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Entrevista: Estamos à disposição para atender os mecânicos

Num bate-papo com Alexandre Stein Achcar, gerente Comercial da Umicore, ele fala sobre a importância do catalisador, enfatiza os perigos de se fazer a retirada de peça ou usar produtos falsificados, e sobre a responsabilidade do mecânico nesse segmento

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Revista O Mecânico: A Umicore é uma empresa de origem belga que atua em diversas áreas, inclusive a automotiva, desenvolvendo tecnologia de materiais. Conte um pouco dessa história e da chegada da marca no Brasil.

Alexandre Stein Achcar: A Umicore é um grupo de tecnologia de materiais de origem belga com presença nos cinco continentes. As atividades industriais da empresa estão centralizadas em quatro áreas de negócios: catálise, materiais de energia, materiais de performance e reciclagem. Cada área de negócios está dividida em várias unidades direcionadas a mercados específicos, seja em produtos essenciais para o dia a dia ou para aqueles que estão no topo de novos desenvolvimentos tecnológicos. A Umicore foca suas atividades em áreas de aplicação em que o seu conhecimento na ciência dos materiais, química e metalurgia faz a diferença.

O grupo tem mais de 200 anos de história; sua chegada ao Brasil ocorreu há mais de 50 anos. No início dos anos 90, um grupo de empresas com tradição secular como MHO, Vieille Montagne e SGM, se fundiu com a Union Minière. Durante os primeiros anos de sua existência, esse novo grupo passou de uma atuação tradicional na indústria metalúrgica, com ênfase em refino, para um grupo voltado a produção de especialidades.
Em 2001, reforçando seu plano de modernização, surge um novo nome: Umicore. Continuando sua expansão ativamente, em julho de 2003, adquire as atividades do Grupo de Metais Preciosos (Precious Metals Group – PMG), originário do Grupo Degussa. Nos últimos cinco anos, a Umicore expandiu sua produção na América do Norte, America Latina, Europa Oriental e na Ásia, estando hoje presente em 36 países, com mais de 75 sites industriais e 25 escritórios comerciais. Em 2012, apresentou faturamento de EUR 12,5 bilhões, e atualmente emprega 14.440 pessoas.

O Mecânico: Em relação à unidade de catalisadores automotivos, que é o nosso ramo, onde fica a fábrica aqui no Brasil e o que é produzido lá?

Achcar: No Brasil, a unidade de Catalisadores Automotivos fica em Americana, interior de São Paulo. Além de catalisadores automotivos, a unidade é também responsável pela produção de sistema de pós-tratamento diesel e catalisadores para motocicletas. A produção local atende a montadoras e ao mercado de reposição. Junto com seus clientes, a empresa desenvolve novas tecnologias aplicadas no desenvolvimento de catalisadores para veículos diesel, flex fuel e motocicletas.

Em Americana, a unidade possui um moderno Centro de Tecnologia de Emissões Veiculares e um completo Laboratório de Protótipos. O local oferece toda a infraestrutura para atender às normas específicas para os modelos de veículos produzidos na América dos Sul, de acordo com as características dos combustíveis locais.

O Mecânico: Hoje, os catalisadores são obrigatórios em todos os veículos motorizados (carro, motos e veículos pesados). Isso significa que vocês têm uma entrada muito grande diretamente nas montadoras, como equipamento original. Como é a participação da empresa no desenvolvimento de uma peça para um carro novo? É em conjunto com a montadora?

Achcar: Todo desenvolvimento de catalisadores é realizado em conjunto com as montadoras. Os parâmetros de projeto são estabelecidos por elas, tendo como base o veículo, motorização, legislação e combustíveis a que se destinam. De posse destas informações, através de ensaios em nosso Centro Tecnológico e do nosso portfólio de tecnologias, desenvolvemos a solução com melhor relação custo/benefício para o cliente.

O Mecânico: Esse produto é o mesmo que vocês colocam no mercado de reposição, com os mesmos controles de qualidade dos originais? De toda capacidade produtiva da fábrica, quanto é destinado para o mercado de reposição?

Achcar: Sim, todos nossos produtos seguem os mesmos rígidos padrões de qualidade, independentemente do mercado a que se destina. É importante salientar que também existe uma legislação específica para catalisadores automotivos de reposição. A legislação de peças originais estabelece durabilidade mínima comprovada de 80 mil km e para o mercado de reposição esta durabilidade é de 40 mil km. Esta é uma forma de fazer com que o produto seja mais acessível, o que de forma alguma compromete sua qualidade e desempenho.

