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Entrevista | Grupo Comolatti tem novo presidente

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Conrado Comolatti Ruivo

Dona das marcas Sama, Laguna, Authomix, Rede PitStop, Pellegrino, concessionárias Tietê e Cofipe, o Grupo Comolatti anunciou no fim de 2022 uma troca no comando das empresas. Após 30 anos na Presidência, Sergio Comolatti passa o comando para Conrado Comolatti Ruivo que assume o cargo no início de 2023. Em entrevista exclusiva para a Revista O Mecânico, Conrado falou sobre os desafios e expectativas do novo cargo, bem como sua visão quanto ao mercado de reposição brasileiro.

REVISTA O MECÂNICO: Ter passado por diversos departamentos dentro da empresa, acrescenta um know-how importante ao se tornar Presidente?

CONRADO COMOLATTI RUIVO: Sim, sem sombra de dúvidas! Toda essa bagagem, toda essa construção que fiz junto com a equipe nos últimos anos me deu muito mais conhecimento da empresa para assumir a presidência e estar preparado para isso. Mas o mais importante desses 17 anos que estou dentro da empresa foi o trabalho que tive com o Sergio Comolatti, principalmente nos últimos anos, onde trabalhamos praticamente o dia inteiro juntos. O Sergio dedicou bastante tempo na parte de preparação, de governança da empresa. Nós temos grandes negócios, empresas grandes dentro do grupo, então isso foi uma contribuição muito grande do Sergio nesses últimos anos, pra mim é um privilégio porque vou receber uma empresa organizada e bem preparada.

O MECÂNICO: Quais os maiores desafios em assumir o cargo de Presidente do Grupo Comolatti?

CONRADO COMOLATTI: Estou sucedendo dois grandes nomes aqui dentro do grupo. Tivemos a era do Sr. Evaristo que começou a empresa do zero e criou um grupo muito forte no nosso setor e que é líder de mercado. O papel dele era bem empreendedor, crescendo, expandindo e colocando novos negócios. O Sergio é uma pessoa mais preparada, com formação em administração. Ele assumiu a empresa em um momento muito difícil, organizou e preparou ela para um ritmo de crescimento que foi muito forte nos últimos 30 anos. Eu recebo a empresa muito mais bem preparada do que o Sergio recebeu e com uma história de dois Presidentes que fizeram um ciclo forte de expansão. Então eu tenho uma barra bem alta e o desafio é: como vão ser os próximos 30 anos? Como vai ser o primeiro ano? Como serão os próximos anos? O desafio do próximo ano é continuar esse legado que foi criado pelo senhor Evaristo e multiplicado pelo Sergio, continuando essa expansão do grupo.

O MECÂNICO: Quais são as principais diferenças entre você e o Sergio Comolatti?

CONRADO COMOLATTI: O Sergio é uma pessoa que vai muito no detalhe, é bastante crítico. Às vezes eu quero fazer as coisas acontecerem de uma maneira mais rápida e isso acaba atropelando as coisas. O Sergio é uma pessoa de bastante controle, mas nisso nós somos bem parecidos, eu gosto das coisas bem controladas. Ele é uma pessoa de cobrança muito forte, a minha cobrança é mais “vamos juntos, vamos fazer”. Apesar disso, eu diria que temos mais similaridades do que diferenças, até porque nós temos um convívio tão intenso por trabalhar juntos e tirar férias juntos, então nós dois ficamos muito parecidos, temos uma afinidade muito boa.

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O MECÂNICO: Como a empresa e o mercado receberam o anúncio da saída do Sérgio da Presidência?

CONRADO COMOLATTI: Acredito que não foi nenhuma surpresa, foi uma construção, é diferente de quando você vem em um ritmo e faz uma mudança brusca. A mensagem que construímos ao longo dos anos é muito clara, o Sergio vem falando de se aposentar há algum tempo e eu venho assumindo mais responsabilidades dentro da empresa ao longo desse tempo. Então eu acho que para o mercado demonstra uma continuidade, a maneira de como a empresa trabalha, o grupo sempre teve uma postura de parceria com fornecedores e clientes.

O MECÂNICO: Como foi o ano de 2022 para o Grupo Comolatti?

CONRADO COMOLATTI: Nossa retomada foi em 2020 mesmo, nossa atividade foi considerada uma atividade essencial e entendemos que nós deveríamos estar do lado do nosso cliente para o setor continuar trabalhando. Continuamos nos abastecendo e mantendo o estoque alto, sempre tomando todos os cuidados com a equipe. Diariamente, fazíamos reuniões com nosso comitê de crise para entender o que cada governo ou prefeitura estava determinando para a gente continuar trabalhando. Tivemos um grande crescimento no final de 2020.

