Falta de manutenção veicular causou 36 vítimas fatais no Brasil em 2022, afirma PRF

Falha ou defeito mecânico está entre as principais causas de acidentes de trânsito no país; números de 2022 já superam todo o ano de 2021 segundo a Polícia Rodoviária Federal 

 

O costume de levar o veículo para fazer manutenção apenas quando este apresenta problemas é uma prática perigosa que pode colocar vidas em risco. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), falha ou defeito mecânico está entre as principais causas de acidentes de trânsito no país. De janeiro a agosto deste ano, foram registrados 1.770 acidentes com 36 mortes. No mesmo período de 2021, foram aproximadamente 1.800 sinistros e 34 óbitos.

Entre 2011 e 2020, mais de 59 mil acidentes ocorreram em decorrência de defeito mecânico, segundo o Atlas da Década de Ações para Segurança Viária, publicado pela Polícia Rodoviária Federal. Desse número, 1.399 vidas foram perdidas. Essas ocorrências poderiam ser evitadas se cada motorista tivesse consciência da importância de realizar regularmente a manutenção e a inspeção de segurança em seu automóvel, respeitando assim o Código de Trânsito Brasileiro.

A comprovar esse descaso com o cuidado com o veículo, nos primeiros oito meses de 2022, mais de 150 mil motoristas foram multados por conduzir veículos em mau estado de conservação ou reprovados na avaliação de inspeção de segurança veicular, conforme dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran). De janeiro a agosto de 2021, o número foi ainda maior: foram 259.118 infrações contabilizadas em todo o país.

Apesar da obrigatoriedade da inspeção técnica de segurança veicular estar prevista no Código de Trânsito Brasileiro, até hoje ela não foi implantada pelas autoridades no país. Atualmente, ela só é obrigatória em casos específicos, como em automóveis que fizeram conversão do combustível para gás natural veicular (GNV), com alterações nas características originais de fábrica, produzidos artesanalmente ou recuperados de sinistro, entre outros.

Na inspeção desses veículos específicos, são analisados itens externos e internos do carro, como pneus, freios, faróis, para-brisas, entre outros. Nos veículos com kit GNV são analisados também o cilindro para armazenamento, suporte do cilindro, receptáculo de abastecimento, válvulas e dispositivos de segurança, redutor de pressão, e linhas de alta/baixa pressão. As avaliações são realizadas em Organismos de Inspeção acreditados pela Coordenação Geral de Acreditação (Cgcre) do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Se aprovado, o veículo recebe um Certificado de Segurança Veicular (CSV).

“A legislação exige que o motorista mantenha o veículo em boas condições para circular com segurança. Durante as inspeções, as reprovações mais recorrentes são de freios, alinhamento de direção, suspensão e iluminação, que somadas chegam a 30% dos veículos inspecionados”, afirma o presidente da Associação Nacional dos Organismos de Inspeção (Angis), Aquiles Pisanelli. “Por isso, é muito importante que cada indivíduo tenha consciência da necessidade de manter seu automóvel com a manutenção em dia para evitar acidentes”, completa.

Pisanelli destaca ainda que essas instituições não são oficinas mecânicas. São empresas comparáveis a laboratórios de análises clínicas. Lá não se conserta nada. Lá examinam-se veículos de forma completa, através de sistemas da qualidade rígidos, profissionais qualificados, como engenheiros mecânicos, técnicos e todos os equipamentos específicos e modernos para inspeção dos veículos. Com isso, o proprietário tem uma maior garantia de que a avaliação será realizada corretamente.

O Brasil possui mais de 400 Organismos de Inspeção distribuídos por todas as regiões do país. São empresas que, após passarem por processo de avaliação técnica e legal, são autorizadas pela Senatran e pelo Inmetro para realizar inspeções em veículos em geral e em equipamentos de transporte de produtos perigosos. Confira a lista das instituições licenciadas nositedo Inmetro, assim como nos sites dos principais Departamentos Estaduais de Trânsito.

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