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Eletrificação dos veículos e o futuro do mecânico; saiba como pode ser o amanhã

Eletrificação dos veículos e o futuro do mecânico; saiba como pode ser o amanhã

artigo por Fernando Landulfo   fotos Arquivo O Mecânico

Tentar prever os próximos dias, meses e anos dos carros e, também, das oficinas tem gerado muitas dúvidas dos mecânicos, que terão que lidar com novas tecnologias que já estão no horizonte

O desenvolvimento da tecnologia da informação e da inteligência artificial, somados às restrições sociais da pandemia de COVID 19 tem gerado muita insegurança profissional nas mais diversas categorias. Inclusive a do “Guerreiro das Oficinas”. Sobretudo quando se fala na crescente eletrificação dos veículos.

Pergunta como: “qual será o futuro da minha profissão?” tem se tornado mais frequente e, também, tem tirado o sono de muitos profissionais. Paranóia ou uma dúvida muito bem fundamentada? Pois bem, até poucos anos atrás, quem poderia imaginar que consultas médicas por chamadas de vídeo, bibliotecas virtuais contendo quase tudo sobre todos os assuntos, home office e serviços de autoatendimento ao vivo, seriam parte do nosso cotidiano? Quase ninguém. Falar sobre isso era motivo de chacota por parte dos mais incrédulos.

Eletrificação dos veículos e o futuro do mecânico; saiba como pode ser o amanhã

Só que no mundo do futuro (Os Jetsons – 2020), criado por Willian Hanna e Joseph Barbera, no final dos anos 60, isso era realidade. Coincidência ou uma assombrosa previsão do futuro dos seus criadores? Talvez nunca saibamos. O que podemos dizer é que tudo isso são ferramentas tecnológicas poderosas, que muito de bom tem a oferecer.

No entanto, essas novidades geram alguma insegurança nos profissionais mais maduros. Incompetência profissional? De jeito nenhum! Trata-se de algo totalmente natural. Afinal de contas: todo mundo tem “algum medo” de mudanças. Só que as mudanças são inevitáveis. E a adaptação a elas é requisito para a sobrevivência (Lei de Darwin). Além disso, as mudanças são um incentivo à evolução: nos obriga a sair da zona de conforto.

“Estar de bem com a vida e confortável com aquilo que nos acontece no dia a dia é maravilhoso. Mas situações novas acontecem quase que diariamente e, por isso, é preciso sair da zona de conforto. Pode ser difícil, principalmente no início, mas reconhecer que uma situação é desconfortável pode ser o começo para a aprender a lidar com ela sem sofrimentos.” [1].

Eletrificação dos veículos e o futuro do mecânico; saiba como pode ser o amanhã

Dando uma “olhadinha” mais de perto no universo do mecânico. Vamos lembrar que o surgimento da eletrônica embarcada, mais ou menos uns 35 anos atrás, causou o maior alvoroço (pânico) no mercado da reparação. Muitos profissionais imaginaram que iriam perder os seus negócios num curtíssimo espaço de tempo (meses ou semanas): “Nossa profissão acabou. Consertar carro virou coisa de eletricista: algo que eu não sei e não vou conseguir aprender a fazer”.

E por medo investiram o que podiam e o que não podiam em equipamentos e treinamentos caríssimos (na época). Recursos esses imprescindíveis para a reparação da nova tecnologia. Mas que por acomodação natural do mercado, só viriam a ser efetivamente utilizados, no dia a dia da oficina, quase 2 anos depois.

Além do mais, alguns desses treinamentos precisaram ser refeitos (o que não se pratica se esquece). Isso sem falar no estresse. Todavia, é claro que , quem fez esse “sacrifício” desfrutou das vantagens oriundas do pioneirismo.

D’Angelo [2] exalta o pioneirismo, classificando-o como um poderoso gerador de lucros superiores. Algo que a realidade do mercado acabou por comprovar. Já outros mecânicos adotaram uma postura mais “conservadora” (pé atrás):

  • Leram as justificativas de implantação das “novidades” : legislação ambiental (PROCONVE) e de segurança veicular do Brasil, Normas técnicas, etc.
  • Consultaram os lançamentos das montadoras e as estatísticas da ANFAVEA (produção e as projeções de crescimento dos novos veículos equipados com essas novidades).
  • Consultaram os prazos de garantia oferecidos pelas montadoras a esses novos veículos.
  • Estimaram quando iriam efetivamente começar a receber esses novos veículos na oficina.

Eletrificação dos veículos e o futuro do mecânico; saiba como pode ser o amanhã

E, por fim, fizeram um plano de investimento em equipamentos e treinamentos: estar pronto para trabalhar quando os primeiros carros adentrassem a porta da oficina. Na velocidade que julgaram adequada ao tamanho do seu negócio. velocidade. Assim como os “pioneiros”, sobreviveram à mudança, obtendo sucesso e lucro (dentro das suas respectivas capacidades).