O MECÂNICO: Como o mercado de reposição está se comportando nessa retomada pós pandemia?

CONRADO COMOLATTI: Entendo que o nosso setor foi muito bem como um todo. Nós fomos bem, mas o mercado também foi bem. Nós vimos a dificuldade das montadoras na produção de carros, esse problema de queda de oferta de carros trouxe um encarecimento dos veículos novos, então isso acabou trazendo muitos negócios pro aftermarket. Nós vimos as oficinas cheias, valorização do carro usado, então a pandemia tem um lado muito negativo pela questão da saúde, mas em termos econômicos, para o setor do aftermarket foi um período positivo.

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O MECÂNICO: Como o Grupo Comolatti está estruturado atualmente?

CONRADO COMOLATTI: As empresas são independentes do ponto de vista para o mercado, elas concorrem entre si, tem briga aqui dentro por causa de vendas, mas nós entendemos que isso é saudável para o setor. A Roles, por exemplo, que foi adquirida nos anos 1980 é independente desde então. Nós acreditamos na independência das empresas e o que nós fazemos é uma otimização “da cozinha para dentro”. Para o mercado, nós queremos que essas empresas sejam competitivas, nosso mercado é muito grande e tem muito espaço para crescer, muito espaço para competição e muito espaço para modelos diferentes de negócios. Eu continuo acreditando que esse mercado é super resiliente, ele cresce em crise, ele vai continuar prosperando.

O MECÂNICO: Nós da Revista o Mecânico conversamos bastante com os mecânicos e com os fabricantes, cada um deles falam sobre as dificuldades. Como é para uma empresa que está no meio desse processo, quais os desafios?

CONRADO COMOLATTI: Nós temos que resolver o problema dos dois lados, tem a fábrica que a competência dela é desenvolver o produto e tem o mecânico que precisa aplicar a peça. Todo trabalho que estamos fazendo desenvolvendo a rede de varejo de autopeças via PitStop, é para dar um atendimento melhor ao mecânico. Eu acho que as coisas estão cada vez mais rápidas, mais integradas, mais digitalizadas, então estamos fazendo projetos para estar mais próximos das dores dos mecânicos. Sabemos que umas dessas dores é a questão de achar a peça, então estamos desenvolvendo um portal de vendas da Rede PitStop integrando todos os estoques da rede. Outro projeto é a maquininha de cartão de crédito que queremos colocar. A ideia é utilizar a força do grupo para dar uma vantagem de crédito para o mecânico parcelar o serviço que ele faz e usar esse parcelamento para comprar peças na Rede PitStop.

O MECÂNICO: O mercado automotivo caminha para uma descarbonização gradual com o objetivo de zerar a emissão de gases até 2040. Qual o impacto desse movimento da indústria para o Grupo Comolatti?

CONRADO COMOLATTI: Eu acho que a conversa de eletrificação do nosso setor ainda é de muito longo prazo. Se você ver o aftermarket, ele atende o espaço de idade de frota de três a 15 anos, então eu acho que ainda é uma distância grande. Mas mesmo o carro elétrico tem um consumo de aftermarket importante, tem toda a parte de suspensão, o freio apesar de gastar menos ainda tem consumo, o undercar ainda tem serviço. É algo que sim, vai afetar o nosso mercado, mas acredito que ainda demora muito para isso acontecer no Brasil.

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O MECÂNICO: Dentro do assunto sustentabilidade, além de reduzir a emissão de gases nocivos em seus motores, a indústria está também empenhada em reduzir as emissões em toda a cadeia. Uma das ações que estão sendo tomadas são as peças remanufaturadas. Como distribuidora, como o Grupo Comolatti enxerga as peças remanufaturadas, há um mercado para elas?

CONRADO COMOLATTI: Sinceramente não vejo como isso pode ser uma oportunidade, mas entendo que essa discussão de sustentabilidade é real, acho que toda grande empresa tem em sua agenda projetos para reduzir o gasto de energia para ter um pouco mais de sustentabilidade. Nós temos uma agenda, mas como uma empresa de comércio, nós basicamente pegamos o produto e entregamos para o nosso cliente. Para nós, é mais a reação de como o mercado vai entender se é um produto de boa aderência. Se o mecânico entende que ao pegar uma peça remanufaturada ele consegue entregar qualidade para o cliente, isso se torna uma oportunidade para a gente trabalhar.

 

 

 

 

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