feita uma vez por ano ou a cada 30 mil km. Ou nas seguintes situações:
Sempre que houver aumento de consumo de combustível;
Sempre que tiver códigos de avarias de sensor de oxigênio armazenados no sistema de injeção;
Sempre que houver aumento nos níveis de poluição dos automóveis;
Sempre que o veículo flex apresentar dificuldade em identificar o combustível utilizado.
Além disso, é possível realizar os seguintes testes no sensor de oxigênio:
• Medir a resistência de aquecimento nos dois fios brancos, que deve variar de 2 a 14?. Para realizar esta medição o sensor deve estar frio;
• Medir a alimentação do sensor nos dois fios brancos. Para isso a sonda deve estar ligada. Se for uma sonda convencional, a tensão deve ser maior que 10,5 volts. Se for um sensor de aquecimento rápido ou ultrarrápido deve apresentar um sinal com o negativo pulsante, neste caso a tensão normalmente parte dos 12V e pode baixar dependendo da calibração do PWM;
• Medir o sinal gerado pelo sensor. Para isso, a sonda já deve estar aquecida. O sinal da sonda varia entre 0 e 1 Volt em aceleração constante. Em aceleração rápida, o sinal deve ser próximo de 1 Volt, e em desaceleração varia para próximo de 0 Volt.
• Também deve-se fazer a inspeção visual do sensor. Os fabricantes fornecem ao reparador um informe (cartaz, folheto, manual) de diagnóstico de sonda, para isso basta entrar em contato com o SAC de cada empresa.
Para saber o estado do sensor de oxigênio é preciso um scanner. Toda boa oficina precisa ter um scanner de qualidade, com software atualizado. Esse equipamento é indispensável a qualquer oficina de confiança. Com a ajuda de um scanner é possível identificar o comportamento de uma sonda lambda e, consequentemente, obter uma visão geral da gestão do motor. O primeiro passo é a seleção correta do veículo, considerando a marca, modelo, ano de fabricação e sistema de injeção eletrônica. Depois de identificar o veiculo é possível realizar a comunicação com o sistema específico de injeção.
Com o scanner já em comunicação com o sistema do veículo, é preciso atribuir os valores de teste disponíveis, selecionando os principais parâmetros que estão relacionados ao funcionamento e desempenho da sonda lambda. De acordo com a equipe técnica da Bosch, os parâmetros avaliados são:
• Valor real lambda: este valor indica, em tempo real, a proximidade do valor lambda 1 (mistura ideal). Quer dizer que em situação ideal, este valor deve permanecer oscilando acima e abaixo de valores próximos de 1,000 (Lambda 1).
• Regulagem lambda: esta informação mostra se a estratégia de regulagem está ativa, considerando o sistema em circuito fechado. A principal condição para o funcionamento desse sistema é atingir valores de temperatura de aproximadamente 400°C na própria sonda lambda.
• Tensão da sonda lambda: a tensão da sonda lambda, expressa em Volts, é a informação de geração de sinal da sonda, este valor deve oscilar permanentemente entre 100 e 800 mV.
• Estado da mistura: da mesma forma a qual verificamos na tensão lambda, o valor do estado da mistura deve oscilar entre situações de mistura rica e pobre.
• Regulagem multiplicativa: as correções multiplicativas e aditivas são estratégias de adaptação que atuam, principalmente, modificando a largura dos pulsos nos injetores para adaptar-se a eventuais defeitos ou alterações no sistema. A estratégia multiplicativa é composta por regulagens de combustível de curto prazo que atuam mediante ajustes temporários de aplicação imediata. A principal função é garantir a correta relação ar/combustível ao longo do tempo. Como base geral, valores multiplicativos que não superam 15% de correção positiva ou negativa (enriquecendo ou empobrecendo a mistura com relação ao tempo de injeção base), podem ser considerados normais.
• Relação ar/combustível: é uma referência para identificar em veículos flex o tipo de combustível que está sendo utilizado no momento e de que forma os mapas de injeção e ignição se encontram adaptados.
