José Ranieri, gerente de Marketing e Suporte Técnico da Johnson Controls – Divisão Power Solutions, afirma que a marca acredita na qualificação do aplicador como diferencial de mercado, por isso investe em treinamentos e informações técnicas para conscientizar o mecânico não apenas sobre o manuseio dos produtos, mas sobre a preocupação com o meio ambiente
Revista O Mecânico: Como é a estrutura da empresa hoje, onde fica a fábrica no Brasil e quais produtos são fabricados?
Ranieri: A divisão de baterias da Johnson Controls no Brasil produz a marca das baterias Heliar. No Brasil, a Johnson Controls mantém uma fábrica na cidade de Sorocaba onde são produzidas mais de 8 milhões de baterias por ano entre automotivas e de motocicletas. Trata-se da maior fábrica de baterias automotivas da América do Sul.
O Mecânico: A empresa é muito preocupada com desenvolvimento de novas tecnologias e preservação do meio ambiente. O que há de mais avançado em baterias automotivas? É uma tecnologia já usada no Brasil?
Ranieri: A Johnson Controls é pioneira no desenvolvimento de novas tecnologias e líder mundial na fabricação do produto. Na fábrica do Brasil são produzidas as baterias automotivas tradicionais, mas com processos 100% automatizados nas principais fases da produção e isso as diferenciam dos concorrentes pois o produto final é padronizado, além disso produz as baterias com tecnologia AGM para motocicletas. Esta tecnologia é exclusiva da Johnson no Brasil e consiste na fabricação de baterias sem o ácido livre. O ácido está umedecido nos separadores absorventes e por isso a bateria pode ser aplicada em qualquer posição, sem o risco de vazamento. Esta mesma tecnologia é usada para a fabricação das baterias Optima, nos EUA e no México. Em relação ao meio ambiente, a tecnologia AGM que dispensa o manuseio com o ácido (baterias convencionais de moto vem com o frasco do ácido à parte) protege o meio ambiente e o consumidor porque não tem contato direto com a solução e dispensa do descarte do frasco de ácido que as outras baterias têm. Já as baterias Heliar para autos têm o programa de reciclagem garantida. Esse programa garante que para cada bateria fabricada uma outra foi reciclada.
O Mecânico: Em relação aos carros híbridos e elétricos, a Heliar tem produtos para esse nicho? É a tendência para reduzir as emissões na atmosfera?
Ranieri: A Johnson Controls é líder neste segmento também. Na Europa e nos EUA a fabricação de baterias para sistemas híbridos e elétricos atendem às linhas de produção das maiores montadoras do mundo. Além disso, a Johnson Controls construiu uma fábrica nos Estados Unidos para a produção de baterias de íon de lítio, que poderão vir a ser utilizadas no futuro.
O Mecânico: A marca é muito conhecida no mercado de reposição. Também atende as montadoras em produtos originais?
Ranieri: A marca Heliar é líder nas montadoras. 80% das montadoras usam Heliar e 85% dos modelos de carros brasileiros têm a tecnologia da marca como equipamento original. No segmento de pesados e agrícola a participação é de 75%. No mercado mundial a Johnson representa 1/3 das baterias produzidas para as montadoras.
O Mecânico: Qual a participação da marca no mercado de reposição? Qual o produto mais vendido?
Ranieri: A marca Heliar sozinha representa 8% do mercado, que é muito retalhado (o maior mercado de marca única representa 14%). Todas as nossas marcas juntas representam 34% do mercado.
O Mecânico: É importante ter uma relação próxima com os reparadores? o reparador influi na escolha da marca?
Ranieri: A Heliar acredita na qualificação do aplicador como diferencial de mercado e por isso investe fortemente em treinamentos. Hoje estão disponiveis para a rede treinamentos técnicos e de especialista, além do programa Energizando o Seu Negócio, que se trata de encontros com palestras comerciais e motivacionais.
O Mecânico: A marca oferece treinamento para o mecânico, como é e como participar? Que outras ações oferece para esse público?
