Falta de manutenção do carro contribui com acidentes

Segundo pesquisa de uma organização do setor de reparação, 62% dos automóveis avaliados numa inspeção tiveram pelo menos um problema nos itens de segurança; 38% dos carros checados tinham freios ineficientes

Victor Marcondes

A extensão territorial e as enormes vias que ligam o Brasil de norte a sul são apenas uma das razões para o país, que pretende ser uma potência da indústria automotiva, estar entre os primeiros no ranking mundial de acidentes no trânsito. Para se ter uma ideia, mais de 58 mil vidas são perdidas por ano, vítimas de colisões nas ruas e estradas nacionais.

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Um número assustador, que supera o de muitas guerras, e indica que mais de cem pessoas morrem todos os dias em acidentes automotivos. Para tentar reverter o problema, desde 2011, as autoridades aceitaram o desafio proposto pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para reduzir pela metade, até 2020, o número de fatalidades no trânsito.

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No entanto, para atingir o resultado será preciso a colaboração de todos os estados, municípios e, claro, da população. Por exemplo, um dos principais causadores de acidentes é a negligência dos cuidados com o carro. Dados do programa de Check-up gratuito Carro 100% revelam que 62% dos carros checados na avaliação gratuita promovida em São Paulo apresentaram pelo menos um defeito em itens de segurança, como freios, suspensão e faróis.

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Na amostragem, que supera as centenas, também constatou-se que 38% dos carros tinham alguma deficiência nos freios. Um fato preocupante por estar ligado diretamente à segurança do veículo. Aproximadamente 8% e 9% dos veículos tinham algum problema na suspensão (amortecedor, coxins e molas) e no fluido de freio, respectivamente.

“Em condições normais, a 50 km por hora, o motorista deve manter a distância de 45 metros do carro da frente. Já quando as lonas estão desgastadas com o uso, a frenagem fica mais difícil e o risco de acidente aumenta, uma vez que o componente não corresponde com a mesma eficiência quando as lonas estão em bom estado de uso”, afirma o coordenador do GMA, Antônio Carlos Bento.

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O Check-up Gratuito Carro 100%, realizado pelo GMA (Grupo de Manutenção Automotiva), conta com uma linha de equipamentos automatizada, projetada especialmente para ser itinerante. No local, os técnicos indicam ao motorista que não tem o hábito de fazer manutenção preventiva que, além de mais segura, é mais barata, 30% em média, do que a corretiva.

Problema recorrente

De acordo com o Relatório de Resultados das Inspeções Veiculares Gratuitas, realizado pelo Programa Agenda do Carro, de 2006 a 2009, em vários pontos da capital paulista, um total de 2.111 veículos apresentou pelo menos um problema nos 27 itens avaliados.

“Ainda que seja uma amostra pequena em comparação ao número de veículos que circula em São Paulo, os dados são preocupantes em relação ao estado de conservação dos veículos, fator que pode colocar em risco a vida dos motoristas, ocupantes e de outras pessoas”, alerta Bento.

Confira os sistemas e componentes com maior índice de falhas:

– Correias auxiliares – 51,30%

– Sistema de arrefecimento – 44,40%

– Correia dentada – 43,20%

– Limpador e lavador de para-brisa – 41,60%

– Vazamento de óleo do motor – 35,10%

– Lâmpadas de faróis principais – 31,20%

– Emissões de gases poluentes – 23,10%

– Embreagem e sistema de acionamento – 20,50%

Com o passar do tempo, estudos demonstram que o comportamento do motorista com relação aos cuidados com o veículo diminui. Segundo a GIPA, órgão de pesquisa internacional especializado em pós-venda, numa amostragem de 3 mil condutores, observou-se que a manutenção preventiva passa a diminuir de acordo com o aumento da idade do carro.

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O levantamento aponta que 80% dos motoristas levam o veículo para revisão nos primeiros dois anos de uso. A partir de três anos, esse índice cai para 59%; com cinco anos, só 51% faz manutenção preventiva; e acima de 10 anos, apenas 45%. Com mais de 20 anos de idade, 39% disseram levar o veículo a uma oficina para revisão.

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