Nos últimos 20 anos, mais inovações foram inseridas nos veículos. Porém, numa velocidade que permitiu aos “Guerreiros das Oficinas” adequar tecnicamente a sua oficina e reciclar a equipe sem grandes impactos. Contudo, agora entre em evidência um novo advento: A Eletrificação

Que vem ocorrendo mundialmente nos últimos 15 anos, em maior ou menor grau dependendo do país. No entanto, provocou um novo “choque” no mercado da reparação, pois inseriu algo totalmente novo para o mecânico de automóveis, caminhões, ônibus e motocicletas: A TRAÇÃO ELÉTRICA, suas variantes e acessórios:

  • Veículos híbridos e seus diferentes tipos e modelos,
  • Veículos 100% elétricos,
  • Freio regenerativo,
  • Baterias de alta capacidade,
  • Linhas de alimentação de
    alta potência.

Eletrificação dos veículos e o futuro do mecânico; saiba como pode ser o amanhã

Uma novidade absoluta? Nem tanto.

Basta lembrar de alguns exemplares não tão sofisticados:

  • Ônibus elétricos (trólebus).
  • Empilhadeiras elétricas.

Modismo passageiro? De forma alguma! A eletrificação veio para ficar. Estatísticas e previsões de produção da China e de vários países europeus. Como já dito anteriormente, o que vai variar é a velocidade de implantação (crescimento da frota) de país para país, diretamente ligada a:

  • Capacidade de compra da população local desses novos veículos.
  • Custos de manutenção versus capacidade de compra da população local.
  • Custo local dos combustíveis.
  • Disponibilidade de energia elétrica do país.
  • Interesses nacionais (do país).

Na China, a participação dos VEs – Veículos Elétricos no mercado em base mensal saltou de 7,2% em janeiro para cerca de 20% em dezembro do ano passado. A meta oficial do governo é uma participação de 20% nas vendas do ano inteiro em 2025.” [3]. Na Europa, as vendas de carros elétricos aumentaram quase 70% em 2021 para 2,3 milhões [3].

Já para o Brasil, de acordo com o presidente ANFAVEA [4], os veículos elétricos e híbridos corresponderam, em 2021, 1,8% do mix de vendas de veículos leves (p. 13). No entanto, pode-se observar um crescimento de 66,2% na quantidade de veículos elétricos licenciados entre 2019 e 2020. Já entre os anos de 2020 e 2021 esse aumento foi de 76,9% [4, p. 52].

Contudo, há uma previsão de que esse número atinja entre 12% e 22% (432.000 veículos num cenário conservador) em 2030 e 32% a 65% (1.300.000 veículos num cenário conservador) em 2035 [4, p. 13].

E onde o mecânico entra nisso?

Como já dito tantas outras vezes, em diversas ocasiões: esses veículos, continuam tendo partes mecânicas, elétricas e eletrônicas vão: se desgastar, quebrar e dar defeito. E quem é que
vai consertá-los?

O “Guerreiro das Oficinas” é claro! Quem mais seria?

Sem sombra de dúvidas que para lidar com essa “nova tecnologia” o “Guerreiro das Oficinas” precisa, mais uma vez, adquirir novos equipamentos e aprender coisas novas. Principalmente no que diz respeito à segurança.

Acostumado a trabalhar, por décadas, com baixas potências elétricas, nos veículos movidos apenas à combustão, o mecânico agora se depara com “grossos” condutores elétricos que transportam altas e letais potências da (s) “cara (s)” e delicada (s) bateria (s) ao (s) poderoso (s) motor (es) elétrico (s).

Trata-se de um impacto parecido com aquele que ocorreu no início dos anos 90, quando a eletrônica embarcada surgiu nos primeiros automóveis. Só que agora com um agravante: a letalidade. Assim como ocorreu no passado, o investimento em treinamento e equipamentos é mandatório para quem quer atuar com esse tipo de veículo.

E não importa o subsistema: motor, transmissão, freios ou suspensão. O risco de acidentes existe em praticamente todos eles. O que muda são apenas as consequências. Mas quando fazer isso? Se eu não investir agora vou sair do mercado?

A conclusão de cada um (cada empresa tem uma realidade própria), vai depender de vários fatores. Por exemplo:

  • Querer e/ou poder se tornar um pioneiro e desfrutar dessa vantagem.
  • Ter facilidade e/ou disponibilidade de acesso rápido a esses veículos.

Mas uma coisa é certa:

O futuro da profissão daquele que se atualizar está garantido! Trata-se de um mercado promissor que está pleno
em crescimento.

Referências:

[1] https://www.mensagenscomamor.com/lidando-com-o-novo. Acesso em 31/03/2023.

[2] D’ANGELO, Andre Cauduro. Pioneirismo, Vantangens do Pioneirismo e Administração de Marketing. Revista de Ciências da Administração, v.5, n.9, jan/jul 2003.

[3] MACHADO, Nayara (edição). Os paises que mais venderam carros elétricos em 2021. Diálogos da Transição. EPBR. 2022. Disponível em: https://epbr.com.br/os-paises-que-mais-venderam-carros-eletricos-em-2021/#:~:text=China%2C%20Europa%20e%20Estados%20Unidos%20representam%20cerca%20de%20dois%20ter%C3%A7os,90%25%20das%20vendas%20de%20eletrificados.. Acesso em: 31/03/2023.

[4] ANFAVEA. Anuário da Industria Automobilística Brasileira 2022. Disponível em: https://anfavea.com.br/anuario2022/2022.pdf. Acesso em 01/4/2023.

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