Silvio Ricardo Alencar de Almeida, atualmente é o diretor comercial da Dayco América do Sul. O executivo iniciou a carreira na área administrativa. Sua competência foi colocada à prova desde o inicio. Com 18 anos foi chefe da área de investimentos do banco Safra, poucos anos depois atuou no departamento financeiro da Votorantim como Controlador de Operações financeiras. Entrou para o setor automotivo na Fiat, no Desenvolvimento e Administração do desempenho da Rede de Concessionários. Em 1986 deixou de ser executivo e tornou-se empresário, sócio da Branil Juntas, onde permaneceu por 16 anos. Também trabalhou na Spaal até 2012, quando foi contratado pela Dayco para integrar a operação Brasil e argentina que tinham administrações distintas. Silvio Alencar visitou a redação da Revista O Mecânico e concedeu entrevista exclusiva. Ele fala sobre a complexidade do mercado, traça paralelos com outros países, descreve as ações que a empresa realiza para auxiliar o mecânico a evoluir profissionalmente e afirma: “Na Dayco o mecânico é rei!”.
Revista O Mecânico: Ano passado a economia brasileira passou por várias situações de natureza política, as quais infeririam no desempenho das empresas. Nestas condições qual foi o resultado obtido pela Dayco?
Silvio Ricardo Alencar de Almeida: São dois aspectos, o aftermarket e OEM (fornecimento para montadoras). Nas montadoras nós tivemos uma vantagem, devido aos novos projetos que a empresa assumiu. Isso nos permitiu um equilíbrio, e apesar do setor ter apresentado queda, para a Dayco ela não foi significativa. Já no aftermarket nós crescemos, foram vários os lançamentos de produtos e o mercado não caiu. Ele manteve os níveis de 2015 e nós conseguimos ter crescimento real.
O Mecânico: E a matriz nos Estados Unidos como vê o negócio Dayco no Brasil?
Silvio Alencar: Eles entendem que o Brasil é um mercado promissor. A proporção que temos em números de pessoas e veículos faz com que tenhamos possibilidades de crescimento muito grande e principalmente agora que tivemos queda na produção de veículos novos. E se falarmos em reposição, até 2022 vamos ter um crescimento acentuado em relação aos veículos que necessitam de manutenção. Assim, os nossos resultados comparados aos da Dayco no mundo são favoráveis.
O Mecânico: O ano começa com muitas preocupações, principalmente na área econômica. Qual a expectativa da Dayco para 2017, tanto no Brasil como para a América do Sul?
Silvio Alencar: No Brasil, atualmente o consumidor tem medo de perder o emprego e por isso não gasta. Eu acredito que a partir do segundo trimestre devemos ter sinais de crescimento. Todas as ações estão em compasso de espera. Nos próximos meses teremos definidas as questões da previdência, Operação Lava jato, e isso pode sinalizar o retorno dos investimentos, o que vai acalmar a população. E o retorno dos investimentos vai ser bom tanto para a montadora, como para o aftermarket. Manutenção do veículo é essencial, mas se o dono do veículo não tem dinheiro ele adia. E a Dayco, independente do que aconteça continuará realizando as ações para fortalecer a nossa marca. A Argentina, que é o segundo mercado mais importante, passa por processo de ajuste. Entendemos que este ano vai estar mais estabilizado. Eles fizeram uma série de mudanças, pois a Cristina Kirchner (ex-presidente da Argentina) subsidiava tudo. O Mauricio Macri (atual presidente da Argentina) entrou e começou a transformar, tirar os subsídios. Este ano eu acredito que eles voltem a crescer. Já os outros países da América do Sul como a Colômbia, Equador e Peru, terão uma nova realidade que serão eventuais mudanças no acordo do Pacifico. Assim, eu acredito que só podemos melhorar as relações comerciais com estes países.
“No Brasil, atualmente o consumidor tem medo de perder o emprego e por isso não gasta”
O Mecânico: A cadeia que atende o mercado de reposição passará por mudanças nos próximos anos?
Silvio Alencar: Nós temos que pensar fora da caixa para entender o mercado. Não temos mais a segmentação tradicional, fábrica, distribuidor, varejo e oficina mecânica. Hoje temos os fabricantes e os importadores. Temos o distribuidor e o distribuidor que é rede de lojas. Temos o varejo e a rede de oficinas que tem compra cooperativada, assim, o modelo do negócio passa por uma transformação. O que passa a definir a sequência de comercialização é o tamanho do player, o tamanho daquele distribuidor. Temos vários casos de rede de lojas que são distribuidores, elas compram de várias fábricas por causa do volume significativo e praticam preços no varejo para o mecânico e para o consumidor, sem conflito com a intermediação. Tudo isso faz com que seja necessário pensar de uma maneira diferente para saber quem é o teu cliente. Não dá mais para classificar como era antigamente.