• Temperatura do líquido de arrefecimento: trata-se de uma informação referencial muito importante, uma vez que determina a fase de funcionamento do motor (fase fria, aquecimento e temperatura normal de trabalho). A temperatura de trabalho do motor afeta, de forma significativa, os cálculos para a formação da mistura ideal.
Na verdade, a melhor manutenção para a sonda lambda é preventiva, como, por exemplo, usar combustível de qualidade. Um motor bem regulado, com velas, cabos e filtros trocados dentro dos prazos especificados pelo fabricante. Problemas de funcionamento na sonda lambda também tem como resultado a formação de resíduos na combustão que além de prejudiciais para o motor são contaminantes para o meio ambiente.
Entre os componentes afetados por resíduos de combustões incompletas, destacam-se os seguintes: Cabeçote do motor e válvulas, velas de ignição, sistema de escapamento (incluindo catalisador).
E na hora de trocar o sensor, os principais cuidados que o reparador deve tomar é aplicar o torque de montagem adequado (40 – 60 Nm) e garantir que a conexão com o chicote elétrico do veículo seja feita de forma eficiente.
Cada macaco no seu galho
Quebra galho e jeitinho sempre existiu e não vai deixar de existir. Não tem jeito, até por pressão do cliente às vezes é preciso recorrer a uma solução emergencial, popularmente conhecida como “gambiarra”. Uma delas é adaptar o sensor de oxigênio de outro modelo, até mesmo de outro tipo de combustível. No mercado podem-se encontrar vários tipos de sensores com a mesma aparência e até medida de rosca, mas os conectores sempre são diferentes justamente para identificar a equivalência ao veículo.
Tem caso de mecânicos que adaptam sensores de modelos diferentes. Vai funcionar e até dá para tapear, mas pode causar danos mais sérios. Além disso, perfurações e emendas dos fios devem ser evitadas pois podem resultar em mau contato, infiltração de água pela emenda e oxidação dos fios, afetando o desempenho do sensor e a durabilidade.
As mesmas fornecedoras das peças originais também colocam os sensores à venda no mercado com a marca própria e com toda a tabela de aplicação. Se não encontrar o sensor na concessionária pode recorrer ao mercado de reposição.
A Bosch tem um produto chamado de sonda universal que oferece uma facilidade de conexão no caso de substituição da sonda original do veículo. Basta cortar o cabo no local correto e então conectá-lo à ponta do cabo da sonda original do veículo. Isso não quer dizer que há apenas um modelo para todas as aplicações. Deve-se sempre consultar o catálogo de aplicações para avaliar a compatibilidade.
Uma observação importante é que na substituição da sonda lambda não há necessidade de trocar nenhuma outra peça. A menos que o chicote elétrico esteja comprometido.
Como se vê, para um componente que praticamente não exige manutenção e tem grande durabilidade tem muitos detalhes para serem observados. Inclua esse item na revisão e manutenção para seus clientes.
Suportes Técnicos:
NGK/NTK: 0800 19 7112
Delphi: 0800 0118135
Bosch: 0800 704 5446
Magneti Marelli: 0800 19 1638
Eu tive uma dificuldade para sonda universal para a linha da Honda procede ou carros da linha Honda aceita esse tipo de sonda ?
O gol G5 2009, só possui uma sonda lambida ?
Excelente! ! Eu não sabia q sonda lambida tem sua durabilidade. ????????
Muito bom
Show está reportagem sobre sonda lambda.
Ampliou ainda mais minha vivência e quebrou alguns paradigmas que eu carrego. Obrigado
Muito importante explicação pois tenho problema com a sonda por combustível ruim e vou seguir conselho e colocar original fox flex 1.0 .
As redes sociais estão ajudando bastante a vida dos mecânicos que não é fácil.
esclareceu bastante muito bom
Muito bom. Dica especiação ficou muito claro.
Gostei da informaçao muito bom
Muito bom excelente informação!
otima informação bem explicada edificante parabéns.
Show de bola muito bom
gostei muito das informações.