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Entrevista: Presente e futuro na reposição

Texto: Fernando Lalli

Fabricante de impulsores de motor de partida, polias de alternador e tensionadores de correias, a ZEN S.A. está no mercado desde 1960, quando foi fundada em São Paulo/SP pelos irmãos Nelson e Hylário Zen. A empresa é voltada 100% para o mercado automotivo e, atualmente, produz 9 milhões de impulsores na fábrica de Brusque/SC, onde está instalada desde 1973. Diretor presidente da ZEN, Gilberto Heinzelmann comenta nesta entrevista sobre a consolidação da marca no mercado de autopeças e a expectativa para os próximos anos, quando é esperada a chegada de veículos híbridos e elétricos em maior volume nas ruas do Brasil.

Revista O Mecânico: Vocês são uma empresa que tem como maior share de negócios a reposição de autopeças. Qual é a visão de negócio para se manter relevante no aftermarket dessa forma por tanto tempo?

Gilberto Heinzelmann: O mercado de reposição foi a origem da empresa e nunca saiu da nossa prioridade. Nós estamos investindo e ampliando continuamente as linhas dos produtos tradicionais da empresa. Também investimos em novos produtos ao longo dos últimos anos.. Então, além do impulsor de partida, que é o produto mais relevante e define a empresa no mercado, entre nossos produtos mais recentes está a polia do alternador, que comercializamos desde 2006 e tem venda direta para mais de 60 países.

Mais recentemente nós conquistamos a qualificação para fornecer essa polia do alternador para a linha de montagem do Ford Ka. Isso é, de certa maneira, visto pelo mercado como uma certificação de qualidade. Nós somos a primeira empresa do mundo, além da INA-Schaeffler, a conseguir esse status de fornecedor original desse produto para uma montadora, o que confirma a qualidade e a competitividade do produto. Nós temos mais de 200 aplicações diferentes de polias de alternador. É um portfólio bastante amplo para veículos em todas as regiões do mundo.

Outra linha mais recente nossa é a de tensor de correia, que está principalmente focado no mercado de reposição nacional. Um item mais de linha mecânica. Estamos começando a exportação dele para a América Latina. É a linha de produtos da ZEN que hoje mais cresce em termos de faturamento na reposição.

O Mecânico: Quem aplica o produto de vocês no veículo é o mecânico. Para ser forte na reposição, tem que ser forte também com o mecânico. Qual é a importância do mecânico para a ZEN e como a empresa cuida desse público?

Heinzelmann: Temos um reconhecimento no canal autoelétrico muito relevante. A ZEN, pelo fato de fornecer para esse segmento desde os anos 70, é uma marca sempre associada a esse canal e sempre associada a itens de muita qualidade. Você não encontra quem trabalhe com motores de partida e alternadores que não conheça a marca ZEN. Procuramos criar canais de comunicação com esse público, então temos o nosso 0800, que é bastante elogiado; palestras técnicas junto aos distribuidores que nos ajudam a organizá-las, catálogos disponíveis inclusive como aplicativo de celular, campanha de venda com os distribuidores, enfim, uma manutenção da nossa relevância e da atenção no que diz respeito ao público do canal autoelétrico. Já o tensor de correia é um produto voltado ao canal mecânico. A ZEN começa agora a construir mais e mais um reconhecimento para este público. Estamos investindo bastante em veículos de divulgação para o canal mecânico onde a ZEN é menos conhecida.

O Mecânico: A Zen já é uma marca conhecida no setor de reposição automotiva desde os anos 70. Tradição é importante em um negócio que passa de pai para filho.

Heinzelmann: Sem dúvida. E o fato de ser reconhecido como um fornecedor original ajuda bastante na credibilidade do nosso produto junto ao mercado de reposição.

O Mecânico: E qual é a perspectiva que você enxerga para um futuro próximo, 5 ou 10 anos, do negócio que vocês estão desenvolvendo hoje, que é a produção de impulsores e polias? Como vocês enxergam uma futura mudança da propulsão de veículos para sistemas híbridos ou totalmente elétricos. Sabemos que a realidade do Brasil demora a adaptar certas tendências, mas como vocês, especialistas e fabricantes da área, veem a questão neste momento e esperam para o futuro?

Heinzelmann: Se olharmos sob a ótica de reposição, eu diria que nas próximas duas décadas certamente é irrelevante qualquer impacto significativo de carro elétrico ou híbrido no mercado de reposição. É muito emergente. O tamanho da frota de veículos a combustão é gigantesco, então, mesmo quando começar a ocorrer um aumento de produção de veículos elétricos e híbridos, até isso ter uma relevância no tamanho da frota global de veículos, vai levar várias décadas ainda.

No que diz respeito à nossa participação, o veículo híbrido é uma modificação com bem menos impacto nas características do veículo que o elétrico. Veículos híbridos, por exemplo, com motores a combustão acima de 1,5 litro acabam precisando também de um motor de partida, principalmente, por causa da partida a frio, e estamos lá com nosso impulsor para equipá-lo. Apenas no veículo totalmente elétrico que nós estamos ainda em momento de análise de possíveis oportunidades de negócio. Mas com certeza eu posso dizer para ti, no que diz respeito ao mercado de reposição, é uma preocupação para as próximas gerações, não para as nossas.

O Mecânico: Mesmo com o estímulo fiscal do Rota 2030, você acha que essa perspectiva se mantém?

Heinzelmann: Para o mercado de reposição, sim. Aí tem o nosso papel como fornecedores para o mercado original e como eu mencionei, teremos uma preponderância do híbrido antes de qualquer tipo de demanda ou conversão para veículos 100% elétricos. Fica cada vez mais claro que vai existir uma onda de transição de híbridos antes de ir para veículos totalmente elétricos.

 

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