O Mecânico: A cadeia tradicional que envolve a fábrica, o distribuidor e o varejo, existe risco de algum destes integrantes desaparecer?
Silvio Alencar: Não acredito. Se pegarmos como exemplo o mercado americano que é muito mais evoluído que o nosso e passaram por etapas que ainda vamos passar, eles têm bem definida a participação de cada um, entre as concessionárias, supermercados, que não vendem produtos muito técnicos, as redes de lojas que vendem e aplicam os produtos. Existe o distribuidor puro com diversas filiais, que também entrega para o mecânico. O conceito de estoque é diferente, eles mantêm no máximo dois itens de cada produto, se chegar o terceiro cliente ele não consegue entregar no ato. Então todo o conceito de compra, venda, estoque técnicas de varejo evolui para ficar cada vez melhor e lá convive. No caso do Brasil, acredito que também irão conviver.
“Existe uma participação forte do consumidor final na compra do produto”
O Mecânico: O mercado de reposição brasileiro segue a tendência norte-americana ou europeia?
Silvio Alencar: Nos Estados Unidos o volume de compra viabiliza a espacialização, por isso lá você encontra a loja que vende só bateria, por exemplo. Já no Brasil, por causa da geoeconomia, estamos mais próximos do modelo europeu, e em busca de um caminho próprio. A chegada das Redes de Lojas esta moldando uma mescla destes dois mercados – O Europeu e Americano – conforme a região, poder aquisitivo e distância dos grandes centros.
O desafio no segmento de reposição é a entrada de produtos que não seguem o mesmo padrão de qualidade, e nem mesmo têm qualquer responsabilidade com o mercado local…
O Mecânico: A Dayco desenvolve ações para o mecânico independente?
Silvio Alencar: Na Dayco o mecânico é rei! Todas as ações, desenvolvimentos e políticas que praticamos no aftermarket são para fortalecer a marca e atende-lo de forma personalizada. Investimos na quantidade e qualidade dos técnicos regionais que visitam os mecânicos constantemente. O portfólio de produtos e catálogos tem atualização constante, desenvolvemos ações nas redes sociais, aplicativos para celulares, entre outros, para atualizar o mecânico e medimos o nível de satisfação. Para a Dayco a parceria do mecânico é fundamental.
O Mecânico: Neste ano as ações para o mecânico serão ampliadas?
Silvio Alencar: Sem dúvida. Além de incrementar as ações que já realizamos, atualização do portfólio atual, nosso departamento de marketing desenvolve um material que será utilizado nas feiras do setor para aprimorar a interatividade com os mecânicos.
O Mecânico: E o consumidor final, a Dayco estuda este público? Pretende lançar campanhas para atingir o consumidor final?
Silvio Alencar: A participação do consumidor final na compra do produto tem crescido. Estamos desenvolvendo alguns projetos e parcerias com aplicativos com o objetivo de chegar ao consumidor final. Entendemos que ainda é preciso mapear melhor o hábito de consumo, por isso a Dayco estuda estas possibilidades, mas não temos ainda uma data definida para estas ações.
Na Dayco o mecânico é rei! Todas as ações, desenvolvimentos e políticas que praticamos no aftermarket são para fortalecer a marca
O Mecânico: E o mecânico, o que pode esperar da Dayco no seu dia a dia de trabalho?
Silvio Alencar: A Dayco sempre procura manter o mecânico atualizado. Nós entendemos que este primoramento contribui para que ele sobreviva no mercado competitivo. Nosso país tão diversificado necessita do trabalho do mecânico de diversas formas, e cabe a nós compreendermos isso para auxilia-lo. Nós notamos que tivemos uma evolução dos profissionais e temos que ter o treinamento a altura para atender este mecânico, não simplesmente apresentar qualquer coisa. Temos que focar na necessidade real que o mecânico tem, e dar todo o suporte não somente de treinamento mas também no atendimento de Garantias de forma rápida e transparente, que fazemos através de nossos Promotores regionais. É importante ressaltar que temos um canal aberto com os mecânicos de todo o Brasil, seja através da nossa equipe, redes sociais, ou serviço de atendimento técnico. A Dayco enxerga o mecânico como o parceiro que nos auxilia a aprimorar nossos produtos, entender as necessidades do mercado e buscar constantemente evolução.