Superbanner - Texaco (30/08 a 24/01/24)

Entrevista: 50 anos de Brasil

 

Texto: Edson Ragassi

 

Pertencente hoje ao grupo alemão Rheinmetall Automotive, a Kolbenschmidt (KS) está presente há 50 anos no Brasil. A 1ª fábrica da empresa ficava em Santo André, fundada em 1968, e produzia pistões para motores de veículos leves e pesados. As operações passaram a se concentrar, nos anos 80, na cidade de Nova Odessa/SP. A unidade concentra as atividades da Kolbenschmidt (KS), da Pierburg e da Motorservice, produzindo e/ou comercializando pistões, anéis, camisas, bronzinas, filtros, válvulas, bielas, bombas d’água e de óleo.

 

A Motorservice é responsável pelas marcas KS, Pierburg e BF na reposição. Nesta entrevista, o Diretor Presidente do grupo Rheinmetall Automotive, Claus von Heydebreck, e o Diretor Comercial para o aftermarket, Luis Lipay, falam sobre o desenvolvimento de produtos para o mercado brasileiro e a atenção dada ao mecânico independente.

O Mecânico: Nestes 50 anos de atividades, a empresa desenvolveu engenharia local? Quais os produtos que foram lançados especificamente para o mercado brasileiro?

Claus von Heydebreck: O grupo Rheinmetall Automotive é especializado nas áreas de redução de emissões de CO2, melhora da eficiência de combustível e redução de peso de componentes, associado à performance de motores e sistemas automotivos para veículos de passeio, comerciais e fora de estrada. Possuímos engenharia local com centro de desenvolvimento de excelência para desenvolvimento de pistões, bomba de óleo e bomba de água mecânicas.

 

O Mecânico: No Brasil utilizamos o etanol como combustível, um produto corrosivo. Como ocorreu a adaptação da linha de produtos para esta necessidade?

Claus: Estudos tribológicos nos possibilitam a evolução de nossos produtos seguindo as tendências de motorização, incluindo as mudanças em combustíveis. No caso do etanol, além de designs que buscam otimizar a eficiência energética, soluções como tratamentos superficiais são aplicadas para garantir a vida útil do componente.

 

O Mecânico: A engenharia automobilística busca melhorar a eficiência energética dos motores. Por isso, os motores perderam cilindro, ficaram mais leves, mudaram os materiais e componentes. Como a Rheinmetall Automotive contribui para auxiliar nos desenvolvimentos destes novos motores?

Claus: A Rheinmetall Automotive tem presença na Europa, Ásia, América do Norte e América do Sul e possui muita sinergia entre as unidades para o desenvolvimento de novas tecnologias. A marca Pierburg possui inovações relacionadas à mecatrônica, como o sistema de propulsão alternativa para motores híbridos e para veículos elétricos que precisam de combustão para auxiliar ou para estender a autonomia, além de bombas de óleo totalmente variáveis para produção em série. É especializada em controle de emissões, válvulas de estrangulamento e válvulas solenóides, contribuindo para o desenvolvimento de novas gerações de motores que proporcionam consumo reduzido de combustível, emissões mais baixas e maior desempenho, conforto e segurança.

 

O Mecânico: Existe uma tendência global de eletrificação dos veículos. A Rheinmetall Automotive acompanha esta onda? Ela desenvolve itens para serem utilizados nos modelos híbridos e elétricos?

Claus: O nosso grupo registra o aumento de sistemas de eletrificação de carros e sistemas de transmissão de veículos comerciais em sua própria gama de produtos. Por meio da Pierburg, apresentou várias novidades para atender modelos híbridos e elétricos, como motor elétrico de 90 kW instalado em carro subcompacto para demonstração com nova bateria modular classificada em 29 kWh, que atinge velocidade máxima de 135 km/h e autonomia de até 275 km. No ano passado, fez o lançamento mundial durante a IAA que aconteceu em Frankfurt, de bomba específica que purifica o recipiente de carbono ativado de um veículo sem o aspirador do tubo de admissão necessário e válvula compacta de resfriamento que garante mais eficiência e reduz consumo para motores elétricos.