O Mecânico: Para a marca, qual a importância do aftermarket no Brasil?

Achcar: Este sempre foi um mercado relevante para a Umicore, por isso somos os pioneiros. Temos uma linha completa de produtos desenvolvidos e homologados junto ao Inmetro para atendimento de todas as aplicações existentes no país.

O Mecânico: Como a Umicore enxerga o mecânico independente? Como é o relacionamento entre eles e a marca?

Achcar: O mecânico é um dos elos mais importantes da cadeia. Sendo o catalisador um produto extremamente técnico, a peça exige treinamento constante dos mecânicos quanto às condições de aplicação. Temos canais de comunicação abertos e estamos sempre à disposição para atendê-los.

O Mecânico: Quais as ações que a empresa tem preparado para estreitar esse relacionamento? Inclui treinamento de aplicação dos produtos?

Achcar: Nosso produto chega ao mercado através de nossos parceiros, fabricantes de escapamento. Junto com eles realizamos treinamentos e ações nos pontos de venda, facilmente identificadas com nosso selo de tecnologia no produto.

O Mecânico: Em sua opinião, a escolha da marca de uma peça na hora do reparo depende do mecânico?

Achcar: Sem sombra de dúvidas. É o mecânico quem detém o conhecimento para discernir a necessidade de troca do produto bem como a experiência de aplicação de produtos de qualidade. Ele tem consciência de que este é um fator chave para retenção de seus clientes e que garantirão sua reputação e a venda futura.

O Mecânico: O catalisador é obrigatório num veículo, mas por ser uma peça cara, algumas pessoas pedem que seja removida quando danificada, ao invés de trocar por uma nova. Quais os danos que essa prática pode trazer ao veículo?

Achcar: A retirada de catalisadores ou a utilização de catalisadores “falsos” (peça que aparenta conter a cerâmica catalítica, mas na verdade está vazia ou preenchida com lã de aço) aumenta o consumo de combustível. Um veículo que não possui catalisador ou o teve substituído por uma peça falsa, além de contribuir para o agravamento da poluição do ar, eleva o consumo de combustível em até 20%. Vale salientar que os veículos são desenvolvidos considerando a existência do catalisador, sua eliminação altera de forma significativa as condições de funcionamento do veículo.

O Mecânico: Existem catalisadores falsificados ou piratas no nosso mercado de reposição? Como identificá-los?

Achcar: Sim, existem catalisadores falsos e é necessários atenção na hora da compra. Os catalisadores de boa procedência são homologados pelo Inmetro e possuem a marca deste órgão tanto em sua embalagem como estampado em sua estrutura, sendo de fácil identificação, além de serem comercializados com certificado de procedência e garantia.

Os mais fáceis de identificar são formados por apenas uma carcaça com tubo soldado ou uma carcaça preenchida com lã de aço. Os falsos catalisadores custam menos que os originais, mas não cumprem com sua finalidade.

O Mecânico: Quais cuidados os mecânicos devem tomar para não cair numa dessas armadilhas?

Achcar: Inspecionar o produto na hora da compra a fim de verificar a marca do Inmetro em baixo relevo, exigir o certificado de procedência e garantia e nota fiscal.

O Mecânico: É obrigatório que os catalisadores sejam certificados pelo Inmetro? Como funciona essa certificação?

Achcar: Sim, o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) exige certificação para comercialização de catalisadores automotivos, nacionais ou importados.

O Mecânico: Existe no setor automobilístico uma preocupação muito grande com questões de meio ambiente e sustentabilidade. Como a Umicore trabalha essa questão? Os catalisadores, por exemplo, são reciclados? Como o mecânico deve proceder?

Achcar: O catalisador automotivo, quando descartado ou ao final de sua vida útil, em qualquer estado que se encontre, deve ser encaminhado à reciclagem.

Nossa unidade em Guarulhos, Grande São Paulo, é o ponto inicial para a correta destinação desse material. Nessa unidade, realizamos as etapas de pesagem, amostragem, analise e valorização. Após a conclusão desse processo, o material é exportado para a Unidade de Refino de Metais Preciosos localizada em Hoboken – Bélgica onde é realizado o processo final de reciclagem dos materiais e a recuperação dos metais contidos de forma ambientalmente correta. Os metais recuperados retornam ao ciclo produtivo.

Como garantia de rastreabilidade e reciclagem do material, a empresa emite o Certificado de Destruição e Reciclagem, atestando que os materiais foram corretamente reciclados, sem geração de resíduos ou gases perigosos à natureza.

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