Ranieri: O mercado deve procurar nossos distribuidores. Os convites são feitos por eles. Além disso, no nosso site existe um treinamento interativo onde também publicamos dicas técnicas todos os meses.
O Mecânico: A Heliar já participou do Projeto Atualizar O Mecânico. Conseguiu um resultado positivo?
Ranieri: Sim, o projeto nos trouxe o conhecimento das necessidades dos mecânicos uma vez que o foco dos treinamentos são as autoelétricas. Hoje o programa a distância nos coloca em contato com este importante público.
O Mecânico: Existem baterias recondicionadas? É uma prática legal com bons resultados? E as marcas importadas, como o mecânico reconhece uma peça pirata ou de má qualidade?
Ranieri: Não recondicionamos bateria. Esta prática do mercado resulta em produto com muito baixa qualidade, que não atende às reais necessidades do veículo . O programa de reciclagem garantida da Heliar recolhe baterias usadas para dar destinação correta, além da reciclagem de algumas matérias-primas, como o chumbo e o plástico. No rótulo dos produtos estão indicadas as características elétricas da bateria com CCA e CA. É muito importante que o consumidor compare estes números, já que uma bateria pode apresentar a mesma amperagem. Como exemplo, 60 amperes e ter caracteristicas elétricas diferentes.
O Mecânico: Existe uma rede de oficinas especializada na aplicação de produtos da Heliar? Como o mecânico faz para se tornar uma dessas oficinas?
Ranieri: As baterias Heliar podem ser adquiridas nos distribuidores da rede. Estes distribuidores estão no site www.heliar.com.br ou 0800161644.
O Mecânico: As baterias são compostas por produtos químicos muito nocivos, qual a dica para o descarte correto? Qual a obrigação do mecânico e o que ele deve fazer ao trocar um desses componentes?
Ranieri: As baterias são compostas basicamente de chumbo e ácido sulfúrico, materiais que são tóxicos quando descartados no meio ambiente. Todos os fabricantes de baterias são obrigados, por lei, a receber e dar destino correto às baterias usadas. O consumidor, por sua, vez deve entregar a um ponto de venda ou de assistência técnica as baterias usadas independentes de terem adquirido o produto naquele estabelecimento.
O Mecânico: Quais as recomendações para o mecânico na hora do manuseio e armazenamento de uma bateria automotiva?
Ranieri: Armazenar com empilhamento máximo de cinco baterias até 90 Ah e três acima de 90Ah e nunca diretamente ao solo e em local seco com temperatura entre 10 e 35 graus. Não tombá-la mais do que 45°. Seguir o procedimento FIFO (primeira a entrar é a primeira a sair) e checar periodicamente a sua tensão em estoque.
O Mecânico: Quando um carro é tunado as baterias têm que ser específicas, por que? Na linha da Heliar, quais os produtos voltados para esse mercado? São mais caros? A Heliar tem produtos específicos para esse segmento? Quais são eles?
Ranieri: Sim, pois carros equipados com muitos equipamentos eletrônicos causam um desgaste maior na bateria, chamado de “ciclagem profunda”, que são descargas além do uso normal, que promovem a morte prematura da bateria. A bateria Heliar Racing e a Optima YellowTop são indicadas para aplicações de ciclos profundos. São mais caras, mas compensam o seu valor pela capacidade que têm de atender à demanda elétrica exigida.
O Mecânico: Em sua opinião, há falta informação técnica para o reparador? Como ajudá-lo nesse sentido?
Ranieri: Sim, a venda de baterias é uma venda técnica que exige do aplicador informações básicas sobre elétrica. Dois fatores são críticos: o crescente número de lançamentos de veículos com cada vez mais sistemas elétricos embarcados, exigindo do aplicador constante atualização e a constante troca de funcionários nos estabelecimentos e entrada de novos sem conhecimento. Por isso, a Heliar tem foco na qualificação e treina em média 3.000 aplicadores por ano além dos multiplicadores e dos treinamentos à distância.