 

O Mecânico: Especialistas afirmam que o País está atrasado na questão da eletrificação e corre o risco de perder espaço no mercado global. O Brasil não entrará nesta onda?

Claus: Pode demorar um pouco, mas certamente chegará por aqui! O Brasil não tem como ficar de fora porque é uma tendência mundial e o veículo elétrico será uma realidade.

 

O Mecânico: A empresa atua junto às fabricantes de veículos e no mercado de reposição. Há diferença entre os itens comercializados nestes segmentos de negócio? Quais são estas diferenças?

O novo produto depois de lançado no veículo, quanto tempo depois ele está disponível para o mercado de reposição?

Luis Lipay: Os produtos são produzidos seguindo os mais exigentes requisitos técnicos e de qualidade conferindo ao mesmo, confiabilidade e credibilidade junto ao mercado de reposição. Este é um dos diferenciais em ser fornecedor das mais importantes montadoras mundiais: deter a tecnologia e levar para o aftermarket. Para atender as necessidades de portfólio dos nossos clientes e aplicadores, muitas vezes itens disponíveis nas diversas fábricas do grupo, são trazidos ao mercado brasileiro. Os produtos são lançados no mercado de reposição em média 2 anos após o veículo estar rodando.

 

O Mecânico: Qual a importância do mecânico independente para a empresa?

Luis: O mecânico escolhe a peça que vai aplicar, é o formador de opinião e, por isso, exerce um papel fundamental para movimentar todo o mercado. É preciso estar próximo do mecânico e colaborando com soluções e serviços para atender o grande número hoje circulando no mercado brasileiro.

 

O Mecânico: Como a empresa se relaciona com este profissional? Promove cursos, treinamentos? Qual a frequência e como eles podem participar?

Luis: Treinamento e profissionalização para a nossa empresa é um ponto estratégico, pois somente a partir da transferência de conhecimento técnico ao aplicador o nosso mercado independente de reposição continuará crescendo. Dessa forma, temos o centro de treinamento, em Nova Odessa/SP, onde estão todas as operações da companhia, dedicado exclusivamente a oferecer cursos gratuitos aos mecânicos sobre recondicionamento de motores, com programação anual. Com aulas práticas e teóricas já qualificou mais de 450 profissionais. Realizamos treinamentos e palestras gratuitas em várias regiões do País em parceria com o Sindirepa-SP e outras entidades do setor, nas quais treinamos mais de 5 mil pessoas por ano.

 

O Mecânico: Depois de cinco décadas de atuação no mercado nacional, quais os maiores desafios que a empresa deve enfrentar para manter-se competitiva?

Claus: As mudanças previstas para a indústria nos próximos anos devido ao novo conceito de mobilidade no mundo serão transformadoras e desafiadoras. Mas há também oportunidades para empresas como a nossa que desenvolvem tecnologias para mobilidade e segurança. Os produtos terão maior valor agregado devido à complexidade dos sistemas e será necessário desenvolver novos fornecedores e parceiros. É preciso estar preparado para fazer parte desse novo formato de negócio para continuar a atender as montadoras e o mercado de reposição.

 

O Mecânico: O que os clientes, fornecedores, colaboradores e o setor automobilístico nacional podem esperar da Rheinmetall Automotive brasileira?

Claus: Podem contar com a Rheinmetall Automotive e com as marcas Kolbenschmidt (KS), Pierburg e Motorservice. Estamos sempre inovando para entregar soluções em componentes para motor e itens mecatrônicos que conferem qualidade e confiabilidade. Esse compromisso marcou a trajetória de 50 anos da empresa no Brasil e nos leva para frente com a certeza de que uma história de sucesso se constrói com trabalho e dedicação. Esses valores estão reproduzidos no mote da campanha “Movimento Orgulho KS” em celebração aos 50 anos no Brasil.
.

 

css.php